segunda-feira, 17 de maio de 2010

don juan

The Finding of Don Juan by Haidee, de Ford Madox Brown

cansaste de amar pelas palavras
e as coxas dos cometas
são a única verdade
que te penetra o nome

vives a hora nos ponteiros do prazer
e o poema é a carne
onde todos os dias morre um poeta
no balanço frenético dos versos

e amanhã? que importa...
o amor serve de pasto aos vermes.

33 comentários:

  1. Bem, dá-me até vontade de continuar o meu elogio à m****, mas tu escreves sempre tão bem, que não me atreveria e não se adequa...
    Adiante.
    Deixa-o cair, tombar, acabará em cinzas que alimentam...
    Deixa ficar!
    Beijos
    Laura

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  2. Quando somos nós que temos a incapacidade de ver o amor de um outro modo, quando somos nós que fazemos a verdade... pouco importa...
    bjinho

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  3. Sempre bom passar para te ler....
    Beijo

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  4. tudo cai, a seu tempo, amiga laura. o húmus existencial lança-se à terra todos os dias, na certeza, porém, de que graças a si novos seres rebentam viçosos e pujantes. Viva a m****, pois!
    um abraço, lauríssima!

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  5. don juan foi talvez o maior dos heróis românticos, sombra. Acreditava que, apaixonando-se, ascenderia à morada dos deuses, a um absoluto que torna os que amam diferentes dos demais. partia, por isso, para as relações convicto de que nelas se completaria, todavia... enganava-se... e o ciclo recomeçava. apesar de tudo, viveu pelo amor...
    um beijinho e obrigado pela tua presença!

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  6. sempre bom ter o teu carinho por aqui, magnólia flor!
    um beijinho!

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  7. Dom Juan se assemelha ao mito de Sísifo: o trabalho de recomeçar a mesma tarefa diariamente. Porém o amor, mesmo enquanto castigo e provação, tem as suas compensações. Belos versos. Abração

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  8. verdade, caro assis, mas há alturas em que carregar a maior das rochas montanha acima é empresa bem menos árdua e complexa que amar. pode ferir os dedos, os músculos e os ossos, mas não atinge o coração...
    um abraço, poeta!

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  9. Don Juan...Barcas, estátuas, inferno...
    Lindíssimo o seu trabalho, Jorge!
    Outra vez, parabéns!!!

    Forte abraço, amigo.

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  10. zélia, de novo apenas me resta agradecer-lhe a sua presença e a simpatia do seu comentário. sinto-o com um agrado especial, tanto mais que provem de alguém para quem o domínio da palavra é um processo tão natural quanto a própria escrita.
    um muito obrigado!
    um beijinho grande!

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  11. É um deleite ler-te !
    (Sem sombra de vírgula...)

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  12. o amor serve de pasto aos vermes...

    Você consegue ser intenso com sutileza!


    Belissímo poema

    abraço

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  13. um beijo, cris e muito obrigado! o maior deleite é meu: sentir-vos por aqui.

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  14. como o amor, afinal, juan... intenso e subtil... (pena, por vezes, não se quedar por esses dois atributos, apenas :)).
    um abraço!

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  15. pois é...talvez essa seja a perdição do amor, ser uma tarefa hora árdua e doce, hora amarga e enlevada...que importa? que o amor sirva de pasto, de lastro...

    belíssimo, os versos, a figura

    beijinho pra ti

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  16. esse teu olhar azul sobre o cinzentismo de algumas imagens é, no mínimo, contagiante. quem me dera ter sabido terminar o poema com "o poema serve de pasto e lastro aos vermes" :)
    um beijinho, poeta amiga!

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  17. "e amanhã? que importa..."
    realmente, quem vai se importar?
    adorei o post!

    beiijo

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  18. Quem sabe Don Juan pudesse decifrar as razões do amor, que quando chega nos assalta sorrateiro e no desamor é tão lento e dorido. Que jamais morre de morte natural, mas que ninguém quer passar por esta vida sem sentí-lo. Dores e delícias de amar e nos entremeios - tão belos poemas.

    abraços e boa semana

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  19. é porque já vi tanto cinza, que hoje nele descubro cores...

    sá carneiro já explicava:

    "Um pouco mais de sol - eu era brasa,
    Um pouco mais de azul - eu era além..."

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  20. O mito do Don Juan é um dos mitos de que mais gosto.

    Como escreveu Lacan, ele trata as mulheres, uma a uma. E mulheres querem mesmo é fantasia, não honestidade, hahaha.

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  21. Jorge,

    Seu poema me remeteu à Florbela Espanca:


    "Amar!

    Eu quero amar, amar perdidamente!
    Amar só por amar: aqui... além...
    Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
    Amar! Amar! E não amar ninguém!

    Recordar? Esquecer? Indiferente!...
    Prender ou desprender? É mal? É bem?
    Quem disser que se pode amar alguém
    Durante a vida inteira é porque mente!

    Há uma primavera em cada vida:
    É preciso cantá-la assim florida,
    Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

    E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
    Que seja a minha noite uma alvorada,
    Que me saiba perder... pra me encontrar..."


    Abraços,
    Lou

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  22. verdade, grafite, façamos do amanhã já o dia de hoje. um beijo!

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  23. é esta, na verdade, a maior contradição do amor: a emergência com que se consome e a lentidão com que nos consome... mas, olha, querida mai, estou em crer que nem mesmo don juan tenha a panaceia para este intrincado dilema. o herói romântico é um sofredor e don juan carregou as penas dos sucessivos (des)enganos. a solução? amar, amar fervorosamente, pois sempre é melhor fazê-lo, ainda que com o espectro do desamor, do que nunca o ter feito.
    um beijinho!

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  24. andrea, acredito que todos tenhamos, diante dos olhos ou na palma da mão, um arco-íris. temo, apenas, o daltonismo...
    um beijinho com imensa ternura!

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  25. sempre um cavalheiro, este don juan. a unidade na pluralidade será o lema (hihihi)! um abraço, vanessa!

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  26. florbela espanca é, sem dúvida, a ninfa maior do amor. ela que viveu intensamente o amor e o desamor, daí que poucos como ela tenham sido capazes de filtrar o seu acerto/desconcerto. obrigado por no-la trazeres até à memória, querida lou. os meus versos definham à sombra da enorme poesia que espanca nos deixou.
    um abraço!

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  27. obrigada pela visita e o carinho Jorge!

    beiijo
    tenha uma ótima terça! :D

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  28. há lugares que se tornam de paragem obrigatória, nesta romagem cibernáutica. gosto particularmente da sensibilidade como descreves os afectos. tenho a certeza de que adorarias um autor português de nome Alçada Baptista; é, para mim, aquele que melhor conhece as mulheres e as relações! um beijinho e uma óptima semana!

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  29. Boa noite, Jorge.

    Há um carreiro de formiguinhas que passam diariamente pelo teu poemar. Nele me incluo encantado com a serena opacidade do teu linguajar. É bom. Faz-nos bem. Faz-me bem. Faz-me bem sentir a emergência do gosto agridoce da inveja pela delicada subtileza com que cuidas das palavras.

    Como escrevi noutro lugar: faz bem ler quem escreve bem o que pensa bem. É o teu caso. Parabéns. Abraço, Jorge.

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  30. caro jad, as palavras já só me fazem sentido se partilhadas. obrigado por permitires que o faça também contigo.
    um abraço!

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  31. É um gosto grande meu que o faças. E um privilégio também.

    Abraço

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  32. Achei o final feio e grotesco!
    Não acho que o amor seja pasto aos vermes...
    Infeliz tua colocação.

    Alberto Sá

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  33. caro alberto, entendo que possas ter sentido repulsa pela imagem, mas, quando o ser cede exclusivamente à voragem cega do corpo e do imediatismo, onde está o amor? julgo que nem mesmo os vermes lhe hão-de ter tocado... :)
    um abraço!

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