vénus de willendorf
a vida abre-se como botões de rosa
em jardins alinhados
em látex e formol.
coxas femininas anunciam o destino
no v desenhado sobre marquesas,
enquanto o deus nomeado pelos homens
converte planos de felicidade
numa criação exclusiva das suas mãos.
tudo é luz, milagre, constelação… à espera da noite.
e o sangue que rega os corpos sem vida
acende também o relâmpago da existência
naquele rectângulo asséptico
de uma ilusão transparente.
os dias correm
sob patas rutilantes
que latejam nas têmporas do quotidiano:
são tentáculos a irromper pelas paredes húmidas
sobre a cal que o artífice da vida
jurou envolver no meu corpo.
do estio prometido
sobra o calor do inferno;
da brisa anunciada
apenas as trevas do inverno.
e no vaivém dos dias
a pele arde na fornalha da locomotiva
que cospe os derradeiros bagos de céu.
pergunto-me por ele,
o guardador de rebanhos
que engana as reses brancas
e abandona as negras
umas e outras antes de saberem morrer.
a resposta?
...
deixei de saber esperar;
inicio a descida
ao lado do pássaro
que me despiu as asas.
terça-feira, 6 de julho de 2010
m(ot)im
caros amigos, julgo que o meu blogue se amotinou. tenho recebido comentários que aceito e desaparecem, outros que eu próprio faço e que nunca apareceram... pode haver um qualquer conflito com os mecanismos de funcionamento do próprio blogue. justamente para precaver a situação (e, já agora, para despistar qualquer outra avaria mais séria), republico aqui o texto.
um abraço e um agradecimento a todos quantos por cá passaram e deixaram a sua marca... em tinta transparente, mas com o coração sempre presente.
jorge
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Emocionou-me!
ResponderEliminarTambém ando perguntando pelo guardador de rebanhos há um longo tempo...
Espero que tenha fim essa estrada.
Escreves incrivelmente bem.
Deixo-te um abraço.
com ou sem motim tecnológico, a verdadeira rebelião das palavras em teu poema converge como o rio de Heráclito, do qual somos cativos e exasperantes coadjuvantes diante do demiurgo universal,
ResponderEliminarabraço
também o meu, Jorge. E de umas tantas outras pessoas. Menos mal, assim terão que resolver o problema mais rápido. (assim espero...)
ResponderEliminarbeijinho
Estou com o mesmo problema, meu caro! Retorno posteriormente para comentar, já que, provavelmente, você não receberá esta consideração. rs
ResponderEliminarBeijos
esse desaparecimento está a acontecer a muito (boa)gente. mim tb. deve ser férias que o google está a precisar só pode ser isso!!!
ResponderEliminarAmigo, o mosaicos também está amotinado!...rsrsrs
ResponderEliminarVamos unir forças para acabar com isso?...:)
De um pulinho lá, pois citei seu blog como o incitador do motim...hehehehehe
Beijos no coração
Cida
Idem, Jorge.
ResponderEliminarParece que está aos poucos normalizando. Já vi comentários que só apareciam no e-mail, surgirem no blog para serem moderados. Optei por esperar todos aparecerem, evitando o risco de perdê-los (espero sucesso nessa direção!...rs)
Bjos
muito lindo!
ResponderEliminar"e no vaivém dos dias
a pele arde na fornalha da locomotiva
que cospe os derradeiros bagos de céu."
beiijo,
*.*
Olá, que é isso no Blog? Vou aguardar, depois volto a comentar.bjssssss
ResponderEliminarPois então, não foi comigo só que aconteceu: sumiram alguns comentários e não pude evitar. Mas eis que estamos de volta, Jorge, relendo o motim, muito bom, vale reler. Tomara que agora vá o comentário...será???
ResponderEliminarAbraços,
Tãnia
finalmente parece resolvido o crash tecnológico só que agora tenho os comentários dispersos por dois posts duplicados. nunca tal me acontecera, mas, ao que vejo, todos foram generlizadamente afectados. oxalá o problema esteja definitivamente resolvido.
ResponderEliminarum abraço a todos!
e é deste desarranjo de forças que o homem se faz cada vez mais homem, ou seja, cada vez mais incompleto.
ResponderEliminarum abraço, assis!
as eternas perguntas... as respostas de sempre... ou seja, nenhumas.
ResponderEliminara estrada há-de ter fim, sim, angélica: quando pararmos de caminhar.
um beijinho!
Amigo, parece que agora é a vez de o motim passar para mim!!!
ResponderEliminarAcho que já sabes o que vou escrever:
não consigo comentar!
Volto, munida das palavras que ficaram entaladas!
Beijos
Laura
Jorge, descobri o vírus que estava comendo os nossos comentários, e fiz questão de postar sua foto lá no mosaicos!...:)))
ResponderEliminarBeijos
Cid@
Que gentil da sua parte me deixar um poema lá no Teatro referindo-se ao comentário que te fiz. Vc sempre responde aqui atenciosamente aos comentários e sempre deixa luz e carinho nos blogs por onde passa. Fiquei com sorriso de orelha a orelha. Obrigada, poeta, vc é dos grandes e sua sensibilidade me toca.
ResponderEliminarBeijo!
"deixei de saber esperar;
ResponderEliminarinicio a descida
ao lado do pássaro
que me despiu as asas."
não digo mais nada... lindooo
amiga cid@, já lá estive de novo.
ResponderEliminarbicho feio, esse, hein? ainda bem que já o extinguimos :-)
um beijinho!
larinha, sabia que ias gostar! é um poemaço!
ResponderEliminarum beijo!
enfim 40 (eu posso dizer de mim "já 40"!?...), acabo de passar no teu espaço e deixar a minha marca. parabéns e obrigado pelo carinho com que aqui me distinguiste!
ResponderEliminar"os dias correm
ResponderEliminarsob patas rutilantes
que latejam nas têmporas do quotidiano"
Uiii..!! Tenso isso... uma imagem tão verdadeira que senti dentro de mim...
Gostei do blog, dos posts e acho vc inteligente e sensível, o que para mim é uma combinação perfeita.
Beijos, já cativos...
Chi!!! gostei mesmo! Mais um artigo para enriquecer minha sabedoria. Gostei... passe em meu novo blog só de poesia.
ResponderEliminarwww.minhaalmaempoemas.blogspot.com
Um grande abraço.
Suas palavras dançam em meio a qualquer caos tecnológico
ResponderEliminarabraço meu caro!
lua nova, sê bem-vinda!
ResponderEliminarum abraço!
obrigado, josé. passo lá em seguida.
ResponderEliminarum abraço!
juan... as minhas palavras dançam no meio do caos? hum, quer-me parecer que é o caos quem semeia palavras por aqui :-)
ResponderEliminarum abraço, caro amigo!
laurita, não digas nada. a tua voz vive para lá dos teus silêncios. tenho passado lá no im.possibilidade para uma banhada de boa poesia e bom gosto!
ResponderEliminarbeijinhos e até logo!
Grata Jorge,por ter deixado em meu blog os teus carinhosos comentários...E me brinde sempre com tua visita.
ResponderEliminarJorge és divino, esplendido, eu diria um mágico das palavras, que parecem sair da alma e são escritas com calma por você.
ResponderEliminarbeijos
Sua admiradora
Aryane Pinheiro
Esta semana foi mesmo de conflitos no blog
ResponderEliminarmuitos comentarios não aparecia apesar de terem ido..
bjs
Insana
aryane, agradeço-te a visita e a doçura das palavras.
ResponderEliminarquanto a ser-se mago das palavras... crê-me, aquele que julga ser capaz de as domar, vive plenamente enganado. são elas que nos manipulam...
um beijinho muito especial!
julgo estar tudo normalizado, já, insana. vejo-te por aqui :). obrigado pela visita, sempre notada com especial ternura.
ResponderEliminarum beijo!
Inspiradíssimo!
ResponderEliminarNão há como ficar imune, diante às suas deixas dos queixumes.
"deixei de saber esperar;
ResponderEliminarinicio a descida
ao lado do pássaro
que me despiu as asas."
Ê, coisa bonita, poeta...
Beijo enorme, meu querido!