Não tinha sequer vinte anos quando assisti pela primeira vez a um concerto de Mão Morta, ao vivo. Recordo poucas coisas com nitidez e do flash difuso ocorrem-me imagens anónimas de um pavilhão em total desconcerto e caos.
Essa sempre foi, de resto, a imagem que Adolfo Luxúria Canibal passou. O retrato do ser fracturante, a roçar o anarquismo que, muito por força de uma personalidade com contornos definidos e de uma inteligência acima de média, surgia espontaneamente, sem qualquer tipo de artificialismo cultivado.
Hoje, com Adolfo já nos 50 anos, vê-lo a actuar é uma experiência totalmente diferente. O charme e o carisma estão lá, ainda que mais domados (até pela já proeminente barriga); os incitamentos rebeldes são velados e mais encenados do que genuínos; nas cadeiras, o cabedal negro cedeu lugar à miscigenação que caracteriza as tendências actuais, onde cetins se misturam com algodões de cores diversas. A música? ainda rock cru e duro, mas aqui e acolá pontuado por pormenores pop e até electrónicos. De inalterado, apenas as letras, onde os complexos humanos e as suas forças vitais (sexo e morte) determinam a linha maior (presentemente, muito marcadas pelas reflexões de J. G. Ballard).
O último álbum, “Pesadelo em Peluche”, tem sido aclamado pela crítica. Foi isso, para lá dos seus 25 anos de carreira, que fizeram regressar os Mão Morta ao palco da sua/minha cidade: o emblemático Theatro Circo. A noite escondeu-se por detrás da voz sussurrada do Canibal, durante quase duas inesquecíveis (nostálgicas, também) horas.
Mão Morta, Novelos de Paixão
sons claustrofóbicos, não conhecia a banda até então, vou ouvir mais coisas,
ResponderEliminarabração
sabes, assis,
ResponderEliminarmão morta é uma banda que começou por ser alternativa e meio underground. aos poucos foi conquistando o seu espaço e, hoje, sem surpresa, é das que exibem maior longevidade e genuinidade no seu trabalho. isso deve-se, em muito, à inteligência e ao carisma do adolfo luxúria canibal, vocalista, pessoa no mínimo curiosa. sabes que é advogado, escritor, poeta, investigador universitário, actor... para além de músico?
um abraço!
Gostei Jorge.
ResponderEliminarExistem tantas possibilidades que desconhecemos.
A vida torna-se pequena.
beijo.
Jorge,
ResponderEliminarCoincidências ou não, mas hoje tenho sido brindada com música cujo ritmo é no mínimo tentador! Momentos em que é mesmo para esquecer um pouco alguma melancolia e tomar essa energia musical!
É alimento para o corpo e... apetece-me dizer "o rock dá-te asas!!!" :)))
Fascinante o que a música nos oferece e, claro, bela escolha que passa sempre pelas tuas mãos!
Beijinho
ingrid,
ResponderEliminaré justamente por essa razão que temos de manter sempre o espírito aberto face ao novo e ao desconhecido, verdade?
mão morta é aquilo que, entre teenagers, cá em portugal, se designa de "uma pica" :)
um beijinho!
o difícil foi aguentar todo o concerto sentado, em cadeiras de veludo, apenas agitando as cabeças e entoando as melodias conhecidas :) (na verdade, houve uma meia dúzia de aventureiros que se levantou nas cadeiras para dançar). acredita que é difícil, muito difícil, mesmo :)
ResponderEliminarum beijinho, jb!
Olá Jorge!
ResponderEliminarNunca tinha ouvido!
Como é boa as músicas!
Autenticas !!
Vou passar a ouvir rs
Gostei da postagem, música boa nunca é demais ao meus ouvidos...^^
Beijos na Alma
Ps: Dediquei seu blog no Selo de Blog Especial.
ResponderEliminarBoa noite.
querida lili,
ResponderEliminareu gosto muito de mão morta, ainda que reconheça que têm um estilo musical demasiado próprio para ser imediato - o que até pode ser uma vantagem em arte, verdade?
agradeço-te a amabilidade do selinho. vou a correr para lá :)
um beijo e um abraço!
Passei aqui!
ResponderEliminarBeijo!
Laura
e como cabias neste concerto, laurita.
ResponderEliminarum abraço!
É um prazer ler-te. Sinto essa sonoridade nas tuas palavras. Não sei se de propósito ou se são as tuas veias já baptizadas há séculos que se habituaram a filtrar a densidade - há quem dispa corpos, e há quem dispa e lamina as palavras - ... ou apenas um fantasma na minha cabeça que assim te lê em melodia!!
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