I. mudez
tenho uma certeza:
não morrerei de cancro
ataque cardíaco
ou de grandes amores.
morrerei de morte,
seca, sombria e sem aviso
como só ela deve ser.
é que há rostos que sobram
e doenças que apenas fazem sorrir.
soajo [p. n. peneda-gerês]
II. livro em branco
hoje
não sei quem escreve o quê:
se o homem as palavras
se as palavras o homem.
praia de caminha
III. novela
a fruta-por-morder
e a fruta roída
são a mesma história
com protagonistas diferentes
[só não sei onde se esconde a larva].
torre de hércules [la coruña]
IV. frutos vermelhos
é inverno
e os frutos vermelhos
perdem o mapa
no trilho discreto dos corpos frios.
a árvore?
o coração como poema.
a raiz?
o amor como erro ortográfico.
ainda haverá fogo
no verão da tua pele?
ligação entre o pinhal e a praia de caminha
john cale, style it takes
estas tuas etiquetas são terríveis, no sentido de extraordinário, fora do comum. a partir de hoje não sei mais como morder frutos vermelhos, ou qualquer outra fruta, sem essa sensação de coisa fora de ordem,
ResponderEliminarabraços poeta
ps. bela homenagem ao john cale
p.s.2 - lembraste o cabo das tormentas lá no número 500 do mileumpoemas, agora o quero mais é me aproximar do continente e vos saudar com um terra à vista
Música muito boa e palavras melancólicas - como um domingo de manhã.
ResponderEliminarIs this a rock group called The Velvet Underground? Hey, white boy:
http://www.youtube.com/watch?v=MOmZimH00oo
Morrerei de morte fria, na Irlanda, como só ela deve ser.
A língua portuguesa falada parece espanhol com pitadas de tristeza. Quando escrita é o suicídio em "Pessoa".
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=dz_rSPKIdNs
ResponderEliminarGosto dos poemas que você escreve, de verdade. Mas o último me tocou mais fundo.
ResponderEliminarUma delícia, seu blog.
Abraço grande.
adoro esperar suas novidades...
ResponderEliminarbj
«ainda haverá fogo
ResponderEliminarno verão da tua pele?»
Uau! Adorei!... E como acho que hoje não sou capaz de escrever nada de jeito, deixo a "folha" em branco...
Beijinho.
Seus versos
ResponderEliminarimgens perfeitas
palavras encantadas
pulsando nas artérias do papel...
Beijos
Ai amigo, a morte sim é a única certeza da vida.
ResponderEliminarE há doenças que fazem morrer cada dia um bocadinho a quem não as tem.
Beijinho
amigo assis,
ResponderEliminarseja fruta-por-roer ou fruta já roída, a história é se mpre a mesma, mas a boca que a traga pode/deve fazer toda a diferença.
um abraço!
p.s. faltam 501 milhas para a índia. até lá viajaremos a teu lado; já lá, permaneceremos contigo e a tua poesia.
andressa,
ResponderEliminartodas as mortes serão mais honestas se não se basearem em nada que não em si mesmas... seja na irlanda, seja em portugal, seja em qualquer chão sem pátria.
ei, bela sugestão musical aqui nos deixas. o pop art no seu melhor com velvet underground e a famosíssima banana warhol :)
quanto à língua portuguesa... tem fado dentro de si, a estrebuchar como os domingos, querida irish girl!
um beijo!
a cor é sépia. a língua enrola-se por detrás da voz. traz consigo o tejo, as gaivotas e as varinas que despediram o peixe e recolheram ao sul do corpo. as guitarras rasgam a noite e o fado, regado com bacalhau assado na brasa, realinha os corações numa nostalgia que nasce do que talvez nunca tenha vivido. somente comparável à luz baça e morna dos pubs irlandeses, onde a alma celta sorri à portuguesa.
ResponderEliminarum abraço, amiga de dublin!
querida dade,
ResponderEliminaragradeço a simpatia das palavras.
o último poema? curioso... falo da explosão estival da pele quando os dentes tiritam no mais frio dos invernos... ah, maldita meteorologia...
um abraço!
ana,
ResponderEliminarobrigado.
um beijo!
cristina,
ResponderEliminarquem te leia percebe como é retórica essa incapacidade :)
escreves quase diariamente e sempre com a precisão de quem sabe o que a palavra fixa.
um beijinho!
querida suzana,
ResponderEliminarconhecesse eu a anatomia da escrita...
um beijinho!
pois, sandra, se não é verdade... há doenças que matam. há doenças que minam. e há dor e morte para lá da doença. piores estas, que têm diagnóstico imperfeito e profilaxia indefinida...
ResponderEliminarum beijinho poético!
Jo Pi, estes enquadramentos fazem jus a um ''estilo'' que me agrada agradavelmente. Essa travessia entre o pinhal e caminha, está misteriosa, é que naquele limite ''horizontivo'' a ''estória'' realmente começa. Será O Capuchinho Vermelho ou o Lobo?? (é que aquilo antes de ser um pinhal é floresta! - risos - Ou Será que a maça, que apesar de ser mordida de todas as formas possíveis, não mata de todas as formas, já que, no seu interior guarda as sementes fatais ( o puro e potente veneno conhecido por cianeto ) quase se auto-intitulando '' sou maça de um determinado tipo de suicida ''; será ela que estará depois daquela travessia sobre a unha cravada de diamantes e longa de alguma poderosa e hipnotizante fel/beldade que te converterá a um sono em que já não sabes se é a palavra que te seduz ou tu, homem que à palavra se enrosca qual serpente?
ResponderEliminarAmei estas etiquetas. Dizem mais do que as cidades avistadas no céu nocturno.
Bye Jo Pi - risos...
amiga não-sou-eu-é-a-outra,
ResponderEliminarpara prosseguirmos na senda das narrativas tradicionais, invoco aqui uma que me parece encaixar no teu exercício de leitura: hans & gretel (ou, à boa maneira portuguesa, o joão e a guidinha). é que, como eles, também tu agarras em pequenas pedras com as quais urdes um trilho que conjuga todos os passos em direcção a um regresso anunciado. como sabe bem perdermo-nos apenas naquilo que procuramos (e não nos labirintos que nos impõem).
um abraço com frutos-vermelhos (não necessariamente maçãs - ainda que as aprecie e muito).
p.s. já me chamaram muitas coisas, mas nunca jo pi (hehehehe). soa a nome de actor de telenovela para teenagers (que em portugal tem nome de fruto vermelho: morangos com açúcar) :)
abraços renovados!
UM: não morres, mesmo que morras, quando morreres, que seja distante o dia, ficam as tuas palavras, únicas, a tua amizade, o teu caminho;
ResponderEliminarDOIS: não faz mal, escreve na mesma, as palavras são tuas, sempre (quem pode andar aos circulos sou eu);
TRÊS: a larva esconde-se onde tu a deixares, pesticida, ddt, veneno;
QUATRO: não importa os outros verões, porque o verão segue sempre depois da primavera, depois de fevereiro;
CINCO: JOHN CALE??? JOHN CALE??? RAIOS!!!!
RAIOS!!!!
Beijos
Laura
Querido Jorge,
ResponderEliminarAcabei de ser completamente tomada por esse sincronismo encantador de etiquetas, música e imagens maravilhosas!
Na mudez, estou certa de que a minha vira num dia cinza, frio e triste de inverno, eu nem irei notá-la, estarei dormindo e acharei que se trata de um sonho. Também não sei quem faz o que neste livro branco e nem da novela onde se esconde a larva. Mas, sei que o amor é um bom erro ortográfico, é este equívoco que mantém minha pele em chamas!
Beijos e carinhos...
laura, amiga,
ResponderEliminar1- morro, como todos morrem. saiba eu morrer, quando for chegada a hora, mas, sobretudo, que saiba viver até lá.
2- as palavras são minhas... e tuas (quando escrevo contigo :).
3- sabes? agora abro sempre os frutos ao meio (hihihi).
4. o pior é ter de passar pelos invernos para lá chegar...
5- john cale? john cale? olha, estudasses... :)
beijinhos!
Oi Jorge... Amigo Querido!
ResponderEliminarToda vez que venho aqui... deixo um pouco de mim para vc cuidar... fica um pouco do meu coração em suas linhas... versos e etiquetas.
Beijos meus... e meus carinhos tbm!
Tenha uma semana de paz e poesia.
Sil
Com amor
Eis algumas (in)certezas:
ResponderEliminarNão sei as palavras...
Elas, além de me saberem, contam a todo mundo...
"a fruta-por-morder
e a fruta roída
são a mesma história":
o que faz a diferença é a vontade em mordê-las...
Ainda haverá pele após o fogo de tuas palavras?
; )
Beijinho de Luz, poeta sempre alado!
Mesmo sabendo do poder da palavra, pareceu-me que o que escrevesse ficaria, talvez, aquém daquilo que a sua escrita me merece...
ResponderEliminar[Humm... E vamos lá ver se a minha escrita continuará a ser diária, em tempo de aulas...]
Beijos.
querida lívia,
ResponderEliminarvejo-me tentado a concordar contigo: entre mortes e larvas, haja erros ortográficos e conhecimentos de sintaxe da vida para poder ser capaz de os emendar. não segundo as regras convencionadas, mas à luz daquelas que redefinem a gramaticalidade das emoções de cada um.
um beijo!
amiga silene,
ResponderEliminaré sempre como dizes nesta partilha poética; levamos e deixamos ficar.
obrigado pelo carinho!
beijos!
aninha-de-luz,
ResponderEliminarem se tratando de palavras, as certezas são ainda menos que os frutos-por-morder. haja vontade (para as domar e para os saborear).
cristina, como te compreendo... há momentos em que o tempo toma mesmo conta de nós. o segredo? sobreviver-lhe, simplesmente. e há tantos subterfúgios... (desde logo, distinguir bem o que é relevante do acessório).
ResponderEliminarbeijinho!
Registei o segredo!! ;) Obrigada...
ResponderEliminarBeijo.
e olha que funciona :)
ResponderEliminarbeijo!
:))
ResponderEliminarBeijinho.
concordei imediatamente com o fato de que não escrevemos é nada, a caneta que escreve por nós :)
ResponderEliminarbeijos
Difícil escrever um comentário à altura de seu escrito.
ResponderEliminarTenho dito
que vc escreve e encanta.
Boa semana!
Com carinho
Fátima
Bom é morrer de amor.
ResponderEliminarNão sei, se eu quem falo, ou se falam em mim.
ResponderEliminar"(...)
ResponderEliminar- é uma vitória morrer sem aviso. vês? o sorriso dela anuncia sua chegada no paraíso.
- futriquiera do jeito que era, deve ser no inferno.
- nada. o paraído também gosta de amolar a língua.
(...)
diálogo "o que há atrás da porta?"
meu.
bjsmeus, querido.
Instigante este seu espaço.
ResponderEliminarJá add para seguir, se assim permitir.
Boa semana, gostei das imagens escolhidas para ilustrar os posts.
Bjs da lua.
"a caneta que escreve por nós :)"
ResponderEliminarluíza, escreve... quando não seca :)
[a verdadeira escrita é invisível aos olhos]
um abraço!
olá, fátima,
ResponderEliminaré bom ter-te por aqui de novo.
agradeço a simpatia das tuas palavras.
um beijo e uma flor!
"bom é morrer de amor."
ResponderEliminarmelhor, mesmo, é viver de amor :)
um beijo, vanessa!
alícia,
ResponderEliminarhá tanto na voz e no dizer que nos surpreende... e ainda mais no silêncio...
um beijo!
p.s. nunca falamos a uma única voz; a "voz" é dos poucos nomes que, mesmo no singular, tem sentido plural.
fernand's,
ResponderEliminarvitória é morder o fruto e morrer no verão que escorre do seu suco. sem larvas ou urgências... sem invernos ou portas-por-abrir. é que, como bem dizes, o paraíso também gosta (e sabe) amolar a língua :)
beijos!
lua,
ResponderEliminarque este espaço seja teu!
um abraço!
Excelentes poemas. Têm a força de mamutes. Muito bons mesmo, tens um talento admirável.
ResponderEliminar... as palavras... escrevem-te!...:)
ResponderEliminarmas, eu volto, eu volto, passei numa corrida...
deixa só dizer:
[é misteriosa e tentadora essa ponte entre o pinhal e a praia] ou [vice versa]...
beijo, amigo-dos-meus-encantos!
Das indagações frutificam sensações várias. Florescemos ou apodrecemos...
ResponderEliminarUm beijo de luz no seu coração!
Linda semana para você
Uau, Jorge! Perfeitos! Me identifiquei muito.
ResponderEliminarObrigada pela vertigem. Forte abraço.
como primeira impressão fica a força dos versos e o extraordinário da etiqueta. a mudez me acompanha, mas mudez de encanto.
ResponderEliminarum beijo, poesia.
adorei os frutos vermelhos, inevitável sentir-lhes o sabor :-)
ResponderEliminara praia de caminha simplesmente linda!
belíssimas etiquetas amigo
Beijinho
Jorge,
ResponderEliminarsabes que amo imenso tuas etiquetas..
o que dizer da mudez na morte anunciada..
das palavras que escreves e nos penetram como larvas.. e que criam corpos em fogo a degustar como frutas vermelhas..
ao som de Style it takes....
só suspirar e viver..
beijo querido poeta..
Meu melancólico poeta
ResponderEliminarA morte só de duas maneiras...morte matada e morte morrida (conhecias estas expressões)?
Morte matada é assassinado...morte morrida é morte natural...e há ainda a outra morte (mas essa é só um instante) quando se faz amor...por momentos morremos...
Mesmo no inverno...há sempre dias de verão nos dedos e petalas vermelhas ne pele dos amantes.
Deu-me para divagar como é costume...loucura de sonhadora...
Isto tudo para te dizer que este poema deixou-me em êxtase...senti na minha boca o sabor dos frutos vermelhos e o cheiro de uma rosa.
Já podias ter-me mandado calar...beijinhos com carinho.
Sonhadora
Ainda haverá fogo no verão de tua pele?
ResponderEliminarEsse fogo jamais se apaga.
è o fogo da paixão, atiçado pelo desejo, que nos mantem vivas,não importa a estação.
Amei isso...
Bjos achocolatados
priscila,
ResponderEliminarnão me recordo de em momento algum ter encontrado a imagem do mamute em poesia. e como soa bem :)
um beijo!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminarse as palavras nos escrevem, por que razão estamos sempre tão longe de nos tornarmos livro? o livro?...
um beijinho com palavras!
liene,
ResponderEliminaro medo de perceber o estado do fruto nunca deve inibir-nos de prosseguir com aquilo que nos pode tornar maiores: a indagação (sobre nós e os outros).
um beijo!
larinha,
ResponderEliminarsão apenas tatuagens de tinta líquida, estas. desaparecem após a primeira lavagem. já a pele, essa, permanece. sempre.
beijos!
andy,
ResponderEliminara praia de caminha tem, em si mesma, todo o charme das praias do norte: areais imensos, de areia clara, água inquietantemente fria e um céu que esconde mistérios de marinheiros e cantares de amigo que se perderam por entre brumas. falta-lhes apenas os frutos vermelhos. :)
um beijinho, querida amiga!
querida ingrid,
ResponderEliminareis a mudez de uma morte anunciada.
são palavras que nos escrevem e penetram como larvas.. atrás de si, corpos em fogo a degustar frutas vermelhas.
ufa, oque acabas de escrever... :)
beijinho!
querida amiga-do-sonho,
ResponderEliminara morte sempre acende o corpo no final de cada beijo...
um abraço!
sandra,
ResponderEliminarque saudades dos teus beijos achocolatados :); e se for frutos vermelhos cobertos de chocolate, então? irresistível :)
beijos!
anin,
ResponderEliminardesculpa... o teu comentário não tinha vinheta destacada com imagem, pelo que me escapou. não, não se tratou de um acto de mudez voluntária, mas antes de miopia, mesmo :)
um beijinho com um agradecimento especial!
Jorge... Amigo que tanto estimo!
ResponderEliminarSim...! Nossa vida se alimenta do invisível! Assim como o que eu sinto por ti! Um grande amor e afeto por tua alma humana e poética.
Meus beijos... meus carinhos!
Sil
querida silene,
ResponderEliminarsão os blogues espaços de partilha poética e humana. e como é bom cruzarmo-nos com pessoas que sentimos falarem a mesma linguagem que nós: a dos afectos.
um beijinho!
Jorge, vi o desafio que me deixou. Respondi-lhe com umas perguntas... Quando puder, responda-me. Vale?
ResponderEliminarBeijinho.
cristina,
ResponderEliminarandei à procura da tua mensagem-réplica ao meu desafio (em rigor, no d'o despertar), tanto no mail, como no facebook ou mesmo no blogue e... não o encontro :(
onde procurar?
beijinho!
Serão estas incertezas das palavras que nos levam a ter certeza que vai tudo dar ao mesmo...
ResponderEliminarBeijo d'anjo
poeta, frutos vermelhos é uma delícia! não que os outros não sejam, mas as imagens dele são perfeitas.
ResponderEliminarnão sei como seria o verão da pele dela... sei que pele e poesia se casam com perfeição! rs...
beijo!
Tradução de manhãs
ResponderEliminarda magia da lua cheia na pimenteira.
Sir Jorge, o senhor destrói minha cabeleira!
... mas tu és livro, amigo meu!...
ResponderEliminarbeijo.
Impressionante perfeição nesses seus poemas, Jorge.
ResponderEliminarUm beijo pra você.
Jorgito, meu querido,
ResponderEliminarEssas etiquetas aderem facilmente a minha pele e possuem a carne em contaminação, como as larvas que invadem as frutas mordidas ou não, e é na boca que experimenta a mordida que o verão mais queima.
Adoro Lou Reed!
Um beijo enorme
"Serão estas incertezas das palavras que nos levam a ter certeza que vai tudo dar ao mesmo..."
ResponderEliminaramiga-do-sonho,
mesmo sabendo qual o desfecho, saibamos viver a viagem.
um abraço!
loba,
ResponderEliminara poesia nasce na mão e morre na boca; entre o céu e o inferno, todo o tecido da pele.
um abraço, frutos vermelhos e verão, muito verão! :)
carla,
ResponderEliminarsó espero que não destrua a tua cabeleira com traduções; é que, como já diz o outro, traduttore, traditore :) (não tenho a certeza de que o "meu" italiano esteja ao nível do do berlusconi) :)
beijos!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminarse eu sou livro, por que o não sei ler?... :)
beijinho silabado!
dade,
ResponderEliminara gentileza fez morada na tua voz. como sempre.
um beijinho, querida amiga!
amiga e muito querida ira,
ResponderEliminarnem tudo o que adere à pele a merece. oxalá estas etiquetas não tenham perdido a chancela da validade...
beijinho com um contentamento especial por te ver de regresso!
Mudez:
ResponderEliminarescreveu-te supra inteligente... (morro de morte...seca, sombria e sem aviso - aposto que nunca ninguém definiu a morte com tanta realidade e clareza)
Livro em branco:
as palavras escrevem-te e cumplicemente permitem que te compartilhemos e isso é fascinante.
é em quem te sente que te lês. quem te sente é o teu livro...
Novela:
roça pelos lábios a fruta não mordida mas com vontade...
...mordida, gera no casulo do seu ventre a larva donde voarão as borboletas...
Frutos vermelhos:
na pele haverá sempre verão, mesmos em pleno inverno, também os fevereiros podem ser quentes, que a raíz entra pela terra adentro na busca da água que alimenta a sua árvore e os frutos explodem generosos dos seus galhos...
também [repetindo-me] essa ponte é misteriosa e fascinante, tal como o livro que leio de ti.
beijo meu, amigo-dos-meus-encantos!
Jorge,
ResponderEliminarTambém eu tenho a certeza que há rostos que marcam e palavras que fazem sorrir…
Hoje sei que a diferença está no caminho percorrido até à escrita, no sentir de quem sabe semear as palavras, independentemente da forma como possam florescer ou dos frutos que delas possam nascer…
A pele protegerá sempre o fogo que incendeia a alma dos poetas, tal como a casca protege os frutos das árvores que semeamos ou que tentamos (re)erguer… sempre desejando que o seu verde seja mais verde que o anterior, sempre desejando que os frutos de hoje sejam mais doces e suculentos que os de outrora…
Uma deliciosa escolha musical!
Beijinho!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminarestremeço como a ponte que assenta as pernas em terreno movediço. areia, terra, mar, sonho, todas as matérias de insubordinação estrutural nos reconstroem a cada passo. e a novela da existência escreve-se com a mudez que cresce do lado de lá da fronteira, quantas vezes erva-daninha, cardo e espinho já sem memória do botão que quis ser rosa. e as janelas fecham-se com estrépito sobre as madrugadas do amanhã, como os frutos vermelhos quando são esquecidos pelos homens na árvore para serem, depois, espremidos pelo inverno que os visita. sós. indefesos. abandonados. e o livro prmanece em branco. ilegível. imperfeito. por escrever...
um beijinho com ternura!
"Hoje sei que a diferença está no caminho percorrido até à escrita, no sentir de quem sabe semear as palavras, independentemente da forma como possam florescer ou dos frutos que delas possam nascer…"
ResponderEliminaramiga em tons de azul,
também eu levei tempo a perceber o que acabas de enunciar. mas, numa espécie de manual de bem escrever, sinto-o como mandamento primeiro à luz dos qual todos os outros se fazem lei.
beijinho!
p.s. morrissey é do outro mundo. já o era com the smiths; é-o enquanto ele-próprio. daqueles que nunca sabemos quando deixarão de nos surpreender, por mais anos que façam música.
“ tenho uma certeza:
ResponderEliminarnão sei quem escreve o quê
[só não sei onde se esconde a larva]
ainda haverá fogo
no verão da tua pele?”
...
cris,
ResponderEliminartu e o bailado das palavras, sinergia que a todos contagia.
um beijinho sabendo que o fogo há-de ser sempre a morada natural da pele.