às vezes pergunto-me:
o que fica das pessoas?
(há rostos a quem perdemos o leito…)
o que sobeja dos livros?
(há páginas que asfixiam no peito…)
se a carne apodrece nos ossos
e os pássaros morrem nos versos
porquê esperar pela primavera do corpo?
Fotografia de José Figueira
terça-feira, 29 de junho de 2010
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Pássaros que morrem nos versos...que beleza isso, diz-me agora muito: bela imagem!
ResponderEliminarAbraços,
Tânia
tânia, temo-nos cruzado por aí, nos blogues da "turma" (como vocês dizem :-)); finalmente encontramo-nos nos nossos próprios espaços.
ResponderEliminarfico muito contente por te ter por aqui.
um beijo!
a imagem é bem bonita. e as palavras vao de encontro ao coração. parabéns professor bem haja neste mundo em que ser professor é um desafio. kis :)
ResponderEliminar...porque é um começar de novo! se até nas plantas, renascem novas flores na serena primavera...
ResponderEliminarBeijinho amigo!
Belo poema e a imagem...um eterno viajante!
Verdade, Jorge, nos cruzamos por aí sempre, de modo que eu já estava na sua mira..rsr. Que bom cheguei aqui, e tudo tem o seu tempo, como dizemos: o tempo chegou e seu espaço é, de fato, tudo de bom que disseram dele! Muito bom nos visitarmos...
ResponderEliminarAbraços,
Tânia
ah, jorge, porque primaverar é nosso destino, nossa sina...as outras estações são apenas preparação para esta chegada...o verão que aquece os corpos, o outono que os interioriza, o inverno que os incuba para, então, os fazer brotar...
ResponderEliminarlembrei de uma passagem de ítaca (minha favorita)
"Πάντα στον νου σου νάχεις την Ιθάκη.
Το φθάσιμον εκεί ειν' ο προορισμός σου.
Αλλά μη βιάζεις το ταξείδι διόλου."
na tradução de Haroldo de Campos:
"Todo tempo em teu íntimo Ítaca estará presente.
Tua sina te assina esse destino,
mas não busques apressar sua viagem."
um beijo, tão querido poeta!
Porque temos sempre que esperar por alguma coisa. Sem a espera, a vida perde o sentido.
ResponderEliminarE já que assim é, que esperemos então pela primavera, com a certeza que o futuro será florido.
Abraço grande meu poeta.
Cid@
sobram imagens construídas no labor da poesia, palavras marejadas de soluços e também lampejos de alegria,
ResponderEliminarabração
Não sei viu !!?
ResponderEliminarTão sem sentido tudo :S
Nossa, demais!
ResponderEliminarBeijos.
Sobram de tudo as sobras de mim? Sobretudo sobrará o meu fim.
ResponderEliminarCaminho com a perplexidade de uma vida que se sabe impermanente, mas se sente permanente. Sabemos inverno sentindo primavera. Por quê?
Muito bom, Jorge. Só cabem mesmo perguntas.
Grande abraço.
Jorge belissimo...
ResponderEliminarCreio q sempre deixamos marca, boas ou ruins, mas as lembranças de de que somos é isso - marcas
um grande beijo
AVOGI, neste mundo nosso cada vez as coisas são menos nítidas e definitivas, pelo que a imagem se sobrepõe à referência. além do mais, é nas imagens que conseguimos desmultiplicar o que caleidoscopicamente vai ardendo dentro de nós...
ResponderEliminarum beijo e obrigado pela visita!
é afinal o que somos, querida amiga andy: eternos viajantes... de difententes viagens... dentro e fora do corpo... mesmo que depois da sua primavera...
ResponderEliminarum beijo!
há dias falava em cadeia aberta com elos de pele e sangue destemperado (jamais de aço temperado), lá no blogue do roberto. é isso mesmo que somos: uma espiral aberta e alargada onde as sinergias que nos aproximam são mais que infinitas. a poesia? tão-somente a pedra-angular de todo o processo!
ResponderEliminarum beijo, tânia!
Ah, mas de algumas pessoas há algo que fica para todo sempre, amizade!
ResponderEliminarHasta siempre!
Bejos
Jorge, a pergunta que fazes também podia ser minha, o que fica das pessoas? o que resta de tudo? Em tempos dizias que fica guardado para todo o sempre, num baú, e nós continuamos pelos nossos caminhos.
ResponderEliminarMais uma vez a excelência.
ResponderEliminarAndamos permanentemente enredados na teia do tempo e da palavra com que o habitamos. Vivemos (n)o tempo e nele permaneceremos enquanto a memória de nós se alimentar. É esse, creio, o sentido da primavera: iluminar a memória com a luz perfumada da borboleta e do arco-íris, ambos belos, ambos etéreos, ambos efémeros. Como o tempo. Como o sonho.
Abraço, sempre.
Bonitas as imagens que você faz saltarem aos olhos, Jorge. que possamos renascer sempre, botar e florescer além-de.
ResponderEliminarBeijoca
querida andrea, um texto para ti jamais permanece fechado. tu constróis textos sobre textos, como se escrever e poetar fossem diálogos em permanente escalada intelectual e emocional... e não são mesmo?
ResponderEliminargostei especialmente da frase com que fechas a citação escolhida: "mas não busques apressar sua viagem". essa é, tantas vezes, não a tarefa mais difícil, mas a verdadeira tarefa...
um beijinho, poeta amiga!
cid@, é sempre tão bom sentir o carinho que brota de todas as palavras que aqui vais depositando... e se não é verdade que a vida é feita de esperas, pausas, inflexões, na crença absoluta de que o que nem sempre os olhos alcançam está ali, por detrás do desejo e da vontade, também eles à espera... de serem agarrados. porfiemos, pois...
ResponderEliminarum beijinho, doce amiga!
no teu comentário, a síntese genológica deste blogue: "palavras marejadas de soluços e também lampejos de alegria". as eternas luzes e sombras, amigo assis... nas imagens, aquém e além delas...
ResponderEliminarum abraço!
não sei, também, sara, não sei mesmo... se tivesse certezas não escreveria poesia; seria padre...
ResponderEliminara relativização pelo ser é a única forma de garantir a sua evolução e rejeitar a estagnação. agora que isso tem custos... ainda assim, espero que na relação com os benefícios, valha a pena. e essa é talvez a única certeza que tenho: a de que vale mesmo a pena.
um beijo!
lara, fico profundamente contente por teres gostado. um beijinho!
ResponderEliminarduas questões que deixas implícitas no teu comentário, amigo marcantónio: em tudo o que sobeja, as sobras maiores são o que sobra de nós... ou seremos nós o que sobra dos outros? sei lá... seguramente sobrará o fim, mesmo que os solstícios e os equinócios tropecem nos meridianos e espalhem o calor e o frio nas regiões erradas... nunca tive bússola, também, por que razão me hei-de agora, preocupar?...
ResponderEliminarum abraço imenso!
quero acreditar nisso, sim, thabata: nos percursos existenciais, guardamos e deixamos marcas... mesmo que algumas bebam mercurocromo e comam algodão embebido em água oxigenada... ai, a pele é um órgão tão frágil... quase tanto quanto o coração...
ResponderEliminarum beijinho!
fica sim, laurita. fica muito de algumas pessoas, para todo o sempre (aquele que veio e o que ainda há-de vir).
ResponderEliminarum beijo!
ah, e a propósito, se não ficasse, seríamos apenas figuras de papel bailando para o lado que sopra o vento... o que nos torna diferentes e únicos aos olhos do outro é justamente essa capacidade de guardar, acarinhar e trazer permanentemente no peito o seu sorriso... mesmo que na ausência... mesmo que nas memórias passadas... e futuras...
ResponderEliminarum beijinho, amiga laura!
p.s. ah, e viva o facebook! :-)
jad, palavras para quê? li e reli o teu comentário apenas para sentir como no que escreves é possível perceber esse "iluminar da memória com a luz perfumada da borboleta e do arco-íris". olha, e acredita que a sua efemeridade é caminho para a nossa fatal imortalidade... (com e sem a palavra).
ResponderEliminarum abraço!
sylvia, é essa permanente primavera, de renovação de brotos e gravetos emocionais, que torna a demanda, mais que justificada, absolutamente imprescindível. mesmo que, por vezes, tenhamos de nos cruzar com as demais estações... a verdade é que só o conhecimento delas torna a primavera tão indispensável, verdade?
ResponderEliminarobrigado pelo teu carinho.
um abraço!
ah, jorgíssimo,...
ResponderEliminara primavera do corpo e suas flores que, às vezes, cheiram mal.
o que sobra?
sobra o abstrato. a lembrança. a visão enganosa e falsa de uma trajetória (vento).
todo o resto é matéria.
sem poesia,
não cremados, viramos pasto de vermes.
belo poema, o seu.
sabes uma das coisas que mais me preocupam, amigo brasileiro-norte-americano? é perder a capacidade de cheirar... o corpo e os seus matizes, na primavera ou no inverno, mesmo que cheirando a tempos que não deixamos retornar, mesmo que à revelia do coração e do desejo... é que me custa tanto conceber a existência se apenas baseada naquilo que, reconhecidamente, é essencial e etério (a lembrança, a memória, a impressão - mesmo que apócrifa - de uma trajectória...).
ResponderEliminarpior que "virar o pasto dos vermes" é acordarmos com baba na boca e rastejarmos pelo quarto, fugindo do chinelo...
um abracílimo!
O ritmo das sobras embalam as nódoas, em qualquer estação.
ResponderEliminar(Que dance a primavera dos dentes...)
Beijos, Jorgíssimo!
o desatino das nódoas no desalinho das dobras é o berço mínimo das sobras...
ResponderEliminar(soltem o choro sobre o romper virgem dos dentes, lá onde a primavera é eterna menina...)
beijos, cris(tal)!
Seu texto esta em sintonia perfeita com a imagem.
ResponderEliminarbjs
Insana
Na abstração
ResponderEliminaralumbramento e tormento
...
Assaz sina!
Forte e belo poema, caro Jorge! Imagem sedutora.
Beijos
as fotografias do josé figueira são, elas mesmas, textos valiosíssimos e poesia do mais fino quilate, insana.
ResponderEliminarum beijinho!
lou, as tuas apreciações são sempre tão sagazes e certeiras. como em três palavras, apenas, consegues a síntese primordial...
ResponderEliminarum beijinho!
Sempre fica um resto. Mal ou bem - dito.
ResponderEliminarÀs vezes também eu me pergunto o que fica das pessoas. A resposta não deve ser muito evidente porque ainda não a descobri. Na verdade não perdi alguém que fizesse tanto o meu peito chorar o vazio.
ResponderEliminarLindíssimo Jorge. =)
Beijos!
e por sobrar é que escrevemos sobre isso, verdade, vanessa? aqueles que se cruzam connosco jamais serão inócuos... mesmo que no inv/ferno do corpo...
ResponderEliminarum beijo!
obrigado pelas palavras, kenia.
ResponderEliminaracabo de passar no teu blogue, espaço de bom gosto e palavras que movem até corações de pedra...
um abraço!