terça-feira, 30 de março de 2010

melancolia

escorre, nua,
a saliva
pelos lábios da cal
onde um dia soletraste
o meu nome.

entre o sopro
e a sílaba
pressinto
o regresso da tua boca
na sombra do beijo.

13 comentários:

  1. a primeira estrofe desenha-se em vertigem, como um muro a escorrer nostalgia, a tinta a desmanchar-se ante o tempo que impunemente gesta nossas metáforas mais ricas. meu abraço

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  2. E a saliva é como uma linha, também ela tem um pingo - redondo oval espalmado -, igual a esse ''boneco sentado'' e que por sua forma sentada se assemelha a um N... será nome, será não?! talvez a sombra não tenha nome e o beijo à sombra diz não... - devaneios, meus... -

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  3. eu sou muito onta ou melhor, distraída.
    1º olhei para o título e sorri e depois li o pema e pensei para cmigo: olja repetiu o poema....só depois senti um estalo na mem+oria e vi o "Desafio Póético 2" :D

    gostei!

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  4. Jorge,
    Sim, há melancolia no poema: a terminar pelo 'o regresso da tua boca na sombra do beijo'. E sem saber por quê, talvez pelo melancólico que depositaste nesta postagem, a começar pelos traços a ilustrarem a preto e branco o texto, lembrou-me o Mário de Sá-Carneiro, sempre tão melancólico no meu sentir também.

    Abraço de quem o estima,
    Pedro Ramúcio.

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  5. Pois, é verdade, Em@, esta "melancolia" surgiu primeiro no teu blogue que no meu :-); resulta do desafio que lançaste (para quando o próximo?). Um beijo!

    Bem o dizes, Pedro, o traço da melancolia só poderia escorrer a tinta negra... a única capaz de esconder os lençóis da saudade... Um abraço!

    A ideia foi mesmo tornar a melancolia um suspiro líquido que, porque escorre da alma, pudesse materializar-se em algo mais mundano, como uma parede ou um muro... Nem a luz que espreita no final do poema consegue extinguir o rasto do fel existencial. Um abraço, Assis e NãoSouEuÉaOutra!

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  6. Estamos a andar em circulo. Acabamos sempre por andar em circulo. Porquê? Porquê? Pergunto eu agora...
    Beijo amigo, Laura

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  7. Mesmo que pareça a reedição do que se despreza, acreditemos que na circularidade se possa vir a inscrever o infinito, Laura.

    Um beijinho sem porquês...

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  8. Também tenho uma "melancolia" lá perdida na Em@, fizeste bem postar, é lindo!

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  9. "entre o sopro
    e a sílaba
    pressinto
    o regresso da tua boca
    na sombra do beijo..."

    "Sou verdades das mentiras flechas do arqueador
    Das palavras sou a vírgula exata que você amou...
    Das montanhas sou a curva íngreme dos teus beijos..." (M.C.L.M)

    Um beijo para Jorge muito amigo!

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  10. Eu tenho um teclado doido! endoidece à toa e desata a comer letras ou a trocá-las.E eu repentista como sou, clico no enter sem parar o tempo suficiente para ver asementeira de gralhas e palavrasinelegíveis. raios!

    corrigindo:

    eu sou muito Tonta ou melhor, distraída.
    1º olhei para o título e sorri e depois li o pOema e pensei para cOmigo: olHa repetiu o poema....só depois senti um estalo na memÓria e vi o "Desafio Póético 2" :D

    gostei!

    Quanto ao desafio pode ser já?
    por mim...desde que haja aderentes!
    bejinho e upalarupa.

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  11. Eu sei, Andy! Foram vários os "melancólicos" a replicar ao desafio da Em@ :-). Em@ que tem o teclado desorientado, mas as ideias, mesmo que traídas pelo interface digital, são claras; consegui perceber o teor da primeira mensagem e, da segunda, sublinho o "vamos lá para o novo desafio". Ficamos todos à espera :-)

    Beijinho a ambas!

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  12. Entre o sopro
    e a silaba
    a flechas do arqueador
    a vírgula das palavras
    a curva íngreme da montanha
    e o lábio dos teus beijos...

    Diz lá, Amiga Márcia, se os dois textos não combinam na perfeição?
    Um beijinho!

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  13. Tens razão Jorge amigo, os textos são "par-perfeito"...
    Tu viu que indiretamente, e talvez, in-conciente-mente tenhamos pois, feito o tal dueto que tu um dia havia mencionado?
    Pequeno sim eu diria, não chega a ser um Soneto, mas tua estrofe, esta já valeu a pena por um poema inteiro...

    beijos Jorge amigo! :-)

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