a minha cabeça desprende-se
da espessura do corpo.
é tão-somente trono de madeira tosca
com os braços abandonados
à montanha emudecida,
como se já não vivesse na casa sem luz
ou se esquecesse da matéria corrupta.
a minha cabeça desentende-se
da estação do corpo.
é tão-somente outono de pedreira fosca
com os bagaços arvorados
à castanha endurecida,
como se já não vingasse na terra da cruz
ou se encontrasse de maneira abrupta.
na explosão da matéria
o jardim ergue a boca
para estrelas sem céu
em busca do beijo com os lábios da rosa.
na exposição da artéria
o carmim vergue a porta
para flores sem mel
em busca do rumo com os dentes da sobra.
(Cris de Souza & Jorge Pimenta)
da espessura do corpo.
é tão-somente trono de madeira tosca
com os braços abandonados
à montanha emudecida,
como se já não vivesse na casa sem luz
ou se esquecesse da matéria corrupta.
a minha cabeça desentende-se
da estação do corpo.
é tão-somente outono de pedreira fosca
com os bagaços arvorados
à castanha endurecida,
como se já não vingasse na terra da cruz
ou se encontrasse de maneira abrupta.
na explosão da matéria
o jardim ergue a boca
para estrelas sem céu
em busca do beijo com os lábios da rosa.
na exposição da artéria
o carmim vergue a porta
para flores sem mel
em busca do rumo com os dentes da sobra.
(Cris de Souza & Jorge Pimenta)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEscrever contigo foi um prazer dadivoso, dardejante, divagante!
ResponderEliminar" D(u)ras penas vertendo a mesma tinta."
Matizes das origens viscerais, vorazes, vulcânicas. Pura vertigem...
Sopro de beijos, parceiro.
a poesia faz sentido quando lida por olhos plurais, ainda que seja eminentemente um exercício individual tanto daquele que a escreve, como do que a lê (porque um e outro a vive[ra]m). quando ela acontece a duas mãos mas com uma só voz, mesmo que à distância do oceano, torna-se ainda mais especial: du(r)as penas vertendo a mesma tinta... encarnada como o sangue que lhe dá o tom!
ResponderEliminaradorei o exercício, querida cris!
um beijo!
Lindíssimo, amigo Jorge!
ResponderEliminarVocê e Cris, dois imensos sóis colocados lado a lado...
Parabéns e abraços a ambos
que belo o que vocês escreveram .
ResponderEliminarApreciei mesmo .
*-*
A mente voa enquanto o corpo permanece mudo e até aparentemente sem vida. A mente caça estradas enquanto o corpo ? a pele? o rosto?
Estão ali, estáticos... Imperceptíveis talvez por serem iguais, comuns ...
repito aqui a reverência que fiz no Trem, maravilha, enche-me os olhos,
ResponderEliminarabraços
"...a minha cabeça desentende-se
ResponderEliminarda estação do corpo.
é tão-somente outono de pedreira fosca
com os bagaços arvorados
à castanha endurecida..."
"...na explosão da matéria
o jardim ergue a boca
para estrelas sem céu
em busca do beijo com os lábios da rosa."
belas vozes! lindíssimo canto, Cris e Jorge!
Jorge, obg pelas tuas palavras no meu cantinho, um sopro de emoção,amigo!...não mereço.
Beijinho radiante! :-)
zélia amiga, a escrita a du(r)as mãos surgiu quase que por acaso. mas posso dizer-te que sucedeu com uma naturalidade incrível! já o tinha feito com a laura alberto, agora com a cris. ambas me concederam o privilégio de cruzar os olhares de dentro e de fora com elas.
ResponderEliminarum beijinho grande!
a cabeça é o limite máximo da razoabilidade e o limite mínimo das sensações. quando a cabeça se desprende do corpo e explode nas mãos, porque o jardim olha para o céu em busca do beijo com lábios de rosa, o ser humano procura, apenas, anular a matéria e sublimar as emoções. o mais difícil é ganhar coragem para lhe acoplar a carga certa de tnt...
ResponderEliminarum abraço, sara!
obrigado, assis! a tua palavra, para mim, é sempre registada com um apreço muito particular. um abraço!
ResponderEliminarquerida amiga andy, as palavras que têm de ser enaltecidas no teu blogue são as tuas. a minha voz, ali, é apenas o eco do coração depois de se restabelecer das sensações que a leitura dos fragmentos de ti suscitam. mereces, pois... desde logo, que o verão chegue em força até ti!
ResponderEliminarum beijo amplo!
Vcs juntos produziram uma obra de arte de fazer o corpo se desprender daqui, ficou tudo tão etéreo, tão bonito!
ResponderEliminarParabéns Cris e Jorge.
A cabeça que se desprende da espessura do corpo. Perda da razão, para a explosão da artéria, coração. Matéria que explode, ausência de limites, estrelas sem céu, vastidão. Um delírio, Jorge...
ResponderEliminarbjs.
Amigo, em primeiro lugar quero te agradecer a linda frase que deixou lá no meu mosaicos: "O sonho como bússula dos nossos passos."
ResponderEliminarAmeeeeeeiiiiiiiii!!! É tua?
Quanto a esse "A du(r)as penas", tenho que parabenizar a você e a Cris, que como você mesmo disse, "mesmo à distância do oceano", souberam, na duração de um poema, transformar duas almas em uma só.
Quase que eu o chamo de: olhares que se cruzam por sobre o mar...:)
Viu como tudo por aqui contagia?...rs
Um abraço carinhoso
Cid@
Se não fosse informado, jamais imaginaria se tratar de um poema a quatro mãos e duas cabeças, tão perfeita é a união de imagens. Cabeça sublevada? Imagino saber o que seja isso. Não é curioso que apliquemos um pronome possessivo aos nossos corpos?
ResponderEliminarGrande abraço, Jorge.
A junção perfeita!
ResponderEliminarBoa!
Beijos
Laura
Voltei prá dizer que onde escrevi "bússula", queria escrever "bússOla"...rs
ResponderEliminarBrasileiro tem mania de pronunciar a letra o como u, e na hora de escrever depressa, às vezes acaba se enganando.
Ciao
Cid@
confesso que este tipo de exercícios são tão estimulantes quanto perigosos. afinal, a escrita plural nem sempre se compagina com o intimismo poético. mas lá saiu qualquer coisa e o importante é que não desvirtue a construção poética que cada um de nós vem fazendo. julgo que isso foi conseguido.
ResponderEliminarobrigado pelas palavras, lara-sempre-atenta!
ana, essa tua mania de fazer poesia até num simples comentário... delírio, sem dúvida, é o que escreves! brilhante! um beijo!
ResponderEliminarpodes crer, cid@m, esta dinâmica dos blogues aproxima, conjuga, encontra, reencontra, agarra, prende e desprende e... tanta coisa acontece... é a palavra na sua expressão mais perfeita, quase despegada da matéria que a en-forma...
ResponderEliminarum beijinho!
p.s. quanto à expressão de que falas, usei-a no teu blogue como minha... agora tua! :-)
as coisas agarram-se de tal modo, marcantónio, que os possessivos se tornam inevitáveis (por mais urticária que possam suscitar, racionalmente).
ResponderEliminara escrita a quatro mãos é fantástica! fi-lo já com a laura, agora com a cris (no rpimeiro caso presencialmente, neste à distância). não sei se alguma vez experimentaste, mas proporciona sensações muito curiosas, em que os olhares e as sensibilidades têm forçosamente de se conjugar...
um abraço!
laurita, lembras-te daquela noite fria de fevereiro (creio), no plano b, quando agitámos as mãos e deixámos que a verve fluísse por entre as silhuetas desenhadas nas franjas da luz baça? quando, de novo? :-)
ResponderEliminarum abraço!
a bússola pode perder sons, até mesmo letras, mas jamais o norte para que aponta. e a bússola dos passos, essa então, jamais.
ResponderEliminarbeijinho, sempre gentil e querida (apare)cid@!
Profundo poeta!
ResponderEliminarfico contente que tenhas gostado, mariana!
ResponderEliminarum beijo!
Jorge, e eu que andava muda, fiquei repetindo esses versos, da cabeça desprendida da espessura do corpo...pensando se não era o corpo a desprender-se da minha cabeça vazia, numa rebeldia de sair por aí, a buscar a própria vida...
ResponderEliminarlindo encontro de versos, poesia exposta como artéria aos dentes da alma
um beijo, poeta!
(e mais um pelo comentário lá no blog do Mercantonio :)
A confluência entre os autores deu-nos um maravilhos texto. Enquanto o corpo se desfaz de si, o cerne e a alma vão sendo polidos.
ResponderEliminarAbraços!
Já li diversos duetos onde é possível identificar o estilo de cada poeta. Esta construção, no caminho inverso, esbanja sintonia, como bem salientou o Marcantonio. Belo exercício! Parabéns!
ResponderEliminarBeijos
Que bela dança vocês nos proporcionaram meu caro...
ResponderEliminarbelo escrito
Imenso abraço
andrea, no desencontro da cabeça com o corpo tantas são as vezes em que não sabemos de que lado fica o coração, o desejo, a ilusão e o sonho...
ResponderEliminarbelíssima e justa a homenagem do marcantónio à tua poessoa. tinha, obviamente de me associar a ela.
um beijinho!
é esse o desiderato último, wilson: o polimento da alma. como torga, saibamos manejar o canivete para incrustar a essência na casca da árvore - a alma.
ResponderEliminarum abraço!
fiquei felicíssimo com a tua visita!
obrigado pelas palavras-estímulo,lou. vindas de ti, então, ganham uma amplitude ainda maior.
ResponderEliminarum abraço!
foi um acaso, juan. mas confesso que é uma experiência a repetir. a cris e eu estamos a pensar já nisso :-).
ResponderEliminarum abraço!