Cepães
esperei o silêncio do mar e uma rocha lisa suspirando pelos marujos que levam o tempo e deixam, pousados sobre os gemidos da areia, a mágoa de quem não sabe esquecer
esperei a respiração breve sobre a claridade das mãos ou a nave que as navegue sem medo dos órgãos vazios ou dos corpos por preencher
esperei a vaga disforme saltando a curva quotidiana e incendiando a areia quase branca onde depositei a sede
de tanto esperar
a poeira pousou sobre a pele
e as asas quebraram-se, sozinhas, contra o azul sem cio
nada mais resta ao olhar senão beber o derradeiro brilho em vaga-luz
esperei o silêncio do mar e uma rocha lisa suspirando pelos marujos que levam o tempo e deixam, pousados sobre os gemidos da areia, a mágoa de quem não sabe esquecer
esperei a respiração breve sobre a claridade das mãos ou a nave que as navegue sem medo dos órgãos vazios ou dos corpos por preencher
esperei a vaga disforme saltando a curva quotidiana e incendiando a areia quase branca onde depositei a sede
de tanto esperar
a poeira pousou sobre a pele
e as asas quebraram-se, sozinhas, contra o azul sem cio
nada mais resta ao olhar senão beber o derradeiro brilho em vaga-luz
belíssima a fotografia faz-me lembrar os olhos cheios de mar num horizonte em brancas nuvens...faz-me sentir a areia quente sob os pés a queimar os passos urgentes em chegar à água que podia ser doce...
ResponderEliminar"nada mais resta ao olhar senão beber o derradeiro brilho em vaga-luz..."
ResponderEliminarLindo! Não só a frase acima, mas o conjunto da obra.
beijos Jorge muito amigo! :-)
Márcia
É a minha infância, a minha juventude, eu mesmo, em certo sentido, o que está naqueles grãos de areia, Andy. Era o futebol com amigos, o pão quente de madrugada, os namoros que ruborizam, o sol sem hesitações, a chuva que engrandece, o viço que renova... Ainda hoje é um lugar mí(s)tico para mim...
ResponderEliminarAinda hoje, Márcia, é lá que bebo o brilho que sobra da existência, de Verão ou de Inverno, mesmo que em vaga-luz...
Um beijinho a ambas, Amigas!
"de tanto esperar
ResponderEliminara poeira pousou sobre a pele
e as asas quebraram-se, sozinhas, contra o azul sem cio"
Tão verdade...
Incendiar a areia quase branca é um exercício de silêncio, beber a vertigem e a sede da paisagem. abraço
ResponderEliminarA imagem que surge das tuas letras é ainda mais bonita que a foto.
ResponderEliminarLindíssimo, Jorge.
Beijomeu
Obrigado pelas palavras mais simpáticas que merecidas, Sylvia (e ainda mais pela ancoragem neste cantinho meu);
ResponderEliminarobrigado pelas metáforas com que vulgarizas o texto, Assis!
Um abraço a ambos!
Vou cair nos lugares comuns, mas quem espera não há-de desesperar? Quem espera irá alcançar?
ResponderEliminarVamos sem saber as respostas, mas carregamo-las em nós!
Beijo e abraço!
Laura
Nem sempre mar com música, às vezes só pra esperar silêncio, que me cai como uma luva. Porque beber o brilho em vaga-luz é um alimento diário, Jorge. Obrigada.
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