quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
tessitura de inverno
duyn huyn, dreaming under the moth moon
não haverá uma só coisa
que cante em voz alta
nem uma só
em que acredite o olhar.
tanto perdi
que os bolsos vazios
são agora bússola e estrada.
cabe-lhes o tempo
e o seu rolo de argila sonora;
sobra-lhes o poema
onde só a decepção
inaugura as ramagens
de um inverno de nuvens claras.
david bowie, i'm deranged
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Olá, Poeta querido!
ResponderEliminarBela viagem, como sempre! :)
Os caminhos pelos quais vc nos conduz, por meio dos seus versos, são miragens milagrosas aos meus olhos (um bálsamo para a alma cansada desse dia a dia frustrante!).
Obrigada por dividir estas maravilhas... rs
Beijos :)
Jorge,
ResponderEliminarQue “sintonia poética” tão agradável! :)
No teu “inverno de nuvens claras” avistam-se as borboletas silenciosas, os rostos que a voz não canta e que o olhar não decifra… os vazios soprados são serenamente silvados pelo tempo onde só o poema coabita na estrada sonhada …
É quando perdemos, que muitas vezes encontramos o que queremos... Mas porque perdemos as asas quando o sonho encontra a realidade da estrada?
Sejamos poema, pois então! Uma doce coincidência que se une nos versos traçados pelo acreditar do olhar!
Beijo
Acho que ficamos mesmo plenos de tudo que se esvai com o tempo... belíssimos versos!
ResponderEliminarMe lembrei do poema "Canção do vento e da minha vida", do Bandeira.
Ainda bem que sobrou os poemas, por desilusão com tantas coisas, me afoguei nele!
ResponderEliminaramiga dos silêncios,
ResponderEliminarquantas vezes não são os versos os suspiros que se desprendem dos gemidos quotidianos? despem a correria e a vertigem restaurando a delicadeza. é esse o segredo último da poesia.
um abraço!
jb,
ResponderEliminarconfesso que fiquei surpreendido com a coincidência, mas a verdade é que a beleza e a sensibilidade não são exclusivos de ninguém, verdade? e a arte de huynh é, com efeito, arrebatadora.
para lá dessa coincidência, cruzamos os textos e percebemos como as mesmas borboletas podem seguir atalhos diferentes, algures entre o sonho interior e a realidade cumprida.
um beijinho, poeta albicastrense!
ana,
ResponderEliminaro simples facto de uns versos meus te terem recordado do grande bandeira é motivo de rubor para mim.
grato pela visita e pelas palavras.
um beijinho!
michelle,
ResponderEliminarsobram os poemas, os versos, os ramos frágeis, a folhas caídas, o húmus da terra. é sempre assim, nesta tessitura de inverno.
um beijinho!
Sabe Jorge, toda vez que venho aqui, além de ficar impressionada com tua facilidade em escrever e descrever momentos da vida de qualquer pessoa, tu fazes isso de linda.
ResponderEliminarJá perdi também tanta certeza dentro dos meus bolsos, e com meus erros aprendi por onde nunca mais devo andar, isso me serviu de bússola...
Feliz de mais com tua presença,abraços.
O poema é capaz de recolher na estrada de nuvens para encher os bolsos vazios. Ele é guia de quem já viu de tudo, ouviu milhares de canções, e não se cansa de perscrutar.
ResponderEliminarJorge, tão tocante isso que escreveste, meu amigo. E maravilhosa escolha de canção.
Beijo.
O que me fica é sempre o poema e nele eu penso que há duas instâncias: o que é ausente ao se perder e o que se ausenta pelo trânsito natural das coisas que se movem.
ResponderEliminarO primeiro, num inverno polar poderá estar sempre presente...O segundo poderá ser cíclico como as invernias que vem e vão.
Viagens de luz e sombras são assim.
Este é um desses poemas com selo de qualidade.
beijos
janaina,
ResponderEliminarsaber escrever é, antes de mais, saber ler, verdade? ler com os olhos do rosto, mas, sobretudo, com os do peito. mesmo sabendo que há tanto que lhes/nos escapa... mesmo sabendo que há tanto que dilacera...
um beijinho!
larinha,
ResponderEliminarenchamos, pois, os bolsos, mesmo que "de nada ou de coisa nenhuma" :)
um abraço, querida amiga!
p.s. bowie é daqueles monstros que vivem para surpreender.
querida mai,
ResponderEliminarquando penso num mundo matizado, em que já nada é dual, eis que não apenas elejo as luzes e as sombras como mote do meu blogue, mas que também escrevo sobre a noite deposta em mãos de mármore. talvez não saiba, ainda, distinguir o inverno polar da invernia cíclica...
um beijinho com ternura imensa!
Jorge alado...
ResponderEliminarNão se guarda tesouros nos bolsos... Os verdadeiros tesouros não são guardados...nem se perdem... são compartilhados... É quando nossa riqueza se multiplica...
Se a poesia é um tesouro, bolso de poeta tem que estar sempre vazio...
p.s: Teus sorrisos deixados no Luz são sempre recebidos com imensa satisfação...
Beijo iluminado!
No vazio dos bolsos todo um universo de possibilidades em aberto.
ResponderEliminar"sobra-lhes o poema
onde só a decepção
inaugura as ramagens
de um inverno de nuvens claras".
Tão bonito!
P.S. É Madredeus, sim. "Os moinhos"
http://www.youtube.com/watch?v=qZtibCWYD3Q&feature=player_embedded#!
Um beijo
amiga ana-de-luz,
ResponderEliminaros meus bolsos foram fundos e largos; cabia lá um pouco de tudo. até ao dia em que se esvaziaram (nem o cotão lá quis permanecer :)).
a poesia, doce amiga? essa nunca a depus nos bolsos, mas nas mãos. nas tuas, por exemplo.
um beijinho!
absolutamente verdade o que dizes, lídia: quanto mais vazios os espaços, mais possibilidades oferecem. saibamos aproveitá-las e guardar apenas o que valha a pena.
ResponderEliminarum beijinho!
p.s. bem me parecia que soava a madredeus :)
Boa noite meu amigo!
ResponderEliminarNada há nada melhor do que uma estrada para esvaziar o que esta ausente...
Beijos na Alma
Ps: Parabéns, suas palavras são conjuntos de sons em minha mente.
Menino, ando sumida, sim...Às vezes acontece, não sei estar em muitos lugares ao mesmo tempo e tenho precisado estar por aí. Mas devo contar que agora, quando me solicitam citar meus poetas preferidos, entre alguns que já amo há tanto tempo, acrescento novos nomes, e estão lá Jorge Pimenta, Marcantonio...vocês que mudam minha direção quando os leio. E me perguntam dos livros. Espero poder indicá-los sem muita demora...rs
ResponderEliminarTessitura de inverno é...maravilhoso!
Beijos,
tanto perdi
ResponderEliminarque os bolsos vazios
são agora bússola e estrada.
lindo...
a decepção é um fardo, porque muitas vezes carregamos essa dor, enterramos dentro de nós, e fica dificil e pesado.
beijo!
O inverno, por si só, já é melancólico e no caminhar do tempo, não há como fugir desse enfrentamento.
ResponderEliminarOs bolsos escassos criam espaços, a serem preenchidos por escolhas, todos os caminhos cabem neles. Resta a poesia, Jorgito querido, essa não abandona tuas mãos.
Bjs grandes
Olá amigo Jorge Pimenta!
ResponderEliminarEsperamos, porque a fé nos move, por um Universo de nuvens claras.
Um grande abraço e uma boa semana
Jorge,
ResponderEliminarnas ramagens do inverno sempre teremos a sonoridade da poesia..
e a beleza dos teus versos!
Beijo.
lili,
ResponderEliminaré justamente isso: a estrada e a capacidade de caminhar. nos bolsos? quase nada - apenas o pós das estrelas e a poesia.
um beijinho!
taninha,
ResponderEliminare como é bom sentir-te presente. o modo como agarras a escrita e a vives é especial, sei-o bem. e é essa dialética que dá sentido à poesia da vida e vida à poesia.
um beijinho amigo!
so sad,
ResponderEliminartalvez por isso rererereleio "o velho e o mar", de hemingway. há poucos relatos capazes de me injectarem maior confiança e optimismo do que esta obra-prima da literatura universal.
um abraço!
querida ira,
ResponderEliminar"todos os caminhos cabem nos bolsos". às vezes pergunto-me se a questão se põe no tamanho das algibeiras, se na forma da mão que as preenche...
um beijinho, poeta-amiga!
amigo josé,
ResponderEliminare que maldito tem sido este inverno, onde as nuvens povoam sonhos e decepções. ainda para mais cinzentas... para quando o calor do estio?
um abraço, amigo!
p.s. este nosso benfica tem ajudado à invernia, verdade? :)
amiga ingrid,
ResponderEliminarsó no dorso das árvores saberemos cavalgar as partículas de pó que se desprendem do infinito.
um beijinho!
por vezes precisamos de perder a visão para (re)começar a ver as coisas.
ResponderEliminarvolto a recomendar o filme Ensaio sobre a cegueira!
Ah, excelente escolha, não sei porquê mas ando um bocado afastada de Bowie, tenho que recomeçar a ouvir.
Ah, também ando um pouco afastada de Lynch, raios!
Beijos
Laura
de vazios é feita a estrada e o inverno faz estação em nossos passos,
ResponderEliminarabração
Jorge,
ResponderEliminareu também não sei... Porque quando sinto o frio é deste frio que padeço. A teoria congela quando o inverno é plural.
Mas ele existe e dói nos ossos.
beijos, amigo
É bom quando navegamos nos blogues e enchemos os bolsos de poemas maravilhosos como este.
ResponderEliminarAchei engraçada a coincidência da imagen com a JB. Verdadeira sintonia poética, palavras e imagens entrelaçadas em puro êxtase.
Beijinho*
Fanny
amiga laura,
ResponderEliminartalvez vá mesmo mais longe: o essencial está vedado ao olhar.
ainda não vi o ensaio... está na lista dos afazeres para breve :)
um abraço, querida amiga!
p.s. bowie é como aqueles brinquedos de infância que não usamos mais, mas dos quais não nos desfazemos nunca. além do mais, é sempre tão bom regressar ao sótão e poder revivê-los como outrora. não só não morrem com o tempo como domam o tempo.
amigo assis,
ResponderEliminaro bom, mesmo, é saber que ainda há estrada, bolsos (mesmo que vazios), um assobio nos lábios e pernas com força para rasgar.
um abraço com todos os músculos!
oh, maldita pluralidade... nem o inverno sabe ser singular... e quando chega, até os ossos tiritam em coro, como se nada existisse sem relação com o outro. será que a solidão nos pré-existe?
ResponderEliminarum beijinho, querida mai!
fanny,
ResponderEliminarfiz notar justamente isso à jb; coincidência feliz. de resto, até nas mensagens havia não exactamenbte paralelismo, mas uma certa aproximação.
feliz por isso e ainda mais por te saber por aqui.
um beijo!
será que a solidão nos pré-existe?
ResponderEliminartambém não saberia responder porque igualmente esta é uma de minhas perguntas...
Mas neste diálogo inspirado pela invernia que o poema faz sentir e pensar, diria que:
assim como no vazio, no inverno e seu frio há frios maiores e menores, estejamos agasalhados ou não,
mas há o desamparo, que mesmo sendo fundante e embrionário, também é um inverno que pode ser mais brando ou rigoroso, estejamos acompanhados, amparados ou não.
sendo assim somos sós? estamos sós?
Voltamos à questão plural e subjetiva se o frio, o vazio e o inverno do poema independe do outro, será que a solidão nos pré-existe?
Jorge,
Seguir numa estrada de carona contigo é muito bom e fértil. Tu e tua poesia deram-me asas e para mim, voar é fácil.
beijos e obrigada pela troca
Inverno é uma estação que inverte paradoxalmente o meu modo de ser: me aquieta.
ResponderEliminarPerco um pouco de mim e me refaço novamente na primavera, com as novas cores, brisas e flores. Ainda, que a passagem seja triste, é também bela. Já o verão... é todo vapor!
Um beijo!
amiga mai,
ResponderEliminara chave reside na meteorologia... do ser :)
sobre asas e voos; haverá quem as tenha com maior envergadura que tu? saber voar é o seu nome próprio.
um abraço, desde a estrada!
lívia,
ResponderEliminaro inverno deita-se sob a pele e instala-se nos ossos, minando a energia sanguínea que faz bulir ou deter. para quando o sol dos dias?
um abraço!
o vazio é pleno de gelo, em qualquer estação.
ResponderEliminartu és um poeta maiúsculo!
beijo, meu parceiro precioso.
woman esteve no post que fiz no aniversario dele em outubro.
ResponderEliminarpor isso nao entrou desta vez.
beijo!
Meu Deus...
ResponderEliminarUm encanto, Jorge querido!
Um encanto...
Grande abraço, amigo!
voltei aqui para reler este teu poema a tua escrita é um brinquedo, que não nos apetece largar, nunca
ResponderEliminaré como a minha boneca de infância que tenho no meu escritório, o meu brinquedo envelheceu, a tua escrita está a crescer de uma forma imensurável!
Beijo
Laura
Jorge,
ResponderEliminardeixa-me dizer em uníssono,
"não haverá uma só coisa
que cante em voz alta
nem uma só
em que acredite o olhar"
belíssimo e intenso ao som da voz que nos ofereces, obg amigo!
Beijinho
p.s. a pintura, ah a pintura... um dia gostava de a levar para o meu canto
querida amiga e parceira cris,
ResponderEliminarsempre gostei do frio, desse que se encosta ao corpo e, sem pedir licença, nos deita a mão à roupa, colando-se-nos à pele, como se aquela sempre tivesse sido a sua morada.
o pior é o frio que não se acoita no corpo, mas que doma, avassala e, aos poucos, come a dentadas vorazes, satisfazendo desejos e caprichos seus que não conhecem a pluralidade da existência. não há estação que o aceite como seu filho...
um abraço cris.tal.in(d)o!
bem me parecia. woman é um imprescindível, verdade?
ResponderEliminarum beijinho, so sad!
zelita,
ResponderEliminarencantadora é a doçura da tua presença e a simpatia incomensurável (sempre) das tuas palavras.
um beijinho com carinho e admiração extremos!
laurita,
ResponderEliminara escrita é como nós: ora cresce, ora se esconde na travessura da meninice. ganha rugas, torna-se madura, às vezes envelhece, para, no instante seguinte, não resistir aos encantos de um brinquedo ou do baloiço de um parque infantil. tirando um grupo restrito de predestinados, não acredito em escrita maior ou escrita menor. há apenas estados de espírito que a/nos guiam.
um abraço!
amiga andy,
ResponderEliminarhá coisas que, por mais que julguemos que se afastam de nós, por mais que pensemos que se esquecem de nós, vivem em nós. quem escreveu jamais deixará de o fazer; quem pintou há-de pintar sempre! crê-me!
um beijinho!
Quanto há nesses bolsos!!!! Belíssimo poema, querido amigo! Muitos beijos!
ResponderEliminarBolsos vazios como bússola e estrada... Pensando aqui.
ResponderEliminarjá nem eu sei o que há ou quanto há nestes bolsos, querida daniela...
ResponderEliminarum beijinho com amizade!
não é isso que tantas vezes sucede, querida vanessa? deitar fora das algibeiras o lastro do dispensável, do não essencial para seguir caminho. (a dificuldade está mesmo na definição do que seja essencial ou do que, mesmo sabendo no momento o que seja, se o será sempre, enquanto conceito imutável e perene... tenho dúvidas... muitas dúvidas, mesmo).
ResponderEliminarum beijo grande!
Me deixei levar em lânguida consciência pela viagem melancólica e triste desse poema que fala em decepção e desesperança Entretanto, a imagem escolhida com esmerada sensibilidade, lança borboletas ao invés de fumaça...
ResponderEliminarLindo... envolvente... melancólico... coube exatamente em meu coração, acariciou minha alma bipolar.
Esse eu vou publicar no meu blog branco se vc o permitir. Quem dera eu o tivesse escrito... rs...
Beijokas, carinho, e desejo uma semana cheia de alegria, paz e poesia.
"...os bolsos vazios
são agora bússola e estrada."
Bravo!!!!
não leves os bolsos vazios, querida luz nova; leva o poema contigo.
ResponderEliminarum beijinho!
Bowie!
ResponderEliminarA matéria dos melhores poema é a decepção.
oh, se é, andressa :)
ResponderEliminarbeijos!