domingo, 11 de abril de 2010

Baloiço


Neil Hannon and Ute Lemper , Tango Ballad

o fruto permanece suspenso no viés do olhar
ainda ontem ameaçou cair mas já nada havia a recordar

toquei com o teu nome a sua pele de fogo cru
por mais que o sol arda a chama provém do seu corpo nu

à sua volta os demais frutos entregam-se a Morfeu
o meu resiste no baloiço de alguém que o prometeu

desfaço entre os dedos o seu leite espesso
deixo escorrer pelo rosto o mel que não mereço

não sei se o tempo acima da árvore mudou
mas nos cantos da boca o seu néctar secou

o desejo entorpeceu a sua imagem cinzelada
arrependo-me de o ter arrancado naquela madrugada

9 comentários:

  1. Será que se não o tivesse arrancado, ele não secaria ainda assim?

    Bonito, Jorge.

    Beijomeu

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  2. Jorge, os frutos são para comer, as vezes! Outras são para os admirarmos e ainda outras são para morrer na árvore.
    Beijo e abraço

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  3. Nada entendo de frutos, senão que a sua cor, forma e textura me tocam as sentidos. É inevitável tocar-lhes... senti-los... deixar que o seu néctar nos hidrate os sentidos... por nós... e por eles, que se renovam na pele que se lhes entrega.
    Beijinho Sylvia e Laura!

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  4. Como Prometeu a se cumprir, semeaste fogo na pele e tudo incendiou. Abraço

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  5. Concordo com a Sylvia. há mesmo frutos que são só para ficarem na àrvores...são venosos, mortais até. devemos admirá-los só com o olhar.neste caso estão, principalmente, algumas bagas, muito bonitas e coloridas , mas mortais.
    boa madrugada.

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  6. --->veNEnosos ,eheheh, que é muito diferente de venosos! raios para a minha dislexia visual e teclado doido.

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  7. Obrigado, Andy! Música são sempre as tuas palavras!
    Beijinho!

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  8. O pior é o preço do fogo, Assis... Ainda assim, por vezes é preferível arder junatmente com o sonho que passar-lhe ao lado.
    Um abraço!

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