lembro-me de tão pouco... (será que tudo ainda se recorda de mim?...)
às vezes gostava de já nada saber, de apagar a luz do quarto e rasurar a última palavra escrita com contorno e sombra. só que o tempo repousa sobre o corpo, mas não pára, e nos intervalos das horas percebo que ainda permanecem trivialidades como o instinto do ar, a rota do navio ou o avião de papel estrebuchando contra o taco, no canto do ser.
como desfazer a língua que escorre sobre o vidro do aquário sem peixes? (até eles preferem o asfalto) como esquecer as cores, as formas, a frente e as costas, os rostos e os dedos, a prosa e o verso? (será que o mundo já se esqueceu de mim?)
ainda imóvel, entre a memória e o esquecimento, bato a porta, chicoteio as palavras, transgrido a intimidade e renuncio ao desejo. era inevitável ficar atolado num canteiro sem rosas.
Lisa Germano, Into Oblivion
Perdoa-me, Jorge, mas citarei Mário Quintana em dois momentos porque Se - "A imaginação é a memória que enlouqueceu"..."No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento..." Mário Quintana
ResponderEliminarPor tanto (assim mesmo, em separado) há memórias inevitáveis.
Forte abraço
Boa Páscoa!
Impossível esquecer!
ResponderEliminarAmigo, ontem fazia um esboço de um texto que, apesar de ser contra os meus principios, deixo-o ficar aqui. Ah, sempre nos levantamos!
ResponderEliminarExercício a descoberto
Nunca.
Aprendi.
Apenas uma.
Arrependi.
Poucas vezes.
Desisti.
Muitas vezes.
Desisti.
Imensas.
Caí.
Quase sempre.
Errei.
Sempre.
Fugi.
Beijo, Laura
É verdade o que citas, Mai; por mais que a memória nos roube pedaços de nós... nesse sentido, sim, im-possível é esquecer, até porque as folhas mais leves hão-de sempre agitar-se e tocar-nos... Daí que não haja razão para fugir, Laura, mesmo sabendo que tantas são as vezes que caí ou desisti.
ResponderEliminarUm abraço!
eu falo constantemente nisso nos meus poemas...
ResponderEliminara memória rouba, deforma, dá, empresta, embeleza... sei lá. O M. Quintana tem razão.
beijinho, Jorge.
Já te desejei boa Páscoa?
ResponderEliminare que a renovação interior se cumpra em cada um de nós, em dias mais claros, noites criativas, energia, brilho, alegria, compaixão, amorizade,saúde, PAZ.
uma mão cheia de amêndoas de chocolate.
Sobre a memória e o esquecimento eis o meu lema: sempre perdoar, nunca esquecer!
ResponderEliminarÉ na memória que se alimenta o frágil quotidiano.
Boa Páscoa, Jorge. Abraço.
É bem verdade o que dizes, Jade. A memória vive acima do desejo de esquecimento, mesmo que deformando, roubando, embelezando..., como sugeres, Em@. Ou não fora a própria poesia o sinal maior de que nada é definitivamente pó.
ResponderEliminarUm abraço e obrigado a ambos pela reflexão.
"conhecer é inserir algo no real; é, portanto, deformar o real" Carlos Emilio Gadda.
ResponderEliminarAbraço.
assim de fugida...mas desejando uma Páscoa mto Feliz com poesia e muito chocolate!
ResponderEliminarJorge, o "fugi" é para mim e não para ti!!!
ResponderEliminarLondon Calling!
Beijo
Laura
Ei Jorge!
ResponderEliminarTeus versos são rosas que brotam do asfalto.
Eles tem a força do orvalho que inunda as manhãs!
Grande abraço!
Apenas transformando nos transformamos, Assis; por mais que a memória se extinga, somos, nessa medida, o real e, nesse sentido, in-esquecíveis.
ResponderEliminarEu sei que era para ti a primeira pessoa, Laura; assumi os versos como meus, na medida em que os li em primeira pessoa, pelo que a mensagem era... para mim próprio, também. (London calling; take the most of it, dear friend).
Deixei-te no blogue algumas amêndoas que a Em@ havia pousado no meu; partilho-as contigo, querida Amiga Andy, bem assim como o desejo de uma Páscoa cheia de paz!
Oh, Fouad Talal, e a tua poesia, então?... Visita sempre imprescindível!
Um abraço a todos!