sexta-feira, 9 de julho de 2010

surrealidades

O fundamento de toda a experiência tem de estar fora da experiência.
E, assim, para a Poesia, o Oásis e o Deserto são as tenazes que a geram, já que a realidade não se baseia só na substância das coisas, mas também no seu caudal e relacionalidade. Tudo se define pelo diferente. E para a Ideia da Totalidade de uma Vida Única nós acreditamos na conjugação futura desses dois estados, na aparência tão contraditórios, que são o sonho e a realidade. Acreditamos numa Realidade Absoluta, numa SURREALIDADE se é lícito dizer-se assim.”
Mário Cesariny, Primavera Autónoma das Estradas


- acabo de perceber como surrealisticamente não sou surrealista: visto-me e disponho-me, todos os dias, com a experiência a servir-me de espelho…
- pois, eu sempre percebi que sou surrealista, visto a roupa que não me serve e passeio nesta fogueira das vaidades.
- não te serve… mas fica-te bem! quanto à fogueira: deixa arder…
- deita-lhe gasóleo! até porque as cruzetas se fizeram para albergar cadáveres esquisitos, queimados…


a verdadeira experiência surrealista (porque não vive apenas de si mesma, mas das intersecções que proporciona) é poder efabular sobre trivialidades absolutas e essencialidades relativas (na verdade, e sem pruridos linguísticos ou conceptuais, sobre tudo e sobre nada) com a amiga e poeta laura alberto do blogue im.possibilidade, seja no cosmopolita e variegado porto, seja numa popularmente pitoresca freamunde…


36 comentários:

  1. "E há palavras e noturnas palavras gemidos
    Palavras que nos sobem ilegíveis à boca
    Palavras diamantes palavras nunca escritas
    Palavras impossíveis de escrever
    Por não termos conosco cordas de violinos
    Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar".

    Que você continue com a experiência a servir-te de espelho, amigo Jorge, pois assim vai indo bem (em time que está ganhando não se mexe...rs)

    Abraço grande, e te deixo com esse poema do Mário Cesariny prá embelezar teu dia.

    Cid@

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  2. cid@, é belíssimo o trecho do poema imortal "you are welcome to elsinore" que aqui transcreves. o rodrigo leão tem-no musicado, numa versão em que o texto é dito pelo próprio cesariny. tenho-o em cd, mas procurei o link de um possível vídeo no youtube para te enviaa, sem sucesso...
    quanto à máxima de que "em equipa que ganha não se mexe": ainda bem que o treinador não é o dunga ou o queirós, não? (hihihi)
    um beijinho, amiga!

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  3. amiga laura, dúvida existencial emanada de um espírito em combustão: o gasóleo é inflamável? (hihihi).
    :-)
    um abraço!

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  4. Eu cá acho que sim, sem duvidas!
    Siga e tunga!
    Beijos

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  5. Nada mais surreal do que a troca de experiências mundanas; do que alguém ouvindo outro alguém.

    Beijos.

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  6. e essas experiências torna-se tanto mais sobrerreais quanto envolvam múltiplos outros, como nesta rede de blogues, por exemplo.
    um beijo, lara!

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  7. dois avisos: preciso parar de fumar...
    preciso ler cesariny...

    ah, e preciso te ler também, poeta.
    ando (por motivos muitos) tão relapso...

    já chego pedindo perdão.

    e deixando um abraço,

    bardo bragantino... bracarense...rs


    seu amigo, todo dia, o

    roberto.

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  8. "A experiência não é o que acontece ao homem, é o que o homem faz com que aconteça a ele". (Huxley)

    E sobre as leitoras do meu blog lerem os post´s pela ótica feminina, ainda que o post não tenha gênero, rs. Bem, a gente olha através da nossa janelinha, com mil identificações...

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  9. também visto roupa que não me serve para passear na fogueira das vaidades do dia a dia...mas, cada vez mais vou a desnudar-me...

    jorge, querido, então que belo é esse teu espelho, capaz de refletir-te em versos e pensamentos sempre tão intensos.

    bah, esse livro de cesariny se tornou objeto de desejo...da alma! Eu quero! :)

    beijos muitos, amigo poeta!

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  10. Jorge, dou um nó no juízo às vezes te lendo...Mas são nós bons de desatar, porque trazem respostas ínesperadas e surpreendentes... Assim, ler-te é desvendar, isso é bom.
    Abraços,
    Tânia

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  11. "Tudo se define pelo diferente."

    Faço dessas as minhas palavras ! *-*

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  12. Oi!!

    Você disse que não conhecia a versão original do nosso Hino... Pois então... ela já está lá!...;)

    Se acaso você desejar conhecer, fique a vontade.

    Tenha um excelente final de semana.

    Bjs

    Cid@

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  13. meu querido amigo roberto, tu não chegas; tu já cá estás.
    a propósito de fumar: havia dezenas de grafitis na parede da escola; escolhi fotografar neste, porque os outros tinham proibido comer bolos, beber bom vinho, e assistir a jogos da selecção do brasil. percebes agora? :)
    ah, quanto a não andar a ler cesariny, bom, isso sim, parece-me falha. :)
    um abração, amigo de além-mar e de aquém-coração!

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  14. inteiramente de acordo, vanessa: o homem como agente e reagente; jamais como meramente "gente". nessa medida, não me surpreende a focalização pessoal (na circunstância feminina) na leitura dos teus posts (aliás, ler é, antes de mais, um posicionamento pessoal, verdade?). eu próprio li aquele diálogo como tendo no emissor um homem :-)
    um beijo!

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  15. amiga andrea, a laura foi aniversariante em abril, mas só em julho consegui estar, de novo, com ela. aquele cesariny foi o seu presente de aniversário, por saber o quanto ela se identifica com ele. já o que posa sobre o livro são objectos meus e dela, como que pessoalizando o momento. um dia que seja possível "reunir a turma", como o nosso roberto tantas (e bem vistas) vezes o sugere, podes contar com um exemplar para ti :).
    sobre nus e desnudos:
    "strip-tease

    quanto mais me dispo
    menos nu
    me sinto"
    jorge sousa braga

    um beijinho!

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  16. tânia, obrigado pelas palavras mas receio serem imerecidas... em mim raramente vislumbro respostas :); mas fico radiante e altamente sensibilizado sabendo que haja quem as consiga, entre este caos verbal, tocar.
    um beijinho com imenso afecto (essa sim, uma resposta definitiva que sei exisitir).

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  17. o céu é azul, bem o sei, e se fosse pintor pintá-lo-ia, de novo, de azul. garanto que ficaria diferente do céu pintado por aquele que se me antecipou: o meu traço é diferente dos demais.
    é essa a lógica, verdade, sara? ser diferente, uno, único, autêntico, mas não... às avessas ou com os passos trocados.
    um beijinho!

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  18. já lá passei e conferi, cid@. na verdade, não conhecia a letra na íntegra, mas sabia de algumas referências: a d. pedro e ao grito do ipiranga, por exemplo. é que, para além de as ter estudado na escola, era inevitável sabê-las por via dos jogos do brasil nos mundiais de futebol ou às corridas do ayrton senna na fórmula 1 :)
    um beijinho e um óptimo fds para ti!

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  19. eu também começo a perceber como surrealisticamente não sou surrealista,
    reflicto sobre os estendais da vida
    e escolho sempre a roupa mais enxuta para vestir...
    dispo-me de vaidades e desenho a roupa do avesso para entender

    :-) beijinho a ambos!
    as vossas frases fizeram-me fabular...

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  20. entre (su)realismos e realidades, haja lugar à fábula. sempre! efabulemos, pois! :)
    um beijinho, amiga andy!

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  21. O cosmos é um criptograma que contém um decriptador: o homem. Que foi mesmo que disse isso?

    abração

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  22. Neste dia, querido jorge, mais ainda do que o livro, feliz me deixará tua presença =)

    gosto deste strip-tease ;)

    beijinhos muitos, amigo poeta!

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  23. A foto me impressionou!
    Amei...

    beiijo,
    *.*

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  24. não sei, amigo assis, mas seguramente um pensador renascentista :)
    sobre o homem ser decriptador... julgo que as ferramentas estão lá; por vezes falta-lhe o código...
    um abraço!

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  25. querida andrea, não sei se algum dia isso venha a ser possível, mas tenho fé plena no nosso roberto e nos seus méritos como guru! :)
    um beijo antecipando o encontro da "turma" (hihihi)

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  26. um pouco loucas, as fotos, verdade? :-)
    um beijo, grafite!

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  27. Rasgo as vestes que me despem...

    E viva a diferença, na plenitude das suas interseções e essências!

    Beijos surreais.

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  28. Quem dera poder fazer desuso de tudo que nos é real e viver o surreal na sua plenitude.
    Que delícia seria...

    Beijinhos
    Aryane Pinheiro
    Brilho da Lua

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  29. Amigo Jorge
    Na balança, os dois pratos: surrealismo e racionalismo.
    Não sei qual dos dois pesa mais na minha experiência.
    Só sei que adoraria libertar-me mais e mais, das exigências da lógica e da razão...
    Simplificaria vida e a pseudo-obra...rsrs...
    Enorme abraço, querido!!!

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  30. "rasgo as vestes que me despem"
    se bem entendo o que dizes, cris... quanto mais me tapo, mais escondo e menos deixo que se veja... desnudemo-nos do que sobre no corpo e na alma, pois!
    um beijo!

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  31. querida aryane, algures entre o delírio esquizofrénico e a mais genuína das realidades (qual é, já agora) reside o azimute da existência. sabe-lo: um bênção; atingi-lo: a maior das quimeras.
    porfiemos, ainda assim...
    um beijinho!

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  32. se te compreendo, querida amiga zélia... mesmo sabendo nós que isso apenas é (parcialmente) possível na vida da arte... (raramente na arte da vida).
    um beijinho!

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  33. E não é que eu feita toina copiei o tetxo todo e publiquei no meu blogue sem sequer fazer um texto ou alterar o teu, tsssss!!!
    Só ao murro!
    Beijos

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  34. Passei uma noite ‘surreal ‘pois mesmo a mesma sendo negra, passei toda em branco(rs)... E por mais que nos corredores sem estrelas do véu que se estendia a minha frente o meu rastejar fosse lento e enfadonho, não me foi impossível encontrar uma constelação... De palavras estrelas, dessas que iluminam o caminho feito vagalumes em meio à mata fechada. Seguirei a trilha para que em breve eu retorne e conte teus luminares.

    Lufada de beleza!

    Abraços no coração

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