daren borzynski
amanhã vou bater-te à porta.
sei que perdeste os ouvidos
e que a campainha não toca,
mas vou lá, ainda assim.
uma a uma, recolhi as pistas
que espalhaste pelo meu corpo
e ainda que em anacronismo
consigo entrar.
[a propósito, o sangue seca mais depressa
em fevereiro
e as cicatrizes são apenas flores
que fazem jardim na pele.
soubeste-o antes de mim, verdade?].
vejo que não perdeste
os olhos
onde fiz a minha biblioteca
e os lábios
que tornam todas as águas lentas.
mas sei que já tens pouco para dar,
e eu com tanto a estourar
na mão que dá
na mão que recebe
[finalmente entendi em que balança
se pesa o amor].
depois de ti
sei que os beijos podem não abrir versos
que os lençóis são apenas a cama onde te deitas
ou que a terra mais feia do mundo pode ser mesmo isso:
a terra mais feia do mundo
depois de ti
comecei a apertar as veias
e a tentar iluminar a garganta
[maldita boca,
o fogo que outrora a seduziu
queima agora as entranhas
e nem os dentes cabem, já, no sorriso]
depois de ti
o próximo poema
será feio como eu
será sujo como eu
será indecente como eu,
uma imitação
como eu.
mas sei que
mesmo borrado de tinta
jamais o saberás ler
sem alguns dedos da minha mão.
ulver, eos
Belíssimo - e forte!
ResponderEliminarBom retornar aqui!
Beijos
lou,
ResponderEliminarhá pessoas que nunca deixaram de estar por cá :)
obrigado!
um beijo!
A música combina muito com a imagem, uma mistura de sombra e luz, igual meu fevereiro =/
ResponderEliminarAs palavras - finais - são encontros de confiança e tristeza.
O tempo de tudo o que disse é como um rio, está passando.
Paradoxo sincrônico.
http://www.youtube.com/watch?v=-X_mGWOHEKY&feature=related
Ah, Jorge, meu querido, este seu poema incrível, juntamente com a música, neste pacote lindo de presente que nos oferece, com o carinho de sempre...
ResponderEliminarOa versos, ah, que versos!
A despeito das dificuldades todas, você vai lá...E vai sem medo, pois tem a certeza da importância da sua presença.
Lindíssimo, como tudo que traça a sua pena...
Beijinhos, amigo!
querida andressa,
ResponderEliminarcomeço por dizer-te, e em relação à referência musical que aqui fazes, que adoro interpol, uma das bandas que melhor conseguem tocar as sensações dos corações urbanos e convertê-las em melancolia e nostalgia melódicas. talvez a melhor depois de joy division (escuto a faixa sugerida enquanto te escrevo estas linhas).
quanto aos fevereiros... há meses em que nem a chávena de café mais quente nos aquece alguns dos dedos da mão ou nos ajuda a sentir menos folha de árvore :)
paradoxos sincrónicos, afinal.
um abraço!
zélia-invariavelmente-querida,
ResponderEliminaros gritos são isso mesmo: gritos. pobre de quem não o consiga fazer - as palavras apodrecem na garganta e envenenam todo o dizer.
grite-se!
gritemos, pois!
um abraço-nada-silencioso!
Haverá sempre um ouvido que escuta e outro que adormece - a audição escolhe um foco, o olhar também, o que se escreve é para quem ler o distorcer a sua própria vontade. O leitor escuta o que quiser é fato. Poesia brutal essa que dedilhas. Beijos!
ResponderEliminarhá coisas que nos fazem avarias muitas, nos estragam o peito, impõem traços e cicatrizes, travam de cica a voz e até nos condenam pelo verbo. mas que se não provássemos nada saberíamos e por mais findas eternizam-se alguns dedos da mão,
ResponderEliminargrande abraço poeta
luíza,
ResponderEliminarpor vezes, quem escreve distorce; quem lê... reorganiza.
[pobres são as palavras que nunca valem o que significam. o mel e o veneno são inoculações nossas]
beijos!
Jorgito, que poema é esse? Meu número exato! Vesti! me caiu bem.
ResponderEliminarQuer balança melhor que as mãos! Enquanto uma oferta, a outra recebe e o peso do amor se da quando as duas se encontram niveladas.
depois de ti
o próximo poema
será feio como eu
será sujo como eu
será indecente como eu,
uma imitação
como eu... exatamente como são os poetas!
Super boa semana,bjs de fevereiros, meu querido
amigo assis,
ResponderEliminarpois, que o palato seja o último dos fios a rasgar-se nesta colcha a que chamamos vida...
um abraço, poeta!
querida ira,
ResponderEliminarah, as balanças, foram feitas para pesar, mas nenhuma o faz da mesma forma, verdade? um quilo a mais, outro a menos, nunca nenhuma nos radiografa da mesma maneira. será que são elas em desalinho, ou nós que nunca respiramos duas vezes da mesma maneira?...
um beijinho-de-fevereiro!
Esplêndido!
ResponderEliminarum poema que arrebata tudo que se tem no corpo
e a alma vai junto
...
Carpe Diem!
forte abraço,
irmão.
Depois de ler: "e as cicatrizes são apenas flores que fazem jardim na pele" (uau!!!), consigo apenas te deixar um beijo, e ir embora em extase.
ResponderEliminarIntenso, forte e quase palpável.
ResponderEliminarAdorei!!!
bjs
amigo domingos,
ResponderEliminarquantas vezes a poesia não é, ela mesma, o auto-de-fé em que o corpo e a alma se limpam incinerando as tais flores tatuadas na pele? é deixar arder.
carpe diem, poeta maior!
um forte abraço e um verso!
"mas sei que
ResponderEliminarmesmo borrado de tinta
jamais o saberás ler"
Analfabetismo afetal (dos afetos), rs.
Beijos.
http://www.vemcaluisa.blogspot.com/
querid@ amig@ cid@,
ResponderEliminarpois, colhe as flores e leva-as contigo. são assim as flores: melhor parecem numa jarra do que na pele :)
um beijo, doce amig@!
stella,
ResponderEliminarque bom rever-te.
um abraço!
e como combater este grau de iliteracia avançado?... quem o saiba, que atire a primeira lição!
ResponderEliminarum abraço, vanessa!
Perfeito!
ResponderEliminarUma sinestesia poética que nos envolve completamente.
E o final???Fantástico.
Sinto-me pequenina, pequenina a ler os teus poemas( como alguma vez ousei pensar que até tinha algum jeito para escrever????)
Beijos
Olá Jorge,
ResponderEliminar..."[maldita boca,
o fogo que outrora a seduziu
queima agora as entranhas
e nem os dentes cabem, já, no sorriso]..."
Existem sorrisos apertados...
Gosto de o ler!
Bjs dos Alpes
Jorge,
ResponderEliminara essencia da presença mesmo na ausencia..
teus versos hoje contundentes e apaixonados nessa necessidade,sufoca e grita...
beijos querido poeta..
olá, sandra,
ResponderEliminaras palavras são apenas isso: palavras. a força que carregam vive do coração que as anima. e como a tua escrita tem palavras e coração!
um beijinho e um agradecimento pela simpatia do teu comentário!
flor dos alpes,
ResponderEliminarhá sorrisos apertadinhos até em bocas gigantes, verdade? :)
um beijinho!
Bonito poema... Parabéns!
ResponderEliminarBeijo.
Menino quando te leio, é como se lesse teu coração. Escreves desenhando os sentimentos. Como pintar em uma tela. Perfeito! Meus aplausos.Bjos achocolatados
ResponderEliminarquerida ingrid,
ResponderEliminargritos sufocados nas presenças que sempre prenunciam ausências... semi-presenças? quase-ausências?. eis, talvez, a essência.
um beijinho!
obrigado, cristina. palavras gratas ao coração, as tuas.
ResponderEliminarbeijo!
sandra,
ResponderEliminarque alma ousaria rejeitar beijos? com chocolate, então... :)
gracias!
beijinho!
As flores sabem que, enquanto não houver água, restarão-lhes sobreviver da luz do sol.
ResponderEliminarPoema marcante, regado em feixes de luz e enigmática música.
Beijinho!
Jorge,
ResponderEliminarUm poema que se insinua como uma destemida e desejada viagem… um destino que provámos e nos devora, marcado pelos jardins da pele, pelos saberes dos dedos das mãos, pelo sabor dos beijos que quase secam a fonte numa sedução sempre tentadora... E chegados lá (ou será que se revela a tristeza de nunca termos chegado ao destino...) eis que nos penetra o silêncio das palavras que já não sorriem, e fica o vazio das mãos que um dia nos ensinaram a ler, a ver as pistas onde hoje apenas restam cicatrizes… ainda em flor…
Acho que os dedos da tua mão são essenciais para me levarem de regresso ao meu azul... :) é que os meus perderam-se nos sentires dos teus versos!
Beijinho, poeta!
verdade que esse som me chegava em voz rouca, cava, como violenta dor que atravessa bruma cerrada em noite profunda.
ResponderEliminare depois de ti existe ainda o poema por escrever, feio, sujo, indecente e belo como tu, borrado de tinta e impossível de ler, tão simplesmente porque esse poema feio e belo nunca poderá escrever-se e muito menos ler-se sozinho, mas sempre a duas mãos que se dão e se recebem em simultâneo, duas bocas e olhos cegos, quem sabe eles se terão perdido mesmo a devorar os livros de ti e se quedaram cegos por aflição, assim como os ouvidos se fingiram surdos, bem como a campainha se fez muda. amanhã perseguirás as pistas uma a uma e forçarás a porta surda porque as veias que estrangulas nas tuas mãos estão prestes a explodir. será então a hora de ensinares como se lê o teu poema/belo (feio, sujo, indecente como tu e borrado de tinta) e de colher as flores que ardem e se substituíram às cicatrizes...
és muito grande a escrever, poeta/amigo-dos-meus-encantos.
1.RAIOS!!!
ResponderEliminarDava a minha mão direita para ter escrito este poema.
2. Não achas que a sombra anda há tempo demais no meio dos vivos?
3. Se fechar a mão, apertar os dedos que me faltam, não será para bater à tua porta, será para socar o teu fantasma!
4. Não é do mês, são os Homens!
5. Beijo
Laura
A fotografia está perfeita!!!
ResponderEliminarBoa escolha!
amiga lívia,
ResponderEliminarsabem as flores, também, que mesmo com água e sol acabam por envelhecer, perder as pétalas, o viço e... morrer. pode sobrar-lhes tudo; há-de sempre faltar-lhes o tempo.
um beijo!
p.s. a música veio-me parar às mãos por mera casualidade. confesso que foi, também ela, agente inspirador na construção deste texto.
querida jb,
ResponderEliminarabsolutamente verdade o que dizes: são viagens, são léguas e asfalto de verticalidade quase infinita que se abrem diante dos olhos, olhos que vêem, hoje, pior do que dantes [o pólen dos afectos ataca os brônquios, mas é sobretudo letal para os olhos; tudo o que é belo agita o nervo óptico, envaidece a miopia e acaba por cegar].
restam-nos alguns dedos, algumas mãos, dessas que se cruzam, se tocam e nos conduzem daqui para aí e daí para o mundo. que, afinal, ainda está lá, escondido nas raízes da melancolia.
um beijo azul [com conotações poéticas; jamais futebolísticas :)]
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminarquando deixas a tua voz nos blogues que visitas, há quase sempre dois textos: um antes e outro depois da tua impressão vocal. o que parecia fechado reabre-se em dúvidas e interrogações que inquietam as palavras, assim se tornando frágeis, tiritantes de frio e entumecidas pelo medo de não ser tão completas quanto se viam no momento anterior diante do espelho semântico. e a vergonha penetra-lhes o sangue, acelera-lhes o batimento cardíaco, a tensão sobe e o ataque torna-se iminente. provavelmente inócuo, que a morte devem tê-la conhecido antes, na vergonha máxima de terem dito o mínimo, mas que julgavam bastante.
e com elas... morrem ainda todos os poetas que julgamos respirarem pelos nossos pulmões.
um beijinho!
laura amiga:
ResponderEliminar1. não dês nenhuma das mãos; como continuar a escrever?
2. as sombras são assim mesmo: não sabem morrer.
3. desde que vi "casper" passei a respeitar os fantasmas [ainda que saiba que se alimentam dos sonhos alheios].
4. é dos homens... e das mulheres... e dos homens e das mulheres :).
5. abraço!
"um beijo azul [com conotações poéticas; jamais futebolísticas :)] " E como concordo contigo!!! :)
ResponderEliminarhihihihi!
ResponderEliminarbeijinho, amiga jb!
Jorge alado...
ResponderEliminarO que tu fazes diante de um poema que te aperta a garganta... que paralisa teus dedos... e que planta um jardim de arrepios em tua pele?
Beijinho de Luz e uma semana sem borrões!
Meu querido poeta, gostaria de poder comentar mais profundamente, mas acho que sou mesmo de poucas palavras, principalmente quando um poema me arrebata como o teu. Quero apenas repetir um dos teus versos: "o sangue seca mais depressa em fevereiro...". Creio que ele traduz um pouco o tanto que gostaria de dizer e que já não é possível, posto que já faz parte da pele...mil beijos, Jorginho!
ResponderEliminarUm triste fim de um amar que se foi.
ResponderEliminarComo já disseram, teus poemas não são apenas palavras, mas uma viagem sensorial, onde a poesia corre em tuas veias e nos leva junto...
Belíssimo.
Beijinhos e ótima semana.
Depois de mim, deixo escrito a ti poemas feito pelas mãos de quem escreve com o coração.
ResponderEliminarAh suas palavras que hipnotizam e alegra a alma!!!
Beijos
aninha-de-luz,
ResponderEliminarque fazer? esperar que o fevereiro passe... e que os dedos voltem a crescer nas mãos.
um beijinho sem borrões!
daniela, pior que não saber dizer é já não poder dizer, verdade? o tempo é sempre a mão que devora os dedos, numa antropofagia cínica que não sabe esperar. para quê esperarmos nós, então?
ResponderEliminarum beijo com carinho!
parole,
ResponderEliminarhá sempre uma água capaz de lavar os dedos. preservemo-los, pois. quantos aos anéis? são apenas isso: jóias rutilantes de adorno impreciso.
beijos!
suzana,
ResponderEliminaragradeço o teu comentário tão caloroso.
um beijinho!
Jorge,
ResponderEliminarAmanhã? O amanhã que não é visto no hoje, o que não cabe ao mortal. Do hoje, exatamente, agora, bater à porta dos ouvidos perdidos. Perdidos? Indiferentes! No além da resposta que não cala, que de indagações elevam-se, e de força descomunal silenciara a campainha. A alma cansada, que aguarda o antídoto, para não viver das migalhas que caem no chão. Mas, sim, tempo do já à busca da capacidade de resonhar. E dos arquivos resenhar um ato que recolhe as pedras, e do propósito caminhar ante o que ficara espalhado – o que se faz, assumir uma torre ou um palácio? Do fevereiro, de comunhão, o engano não prevalecer, mesmo que dentro da masmorra ou cova se encontrar. O sangue que seco há, velar as cicatrizes floridas, que as trevas na leitura tentam usurpar a transparência. Ouro, prata, pedras preciosas, sem palhas para não perder o recomeço. Humilhar-se, onde a biblioteca possa se reinaugura, e os lábios se adocem na imensidão das muitas águas. Do que se dá existência, o pouco que se dá torna-se grande no muito dá – simplesmente, pelo enxergar incomum. Das cinzas vindas, a esperança polvilhar o amor numa categoria e espaço que não morre jamais. Os ósculos que estão em morada ao vale, desembocar na correnteza de milagre, o voltar a crer no abrir do leque – versos que derrubam as paredes. O telhado livremente, que diante a dor instalada, pouco a pouco reconsolar os lençóis e a cama refolhar as letras à pele. Beber o que na veia se aperta, e metamorfosear em memorial. Da história os sinais anunciados algodão doce, iluminar a garganta. O próximo poema, mágica suave que canta o brega sentir, e as entranhas em dentes que tocam os ombros. E na importância, os lábios em fogo, para habitat limpo por adentrar na dupla honra. No ter do nós, sem depois; bordar a tinta que de dedos – união de todas as infinitas partes.
p.s.: Repenso nos meus dias: O óleo jamais faltar e o fogo jamais apagar, com isso, preciso cuidar, regar intenso e olhar de detalhes.
Abraços
Priscila Cáliga
Sentir com os olhos fechados, com o tato do outro, e tudo numa mesma voz.
ResponderEliminarBelíssimo!
Beijo.
Jorge
ResponderEliminarMe encanta tua escrita, tão humana, doente, sangrenta, doce e mágica....assim como nós, estes seres....
Em fevereiro o sangue..... esse amor que não tem nome nem lugar..... o grito nunca mais ouvido....e pedaços do amante que se despedaça a cada despedida.
De ler chorando
Recolhi as pistas que deixaste no meu corpo...
ResponderEliminarNossa, amei isso, Jorginho!!! Tua poesia borbulha e nos queima a pele: é vertiginoso te ler.
beijos,
"vejo que não perdeste
ResponderEliminaros olhos
onde fiz a minha biblioteca
e os lábios
que tornam todas as águas lentas"
todas as imagens e sensações profundas que aqui nos deixas de alguns dedos da tua mão...
belissíssimo :-), amigo!
Beijinho
jorgíssimo,
ResponderEliminaracho que ém portugal també existe o "velho deitado"(rs) de que, pra quem sabe ler, um pingo é letra.
acabo de ler seu poema e conto os dedos de minha mão. acho que sumiu-me um olho...rs
belo poema, poeta da cidade dos arcebispos.
abração,
roberto.
Ah Jorge!!
ResponderEliminarNo silêncio da madrugada, leio um dos seus poemas, que porem, são ótimos!
Pude ler um fim nessa história, mas o coração não se cicatriza rapidamente como o nosso exterior.
O amor nos faz julgarmos certos por linhas dos nossos desejos e anseios...
e os caminhos para a mesma estrada hoje,estão borradas com as nossas consequências,talvez assim outras mãos poderemos encontrar e fazer uma nova leitura ...
Parabéns!!
Excelente Texto, muito bem escrito!!
Beijos na sua Alma
ahhhhhhh,lindo demais!! bjos!
ResponderEliminarpriscila,
ResponderEliminararrepiante o teu depoimento que encerra com chave d'ouro: "Repenso nos meus dias: O óleo jamais faltar e o fogo jamais apagar, com isso, preciso cuidar, regar intenso e olhar de detalhes."
nesta reafirmação da fragilidade humana e da sua superação por via de gestos que se esgotam na sua própria [aparente] insignificância, anunciemo-nos homens (com as respectivas fragilidades, insuficiências e incoerências), mas reafirmemo-nos como muito mais do que isso: projectos de humanidade. e é aqui, entre o que nos limita e o que nos engrandece, que encontramos a babilónia existencial, sem torres, linguagem ou serpentes malígnas: o amor. essa peça arquetipal onde assentam os músculos e os demais tecidos que nos cosem. no dizer de cesariny, o amor, aquilo que "nos resta do sagrado".
um abraço!
larinha,
ResponderEliminare de voz como tu sabes...
um beijo afinado!
walkiria,
ResponderEliminarhá fevereiros a cobrirem os calendários que trazemos no peito. inevitavelmente. os dias são cinzentos, a chuva cobre o olhar, o frio encarquilha a pele e dos relâmpagos... nada sobra senão a saudade do estio. mas o março será maior, mais quente e soalheiro; o abril? uma festa; o maio? uma flor; o junho? os projectos; o julho? o mar; o agosto?...
beijos em ciclo!
taninha,
ResponderEliminara poesia é mesmo a pele que arde, verdade? tudo o mais é apenas as palavras que a atiçam.
um beijinho, poeta-querida!
querida amiga andy,
ResponderEliminarapós ler-te, tive o reflexo condicionado de olhar para as mãos. felizmente os dedos continuam lá :) (acho que nem o poema, depois de os tragar, os quis digerir :)).
um beijinho!
robertílimo,
ResponderEliminarnão conheço esse provérbio, mas sou capaz de lhe adivinhar o sentido.
quanto ao olho: estou em crer que ficas a perder, porque dedos tens 10 (só nas mãos!!!) e olhos apenas dois :)
um abraço, querido amigo!
lidi,
ResponderEliminarde quanto aqui dizes, retenho como particularmente bonito que "o amor nos faz julgarmos certos por linhas dos nossos desejos e anseios...".
talvez seja dessa soberba que nasçam todos os fevereiros...
beijinho!
romantic,
ResponderEliminarthanks! :)
um beijo!
Saudações Jorge,
ResponderEliminarLinda a fotografia da cabana!
Na falta das minhas para comentar este seu poema e mais o Gumes de parceria com a Laura e Ode de toda a urgência, me vieram estes do Mário Quintana.
"Os fantasmas não fumam porque poderiam acabar fumando-se a si mesmos "
“Olho as minhas mãos
Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas.
Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do
fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento
impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando
o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos
sonhos?
Quem faz – em mim – esta interrogação?”
Grande Abraço e muitas criações
depois de ti, será sempre depois...
ResponderEliminarpois.
ResponderEliminarafinal, tudo passa... menos o tempo.
um abraço, amiga dos cabelos compridos!
Jorge, deixei-lhe uma perguntinha, em resposta ao comentário que ontem me deixou. Se puder, dê lá um saltinho novamente, por favor.
ResponderEliminarBeijinho.
já lá estive cristina.
ResponderEliminardiálogos em torno do grande cesariny :)
beijos!
Obrigada, Jorge! :)
ResponderEliminarJá li...
Beijo.
:)
ResponderEliminarbeijos, cristina!
Porque é o poeta filho da Melancolia?? Porque sempre que lhe veste o terno, escreve mergulhado até à exaustão da palavra e de si mesmo; e nem sempre, controla a mão que lhe escreve embora lhe empreste a vontade para a fluidez do poema!!
ResponderEliminarAmei este poema!!!
haverá poesia que não seja inteira, e não se consuma nos limites que ela própria abre e fecha? é por isso que só ela nos arrebata.
ResponderEliminarum abraço, não-sou-eu-é-a-outra!
... e todo sentimento do mundo.
ResponderEliminarbeijo tuas mãos!
pelo menos, aquele que nos cabe no interior das mãos.
ResponderEliminarum beijo do mundo, doce amiga de cris.tal especial!
Meu querido, voltando agora(que estava eu sem computador) corri para te ler e matar um pouco da imensa saudade que senti de adentrar por tuas portas.
ResponderEliminarLeio este poema e poderia te escrever centenas de palavras sobre o que ele me traz, mas não, não posso. Teu poema tem a força de um punho fechado de encontro ao meu estômago. Emudeço. Dentro de mim até o ar se encolhe e minhas entranhas se agitam em reconhecimento. Por hora não posso ler mais nada, porque meu corpo ainda sente cada uma das tuas palavras e o arrepio que me percorre me traz espanto, pranto e encanto misturados.
que falta senti dos teus versos invadindo assim a sala da minha alma, sem que eu sequer os possa pesar.
beijos, amigo poeta!
querida amiga andrea,
ResponderEliminarcomo as saudades são mais que sons difusos que se escondem nas formas convencionadas. é tão bom sentir-te por aqui... apenas com um lamento: o de que as minhas palavras magoem mais do que confortem...
um beijinho com um sorriso por te reler!