cambaleio pelo quarto
nauseado de escuridão.
a tua pele de âmbar
e as carícias de violino
agonizam agora pelo chão
como vestuário gasto ou perdido.
atravesso-o
perante a indiferença dos deuses
e o sarcasmo dos homens.
chovo-me persigo-me escrevo-me
mas o vento continua a bater na tinta
antes de secar a mão.
liberto a memória dos dias
como um peixe percorre o corpo menstruado
de vénus sem olimpo.
falhei a previsão na meteorologia do amor
e todavia
foi o tempo
é o vento
(será o momento)
eu sei-o...
resigno-me a acreditar
que as maçãs amadurecem fora da árvore...
ainda assim, inteiras.
Resignar-se pode ser digno...
ResponderEliminarTantas vezes insistimos em buscas masoquistas.
verdade, vanessa, todavia tenho o mau hábito de jamais capitular. a resignação de que falo é o feixe luminoso que atravessa a escuridão... por mais ténue que seja. é dela que retiro a força para continuar a acreditar.
ResponderEliminarum beijo!
fico sem palavras perante mais uma beleza da escrita...
ResponderEliminarhá pouco que se possa dizer perante a falha da da previsão da meteorologia do amor...contudo, é o tempo, o vento e o momento que fazem acreditar que as maças não apodrecem!..
bjinho
sombra, eu acredito!
ResponderEliminarum beijinho e um agradecimento especial pelo voo rasante sobre este singelo cais.
"liberto a memória dos dias
ResponderEliminarcomo um peixe percorre o corpo menstruado
de vénus sem olimpo".
vou ficar ruminando essa imagem até os olhos se dissolverem, a tua poesia ferve,
abração
amigo poeta assis, quase em tempo real este teu comentário. é que acabo de viajar desde o "mil e um poemas", onde deixei a minha marca, e, no regresso, dou de caras contigo aqui :)
ResponderEliminarum abraço!
Olá amigo Jorge Pimenta, cá estou eu na leitura de sua escrito.
ResponderEliminarpasso sempre por cá, pois gosto do que escreve.
Saudações amigas
Apeguei-me aos mesmos versos que o Assis citou, proeminência imagética desse poema in quarto crescente, pródigo em imagens incomuns.
ResponderEliminarAbraço grande, Jorge.
Um dia disseste me que não me querias no quarto. Entrei lá, mas agora digo-te que é possível sair de lá: "(será o momento)"!
ResponderEliminarExcelente escolha de fotografia!
Beijos
Laura
Aff que hoje fez bonito hem
ResponderEliminarbjs
Insana
Jorgíssimo,
ResponderEliminarEntre a indiferença dos deuses (que vendem quando dão) e o sarcasmo dos homens (que vêm de não darem nunca), ficarei-me sempre com tuas imensas imagens poéticas, proféticas contagens progressivas...
Bom rever-me aqui, amigo do Minho...
Abraço regressivo,
Pedro Ramúcio.
"Carícias de violino"... fui tocado do lado de dentro (e ainda um arrepio do lado de fora), como sempre sou aqui. Perfeito!
ResponderEliminarBeijo.
Amei seu blog..
ResponderEliminarBeijooo
Importante é que desta escuridão, cambaleias para a réstia de luz que ainda persegues...
ResponderEliminar"chovo-me persigo-me escrevo-me"...e assim eu te leio e te acolho em mim
beijo, querido amigo!
"...atravesso-o perante a indiferença dos deuses e o sarcasmo dos homens."
ResponderEliminarLindo isso, aliás tudo lindo por aqui...
Voltarei mais vezes.
Tô te seguindo, tá?!
Bjão e um fds super iluminado.
Encanto-me com a capacidade dde movimento da tua poesia disfarçada de pouso, quando na verdade voa em sutilezas de continuidade...Grande abraço.
ResponderEliminarcaro amigo josé sousa, pois saiba que é sempre bem-vindo!
ResponderEliminarum forte abraço!
marcantónio, quisera eu ser capaz de garatujar para além das imagens... na sua im-possibilidade, contento-me com os traços de carvão que invocam a carne e o sangue.
ResponderEliminarum grande abraço, poeta amigo!
laurita, por vezes o quarto entumece, enrijece e estende os braços para fora da sua jurisdição territorial. e nós, que somos feitos de versos, sendo por ele tocados, não sabemos como resistir-lhe... é, afinal, o quarto, a essência da intimidade e do "eu"; renunciar-lhe seria rejeitar-nos a nós mesmos... difícil, não?...
ResponderEliminarquanto à foto, há aqui uma quota-parte de responsabilidade tua na sua escolha :)
um beijinho, amiga!
feliz por teres gostado, insana.
ResponderEliminarum beijinho!
pedro, contra a indiferença dos deuses e o sarcasmo dos homens, apenas o abraço dos amigos; o teu! é o tónico da boa esperança :)
ResponderEliminarum abraço, amigo! já tinha saudades de te reencontrar por aqui.
aos acordes de violino, larinha, este blogue pode contar com a delicadeza da tua voz e da tua presença. como diria o roberto, "um luxo"!
ResponderEliminarum abraço com notas de violino na ponta dos dedos!
luíza, encantado por te ter por aqui e ainda mais por saber sentires-te bem aqui. é esta a magia da poesia: aproxima quando quase tudo na existência humana marca diferenças..
ResponderEliminarum beijo!
não pode haver sombra sem luz, querida amiga andrea, mesmo que difusa e débil... os versos, por mais sombrios que pareçam, carregam nas suas entrelinhas a magia da redenção. mesmo que nas palavras e pelas palavras, apenas...
ResponderEliminarum beijinho oceânico!
grasi, não estou em braga e apenas consegui dar um pulinho a um ponto wireless para acenar aos meus amigos. assim que me seja possível, retribuirei a gentileza da visita e procurar-te-ei.
ResponderEliminarum beijinho!
olá, rita!
ResponderEliminaro meu pouso é o blogue; já a poesia gira, procura, encontra, suspira, chora, ri, volta as costas, reencontra, agride, perdoa, corre, solta-se, cai, levanta-se... no mais perfeito dos movimentos: o batimenbto do coração.
um beijinho!
Sem sombra de dúvida seus escritos são uns dos mais completos que alimentam esta nossa "realidade" virtual...
ResponderEliminarimenso abraço meu caro!
e que dizer dos teus escritos, pois, caro juan? permite-me que transfira para aqui o último comentário deixado no teu post de sábado, 24.07: "imagens com a força de locomitivas engolindo corpos que se avespinham sobre os trilhos, numa orgia sanguínea".
ResponderEliminaradmirável a tua escrita, juan, e um prazer imenso ter-te por aqui.
um abraço!
jorgíssimo,
ResponderEliminarrecuso-me a acreditar que as maçãs amadurecem fora das árvoras... rapaz... que belo!
amanheço em suas maçãs, poeta.
é tão bom ler suas coisas, lê-lo ativo, inquieto, sensível.
destilando poemas.
sombras?
que nada, jorgíssimo.
por onde você anda, anda a luz.
abração do seu amigo,
r.
robertílimo, amigo, bastaria a tua presença e a tua amizade para que todas as palavras mesmo que no mais enviesado dos versos valessem a pena. essa, sim, a verdadeira luz!
ResponderEliminarum forte abraço!
Muito boa descrição...deu para ver e sentir todo o cenário e atmosfera...mandou muito bem!!
ResponderEliminar[]ss
que o vento nunca seque a mão; que as maçãs não apodreçam antes de serem devoradas.
ResponderEliminarBeijos
Que lindo...
ResponderEliminarJorge...
adorei passear...
pelo seu quarto...
repleto de...
indiferença...
a indeferença dos deuses...
quando tudo acaba...
Beijos
Leca
Descobrir o seu cantinho foi como ver no seu poema a luz que ilumina a escuridão desse quarto.
ResponderEliminarUm poema cheio de vitalidade tão suave nos aromas que se insinuam e tão intenso na recusa a uma resignação humana.
Lindíssimo!
Gostei de conhecer o seu blog e voltarei.
Abraço.
Meus traços se rendem ao magnetismo de tuas linhas...
ResponderEliminarReverencio-te, és um poeta incomum!
Beijos cris(tais), amado-amigo.
rafael, fico grato pela visita e pelas palavras que aqui deixa pousar.
ResponderEliminarum abraço!
bem preciso da mão para colher as maçãs, para as sentir num afago de pele, para as enrolar sob o palato dérmico e amadurecer nos lábios ao sabor do suco que as hipnotiza.
ResponderEliminarum beijinho, lou!
leca, no quarto, à indiferença dos deuses saibamos contrapor o carinho daqueles que nos visitam e nos querem bem. e o quarto entumece, agiganta-se e torna-se no mundo, ele próprio. e tudo se torna menos denso e mais respirável.
ResponderEliminarum beijinho!
jb, já passei pelo teu blogue. vejo que a poesia ocupa um lugar-charneira em ti, também.
ResponderEliminarum beijinho!
cris(tal), de incomum só mesmo o carinho que dispensas à minha escrita.
ResponderEliminarum abraço, amiga poeta!
oi, jorge
ResponderEliminarsou novo aqui e de muito gostei...
sues escritos soam singeleza
e maestria!
abraços,
voltarei...
do homem-mais-menino
fique com Deus!
viva, menino-que-é-homem, sê bem-vindo!
ResponderEliminarum abraço!
o impulso para a liberdade, pergunto-me que Lua é essa que navega pelo mapa astrológico, o teu. um Libra forte... se soubesse a hora da noite ou dia que veio ao mundo, descobriria essa lua, que provavelmente estará no signo de Aquário ou de Peixes, porque Vénus está em Virgem, e faz oposição à Lua!!
ResponderEliminarCuriosidade mesmo, visito a intensidade do que escreve!
abrç
Ja vi que vou ter muito que passear por aqaui pra conhecer
ResponderEliminartua criação na integra que a net permite.
Encantada prossigo.
Texto novo la em casa, passa la pra um copo dagua fresca.Não repaara que a cama ainda ta desarrumada.
Flores e Cores
fragmentos de ser (oh, se este não é o nome mais autêntico com que alguma vez me cruzei pela blogosfera...),
ResponderEliminarfico contente que continues a visitar-me e que sintas valer a pena fazê-lo.
vou só tomar um banho (apesar das 14h, estou vendido ao ócio deste domingo :)) e passo, já em seguida, no teu/nosso espaço.
um beijinho!