terça-feira, 4 de maio de 2010

é como se...

é como se ficasse imóvel sobre todas as coisas.
ninguém me há-de condenar e eu deixarei de acenar aos homens (creio mesmo que a mão se perdeu entre a lâmina e a língua).

é como se esquecesse tudo o que me ensinaste.
não me podes censurar e eu hei-de enviar postais ilustrados do inferno que gela dentro de mim (estou certo de que o fogo se embebedou no licor de alfazema que os deuses roubaram a todos os prometeus cá do bairro).

é como se a noite morresse no coração de uma criança.
a poesia rasgou o papel para poder arder no alfabeto dos teus olhos (sei que as palavras estão órfãs de voz e o silêncio gira como um baloiço em redor da cidade).

não sei se me entendeste... não foste tu que me perdeste... é como se fosse eu quem se esqueceu de si...


gavin rossdale, love remains the same

21 comentários:

  1. Entonteci. Quanta intensidade, Jorge, meu deus!

    Isso aqui é absolutamente incrível: "é como se a noite morresse no coração de uma criança.
    a poesia rasgou o papel para poder arder no alfabeto dos teus olhos"

    Maravilhoso, poeta!

    Beijoca

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  2. Eu entendo-te!
    E deixo meu suspiro mais profundo...
    qualquer algo mais seria desnecessário

    beijos!

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  3. Obrigado, Sylvia e Andrea! Maravilhosa é a interacção com pessoas com a vossa sensibilidade, no coração e na tinta. Viva a poesia!
    Um beijinho a ambas!

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  4. "não sei se me entendeste... não foste tu que me perdeste... é como se fosse eu quem se esqueceu de si..."

    e a vida vai-se cumprindo "como se se ficasse imóvel sobre todas as coisas"...

    beijinho

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  5. que ninguém diga que a vida se cumpriu, se cumprirá ou se cumpre. sempre e irreversivelmente, como a abelha há-de pousar sobre as flores e deliciar-se com o pólen... (afinal, sempre assim foi, sempre assim há-de ser). nestas como em todas as coisas do ser, a gradação é sempre mais prudente do que as declarações definitivas.
    beijinho, Sombra!

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  6. "a poesia rasgou o papel para poder arder no alfabeto dos teus olhos"

    belo post!parabéns!

    beiijo
    ")

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  7. A poesia é capaz dos delitos mais infundados... arder no alfabeto dos olhos, roer o mel que estala nos dedos, secar os rios que escorrem do rosto, espremer as amoras que pendem dos lábios, ou até mesmo amarrar a vontade ao mais fundo dos ataúdes. Para quê? Poquê? Nunca ninguém encontrou as respostas, mas... o certo é que ninguém lhe resiste.
    Um beijinho, Grafite

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  8. Tu não me sabes a felicidade quando encontro versos tão precisos, de acentuação singular e de um tanto de sutilezas. Grande abraço.

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  9. É essa a sensação que me percorre quando mergulho na tua escrita, Poeta!
    Um abraço, Assis!

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  10. não sei se me entendeste... não foste tu que me perdeste... é como se fosse eu quem se esqueceu de si...

    Gostei disso.

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  11. Também gostei muito que tivesses parado por aqui, Vanessa.
    Até mais, algures pelos blogues!

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  12. gostei bastante desta poema, muito bom mesmo!
    abraço

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  13. Estive, hoje, a navegar nas tuas águas; deixei lá a minha marca.
    Obrigado, Flávio.
    Um abraço!

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  14. Belíssimo poema!
    ...ouvi-o ao som da música :)
    Bjinho!

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  15. música e poesia... já só fica a faltar o chocolate para a combinação ser perfeita, verdade? (sempre tive esta torpe - mas doce - tendência para combinar o sagrado com o profano, hihihi).
    Beijinho, Andy!

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  16. É como se fosse tocada, de tanta poesia! ;)

    Um abraço, Jorge!

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  17. a poesia, em si mesma, não toca; precisa da pele de quem a saiba sentir para poder funcionar.é esse é o segredo, verdade, Lou?
    um beijinho!

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  18. é como se teu coração fosse a alma da vida.

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  19. a alma da vida? a poesia. o seu coração? a boca que a sabe beber.
    um abraço, sarah!

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