Para o comum dos mortais, ele é apenas uma bebida com maior ou menor teor de álcool que produz efeitos diversos em quem o consome. Já para os especialistas, ele é um ser vivo com um percurso semelhante ao do ser humano, desde o dia em que é concebido, passando pelo ponto extremo de qualidade (mas também declínio e morte, se não consumido entretanto). Falo do vinho, obviamente.
E se, de repente, o vinho mais não fosse que a metáfora dos percursos de dois amigos que, na meia-idade, sentem que falharam na vida, assumindo a inexistência de projectos ou a mera existência de balões de oxigénio de consumo imediato? É justamente este o mote de Sideways, um filme de Alexander Payne (2004).
Miles é um professor de Inglês e escritor que se sente a caminhar para o ocaso da vida: passou por um divórcio penoso e o seu livro acabou por ver a publicação rejeitada pela editora, num processo que o enredou numa teia de decepção precipitando-o na depressão. Jack é um actor de televisão para quem a vida é um fruto sempre maduro que tem de ser consumido na hora, até ao caroço, numa demanda incessante pelo prazer e satisfação imediatos.
A viagem que ambos empreendem pela região vitivinícola da Califórnia é um presente de casamento que Miles proporciona a Jack e uma oportunidade para celebrarem a vida e a amizade.
De adega em adega, redescobrem os sentidos para lá da verdadeira essência de cada um: enquanto Miles sente o vinho no seu aroma, na sua textura, no seu corpo, na sua cor, Jack bebe-o de um trago só; enquanto Miles valoriza as castas frágeis, delicadas, que, se mal manipuladas, perdem todo o seu potencial, Jack procura a garrafa mais cheia ou o trago mais intenso. Não surpreende, pois, que aquele construa, ainda que a custo, uma relação com Maya, velha conhecida e também apreciadora de vinhos com quem se reencontra durante a viagem, enquanto este prefira relacionamentos rápidos e superficiais (Stephanie e Cammy), à revelia dos sentimentos que possa estar a suscitar no parceiro.
De peripécia em peripécia, o filme termina apontando dois caminhos: a viagem acabou por ser inócua para Jack (casa com a noiva como se nada do que vivera tivesse expressão); já para Miles, significou a redescoberta de si mesmo, da sua condição e daquilo por que vale a pena lutar na vida. Não é, afinal, essa a diferença entre um vinho de colheita seleccionada e um vinho corrente?
E se, de repente, o vinho mais não fosse que a metáfora dos percursos de dois amigos que, na meia-idade, sentem que falharam na vida, assumindo a inexistência de projectos ou a mera existência de balões de oxigénio de consumo imediato? É justamente este o mote de Sideways, um filme de Alexander Payne (2004).
Miles é um professor de Inglês e escritor que se sente a caminhar para o ocaso da vida: passou por um divórcio penoso e o seu livro acabou por ver a publicação rejeitada pela editora, num processo que o enredou numa teia de decepção precipitando-o na depressão. Jack é um actor de televisão para quem a vida é um fruto sempre maduro que tem de ser consumido na hora, até ao caroço, numa demanda incessante pelo prazer e satisfação imediatos.
A viagem que ambos empreendem pela região vitivinícola da Califórnia é um presente de casamento que Miles proporciona a Jack e uma oportunidade para celebrarem a vida e a amizade.
De adega em adega, redescobrem os sentidos para lá da verdadeira essência de cada um: enquanto Miles sente o vinho no seu aroma, na sua textura, no seu corpo, na sua cor, Jack bebe-o de um trago só; enquanto Miles valoriza as castas frágeis, delicadas, que, se mal manipuladas, perdem todo o seu potencial, Jack procura a garrafa mais cheia ou o trago mais intenso. Não surpreende, pois, que aquele construa, ainda que a custo, uma relação com Maya, velha conhecida e também apreciadora de vinhos com quem se reencontra durante a viagem, enquanto este prefira relacionamentos rápidos e superficiais (Stephanie e Cammy), à revelia dos sentimentos que possa estar a suscitar no parceiro.
De peripécia em peripécia, o filme termina apontando dois caminhos: a viagem acabou por ser inócua para Jack (casa com a noiva como se nada do que vivera tivesse expressão); já para Miles, significou a redescoberta de si mesmo, da sua condição e daquilo por que vale a pena lutar na vida. Não é, afinal, essa a diferença entre um vinho de colheita seleccionada e um vinho corrente?
vi o filme. bebi o vinho.
ResponderEliminarnada me chocou mais nesta vida, neste departamento, do que o chafariz da praça do bombarral, vertendo um tinto durante a festa das vindimas... algo assim...
achei que ja tinha bebido demais...rs
aqui estou, poeta bracarense...
só as cascas.
e ainda não são 6 da manhã em nova jersey.
pois, se não há hinos ao desperdício, querido Amigo?... imagina lá tu o que é um chafariz de chocolate bem no centro de bruges. a vontade foi saltar o muro e adormecer com a goela aberta debaixo daquela cascata de sabores... sei bem o que experienciaste lá no bombarral :)...
ResponderEliminarum abraço, roberto, desejando que a casca regenere o fruto, rapidamente.
Jorge:
ResponderEliminarserá que esta será a crónica do próximo Despertar?
Não vi o filme, mas espero que mo leves da próxima vez, :D!
Quanto ao resto,, estudasses!
Beijos
Laura
Ah, espero vir a ser o Miles, :D!
ResponderEliminarhum... não creio... para "os filmes da minha vida" conto lançar a de "crash"; esta resulta de um exercício nostálgico: ontem deu-me para rever "sideways" e, porque consigo tocar sempre qualquer coisa de novo quando revejo um filme, um lugar, um rosto desaparecido, deu-me para isto.
ResponderEliminarquanto a seres o miles... hum... olha que não sei se o ser ideal não devesse combinar o que de melhor o miles e o jack são e têm para oferecer... depois de veres o filme, talvez o entendas.
um beijinho, lauríssima!
Jorge, meu amigo
ResponderEliminarLogo cedinho entro no meu blog e encontro o registro lindo de tua visita: obrigada! Tua presença é sempre necessária...
Corro pra cá , onde me espera o texto em que comentas , de maneira magistral, Sideways. Não vi o filme. Olha só: produção de 2004 e eu aqui... Mas não me passou despercebido( como poderia?). Embora goste muito de cinema , na época desse lançamento eu vivia uma fase mais ou menos atribulada , de modo que tive de me privar um pouco . Mas chegou a hora de provar desse vinho...
Um fortíssimo abraço, querido!
PS- Aproveitando o assunto, na próxima postagem falarei sobre cinema...
Oi Jorge
ResponderEliminarFaz tempo que não venho cá te ler, ando numa correria danada. Queria te dizer que ando a gostar um bocado do teu livro, são poemas bem bonitos, e tb pra lhe dizer que vi esse filme e adorei!
Um dia feliz pra ti:)
bjinho
Gi
tenho a certeza de que aprovarás esta colheita, zélia. é um excelente filme! a analogia que se estabelece entre vidas e o vinho é de uma delicadeza irresistível. além do mais, e em jeito de crónica de costumes, faz rir.
ResponderEliminarpassei há instantes pelo teu blogue. deixei lá uma pequena marca. o texto postado avivou-me algumas memórias de infância.
um beijinho e obrigado pela tua presença sempre notada com um carinho muito especial!
olá, gisele!
ResponderEliminarsê bem regressada!
agradeço-te as palavras a propósito do meu "a-simetria das formas". reconheço que não deve ser tarefa fácil lê-lo em formato digital, pois o cheiro e o toque do papel dão mais vida a tudo quanto se lê; então se for poesia...
como te tinha dito, o livro é uma antologia de textos com alguns anos (alguns deles têm mesmo quase a minha idade :)); hoje sinto que escrevo numa direcção distinta que, todavia, não renega a etapa anterior. vejo as coisas assim: como uma espécie de nuvem que vai passando, deixando um rasto que ganha formas diferentes em tempos e lugares também eles diferentes. é assim a escrita; é assim a vida.
um beijinho!
Este filme é realmente maravilhoso...e ao mesmo tempo assustador...rsr...!
ResponderEliminarVinho e Literatura..duas coisas maravilhosas...
...Mas ambos podem fazer você esquecer da realidade!
Abraço
vinho e literatura são, em si mesmos, feixes da própria realidade.
ResponderEliminarum abraço, juan!
Gosto sempre da forma como descreves uma história, neste caso, como tens descrito os filmes que te são significativos...não vi o filme.
ResponderEliminarQuanto ao vinho...pouco sei. Agora, um chafariz de chocolate, muito haveria a dizer sobre isso! hehehe
pois, como te entendo, amiga andy... se gosto de um bom vinho numa ocasião especial, já o chocolate é, em si mesmo, a ocasião especial :).
ResponderEliminarbeijinho!
Vinho e literatura encantam e entorpecem...
ResponderEliminarPela resenha(?), não há como deixar de ver o filme.
Beijos
Obrigada, meu querido!
ResponderEliminarAqui faz um frio desolador e esse é um ótimo filme (que jaz perdido entre tantos outros no meu quarto).
Vou reassisti-lo agora mesmo.
Bjk.
não há mesmo, lou. não o deixes escapar. então se acompanhado de um bom vinho... hum...
ResponderEliminarum beijo!
a redescoberta das coisas boas é uma permanente reconstrução e renovação. frui de sideways, de novo, Sophia. eu fi-lo e não tenciono ficar por aqui.
ResponderEliminarum beijinho!
Entre muitos sabores e a relatividade das películas e do tempo - variáveis importantes - eu vim agradecer tua presença no rejaneando, sempre atenta e carinhosa, queridíssimo Jorge.
ResponderEliminarEspero, em breve, poder estar de volta. Deixo-te um sorriso e desejo de tudo de bom.
Saudade também, sinta-se abraçado, hoje, aqui e agora.