quarta-feira, 10 de novembro de 2010

hemopalavras [ou a tranfusão verbal]

gregory colbert, tranquility

ei, poeta,
se as palavras “são como punhais”
e se as há “de vida e de morte”
por que insistes em golpear a garganta
com as lâminas de vidro?
ousa sangrar-lhes o veneno
antes de parires a poesia.

(referências iniciais a eugénio de andrade e a mário cesariny)




tindersticks, no more affairs

36 comentários:

  1. Jorge,
    laminas que trespassam a vida e a morte,em poesia parida na transparencia das palavras do poeta!..
    beijos.
    música, dança,palavras.. perfeito!
    amei o vídeo!..

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  2. e, todavia, não ousa chupar-lhes [às palavras]o fel e estancar-lhes o ópio.
    - o silêncio, poeta, apenas o silêncio!
    - pudesse eu fazer dele a segunda morada [logo atrás da língua que o possa parir].
    um abraço, ingrid!

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  3. Meu querido Poeta

    Este poema não me deixou tão só no meu desvario...quase em sintonia com o que escrevi no meu blogue.

    Deixo um beijinho
    Sonhadora

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  4. Jorge, meu querido Jorge poeta,

    Ouso cortar o que já sangra, o veneno, e parir o que, rebento, já rebenta as entranhas, pois sem o golpe, as palavras abortam a essência e td mais torna-se oco útero. Não sei falar de coisas que não rasgam a pele e mt mais a carne viva!
    Bjs, e sei que me entendes, no fio do punhal

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  5. Li o verbo Imolar muito bem utilizado pelo amigo Dário em um recente texto... e este verbo me veio a mente ao ler o seu...

    O poeta oferece-se em sacrifício a cada poema que arranca de si.

    Já pensaste nisso?

    Abraço, poeta alado!

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  6. Me assombra pensar que, uma simples palavra, pode trazer com ela o nosso céu ou o nosso inferno...
    No mais das vezes, podendo ser somente um SIM ou um NÃO...
    Verdade?

    Beijinhos cor de rosa

    Cid@

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  7. sonhadora,
    nenhum poeta está só nos seus desv(ar)ios!
    um beijinho com cumplicidade lírica!

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  8. querida ira,
    se entendo?... quem é o poeta que enjeita o jeito do estilete e da lâmina na hora de estancar a poesia que lhe corre nas veias ou o sangue que escorre do poema?
    um beijinho oscilante entre as duas lâminas da poesia!

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  9. ana-de-luz,
    o poeta, antes de parir a poesia, já se entregou em sacrifício; é que ao acto de escrita e ao esquartejamento verbal precedem o sangramento da pele e da carne.
    um beijinho!

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  10. as palavras são como o mar, querida cid@,
    um dia lambem-nos os pés, acariciando sonhos e planos de viagens sob e sobre as ondas; noutras, abrem os olhos, exibindo veios sanguíneos onde a ira e os adiamentos impõem a sua disciplina feroz... mas, seja nas palavras, seja no mar, quem consegue escapar a navegar-lhes?
    um beijinho!

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  11. Lindas viagens você proporciona.Parabéns pelo blog!!!
    bjs

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  12. stella,
    feliz pela tua atracagem até aqui.
    um abraço!

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  13. E a poesia há de dizer do ledo engano de tentar safar dela toda a peçonha.

    Demais, Jorge!

    Beijo.

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  14. não sei se curtir a pele das palavras e demolhá-las no éter da inocência seja enganar ou esganar o dizer...
    um beijinho, larinha!

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  15. Morro se eu não ouvir tua voz com sotaque me dizendo
    ...e cavalos marinhos conduzem os destinos do não ser para lá da cortina do possível. do lado de dentro, a peça continua a decorrer sem público. a ovação exulta no tiquetaque do coração de um mar que não sabe dormir.
    um beijo, carla-dos-enigmas intelectual e sensorialmente mais-que-estimulantes :)

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  16. ...golpeando a minha garganta,
    pélvis,
    meus pelos todos,
    meus cantos...



    Que pimenta é essa?

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  17. curioso, e eu que imaginava que tu é que tinhas sotaque... :)
    a perspectiva é a lente grande-ocular do raciocínio :)
    um beijo, carla!

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  18. estive para postar este video, mas fiquei-me pela intenção...

    ai os poetas, os poetas, sangram, escrevem prendem-se para voltar a sangrar e sangrar
    o veneno acaba por se intranhar e ser o antidoto

    beijo

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  19. eu não hesitei. a música é arrepiantemente bela.
    quanto aos poetas... acrescentar o quê?...
    um abraço, amiga laura!

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  20. mesmo que a mão trema
    a jugular pulsa
    ao punhal...

    forte abraço,
    grande poeta
    e amigo.

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  21. Jorge,

    Sua questionadora e inebriante poesia, juntamente com enigmática imagem e delicada música remeteram-me a um jargão de Nietzsche: "A verdade nada mais é do que um batalhão de metáforas". E se elas cortam e sangram, assim o fazem como correspondência de expressão lingüística cuja interpretação é nossa única alternativa. Os escritos que nascem da emoção e sensibilidade, são a meu ver, muito mais sinceros e verdadeiros do que os escritos que nos apresentam “verdades” simplesmente prontas e acabadas e nada induzem de reflexão e indagação.

    Um beijo!

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  22. tomara eu não saber dizê-lo,o veneno.
    E quando me encho dele, e fico estanque, paralisada no próprio sangue em silêncio? ...

    a música é linda e todo o cenário não lhe fica atrás, ufa!

    Beijinho amigo

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  23. "mesmo que a mão trema
    a jugular pulsa
    ao punhal..."
    e as palavras riem, velhacamente. é que o espelho da im.possibilidade não se pode quebrar...
    um abraço, amigo-poeta domingos!

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  24. cada vez me convenço mais da importância da metáfora na respiração dos homens. os deuses agarraram na sublimação, gastaram-na, consumiram-na nos seus caprichos insaciáveis, deixando-nos, apenas, vestígios raros do que se poderia ter sido. diante da fome de ser e da raiva de cadelas, só as estrelas ascendentes podem empurrar-nos olimpo-acima, numa viagem sem pés ou pernas. e assim os homens se desprendem da sua humanidade, mas de divino apenas ganham o reflexo de sísifo...
    um abraço, lívia querida!

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  25. "tomara eu não saber dizê-lo, o veneno."
    eis, pois, chegada a hora de o sangrar e de o deixar apodrecer nos fígados que o pariram... longe da boca e ainda mais da poesia.
    um beijinho, querida andy!

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  26. a poesia sem sangue não tem vida,


    abração poeta

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  27. sangremo-las, pois, amigo assis: a poesia... e a vida!
    um forte abraço!

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  28. esse veneno me parece sagrado...

    beijo, doce pimenta!

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  29. é um veneno sagrado... e segredo. schiu...
    beijo, cris.tal fino!

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  30. As presas à boca do vidro,
    a peçonha escorrendo, transparente
    decanta-se.
    Que química mágica produz o antídoto?

    Abraço, Jorge!

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  31. Ai, Jorginho...
    Quero pra sempre o veneno e a poesia.

    Estou definitiva e declaradamente apaixonada pelos Tindersticks!!!!

    E pelas minhas contas da tua sugestão na outra postagem, só me falta comprar urgentemente o vinho!

    Beijinhos no mesmo ritmo...

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  32. querida amiga,
    e não é para menos. eles não são uma banda; eles são uma plêiade musical :)
    venha daí esse vinho :)
    um beijinho!

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  33. Jorge,

    Poesia, música e dança... que mais se pode pedir!!! Sem dúvida, um "veneno" para o coração, mas o remédio para a alma! :)

    Beijinhos!

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  34. Tin tin, querido!

    Um brinde à poesia, à música e a ti.

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  35. jb,
    como todos sabemos, nada faz só bem ou só mal a tudo. felizmente :)
    um beijinho!

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  36. tin tin, querida!
    bebamos à poesia, à boa música e a ti, que escreves divinalmente (e neste caso, nem precisamos de beber com moderação :))
    um beijinho!

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