sexta-feira, 26 de março de 2010

Ode Impossível

É o sangue da tua altura
o vulcão que não te deixa desaparecer
ao fundo da paisagem
como se te visse ainda
com o primeiro afecto da nuvem
a pousar no fogo
vejo-te aí
onde constróis os dias da nossa felicidade
sem mim e com todos
os nossos utensílios e memórias
numa caixa de sapatos
na sombra da arrecadação.

Ana Salomé


Red House Painters, Have you Forgotten



4 comentários:

  1. Este poema de Ana Salomé estrapola das bordas o etério e o intangível. Quintessência é o que se vê no ivisível, é a presença do ausente, é o sempre daquele nunca mais.

    forte abraço

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  2. Sabias que acabo de comprar um livro de antologia de poemas que tem lá um da Ana Salomé?
    Adorei!
    Depois vai a este blog: http://club-silencio.blogspot.com/

    Beijo e aquele abraço!
    Laura

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  3. Bonito o poema da Salomé, Ode impossível e muito bem arquitetada. abraço.

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  4. Pois, Mai e Assis, também eu vejo o impossível tornado realidade neste poema de Salomé, ideias que a maestria de Salomé harmonizam tornando-as quase complementares, mais que contrárias.
    Verdade, Amiga, também eu reparei nessa antologia poética sob a égide da AMI (creio), da Assírio e Alvim, e lá estavam os três textos da Salomé.
    Um abraço aos três!

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