valença do minho
subi a escadaria feminina do inferno
ampla, virgem, quase meiga
como aqueles pássaros que voam para o sul
sem deixarem rasto
sempre que a geografia reabre fronteiras.
em comum: o voo.
as asas colam-se nas mãos
e sigo mais rápido do que quero.
grito-lhes que parem
que tenho vertigens
que o fogo magoa,
mas a rota já elas a sabiam de cor
desde que os lábios giraram em círculos
sobre os lábios
e na saliva se inscreveu o teu nome.
passavam por mim as nuvens
e cidades crepusculares,
ficavam para trás noites claras
e abraços a arder em marés.
apenas o mar permanecia ali
imenso, intocado, inteiro
como a mãe que amamenta para lá da fome
e para cá do desejo de crescer.
cruzo-me com locomotivas sem braços
fornalhas sem carvão
próteses, tumores e doenças
que a subida acentua em tons de vermelho vivo.
calo-me
[há viagens que se fazem em silêncio]
fecho os olhos
[há viagens que não sabem ver]
e durmo,
como aquele gato
que depois do festim sexual
repousa nas pernas da avó,
enroscado nos novelos que cosem os dias
[as garras, recolhidas, já não raspam o pecado].
e os jornais desaparecem
e as televisões desligam-se
e o mundo corta os pulsos
vergado ao peso das lembranças;
apenas a viagem prossegue
cada vez mais nocturna
cada vez menos feminina
porque as viagens difíceis fazem-se solitariamente
sem horas
sem sexo
sem roncos metálicos
ou árvores verdes
[é que o céu é cada vez mais uma miragem].
subitamente
o derradeiro degrau.
lá fora?
fios partidos reconjuntam-se
na geometria da ordem
que dá o nome a todas as coisas.
do lado de dentro?
cai neve
branca, fria, severa.
entre o homem e a sua imagem
apenas o corpo
aquele que aprenderá a respirar
pelos pulmões da neve e das luzes
sem vidros
com janelas tingidas de negro;
afinal
a memória tem olhos
e só sabe ver o que quer.
deixá-la falar pelos buracos das feridas:
neste fim de tarde
o céu começa nas cicatrizes dos homens.
[quem o não sabe?]
morrissey, america is not the world
eu me movo em meio a analogias e lendo o poema senti vibrarem acordes daquela Ode Triunfal - (Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!) - essa sensação de movimento que a tudo abocanha,
ResponderEliminarabraço poeta
Eu aqui me confesso...
ResponderEliminarNão entendo toda a poesia. Mas sinto-a. Isso contará?
Estremeço com ela. Também neva no Inferno.
Só acrescentar que tu também és um dos "meus fantasmas predilectos" ( O Domingos que me perdoe...)
Beijo
... queria divagar...mas não sei, assim fico-me pelo último verso, o teu verso..., "quem não sabe?!"
ResponderEliminar"o céu começa nas cicatrizes dos homens."
poema fabuloso!
beijo.
poeta e amigo assis,
ResponderEliminarfosse eu inteiro como a máquina :)
um forte abraço!
sandra,
ResponderEliminarhaverá inferno maior do que o coração dos homens? oh, e se neva... :)
o domingos é um poeta maior. admirável a sua escrita. obrigado!
beijos!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminaré retórica a pergunta; já nada retórica é a resposta. :) [todos o sabemos]
estou plenamente convencido de que é nos homens que começa o inferno e o inverno, mas também tenho a certeza de que é sobre as suas cicatrizes que se faz o céu.
um abraço!
Jorge, meu querido Jorge
ResponderEliminarAi, o fim de tarde, a hora em que os grenás e os solferinos se despedem...
A hora em que as janelas se acendem , pedindo socorro: sinal de fumaça, S.O. S.
Olhar giratório, faról investigando tudo, nas outras janelas superpostas, dramáticos fatos isolados, fosforescência de fogo- fátuo...
Ai, o fim da tarde, Jorge...
Para que existe o fim da tarde, senão para que você nos possa oferecer um presente assim?
Lindo demais, meu querido amigo, imenso poeta!
Abraço bem apertado da
Zélia
zelita,
ResponderEliminare como, de repente, fazes com que todo o fim de tarde se acenda num trilho de luz para onde toda a refulgência converge emm turbilhão visual. e quase desejamos que o amanhã não chegue...
um abraço, poeta querida!
Ao te ler, senti-me dentro de um quadro de Dali... teu poema é tão onírico quanto o são as pinceladas desse mestre...
ResponderEliminarBeijinho de Luz, amigo poeta alado... e um surreal fim de semana!
; )
cinzento, negro e vermelho
ResponderEliminara frase final é perfeita
beijo
Laura
A memória tem olhos, cor, pele e com certeza só ver o que quer, bom seria se só visse a lebeza dos sentimentos, porém ela sempre ver as cicatrizes dos homens. Perfeito Jorge, magnífico. BJosss
ResponderEliminarnunca consigo comentar os teus poemas como eles merecem, como tu mereces!
ResponderEliminar:)!
Beijo
Laura
aninha-de-luz,
ResponderEliminaré nas representações do real que postamos o melhor de nós mesmos. o que será a poesia senão justamente isso: um jogo de espelhos, reflexos, tantas vezes sem referente...
um beijinho com a luz do fim-de-semana!
laura, querida amiga,
ResponderEliminarpor momentos vi-me num emaranhado de cores, à boa maneira do arco-íris que vens pintando no teu diário da impossibilidade. [profético esse nome, hein? só agora me dei conta :)]
beijos coloridos!
giomara,
ResponderEliminartinha já saudades de te ler.
obrigado pela visita e pelas sempre ternas palavras da tua leitura.
beijos!
"But where the president is never black, female or gay."
ResponderEliminarAcho que Morrissey mudaria a letra, hoje.
e eu os teus, então? no último não resisti a invocar uma trupe de bandidos literários e não literários, hihihi! [até o béla lugosi conseguiu uma saída precária dos infernos :)].
ResponderEliminarbeijos, querida amiga!
As cicatrizes dos homens - não suas perfeições - precisam do Céu.
ResponderEliminardessa,
ResponderEliminarpensei justamente nisso na hora em que publiquei esta música. ainda assim, a observância de um dos critérios ("black") não significa que morrisey continue a ter parcialmente razão, hehe!
um abraço!
dessa/andressa [já deslindei o mistério da identidade :)], estamos totalmente alinhados em matéria de céu e de cicatrizes :)
ResponderEliminara propósito, como um advérbio de negação faz toda a diferença semântica numa frase; é que disse exactamente o contrário do que pretendia, no comentário-réplica ao teu, por me ter esquecido do "não". detalhes :)
aqui fica a rectificação: "ainda assim, a observância de um dos critérios ("black") não significa que morrisey NÃO continue a ter parcialmente razão, hehe!"
beijinho!
No Brasil já tem uma mulher na presidência. Nos EUA já tem um negro. Analisando o nome América no sentido amplo e real da coisa, só falta Morrissey virar presidente :)
ResponderEliminarE ele seria melhor do que a Dilma, certamente.
Cai neve, cai.
não te lamentes da dilma, andressa; se um dia tiveres um sócrates (coincidência infeliz, o nome) verás como elas doem :)
ResponderEliminarquanto a morrisey vir a ser presidente americano: mas como, se ele é um príncipe da música? jamais ligaria com o regime presidencialista do uncle sam :)
beijos!
É que a letra dessa música não faria mais sentido se ele virasse Presidente :P
ResponderEliminarChega de política e minorias por hoje, hahaha.
chega, sim. por hoje :)
ResponderEliminar«a memória tem olhos
ResponderEliminare só sabe ver o que quer.»
A memória só vê mesmo aquilo que quer?... Humm... Será?
O que vale é que é das cicatrizes dos homens que 'nasce' o céu... :))
Beijo!
a minha sim. [mas nunca fiando; é que a pouco e pouco ela vai-se perdendo :)]
ResponderEliminarum beijo, cristina!
E será que se perde?... Não será mais como os frascos de vidro que nunca esvaziamos completamente? :)
ResponderEliminarBeijos.
acaso terei sido preso nas minhas próprias palavras? :)
ResponderEliminarprocurando dar a volta: há frascos que, por jamais se esvaziarem, têm de ser arremessados, com violência estridente, contra a mais escura das paredes de pedra. mesmo sabendo que entre os cacos e os vidros estilhaçados haverá pedaços de carne e vestígios de sangue hmano. inevitavelmente.
[salvem-se os pulsos!
auto-de-fé! auto-de-dé! auto-de-fé!]
beijos em chamas!
Rendo-me... à resposta!... com "pedaços de carne e vestígios de sangue humano" à mistura...
ResponderEliminarBeijos!
hihihi!
ResponderEliminarbeijos e frascos-por-quebrar!
:)
ResponderEliminarBeijos.
o fim de tarde recolhe as cores de todo um dia..
ResponderEliminarnos teus versos impressões palpáveis destes tons que lentamente se transformam em escuridão..
sempre ler-te e reler-te .. prazeirosamente..
beijo carinhoso querido Jorge..
-Especialistas encontraram um tipo raro de pimenta portuguesa que causa espasmos e disfunções na glândula pineal.
ResponderEliminar-Mas especialistas em quê, meu bem?
-Em pimenta, ora!
-E Pimenta ora?
-Pimenta ora. Pimenta ora que é uma beleza!
Jorgito, amigo tão querido, esse teu fim de tarde é tão arrebatador qnt o que agora me cobre nesse verão carioca, onde o céu parece abrir fendas a expulsar todas as cores sobre nossas cabeças, mas grifo aqui os falantes olhos da memória, esses que até msm gritam pelos buracos das feridas, porém devo dizer-lhe que minha memória já necessita de óculos.
ResponderEliminarUm bj enorme e lindo fds
Minha hora crepuscular tornou-se mais amena, mas não menos nostálgica, ao seu convite nesta viagem de luz, sombra, texto e som. Muito bom te ler com a música que vc propôs.
ResponderEliminarGrande beijo!
Final de tarde início de belos versos que são escritos ao pôr-do-sol... Versos que se estendem pela noite e transformam dias cansados em sorrisos e imagens que vão contra e a favor do tempo...
ResponderEliminarPerfeito!!!
Beijos querido e lindo final de semana...
Você sabe como ninguem brincar com a magia das palavras e com elas construir o infinito.
ResponderEliminarParabens.Bjos achocolatados
Olá Jorge!
ResponderEliminarCada palavra tua, um delírio!
Esse texto fala muito do Ser Humano.
A nossa imaginação vai longe não?
Sentimos o corpo quente e alma fria!
Essa frase me chamou muita atenção:a memória tem olhos e só sabe ver o que quer."
Isso acontece principalmente quando ainda sonhamos e gostamos de alguém.
Muito forte!
Você é um grande escritor !!
Adoro ler suas escritas!!
Parabéns!!
Beijos na sua Alma
ingrid,
ResponderEliminaro fim de tarde como metáfora do dia, o dia como metáfora do rosto que roda com ponteiros desde que o sol se nasce até que se põe. sobretudo, dentro de cada um de nós.
não há fim de tarde sem o (re)começo de qualquer outra coisa, verdade?
beijinho!
carla di(v)acov,
ResponderEliminarpois, se assim fora, por que razão d. manuel e o cúmplice-dos-seus-sonhos, vasco da gama, a foram pescar à índia, "por mares nunca dantes navegados/ [...] e entre perigos e guerras esforçados/ mais do que prometia a força humana...]"?
e o pior de tudo, não lançaram pedrinhas brancas nas linhas da rota marítima e não souberam regressar... há sempre quem se perca mesmo que no delírio maior das vitórias.
um abraço!
querida ira,
ResponderEliminarimagino um fim de tarde no teu rio, no rio de todos nós. são tantas as imagens mentais que formulo sem nunca lá ter estado. e as cores, então... imagino toda uma paleta viva, onde o verde, o azul e o amarelo convergem pela mão do artista maior da criação: a natureza (incluo aqui a humana também, pois claro).
sobre a memória e a miopia... há alturas em que não ver significa não ser para poder voltar a ser. por isso tantas vezes pestanejo, fecho os olhos e os reabro renascido. há frascos que apenas se bebem depois de partidos contra as mais duras paredes do passado.
beijinho!
larinha,
ResponderEliminara hora crepuscular e a alvorada são, provavelmente, as mais completas de todo o mapa cronológico. ali se formam todos os matizes do que está quase a terminar e do que, ainda não tendo começado, já espreita; ali os dias se encadeiam uns nos outros, dando sentido a viagens plurais e colectivas que não se esgotam na semana, no mês, no ano... mas na vida. ali o ser humano se redesenha... e se apaga. sempre tendo a luz como cenário.
beijinho!
suzana,
ResponderEliminarque os versos se façam, sempre, luz dentro de cada um de nós; eis o desejo secreto da mão que os pariu. luz... mesmo que débil, imperfeita e fugidia...
um beijinho crepuscular!
querida sandra,
ResponderEliminarsoubesse eu tocar o infinito, quanto mais construi-lo.
já tinha saudades de beijos com chocolate :)
beijos para ti!
querida lidi,
ResponderEliminaras tuas palavras imensas denunciam um coração enorme e fazem-me sentir mínimo...
um abraço inteiro!
Jorge,
ResponderEliminarUm voo metaforicamente desenhado entre o palco azul dos céus e os cenários multicolores da terra… por momentos abrem-se os olhos e sentimos que a pele é a fronteira que (des)tapa o “lado de dentro”… e em cada cor uma sensação, um viver, uma “viagem que se faz em silêncio” na dor, no amor… e por vezes só as cicatrizes nos revelam que o voo valeu a pena!
"as asas colam-se nas mãos", por isso, a tua poesia é um céu aberto onde gosto de voar! :)
Beijinho!
Jorge,
ResponderEliminarfinal de tarde de subida às nuvens sobre os oceanos musicados pelas canções que voam para o sul; o repousar meio as viagens de luz e sombras nas escadarias que dão mãos ao feminino profundo das colheitas. E dos campos amplos, virgens em meiguice estelar, em que as aves vão atrás dos frutos deixados sobre a geografia. Das folhas entreabertas os rastros dos insetos que reabrem fronteiras gozando o alinhado da relva silenciosa, e ouve-se o canto das águas; as asas que de notas comuns ao rápido se gazela incomum querer de borboletear. Do solo agradecido, mas jamais insatisfeito os dedos que se colam na camisa, o grito do nulo parar olhar à face. O arco-íris que entre vertigens de fogo magoar, o mar grafar dois lábios, o que se há rota e cor de leves toques e sabor achocolatado. E de amplexos o estar dos braços da imagem exalados de brisas, salivados doce aroma e de segredos reinscritos o nome. Aceso ao olfato que de cidades crepusculares, imenso, intocado e inteiro estranheza e solidão; traduzir desejável às noites claras às partes, do fundo em fundo o arder das marés que almoça e janta - delira. O crescimento permanente, e da linguagem o leite questão de vida ou morte, opta o descruzar dos membros inferiores com locomotivas em arte de bailarinas que deslizam. E corpos em fornalhas, com próteses, tumores e doenças num chão de espelho aos tons de vermelho vivo beba o chá das flores. A música e a dança, com calar das facas e se dorme as luzes que sabem ver o fechar dos olhos, e o globo aborta a prática dos pulsos às horas longas com o núncio do derradeiro degrau. E dos joelhos dobrados, a miragem presente em redor da mesa, subitamente, do lado de dentro de tão nu encoberta de imaginários, a neve branca, fria e severa no choroso vestido, levante o filho morto ao prelúdio dos fios partidos a serenata reconjuntar um céu maior – dócil nos terremotos.
Abraços
Priscila Cáliga
esse teu brilho
ResponderEliminartem junto da palavra
uma imensidão de força
onde solidão e combates
nascem e morrem e renascem
dentro do teu peito e passa
por tua garganta o mesmo
e inevitável brilho
...
forte abraço,
irmão.
Meu querido amigo poeta...
ResponderEliminarÀs vezes eu entro aqui, leio seus versos e teço algum comentário, que de tão surrado, cai sempre na mesma: "Uau! Lindo o seu poema!"
E me sinto tão tola, pois tudo que eu digo parece sempre tão pobre diante da grandeza do seu poetar.
Que fazer? Já te dei tantos silêncios, pq na falta das palavras, sirvo-me dos meus silêncios que sempre achei serem melhores do que essas palavras repetidas.
Mas hoje fiquei realmente chocada ao ler seu poema... um choque de loucura, de emoção, de ânsia, de paixão, de perplexidade...
Sim, pq o seu poema é tanto e tão profundo que me perdi em meio aos meus silêncios e sequer consigo repetir o que sempre repito: Que vc é um grande poeta e que eu adoro, amo, tudo o que vc escreve.
Não sei o que fazer... vou ficar aqui quietinha num canto, até encontrar as minhas pernas de novo, pra sair daqui... rs
Beijos... e a minha eterna admiração pelo poeta imenso que vc é. :)
Jorge querido,
ResponderEliminarSua poética é tão singular que me obriga a percorrer um caminho desconhecido ou abrir a porta de casa para os versos entrarem, sentarem no sofá e tomarem um café comigo, enquanto divago.
Vir aqui é sempre um novo trajeto e para fazê-lo eu tenho que me deixar levar, embalar nessa linguagem e deixá-la invadir meu corpo e mente - tenho que me render, não há outra maneira!
E... ainda estou aprendendo a percorrer os seus escritos. Ler-te é uma viagem...
Um beijo!
"a memória tem olhos
ResponderEliminare só sabe ver o que quer.
deixá-la falar pelos buracos das feridas:
neste fim de tarde
o céu começa nas cicatrizes dos homens.
[quem o não sabe?]"
muito belo, cada vez e sempre cativante a tua escrita. Obg!
Beijinho amigo
Existem escadas que nos levam ao inferno,
ResponderEliminarmas outras ao céu, aí os pássaros cantam
e nós escutamos
mas passa, passa depressa e a neve cai
alva e fria no coração o mundo fica escuro,
mas é só o nosso olhar pois o sol vai nascer novamente
para nos mostrar que novo dia vai recomeçar,
são essas cicatrizes ganhas no inferno da vida
que nos mostram o caminho do céu
bjs
Meu querido Poeta
ResponderEliminarAdentrar aqui é uma viagem em silêncio entre a pele e a memória...um vôo ao infinito...feito de luz e sombras...ir além do corpo...penetrar na alma...entre chegadas e partidas
autópsiar o poema...entre o abraço e as memórias, o vermelho vivo do sangue...as feridas latejando no corpo em fogo...no anoitecer dos braços...desejo a arder...entre o céu e o inferno...azul e negro...começo e fim...morrer e renascer.
Deixo-te a minha adimiração num beijo
Sonhadora
...não tenho palavras.
ResponderEliminarposso deixar beijos nesta
tua alma de poesia?
""as asas colam-se nas mãos", por isso, a tua poesia é um céu aberto onde gosto de voar! :)"
ResponderEliminarquerida jb,
e quem, como tu, tem asas no lugar dos braços, e o céu por estrada? afinal, todas as tuas viagens são feitas em tons de azul. como o infinito :)
um beijinho!
priscila,
ResponderEliminaro céu maior que se abre diante de olhares indecifrados é quase sempre invisível [quando não mesmo indizível]. na miragem colectiva, delírios de fogo e êxtase pluviosa descem ao peito reescrevendo a história individual, impura, artificial, apócrifa. mas, na mentira da alucinação se faz a verdade, aquela que tem mãos longas e dedos frios com a elasticidade da borracha. por mais trincheiras que se abram entre o medo e a epifania, por mais muros que se ergam entre o homem e o deus, a mentira deita-se no solo, derrete, torna-se líquida e viscosa, deambulando pelas frestas que, por mais calafetado que o corpo esteja, sempre acaba por pisar. e toca-lhe, e lambe-o, e entra em si num desejo lascivo que o consome e corrompe.oh, pequenez de um sonho que foi maior do que a noite mas menor do que o homem.
e os deuses enlouquecem.
e os homens perdem as copas das árvores.
e os pássaros perdem as asas.
e as mulheres mortas enrijecem os músculos [coitadas, também elas se perderam neste novelo de inquietações].
já nem eu sei com que letras se escreve a poesia...
um beijo!
amigo domingos,
ResponderEliminarao longo da história, sempre a palavra se fez para dizer, seja em tom mavioso, seja em tom canoro, seja em tom bélico. quem a escolhe não é a boca, os olhos ou o cérebreo; a capacidade de dizer nasce no peito que estoura a cada sopro verbal.
um abraço, camarada-poeta!
amiga-dos-silêncios,
ResponderEliminarse há pernas que amolecem, ruborizam e se quedam imotas são as minhas diante das tuas palavras. meu deus, arrepio-me com a descrição que fazes da recepção deste "fim de tarde" em ti. isso, sim, a poesia; já o meu escrito: apenas palavras arrancadas à violência das sensações.
um beijinho imenso!
querida lívia,
ResponderEliminarse soubesses o quanto gosto de café [acompanhado de chocolate, então, nem se fala] não arriscaria abrir a porta às minhas palavras :)
um beijinho com todo o meu carinho!
querida amiga andy,
ResponderEliminaracredito que as cicatrizes são mesmo a antecâmara dos céus, para qualquer dos homens. antes disso foram feridas, porém, mas sei também que não há nada como o sol, o descanso de um fim-de-semana tranquilo e o olhar alongado para além do horizonte para que rapidamente se tornem meras marcas de pele.
beijinho com toda a minha amizade!
há leituras que fazem jus aos epítetos que usamos na blogosfera: o teu é prova inequívoca do que acabo de dizer.
ResponderEliminarbeijos, multiolhares!
amiga-do-sonho,
ResponderEliminarhá viagens, seja por entre luzes, seja no meio das sombras que sempre se fazem na companhia daqueles que nos lêem, que nos acompanham assim se tornando próximos de nós.
obrigado!
um beijo!
querida vivian,
ResponderEliminaroh, se tens palavras... basta visitar a tua "alma nua", onde cada viagem nos conduz ao mais profundo das sensações humanas.
um beijo!
Domingo de manhã degustando especiarias: enfim, ardência e endorfina, em sítio sápido.
ResponderEliminarsim.... só nos resta deixar a memória falar pelo buraco das feridas, jorgíssimo.
ResponderEliminarna frieza desse domingo em new jersey, sua poesia e um martini (duplo), às 11 da manhã me consolam.
rapaz, ando relapso. a pedalada da vida... essa que minhas pernas não andam (literalmente) conseguindo acompanhar.
eu ia ao brasil, em março, adiei um pouco mais. estou atolado até o pescoço com um projeto chamado "minha pátria, minha língua", que acontecerá em março, na flórida. estamos trazendo o escritor luis fernando veríssimo e o projeto promete ser um marco.
o inicio de algo grande.
pena mesmo são essas minhas pernas curtas, as mãos de dedos nanicos...rs
crescer dá um trabalho do caráleo, jorgíssimo.
abração do
roberto.
Você toca o infinito todas as vezes que constrói um poema meu querido.Talvez ainda não perceba...Talvez ainda não o sinta.
ResponderEliminarMas se se permitir sentir. Poderá ver que não só tem o poder de tocá-lo mas o constrói em nossos corações.
Quando escreve, quando sente, quando coloca em palavras suas mais intimas sensações e aspirações e sonhos e fantasias e tudo que mora no infinito de nosso ser.Viu só? Você constrói o infinito...
Bjos achocolatados
Poemas sempre intensos ,que valem apena se ler.
ResponderEliminarbjs boa semana!
Fim de tarde
ResponderEliminarE tarde de domingo!
Vim vê-lo rapidinho.
Continua lindo!
Lindo em poemas.
Boa semana a vc.
Com carinho
Fátima
rejane,
ResponderEliminarserve-te sem hesitações :)
obrigado pela visita e palavras tão paladosas :)
beijos!
robertílimo, primeiríssimo amigo,
ResponderEliminarconvidar a minha escrita para um martini (duplo) e não o fazer a mim é no mínimo sacrilégio :)
pois, então, essas pernas andam fatigadas? caro amigo, há quem viaje e faça viajar sem sair do seu lugar (xavier de maistre, por exemplo). é exactamente isso que sinto quando te leio.
ena, esse teu projecto deve ser qualquer coisa de especialmente condimentada... hum, luís fernando veríssimo (e outros que se lhe sigam imagino), mantém-me informado, please. mesmo que com as pernas cansadas, a tua cabeça e o teu coração são enormes. quem me dera estar por perto para assistir :)
um abraço e as melhoras, robertíssimo!
querida sandra,
ResponderEliminaro infinito senti-o na doçura das tuas palavras. achocolatadas, definitivamente :)
um beijinho e um agradecimento por todo esse carinho!
márcia,
ResponderEliminaré assim a poesia: vida.
um beijo e uma óptima semana para ti também!
querida fátima,
ResponderEliminarbela visita a tua, num fim de tarde que prenuncia a primavera.
um beijo e uma óptima semana para ti também!
pela pele do poema se observa o véu que encobre a luz - as vezes em sombras, sempre foi assim - assim o sol enaltece as retinas, alimenta a alma, devia cicatrizar
ResponderEliminarbeijos
Olá Jorge, viagens difíceis...poema com repercursão, que faz eco no sentir. Lindo. Beijos com carinho
ResponderEliminarescadarias do inferno são femininas... como as pernas de uma dama.
ResponderEliminarlindo.
bjsmeus
luíza,
ResponderEliminara pele e o sol. da exposição, um dilema: a cicatrização ou o envelhecimento precoce dos tecidos?
beijos!
rosa branca,
ResponderEliminarsão assim as viagens com partida e chegada dentro de cada um de nós: difíceis. às vezes, muito, mesmo. nos estilhaços, os acordes da poesia.
um beijinho!
"escadarias do inferno são femininas... como as pernas de uma dama."
ResponderEliminarnão as haverá, também, musculadas, viris, com pêlo? só que essas não as canto eu :)
um beijo, fernand's!
Seu poema me dá a sensação de movimento ritmado, de voo cadenciado e de pousos ora no céu ora no inferno. São assim as relações - um infinito de pulsos e cortes, de vidas e mortes.
ResponderEliminarBeijo!
Ah... não disse o quanto é belo e o quanto mexeu comigo o poema!
ResponderEliminarMais beijos
o fogo doi mas aquece...
ResponderEliminaros olhos têm memoria de 1 segundo...
Ontem (também num fim de tarde), retornei da minha viagem.
ResponderEliminarChegando aqui, embarquei nesse belíssimo poema, e me faltou até o ar, pois acho que li tudo de um fôlego só.
Meu Deus, Jorge, você ainda consegue sempre nos surpreender. Onde consegue tamanha inspiração?
Me mostre o caminho da fonte, pois também quero beber dessa água :)
Voltarei com mais tempo, pois quero ler os outros que ainda não li, okey?
Abração pra você, poeta amigo.
Cid@
loba,
ResponderEliminaras tuas palavras cercam-me e agarram-me no equilíbrio instável dos contrários que nós, homens, tão precariamente traduzimos por palavras... mas, de que outra forma senão através delas?...
um beijinho!
"o fogo dói mas aquece..." - quando não destrói...
ResponderEliminar"os olhos têm memoria de 1 segundo..." - e a memória tem olhos que devoram durante toda uma vida...
um beijinho, amiga dos cabelos longos!
amig@ cid@,
ResponderEliminaro teu regresso é sempre um acontecimento no universo dos blogues. A tua presença irradia simpatia, e sensibilidade que fazem de ti alguém muito especial.
obrigado pelo regresso e pelas palavras sempre inflacionadas pela tua amizade! :)
Ouve uma epoca em que tudo que eu queria era ir para o "Sul de mim", aprendi que não a nada tao maravilhoso como o anonde eu estou "seja onde for" ..
ResponderEliminarlindo seu poema..
bjs
Insana
Assim como o marrom, da cor do bombom
ResponderEliminarDoces e leves palavras, nos levam a tensão.
Uma investigação pormenorizada no faz ver
que a distância nada é para as letras.
Mas elas, se quizerem, nos distanciam.
Elas tem PODER e isso é aqui mostrado.
De forma simples, mas com total fluidez.
---------------------------------
Parabens pelo(s) seu(s) espaço(s)
querida insana,
ResponderEliminarencontrar o ponto de convergência dentro de nós significa reencontrar toda a rosa-dos-ventos que nos guia. e como é difíci consegui-lo...
um beijo!
caro desbururu,
ResponderEliminarbem-vindo a estas viagens. que as sintas como tuas, também.
um abraço!
.... :) "a memória tem olhos que devoram toda a vida..." :)
ResponderEliminarhoje voltei pensando que viajaria por aqui de novo em silêncio...
subo e desço esta escadaria imensa... e vagarosamente, para que nada me fuja à passagem do olhar, é nele que reside a melhor memória de mim, porque é ali que tudo começa...
... no olhar, o primeiro toque... o toque das pedras a raspar... e as fagulhas a chispar por tudo quanto é sitio...
o teu poema... "devagarmente" lendo... em silêncio... e (re)lendo, descobrindo, se descobrindo fascinante!...
beijo, amigo-dos-encantos-meus.
Jorge, acabei de lhe enviar o artigo para o mail d'O Despertar... Depois diga-me qualquer coisa...
ResponderEliminarBeijinhos!
meus zeus, você se supera!
ResponderEliminarisso que é poesia de verdade, emocionou-me.
beijos e aplausos, grande poeta.
Olá Jorge,
ResponderEliminarassim me quedo
"calo-me
[há viagens que se fazem em silêncio]
fecho os olhos
[há viagens que não sabem ver]"
que demais das fotografias abaixo, são de apreciar e imaginar.
beijinho
A memória é safada...
ResponderEliminarBeijos.
http://vemcaluisa.blogspot.com
caro desbururu,
ResponderEliminarobrigado pela visita. que te sintas bem por aqui.
um abraço!
amiga de-todos-os-encantos,
ResponderEliminara pior memória é sempre aquela que se pretende exorcizar; é que, por mais que a tentemos anular, acaba por voltar recarregada de recordações. acabámos presos na sua teia, invariavelmente.
um beijinho!
cristina,
ResponderEliminaro jornalismo, para ti, não é apenas um projecto do amanhã; constrói-se já hoje. o teu artigo está bem dentro daquilo que idealizámos. o despertar, os leitores e eu próprio agradecemos.
um abraço e um obrigado sincero, amiga-colaboradora! :)
cris,
ResponderEliminarque saudades da tua presença, da tua escrita e... da nossa escrita.
um abraço!
querida amiga vais,
ResponderEliminaro homem não se faz entre o céu e o inferno, o bem e o mal ou o amor e o desamor; o homem acontece sobretudo no limbo que cristaliza entre a voz e o silêncio.
um beijinho!
"a memória é safada"
ResponderEliminaraqueles que a perdem: uns ingratos :)
beijinho, vanessa!
jorge,
ResponderEliminarandei meio avoada, mas jamais perco um linha sua.
beijos, precioso.
(rumo ao sexto dueto?)
querida amiga,
ResponderEliminarvamos ao sexto, e depois ao sétimo e por aí adiante:). aguarda novidades este fim-de-semana.
beijinho!
Não tem/têm que agradecer, até porque gostei do desafio! :)
ResponderEliminarBeijinhos!
Querido poeta-de-além-mar,
ResponderEliminarestava "explorando" teu blog aqui pela madrugada, como faço vez por outra em espaços virtuais de amigos, mas sem necessariamente o compromisso de comentar. Quando percebi que havia música do (meu) Morrissey parei por aqui, pois os "idolos" também são um pouco nossa "propriedade".
Desta vez, na madrugada que tudo sabe, minha melhor hora, não me atreveria a comentar especificamente este poema, senti muito subtexto, e de certa forma, alguns elementos bem diferentes dos posts mais atuais. Mas apenas, pela intuição, por isso não me arrisco a mais palavras. De qualquer forma, parabéns, maravilhoso como sempre.
Beijos.
querida amiga cecília,
ResponderEliminarsoube-o, quando li a tua entrevista, que há linhas referenciais da tua vida que, na minha juventude, cruzaram o oceano sem terem pedido autorização, para se moldarem diante dos meus olhos, num jogo de sedução a que não soube resistir. morrissey, por exemplo, é um desses casos [cresci a escutar the smiths e ainda hoje são uma banda que vive em mim; depois, morrissey, que foi mesmo mais longe que a própria banda que fundou]. no cinema, "mediterrâneo", um dos filmes da minha vida. é essa a magia dos blogues: aproxima universos tornando próximo aquilo que, de outra forma, nem saberia da existência do seu homólogo semelhante.
é um encanto ter-te por cá,querida amiga.
beijinho!
Querido poeta-de-além-mar,
ResponderEliminartive que retornar. Coincidências.
Só falta me dizeres que nasceu em 1969 e que aprendeste a ler aos 5 anos. Será?
Nos anos 84/85, conheci The Smiths, foi paixão repentina. Por meio de uma entrevista do Morrissey, que citou várias vezes o escritor Oscar Wilde, conheci também meu "mestre" literário, com curiosidade, fui buscar sua obra, de certa forma, me vi projetada ali também. Em um de seus aforismos, O.W. disse: "A essência do romance é a incerteza, quando me casar quero esquecer todos os dias disso". No caso, não me refiro a paixão homem/mulher.
Em 2002, quando fui pela primeira vez a Veneza,(conhece Jorge?), a magia da paixão chegou no seu auge, quando demorei quase hora entre as ruelas, mesmo com mapa na mão, para encontrar a Piazza San Marco. Quando por lá cheguei, senti paixão (senza parola nessuna). Quando retornei em 2005, segunda e última vez, levei 5 minutos para encontrar San Marco, o hotel era o mesmo, na ponte dos suspiros não mais suspirei (apesar de que não era esse o sentido original de tais suspiros). Precisei conhecer as ilhas circum vizinhas a procura daquele sentimento.
Te digo isso, pois já assisti várias vezes ao Mediterrâneo, e quero assistir ad eternun, mas às vezes fico anos entre uma e outra sessão, apesar de ter o DVD aqui em casa. Embora ao revisitar, sempre se veja diferente e coisas novas, tenho medo de perder o frescor da paixão da primeira vez que o vi.
E o que seria de nós sem a paixão? Pelos seres, coisas, cenários? Aquilo que nos movimenta, que nos atualiza, que faz upgrade diário no nosso café da manhã, e nos dá qualquer 0,0001% de certeza de que a vida vale a pena quando encerramos o dia?
Desculpa tantas palavras e quase nenhuma sobre seu poema.
Grande beijo, meu amigo.
PS.: Não precisa responder, suponho que seja bastante ocupado e correrias o risco de que sua amiga aqui seguisse "falando"!!!
querida cecília,
ResponderEliminarnão sei com que idade aprendi a ler e a escrever, mas sei que nasci em 1969, o ano-emblema de uma afirmação de convicções que nos ajudaram a construir, um pouco com mais definição, o edíficio da humanidade.
curiosamente, tropecei em the smiths antes de wilde - aquele, quando miúdo; este, quando já na universidade. num e noutro caso, agarrei-os e fiz-me com eles sempre a meu lado. admito que só mais tarde tenha conseguido perceber a verdadeira expressão da música e das letras de morrissey e companhia, de joy division, de bowie... mas congratulo-me que assim tenha sido: é que as coisas ganham sentido quando nos percorrem e nos inauguram em novos lugares.
estive em vezeza em 2005, quando, por altura de um congresso em zagreb onde apresentei um trabalho académico, cometi uma loucura: viajei para veneza e desde aí pela eslovénia e croácia, num daqueles raros lampejos de inspiração aventureira que nos marcam indelevelmente para toda a vida. também em veneza me perdi pelas páginas de pedra, densamente preenchidas por iluminuras onde a humidade densa nos arremessava contra lugares e temp[l]os que pareciam inaugurar-se fora de nós. confesso que andei sem mapa [acabei por perceber que nos labirintos, ou usas fio de nylon, ou segues o institnto e a sorte]. acabei por entrar em san marco e a sensação que tive foi a de um esmagamento que nos reduz a uma expressão mínima. aquela praça que nos cerca atira-se literalmente contra os nossos corpos, numa opressão serena, delicada, suavíssima, como se tudo na terra e no homem começasse e acabasse ali mesmo. a despedida fez-se na certeza do regresso. um dia, quem sabe!?
beijinho, querida amiga!
p.s. mediterrâneo é, a par de o carteiro de pablo neruda, o clube dos poetas mortos e as pontes de maddyson garden, um dos filmes da minha vida. não que a etiqueta seja assim, de íman gasto, daquelas que se atiram contra o frigorífico e ali permanecem sem respirar, é um dos filmes da minha vida, porque assim que nos entra nas veias, mistura-se com o sangue e não mais nos abandona. assim uma espécie de paixão em eco.
Amigo de-além-mar,
ResponderEliminarminha sensação na San Marco foi deveras diferente, me senti, de certa forma, gigante, (apesar de não ser pequena mesmo), mas me pareceu que se desse um pulo de 5 cm do chão, poderia sair voando. Sensação de imensidão, embora sentisse todo aquele cenário, rebatendo aquela força, como a lei da física ação/reação, quase indescritível.
Quanto a Wilde/Morrissey e inclusive Bowie, (outro ídolo), sinto nunca podê-los traduzir imediatamente. Talvez nunca possa ler Wilde em sua língua materna. Tenho sérios problemas com inglês, apesar que estudei 2 anos, mas não tenho afinidade, como possuo em línguas originalmente latinas, no caso, espanhol, italiano e francês, apesar de estar afastada dos estudos. Um colega meu de francês, seu José, senhor de uns 70 anos, disse uma frase belíssima: "a melhor coisa no mundo é viajar, a segunda melhor é voltar para casa". No que interpreto, também no amplo sentido metafórico, e fico aqui pensando em todas viagens possíveis do ser humano, de certa forma, sair de si mesmo, o que me parece, casa com sua expressão "paixão em eco".
Croácia deve ser maravilhosa! Fiquei curiosa a pensar o que mais conheces da Europa. Bela Europa, que desde meus 9 anos sonhava em conhecer, e sempre penso em retornar."sempre teremos Paris" (Casablanca)!!!
Por sorte consegui visitar muitos países, e outros fiquei devendo primeira visita, Portugal, por exemplo. É maravilhoso ter países tão próximos, geograficamente colados como pedras de um colar.
Por aqui, os filmes a que se refere tiveram títulos diferentes: "O carteiro e o poeta" (maravilhoso), "Sociedade dos Poetas Mortos" (também citei em minha entrevista - Carpe Dien!), e as "Pontes de Maddyson", (chorei em todas as vezes). Realmente maravilhosos!
Grande beijo.
P.S.: Quando fui a última vez em Veneza (novembro/2005), por sorte frequentei uma feira de livros, bem em frente à Estação ferroviária, me recordo que adquiri um Wilde, em italiano, a apenas 3 euros!!!
P.S.2: Conhece Cinque Terre? (próximo a Genova). Fiz perguntas, me desculpe. Não precisa responder esta mensagem,compreendo, até porque desta forma me revelarei uma Xerife da escrita, (meu grande segredo!!!)rsrs.
Beijos
querida cecília,
ResponderEliminarregresso ao nosso diálogo que pulsa além da voz.
entrego-me aos teus post scriptum para te dizer que li wilde, pela primeira vez, em inglês [na cadeira de literatura inglesa] com o magnífico "the picture of dorian gray" [mais tarde reli-o já em português e no ano passado vi o filme, numa produção que não banaliza a obra original, na minha modesta opinião].
não conheço cinque terre, mas este ano andei lá perto [bolonha, ravena, florença e perdi génova e verona por um... dois trizes, vá lá :)]; tenciono regressar, porque a itália é um dos países que mais me fascinam na europa.
aliás, confesso que o pouco que conheço respira na velha europa. do mais impressionante na construção deste euzinho que aqui está apontaria justamente a croácia [paisagisticamente é irrepreensível - mar, montanha e muito sol de mãos dadas; apanhei-a ainda a lamber as feridas do pós-guerra] e a itália. como cidades, três: berlim [a cidade do século], atenas [por ser a matriz da cultura ocidental, bem representada nesta sua capital - ainda que caótica, diga-se] e o par inseparável viena/praga [com uma atmosfera silenciosamente romântica, inquietantemente densa que se respira].
ah, pudesse eu despir-me de tanta coisa que me pesa e vestir-me de lugares e das suas pessoas!
um beijinho, querida encantadora, que, se comparável à xerife, será pelo charme irresistível, certamente [brad que o diga :)]
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