no sopé da colina, detalhe (a acrópole ao fundo)
o arco da poesia é incerto
não o nego
algures entre a flecha e os signos.
assim é a vida:
contamina a presença com a ausência
inaugurando o vazio verbal.
no novo tempo da página
caem deuses e templos
de uma antiguidade recente:
da ágora ao partenon
lábios de mel escorrem
sobre os beijos da memória
enquanto chronos cobre fendas
na nascente que se fez pedra.
a hora é frágil
sob a respiração da lua branca.
no altar dos ventos
ofereço o corpo ao olvido
[o absoluto sempre foi o bilhete
asfixiando na garrafa do náufrago].
talvez um dia receba a imagem inteira
de um olimpo-por-descobrir.
atenas, 23 de novembro de 2010
mediterrâneo, ost, 1992
não o nego
algures entre a flecha e os signos.
assim é a vida:
contamina a presença com a ausência
inaugurando o vazio verbal.
no novo tempo da página
caem deuses e templos
de uma antiguidade recente:
da ágora ao partenon
lábios de mel escorrem
sobre os beijos da memória
enquanto chronos cobre fendas
na nascente que se fez pedra.
a hora é frágil
sob a respiração da lua branca.
no altar dos ventos
ofereço o corpo ao olvido
[o absoluto sempre foi o bilhete
asfixiando na garrafa do náufrago].
talvez um dia receba a imagem inteira
de um olimpo-por-descobrir.
atenas, 23 de novembro de 2010
mediterrâneo, ost, 1992
Jorge,
ResponderEliminarImagino o que ainda está por vir em tua viagem..
.."contamina a presença com a ausencia
inaugurando o vazio verbal"..
creio que um pouco assim me senti com a ausencia de tuas palavras..
Beijo
querida ingrid,
ResponderEliminare eu sentindo falta das tuas/vossas palavras. entre sessões de trabalho e algumas deambulações pela velha atenas, vou redescobrindo as sensações do berço da cultura ocidental que fervilham como poesia de pedra. só em breves pausas consigo aceder ao blogue. no meu regresso, os vazios verbais hão-de esgotar-se. já não conseguimos passar sem as palavras... mesmo que sendo tantas vezes por elas arremessados aos mediterrâneos que deixamos correr dentro de nós.
kalispera! um beijinho!
Beijos da memória. Que não sejam memória inventada.
ResponderEliminarBelas imagens :)
a memória é a única verdade com duas faces: a recordação e o olvido. a razão? construiu a sua casa no temp[l]o.
ResponderEliminarbeijos, vanessa!
Boa Tarde Jorge!
ResponderEliminarA memória só depende da história...e só revivendo para palpitarmos..rs
O tempo passa,o mundo é modificado,mas a memória não!
A música,as fotos,um par perfeito para seus versos
Lindo sua paixão!
Beijos na Alma
... e dessa tríade flui as minúcias atemporais de quem sabe o quê e como olhar...
ResponderEliminarConjunção perfeita!
Um abraço carinhoso, Jorge
Deus seja contigo
Amei, senti uma insatisfação, não sei ao certo, mas daquilo que ainda não desvendou, a quem a poucos se revelou!
ResponderEliminarNão se põe o pé em Atenas sem viajar no tempo, acredito eu. Estou errada?
ResponderEliminarBeijo de Luz, poeta ainda mais alado!
Jorge,
ResponderEliminara poesia é incerta. Cheia de
nuances. Nela viajamos através
das palavras ( das suas ).
Presente mesmo quando se está ausente...
Bonito. Muito bonito.
Beijos
olá, lili,
ResponderEliminarse há cidade que personifica a memória, não duvido que seja atenas. já a memória dos homens... não é feita de pedras, mas de franjas sensitivas que, como eles, se desgastam, rompem e morrem... ou nós em vez delas.
um beijinho com carinho!
liene,
ResponderEliminaras fotos nem preciam de legenda, verdade? quanto à música, lembrei-me da banda sonora deste mediterrâneo, uma vez que invoca muito do espírito que nos percorre por aqui. lindíssimo o filme! é de gabrielle salvatore.
um beijinho!
michele,
ResponderEliminarda ágora ao partenon muito se desvenda; quase nada se resolve. é nas pedras interiores que se encontram todas as respostas; chegar-lhes nem sempre é fácil...
um beijo!
oh, ana-de-luz,
ResponderEliminarqual errada, qual quê? atenas é o tempo!
um abraço com toda a luz mediterrânica!
celamar,
ResponderEliminaré verdade, a poesia é incerta. e o homem?...
um beijinho e um agradecimento especial pelo carinho das palavras.
Lindo demais, meu querido!
ResponderEliminarAtenas...
Que bom saber que passeias por aí...
Enorme abraço, amigo!
Parece que o tempo agora é outro. Ou estou enganada, Jorginho? E o berço do Ocidente também pode embalar novos versos, olhares e um sentido novo ao esquecimento. Estar mais perto do Olimpo faz-nos, talvez, compreender porque os deuses gostam tanto de brincar com nossos destinos.
ResponderEliminarComo deve ser lindo o Mediterrâneo!!!
Beijinhos de um outro mar...
Se algum dia eu subir à acrópole
ResponderEliminardecerto não poderei respirar,
ao mito aéreo que em mim vive
a pedra aeróbia roubará todo o ar.
O seu poema é imenso, Jorge. É uma voz que deve vir lá desse olimpo por descobrir. Do alto com certeza vem.
De tanto que visitei a acrópole por outros meios, sem nunca ter estado lá, o que aumenta a permeabilidade da pele, desconfio que visitá-la in loco teria sobre mim um efeito assustador.
Um grande abraço, poeta!
Jorgito, meu querido poeta,
ResponderEliminarPassear na memória da memória, me atrai, e não há melhor que Atenas.
mas há a memória dos homens, muitas, essas esfarelam e acabam-se antes msm de nós.
Bom te ver as voltas com as luzes e sombras!
Saudade de ti, bjs mediterrâneo
ah poeta, que inveja poder versejar em paragens helenicas, sob o signo da história onde se construiram os mitos da civilização ocidental, farta-te e invoca as musas,
ResponderEliminarabração
Quando eu tinha uns cinco anos de idadezinha)tão bonitinha/cabelinho estilo Amelie Polain(minha mãe passou pimenta nos meus dedos das mãos para eu parar de comer as unhas. Deu no que deu. Por isso até hoje eu tenho de digitar com os pés e touchscreamear com o nariz!
ResponderEliminarPasso, te leio, te creio (tomo como verdade tudo o que dizes, se o dizes em poéticos delírios) e...nossa...Atenas! Saudades, Jorge, de estar por aqui mais vezes. Mas o tempo de passar e demorar-me chegará por certo. Tudo incomensurável o que dizes. E belo? Sempre...
ResponderEliminarBeijos,
Hola Jorge!!.Es un placer volver a visitar tu blog.
ResponderEliminarBesos
Voltei, voltei!! Saudades!!
ResponderEliminarAmor bom supera distâncias, ausências, chuvas e trovoadas... Depois sempre aparecem os raios de sol com um belo arco-íris de fundo...
Beijos, beijos!!
queridos amigos, a todos um grande abraço de saudades de vos ler.
ResponderEliminarapenas por uns breves e escassos minutos posso aceder à internet, razão por que não vos tenho lido. ainda assim, sinto a vossa presença como os ventos dos deuses que cruzam as colinas de atenas.
um abraço com a complacência de érato!
Boa noite, Jorge.
ResponderEliminarÉ inevitável a viagem à memória dos dias em que os deuses desceram à terra e plantaram entre as oliveiras a palavra com que se fez a poesia, a filosofia e a ciência. Com se fez o homem helénico e nós com ele.
Feliz daquele que olha o céu e abraça os deuses em seu respirar.
Boa viagem, Jorge. Bom regresso.
jorgíssimo, você é o cara.
ResponderEliminarconsegue fazer poesia até na grécia antiga.
e eu fico daqui, com olhos de contemplação.
como foi tudo por lá?
ainda esta lá?
já voltou?
jorgíssimo, por onde anda você, homem de Deus?
abraço grande do
roberto.
aaaaaaai, muito mimo teu post! *.*
ResponderEliminarPoeta
ResponderEliminarNo altar dos ventos...onde caminha o tempo...onde o poeta se faz poema.
Como sempre soberbo.
Boa viagem.
Beijinhos
Sonhadora
meu zeus! como pode escrever assim?
ResponderEliminaruma das coisas mais belas que li nessa existência, sinceramente.
lembrei da ode ao poeta:
" a longitude
da linguagem:
luz de viagens
[espelha
gregos e troianos "
te admiro infinitamente, precioso.
beijo de oliveiras.
Jorge,
ResponderEliminaruma viagem de sonho, onde a cada pedra reflecta a riqueza de uma "antiguidade recente", saboreada no presente por quem a realiza.
Descobri o olimpo na presença poética das tuas palavras!
Beijinho
Jorge, fiquei com expressão contemplativa e reli e me encantei novamente. Parabéns pela beleza, pela construção, pelo incrível alinhavo que foi unindo, conduzindo.
ResponderEliminarBjs
os Deuses esqueceram-se de nós, ficam aconchegados no velho Olimpo e aqui, na terra bebem-se as batalhas e as guerras, pintam-se as feridas, com mercurio!
ResponderEliminarBeijo
Laura
Como uma "flecha" estes versos do Olimpo
ResponderEliminarcercaram-me as palavras... e fiquei em pura contemplação e espera. Belíssimo amigo!
Beijinho