robert frank, new mexico, 1955
I. arbítrio
é a pulsação da terra
deitada sobre a pedra cinzenta
agitando a desilusão.
o amor assim se ganha e assim se perde:
na punção das cordas por atar
e no olhar de aves que perderam o voo.
que mais recear?
II. urgência
vou ligeiro
em pezinhos de céu
e por chão de estrelas
[não vão os derradeiros sonhos
esconder-se assim
não vás tu
escarnecer de mim]
III. adversativa
mas
que corrente de pedra
é essa que te navega o sangue
agitando as veias
em sístoles e diástoles
de hesitação feminina?
IV. os degraus da voz
cobre-me com o lençol de rosas
atira-me à terra que alumia.
jim morrison, a feast of friends
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
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mas
ResponderEliminarque corrente de pedra
é essa que te navega o sangue
agitando as veias
em sístoles e diástoles
de hesitação feminina?
Querido amigo poeta, amei a "hesitação feminina" assim descrita, nessa imagem. Teus versos são provocativos, contudo. Que vozes femininas respondam em versos... Do Arbítrio ao Degraus da voz...amei os poemas!
Beijos,
Sonhos não se escondem, estão ali para nos lembrar da impossibilidade.
ResponderEliminarOutra adversativa
ResponderEliminarHá dias em que a alma fica indolente...
sai ao convívio, mas fica à sombra...
chega à mesa,mas não quer alimento...
Eis o estado em que me encontro...
Li teus versos... Só li...
Deixo-te um beijo...
Poeta querido, eu adoro as suas etiquetas! :)
ResponderEliminarVc sempre me surpreende com elas... adorei, em especial, a número III.
Beijinhos de luz! :)
Jorge,
ResponderEliminarque mais sentir em tuas etiquetas ,as quais já faziam falta?
São pulsações sem receios,
urgencias de estrelas,
hesitações em correntes de ir e vir,
a cobrir-te com rosas sobre a terra..
Sempre tuas palavras!
beijo.
da mais profunda hesitação feminina se faz a mais sentida poesia, querida tânia.
ResponderEliminarum beijinho!
"Sonhos não se escondem, estão ali para nos lembrar da impossibilidade.
ResponderEliminar"vanessa,
só aprenderemos a tua máxima verdade no dia em que nos realizarmos no sonho e não so seu porvir, verdade?
beijinho!
aninha-de-luz,
ResponderEliminartodo o coração é adversativo. e porquê? porque receia as disjuntivas e ainda mais as as causais/consecutivas. ah, maldita gramática do ser.
um beijinho sem sintaxe!
amiga dos silêncios,
ResponderEliminaragradeço a simpatia das palavras não silenciadas.
um beijinho sem hesitação masculina :)
ingrid,
ResponderEliminare as tuas palavras, então?
haverá felicidade poética maior que os versos que entumecem e rebentam em novos botões de poesia?
um beijinho floral!
Quando o sentimento aflora batemos asas rumo a horizontes sonhados, temos em nosso código genético, a essência do que é amor.
ResponderEliminarE quando isso nos acontece, movemos o mundo mas estamos a procura de realizações, mesmo que hajam pedras em nosso caminho.
Jorgito, meu poeta tão querido,
ResponderEliminarA mulher é selvagem e seu sangue primitivo, o que a faz revolver terras. Com quantas pedras se da a hesitação feminina? Digo que se constrói com pedras uma cidadela.
Bjs, esses sem hesitações!
janaina,
ResponderEliminaras pedras, os sentimentos genéricos, o amor... são eles mesmos o caminho.
um beijo com carinho!
querida ira,
ResponderEliminarufa, que retrato o teu! a mulher selvagem, indomada, com sangue vivo e em permanente turbilhão encimando as ameias da cidadela das hesitações é apenas a face do que se esconde por detrás de uma pele de fragilidade e sensibilidade que rapidamente se desprende do corpo diante dos primeiros pingos da chuva das contrariedades. onde começa o anjo e o mafarrico? onde se esconde o céu e o inferno? que ponte para o infinito nos segura os pés, a de aço ou a de madeira? é também isso que a torna irresistível...
p.s. ler-te activou as imagens mentais das amazonas :)
um beijinho, poeta indomada!
Muito bom, Jorge. Aliás, como todas as suas etiquetas iluminadas pela capacidade de dizer muito, e com polivalente sentido, à partir de sucinta forma. Curiosamente, parece que os títulos alinhados já formam outro poema:
ResponderEliminarArbítrio:
urgência adversativa.
Os degraus da voz.
Grande abraço!
Que coraçao este cansado... precisa deitar sobre as rosas..
ResponderEliminarbjs
Insana
marcantónio,
ResponderEliminarmaior luz que a destas etiquetas é a das tuas leituras que sempre as redimensionam para lá do dizer. este rearranjo dos títulos apontando a cascatas verbais que parecem, apenas, estrepitar em silêncios de pedra árida fez mossa por aqui.
um grande abraço, caro amigo!
insana, haverá coração que o não deseje?...
ResponderEliminarum abraço!
arbítrio livre - pássaro sem asa - nos pés descalços e ligeiros sobre nuvens, pulsando na inexatidão dos sentires, até alcançar o último grau da voz: luz,
ResponderEliminarabração poeta
Tão delicado e visceral ao mesmo tempo. Sabes afagar e arranhar com sua poesia, isso é maravilhoso, mexe conosco!
ResponderEliminarBeijo.
Jorge, querido! Os "pezinhos de céu" criaram uma imagem tão linda na minha mente! É imensa a tua delicadeza! Bjinhos
ResponderEliminarTu sabes que eu já usei esta foto???
ResponderEliminarQue dizer desta tua última etiqueta??? Lindíssima, perfeita!
Beijo
Laura!
P.S.: Não te esqueças de acreditar!!Nunca!
Olá Jorge,
ResponderEliminarlinda esta imagem de estrada
o asfalto - me fez lembrar que não há muito tempo asfaltaram a cidade no interior aqui de Minas onde morei/cresci por alguns anos,dizem que é a modernidade, ai ai ai
O 'arbítrio'
imaginei a pedra cinzenta, o asfalto, a terra primeiro, sob, daí você a coloca sobre, agitando a desilusão a que se chega no concreto, que ilusoriamente é o benefício do moderno.
"corrente de pedra
que te navega o sangue"
pesado(ou de muita massa ou denso até parar), e foi tanto que a força da gravidade não dá outra, todo o corpo vai ao encontro do chão da terra
Tenho este disco gravado numa K7, ouço bastante,
ótima escolha
abração prati Jorge
é a incessante inconstância feminina... somos!
ResponderEliminarrsrs
bjs meus
E pq não sonhar com aquela que te arrebatará e te jogará no imenso mar coberto de espumas delicadas e ouriços perigosos.
ResponderEliminarAs letras passeiam pelo seu blog, parabéns .
Bjs meus !
Meu querido Jorge
ResponderEliminarAqui nos deixaste quatro pérolas incrustadas em ouro...
Lindo demais!
Abraço bem apertado!
hoje você se superou, Doors e poesia visceral!
ResponderEliminardemais!
beijo
EI...
ResponderEliminarSEÔ PIMENTA
QUEIRA ME SENSORIAR NO carladiacov@gmail.com
queria bastante entender umas conchas que tu fala de mim!
beijos, atemporais.
uma mais bela que a outra, mas adversativa mexeu comigo de um jeito peculiar...
ResponderEliminarsua poesia é faca e flor!
mil beijos cristais.
"Que mais recear?"
ResponderEliminarAi, Jorginho... O que fazer com quem usa o livre-"arbítrio" para conhecer a pulsação da terra pelo lado de dentro? Que fazer com quem não se contém na pulsão de sempre atar e que sempre arrisca ter no olho essa perda do voo?
Saudade grande, querido!!!
Volto mais tarde porque a leitura da primeira etiqueta foi desterritorializante.
Beijos e cheiros
Habitualmente quando visito um(a) Amigo(a) bloguista, é para ler e comentar com o meu sentir, penetrando pelas palavras escritas, o sentir de quem as escreveu.
ResponderEliminarNa coincidência de Amigos em comum, não nego que ao ler alguns comentários teus, também, algumas visitas já fiz a este teu espaço onde me deparo com outro "Amigo/a" em comum... o prazer da Escrita. Desta vez, faço-me convidado, visito-te, e deixo as minhas palavras de agradecimento pela divulgação que fazes do uso das palavras, na sua soberba, conjugação, enaltecendo a Beleza da Escrita "colorida" de Poesia.
Até, deixando
Um Abraço
Ótimo espaço poético! Lembrei um pouco de um outro blog que aprecio, ESCREVER COM LUZ, em que as imagens em preto e branco encantam. Deixo abraços alados!
ResponderEliminarMeu querido Poeta
ResponderEliminarA vida...os sonhos...um nó que não desatamos, um lençol de rosas que não saboreamos...na impossibilidade de ter.
Como sempre súblime...amo ler-te.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Grata surpresa!
ResponderEliminarmeus queridos amigos, por razões de ordem profissional, vi-me forçado a permanecer algo afastado da interacção convosco, quer aqui, quer nos meus blogues amigos. ainda não estou totalmente liberto desta nuvem de carbono que deve intoxicar-me até meio da próxima semana, sensivelmente. a todos agradeço as palavras amigas que dão sentido a este espaço.
ResponderEliminarum abraço a todos!
Li teus versos e reeconheci neles a força e a leveza de tua alma de poeta, a adversativa e volátil sensibilidade feminina, o olhar da desilusão, o sonhar amoroso, a terra pulsante que alumia...
ResponderEliminarTuas palavras me levam sempre ao encontro de mim mesma, aos vãos (da minha sensibilidade) nem sequer supeitados.
Beijokas e minha admiração.
lua nova,
ResponderEliminarquisera eu que as palavras fossem a estrela-guia que conduz à via-láctea perseguida. na sua fragilidade, agarro-me aos sons de ilusão que dela escorrem a cada verso cantado.
um beijo de gratidão!
jorgíssimooooooooooooooooooooooooo!
ResponderEliminarandei escrevendo aqui, mas não sei o porquê, o guga anda sequestrando meus comentátios...
já falei com sócrates, com cavaco...
mandei desenterrar zeca afonso.
agora, vai!
ei, amigo meu,
ResponderEliminarnem de propósito. há dias, uma amiga que acompanha esta nossa tertúlia inter-bloguica perguntava-me por ti, que andavas meio desaparecido. e mal sabia eu que o sócrates e o cavaco tinham que ver com tudo isso... ai, este sistema de inteligência secreto que por aqui anda... desta foi mesmo de vez. :)
um abração, amigo roberto!
p.s. melhor que pelo SIS do que por estares a carpir o quase quase do teu cruzeiraço, hein? :) mas, melhor ainda, seria por estares a desfrutar desse teu verão - que por cá é apenas palavra de sentido nulo (irra, com temperaturas destas, já só falta nevar, hehe).
Guardou?
ResponderEliminarE o que farás com isso? :)
Beijinho.
sei lá!? simplesmente guardei. quem sabe ainda venha a ser útil num qualquer dia em que dessa verdade me esqueça. :)
ResponderEliminarbeijinho!
Jorgito, meu doce amigo,
ResponderEliminarTua medida (2x3) deve ser mais justa que a minha (2x1). Sou só uma alma exagerada e prolixa, por isso excedo, que por vzs nem do conta de mim.
Só mais um motivo pra vir e te desejar uma linda semana.
Bjssssssssss sem medidas
oh, ira querida,
ResponderEliminarmesmo que acreditasse em realidades mensuráveis (e crê-me que não propriamente), teria sempre de dar o desconto para a mão que segura a régua :)
um beijinho e uma óptima semana para ti, também!
Tivesse eu, Jorginho, uma célula que fosse de Kerouac nas veias percorreria minha "urgência" a 300km/h, fosse uma road, um mar ou um chão de estrelas...
ResponderEliminarP.S.: "[não vão os derradeiros sonhos
esconder-se assim
não vás tu
escarnecer de mim]"
Mais beijinhos...
oh, vertigem
ResponderEliminarena, máquina,
eia roldana e engrenagem,
rasgai, rompei, triturai
que o tecido humano faz-se de feridas
e não da perfeição nívea do mármore.
beijinho, pólen querida!
Meu amigo poeta, mais que querido, vim te desejar um Natal cheio de luz. Que vc passe muito bem, ao lado daqueles que ama e com muita paz e alegria no coração. :)
ResponderEliminarGrande abraço!
Que estejamos acorrentados a pedras de conhecimento, e que os olhos dos passarinhos nos emprestem a luz, que existe apenas nos seres alados.
ResponderEliminarJorge tua poesia me inspira, linda tua forma de poetar.
Que sejam étimos teus festejos de fim de ano.
amiga dos silêncios e minha amiga,
ResponderEliminardesejo-te, igualmente, uma quadra natalícia que conserve o fogo dos momentos bem acima da eternidade.
um beijo e muita poesia!
querida janaina,
ResponderEliminareu já me sinto mais que acorrentado à voz de cotovias que pousam nesta e noutras árvores de sensibilidade maior. como tu.
obrigado pelo carinho das tuas palavras.
um beijinho com o calor das boas festas nos lábios!
Em urgências opostas, livre sensação: bons tempos foram estes de ontem que não voltarão mais daqui a alguns anos. Sorte tenho eu que posso te acompanhar de trás pra frente - um deleite!
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