gostaria de ter sido criança muito para além do tempo que o tempo me concedeu. Beijar tudo e nada enquanto sorrisse com o rosto coberto do pólen das bocas daqueles que o souberam roer, e, de sorriso em sorriso, secar as lágrimas dos que não aprenderam a abrir o arco-íris ou depressa o esqueceram - a memória fica sempre para trás, não é? é que as crianças não sabem chover e quando gotejam são caramelos a derreter ao lado da boca, enquanto as velas nos altares extinguem promessas que alvoroçam santos menores (aqueles que conservam os pés sobre o pó, como se soubessem onde moram a tristeza e a alegria).
gostaria de ainda ser criança, mas o tempo coseu-me a boca para não gritar, colou-me os olhos para dormir ou para não voltar a sorrir. talvez deseje que viva acima da dor e além da esperança (nunca soube bem distinguir o optimismo da ingenuidade)... mas a única dor que tenho é a perda da esperança de espernear, fazer birras, chorar por rebuçados ou deslizar encostas abaixo no dorso de carrinhos de rolamentos e nos olhares húmidos de raparigas que saltam à corda.
gostaria de não ter deixado de ser criança. perdi a noção das cores e aqueles que desaprenderam de amar merecem ter os olhos vermelhos nas fotografias. por que é que o tempo não abriu uma excepção?
Acredites: Tu és um homem de coração menino!
ResponderEliminarbeijos amigo Jorge!
Crianças não sabem chover. Que brilho poeta. Intensa a nostalgia, mas seria vão viver sem tê-la. Abraço.
ResponderEliminarFez-me lembrar de algodão doce que se desfazia em sorrisos soltos, de princesas com sonhos de pincel e água...e de correr para onde brilha o coração...
ResponderEliminarfez-me ter saudades do tempo que não se desfaz... mas aquele que perdura na transparência do rosto e no olhar mais doce...
sentir nas mãos que as mágoas podem deixar dor mas jamais deixarão de ainda assim colher flores...
que o tempo jamais morre no coração.
Adorei o texto!
Sem palavras, texto fantástico
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