àqueles que não desistem
àqueles que têm os olhos grandes
àqueles a quem nascem raízes nos pés
àqueles que conservam a verdade na voz.
[os outros? simplesmente não existem...]
jan saudek
as cidades de coral
descem sobre os homens.
enchem-lhes a boca
com palavras completas que mentem
na hora de nomear todas as coisas -
rostos sujos casas vazias
pratos quebrados telhas varridas
aço ferro e algodão
somos o reflexo
da árvore que enterrou a floresta
somos o espelho
do poema que perdeu a mão
e nessa grandeza de argila
um rosto
[um] só;
apoia-se sobre a lâmina que,
rasgando o solo,
é osso e estandarte
de um lugar que foi seu.
ousa despir as palavras
ameaça roubar os silêncios
e entra
seguro
na escuridão
que lhe anoitece o corpo
e o canto.
que mania a minha
de chegar sempre tarde
aos lugares onde não me esperam...
lhasa de sela, i'm going in
àqueles a quem nascem raízes nos pés...
ResponderEliminarDe fato ... sem limites pra sonhar , mas sonhar com os pés no chão!!
Belas palavras Jorge!
Bjs!
Seguindo-te!
sem limites para sonhar e, mesmo que com raízes nos pés, sem limites para caminhar.
ResponderEliminarum beijo, merlaine!
Que mania a minha de ir nos lugares onde não estao quem me esperam
ResponderEliminarnossssssssssssa menina quer realidade esta.
bjs
Insana
Jorgito, meu doce amigo,
ResponderEliminarPrimeiro devolvo-lhe o sal! A cada registro seu nas mil faces, mais nos aproximamos da proa.
Perdoe-me, mas como a poesia não pertence ao poeta, essa a tomo, de suas raízes, como se fosse árvore plantada pra mim, que vivo nesse jardim sem flores, um lugar onde nem eu msm me espero
Impressionante, mas vi minha imagem nesse poema de perdida mão.
Bj grande, meu amigo tão poeta
lembrei-me de uns versos do Pessoa: trago o cansaço antecipado das coisas que não farei.
ResponderEliminarpoeta de múltiplos olhares, abração
Assim caminhamos sozinhos procurando respostas.
ResponderEliminarSerá que existem ?
Tudo precisa ter nome ?
Linda poesia falando de solidão, angústia, dor e tristeza diante do inexorável da vida...
Fiquei " tocada".
Beijão e bom fim de semana !
insana,
ResponderEliminareste é um lugar onde sempre te espero.
bom rever-te.
beijos!
ira, querida amiga,
ResponderEliminardeixo que as duas dores (a do poema e a que o sobrevoa) sejam tomadas por ti, mas não na totalidade; que sobre um pouco para as minhas.
um beijinho na proa!
"lembrei-me de uns versos do Pessoa: trago o cansaço antecipado das coisas que não farei.
ResponderEliminaroh, assis, das coisas que não farei e daquelas que jamais fiz... pensando um dia tê-las feito. como tudo nos escorre das mãos com o visco da ilusão...
um abraço!
celamar,
ResponderEliminarnão procuro respostas, mas... não evito as perguntas.
um beijinho com ternura!
Mais vale chegar tarde...que não chegar:)
ResponderEliminarBeijo d'anjo
mais vale chegar cedo aos lugares onde nos esperam, sonho. crê-me.
ResponderEliminarum beijo!
"somos o espelho
ResponderEliminardo poema que perdeu a mão"
Encontrei-me nestes versos...
Que mania a minha de chegar cedo nos versos que ainda estão por escrever...
Mas isto me faz um bem!!
Beijo, poeta alado!
ana-de-luz,
ResponderEliminarchegar cedo aos versos é ganhar a mão e o poema.
um beijinho!
Olá Jorge,
ResponderEliminarchamou mais a atenção
chegar tarde onde não é esperado
dizem que 'nunca é tarde' (?)
e se chegou, e se chegou, chegou
muito bonito seu poema
linda toda a canção, de lhasa de sela, e dela ficou belas canções.
um abraço pra ti
Esse poema acelerou meus ponteiros...
ResponderEliminarE olha que sou mestra nos atrasos, em tempo nenhum eu chego no momento.
Beijo, meu e(terno) parceiro!
vais,
ResponderEliminarretenho, de quanto dizes, uma ideia: a de que chegar é... chegar. e a todas as partidas subjaz o desejo de chegar. mesmo que a lugar nenhum...
adoro lhasa de sela. acredito tanto na poesia das palavras, como na dos ritmos. a dela é-o nesta dupla acepção.
um beijo!
cris, querida amiga,
ResponderEliminarpara ti não há relógio. chegas sempre e na hora. assim acontece com quem é sempre tão esperado.
um beijinho, poeta-amiga-parceira das mais finas liras!
Que lindo, meu querido Jorge
ResponderEliminar"somos reflexo
da árvore que enterrou a floresta"
Preciosidade que resume tudo...
Lindo demais, amigo!
Enorme abraço!
querida amiga,
ResponderEliminarhá alturas em que para se continuar a ser árvore é preciso enterrar-se a floresta, verdade?
um beijinho com ternura infinita, amiga zélia!
Jorge,
ResponderEliminarfloresta que em múltiplas vidas me traz paz e acredite, sempre que posso me "enterro" nela para me reviver e rever..
beijo e bom domingo.
Ler-te é sempre uma delícia, Jorge. Do vazio existencial parece surgir brilhante criação, verdade? A voz suave de lhasa de sela, cantando i'm going in, e seu comentário elementar "mesmo que com raízes nos pés, sem limites para caminhar", conferiram brilhante sinergia aos enigmáticos versos.
ResponderEliminarUm beijo!
estes versos arrebatam qualquer palavra que se consiga dizer, sem a saber dizer...
ResponderEliminarpoderosíssimo post, amigo.
p.s. Lhasa de Sela, ela mesmo!
"floresta que em múltiplas vidas me traz paz e acredite, sempre que posso me "enterro" nela para me reviver e rever."
ResponderEliminarnão percas nunca a árvore, querida ingrid.
um beijinho!
lívia,
ResponderEliminarnão é o vazio existencial que está na origem dos textos; apenas a existência, com os seus matizes diversos.
lhasa de sela é um portento mudical (infelizmente arrancado à vida cedo de mais). quanto aos versos iniciais: apenas o mote que ontem me assolou o espírito na hora da revolta-escrita...
um beijinho!
doce andy,
ResponderEliminaré o peito a arrancar todas as vozes que minam o cérebro e as linhas dos sentidos. agora... talvez o silêncio venha lamber feridas e estancar des(a)tinos.
lhasa... ela mesma!
um abraço!
Jorge, volto ainda a ponte de lima, onde tenho prima e a vila do conde.. amei os dois lugares..
ResponderEliminarbeijo.
Jorge, ler-te ativa-me no renovável; buscas pelo sangue na pena, aprendizado inigualável e o cume chamado de casa. Faz-me inclinar e admirar-te em sabor, o banquete ofertado dá brilho as madeixas, pois as palavras saídas do teu campo, gritam cores diferentes e revelam o que há por trás dos portões.
ResponderEliminarAbraços
Priscila Cáliga
Estou aqui pensando a que grupo pertenço, Jorginho... Será o dos "outros"?
ResponderEliminar"ousa despir as palavras
ameaça roubar os silêncios
e entra
seguro
na escuridão
que lhe anoitece o corpo
e o canto"
Quem tem "olhos grandes" talvez entre seguro na escuridão.
"Tempestades Solares"... esse título de uma canção de Caetano Veloso combina bem com tua poesia, chéri.
P.S.: Chegar tarde, principalmente onde não nos esperam,pode ser sinônimo de transgressão da melhor espécie,não achas?!
Beijinhos...
ingrid,
ResponderEliminarlá ir... é ter de voltar.
um beijo!
priscila,
ResponderEliminare falas tu de banquete poético? quem se delicia com as tuas palavras, no mais profundo dos poemas como no mais singelo comentário, sou eu.
um beijo!
"Chegar tarde, principalmente onde não nos esperam,pode ser sinônimo de transgressão da melhor espécie,não achas?!"
ResponderEliminarpode, sim, pólen, mas a distância que separa a estimulante transgressão das depressivas regressão e agressão justificam que as pernas, no caminho, deambulem em dias de sol, apenas; é que, como bem citas em caetano, procelas só solares :)
um beijinho! é um gosto termos-te aqui de regresso!
O bom de existir é não desistir a cada vez q cair, é sonhar mesmo sem limites, é ter pés firmes ao chão e lutar mesmo q o mundo lhe diga que não é capaz.É não ter medo da escuridão e se dislumbrar com a beleza do dia e se encantar com o crepúsculo, que de tão belo avisa que a noite está por vir. Bjossss
ResponderEliminarJorge,
ResponderEliminarA verdade na voz: eu queria sempre um canto assim, feito os teus são feitos...
Abraço oceânico (que já não separasse...),
Pedro Ramúcio.
Jorge Pimenta
ResponderEliminar(grande poeta e amigo)
...
Poema incrivelmente abissal
(aos céus!)
forte abraço.
olá, giomara,
ResponderEliminare é justamente nesse graal existencial que a poesia desempenha uim papel fundacional, verdade?
um beijinho!
oh, amigo pedro,
ResponderEliminarque bom ter-te por aqui. mais verdadeira esta voz seria impossível. há oceanos que jamais apartam e terras que não sabem unir..
um forte abraço, com cheiro a maresia!
domingos,
ResponderEliminarentre o céu e o inferno abre-se um abismo [po]ético onde inscrevemos os nossos dias, invariavelmente.
um forte abraço, caro amigo-poeta!
As palavras, que no início se prendiam ao presente, agora anseiam pelo futuro. O que deserta é o ser que não irá conduzi-las até lá.Talvez elas não mintam, mas inventem reflexos, parciais reflexos de uma verdade que elas jamais poderão alcançar. Um dia amotinam-se, ficando à deriva com seus sentidos de carne despregada dos ossos.
ResponderEliminarBelo poema nessa trilha do pensar a relação entre a vida e as palavras.
Grande abraço!
Jorge querido, saudades imensas de ti
ResponderEliminardeste teu absurdamente belo e profundo poema, um verso me tomou mais do que os outros:
"somos o reflexo
da árvore que enterrou a floresta"
o que resta a esta árvore, ou dela, se toda a floresta jáz sob terra aos seus pés? Serão suas raízes alimentadas pelo húmus do que se foi? Aquilo que morre em nós e por nós, nos servirá de alimento para vertermos humanidade e poesia?
Parece-me que sim
um beijo imenso, amigo poeta!
provavelmente chegaste na hora certa
ResponderEliminarbeijos
amigo marcantónio,
ResponderEliminarda agudeza da tua leitura sublinho os "reflexos de uma verdade que elas jamais poderão alcançar". pergunto-me, caro poeta e filósofo, qual é a verdade que se pode alcançar, com e sem palavras? qual é a linha definitiva e pura que permanece intocada? e que perspectiva sobre o objecto cristaliza a mirada? cada vez mais acho que a verdade é espúria e esquiva, rolando pelos dedos como fios de azeite derramados no prato. no final, apenas os vestígios da sua pasagem lambem os dedos.
um forte abraço. os teus contributos sempre me ajudam e ir mais além...
querida andrea,
ResponderEliminarcomo é bom reencontrar-te, a ti pessoa e a ti manto sensível...
de um texto-melancolia não esperaria leitura mais lúcida do que a tua. esta árvore tem raízes, produz seiva, ainda rebenta na primavera e, com sorte e um pouco do mel do tempo, concede os frutos. todavia, agarra-se a um tempo-imagem que foi (ou talvez nunca tenha sido)... esse passado é a mão que, hoje, desenha a poesia...
um beijinho imenso!
querida laura,
ResponderEliminarse cheguei... não sei (e julgo mesmo que jamais o saberei). certezas, apenas uma: a de que parti.
um abraço!
Céus!
ResponderEliminarPimenta aos céus!
Ainda há os que não conseguem nascer, mas mesmo assim, existem palavras para eles, e existem histórias para eles. Lindo poste vestido de palavras e idéias perfeitas...
ResponderEliminarque mania a minha
ResponderEliminarde chegar sempre tarde
aos lugares onde não me esperam...
Chegar cedo demasiado também é problemático.
a pimenta é a terra, carla :)
ResponderEliminardos céus, apenas o azul espelhado de um mar que as naus um dia ousaram lamber.
um abraço!
janaina,
ResponderEliminarpara os que não sabem nascer e para os que não querem/podem morrer há as palavras justas. e se as não há, inventam-se, pois é no dizer que nos (re)afirmamos (inevitavelmente, sempre; às vezes, infelizmente).
um beijinho!
não chegar ainda mais problemático pode ser, verdade, vanessa? :)
ResponderEliminarOlá Jorge !
ResponderEliminarParabéns pelo belo blog que possui,
Pela doce palavras que se torna amarga, quando chega ao fim...
"que mania a minha
de chegar sempre tarde
aos lugares onde não me esperam..."
Seus versos são simplesmente perfeitos, caro autor.
Beijos na Alma
lili,
ResponderEliminarum agradecimento pelas palavras que confortam. a poesia vive das palavras, mas o poeta, para além delas, alimenta-se, igualmente, do fogo que as desenha.
um beijinho com carinho!