quinta-feira, 29 de abril de 2010

canícula

o amor desprende-se da janela
e o sorriso agarra-se aos lábios do medo.

entre a mágoa e o orgulho
os olhos perderam a água
e ardem, agora, no sal estéril
que ferve sob o dique da pele

nem uma lágrima para lavar a dor
nem um soluço para amansar o suor

continua a sonhar com a casa
que lhe beija o rosto seco
com o veneno dos dias.

a noite ruiu sobre a cal…
lá fora começou a chover.

20 comentários:

  1. "entre a mágoa e o orgulho
    os olhos perderam a água
    e ardem, agora, no sal estéril
    que ferve sob o dique da pele"

    Chega a ser "engraçado" perceber como é tênue a linha que separa a mágoa do orgulho...!

    Belo escrito meu caro!

    Abraço

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  2. muito belo!

    "o amor desprende-se da janela
    e o sorriso agarra-se aos lábios do medo..."

    Bjinho!

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  3. show!
    Parabéns!
    Você muito me emociona com seus escritos!!!

    Um forte abraço

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  4. no que diz respeito aos afectos mais profundos, Amigo Juan, nada é claro ou definido; muito menos o são as reacções deles resultantes.
    mesmo que por um capricho viessem a sê-lo, jamais perderiam a sua vulnerabilidade ou mesmo efemeridade. São, afinal, a outra face dos homens, os afectos, e com eles partilham o código genético.
    um abraço!

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  5. Merecia uma ilustração para O Despertar, não, Andy?:) Fico a aguardar :) (estou a brincar, hehe).
    Beijinho!

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  6. Zélia, tu é que me sensibilizas com a doçura das tuas palavras.
    Um agradecimento muito especial!
    Beijinho!

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  7. "continua a sonhar com a casa..."
    E quem não sonha? Mas, pior é quem encontra e não a pode habitar...

    Lindos teus versos, Jorge! Ler-te me alimenta a alma. Obrigada
    beijo pra ti

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  8. A mágoa vai escorrendo com as lágrimas, e as duas se vão juntas. Sobra o orgulho, pra nos fazer levantar e sobreviver (quando sobra...).
    Gosto daqui...
    Beijinho.

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  9. Verdade, Andrea: talvez pior que não a ter seja encontá-la e a não pode habitar. Nesse caso, deixamos de ser o detective da alma para sermos o seu (re)construtor.

    Concordo inteiramente contigo, Sophia: quando sobra... E nesses casos, nem mesmo com o mais habilidoso dos artífices para nos valer...

    Beijinho a ambas!

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  10. Se já não há lágrimas e o suor secou, é chegada a altura de aninhar, continuando.
    Beijo imenso!
    Laura

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  11. ola muito lindo obrigada pelo carinho fique na paz de Deus Jorge
    bom fim de semana

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  12. a água desaparece dos olhos (permanece o sal, que ferve sob a pele) mas não pára de chover lá fora, Amiga Laura...
    Um beijinho para ti e outro para a Anita!

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  13. bracarense,
    sexta-feira de cansaço (que me consome, não tenha dúvida).
    passo para um colírio de poesia em seu blog.
    e pra deixar um abraço amigo.

    que este o encontre, quando aportar por aqui.

    seu amigo das terras altas das minas geraes, o
    roberto.

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  14. Poesia forte!
    Obrigada pela visita!
    E fiquei curiosa... Quem é Ana Salomé?
    Um abraço!
    Inês

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  15. Cidadão do mundo e amigo Roberto,
    boas notícias: hoje é sábado - dia de picanha, linguiça, caipirinha (hehe), mas, sobretudo, de descanso. Desfruta do fim-de-semana e retempera energias.
    O abraço, esse, venho-o recebendo ao longo da semana com os inúmeros textos com que nos vais presenteando lá no teu blogue.
    Volta sempre! Procurarei manter as propriedades medicinais do colirioblogue.

    Um abraço!

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  16. Visceral...como a própria poesia, que acaba por ser filha primogénita das entranhas mais recônditas da alma.
    Um abraço e obrigado pela visita!

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  17. Nesta viagem deambulatória pela blogosfera há umas quantas romagens que passam a ser obrigatórias. Agradeço-te a simpatia das palavras.
    Quanto à Ana Salomé, é uma jovem escritora/poeta portuguesa que tem a sensibilidade e a força dos maiores. Começa a emergir agora e, seguramente, daqui por uns anos, tornar-se-á das maiores do seu tempo. Crê-me. Vale a pena espreitar o que escreve.
    Um beijinho!

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  18. Caro Jorge, muito legal o teu espaço, virei mais vezes!
    Tenho sim uma casa e um lar, meu e meu filho e meus cães, minhas fotos, minhas músicas, livros, minhas corujas e cavalos e o amor... Do lugar físico, voou para outros tantos... mas ainda aguardo o amor igual do femininoe e masculino, sem competição, com CONJUGAÇÂO: Eu amo, Tu amas, Nós amamos... bj, prazer em te conhecer

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  19. Só da conjugação espontânea do verbo "amar", nas suas mais diversas pessoas, género, tempos e modos, ele se desprende do invólucro formal que o protege, dando sentido a todos os sentidos. É nesse então que até as insignificâncias valem a pena.
    Beijinho e muito obrigado pela visita, Fernanda!
    (a propósito: belo nome, o seu - ou não fosse o da minha mãe).

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