quem escreve, por norma, não prescinde da leitura.
acorrentados é uma rubrica que cheguei a alimentar no meu primeiro blogue, o circum-viagem (curiosamente por sugestão da minha querida amiga e poeta ana salomé), mas que, quase um ano volvido sobre estas viagens de matizes diversos, não reeditei. julgo ser oportuno fazê-lo agora, tanto mais que tenho andado a escrever sobre a falência das palavras e, metaforicamente, da poesia (a ironia maior é usar palavras e a própria poesia como arma de arremesso) e não quero ser interpretado como mercenário da própria alma :).
sem mais deambulações, lanço-me directo no assunto. acorrentados é a reedição de uma rubrica que propõe aos meus blogfriends que entrem numa espécie de corrente circular, onde cada um de nós partilha um detalhe da leitura que está a fazer, no momento, e de modo aleatório. desta vez, a ideia é publicar o que a leitura presente oferece na página 34, linha 8.
tenho andado a ler poesia (herberto hélder e garcia lorca), bem assim como o último romance de saramago, “a viagem do elefante”. eis o que oferece o livro na página e na linha mencionadas:
acorrentados é uma rubrica que cheguei a alimentar no meu primeiro blogue, o circum-viagem (curiosamente por sugestão da minha querida amiga e poeta ana salomé), mas que, quase um ano volvido sobre estas viagens de matizes diversos, não reeditei. julgo ser oportuno fazê-lo agora, tanto mais que tenho andado a escrever sobre a falência das palavras e, metaforicamente, da poesia (a ironia maior é usar palavras e a própria poesia como arma de arremesso) e não quero ser interpretado como mercenário da própria alma :).
sem mais deambulações, lanço-me directo no assunto. acorrentados é a reedição de uma rubrica que propõe aos meus blogfriends que entrem numa espécie de corrente circular, onde cada um de nós partilha um detalhe da leitura que está a fazer, no momento, e de modo aleatório. desta vez, a ideia é publicar o que a leitura presente oferece na página 34, linha 8.
tenho andado a ler poesia (herberto hélder e garcia lorca), bem assim como o último romance de saramago, “a viagem do elefante”. eis o que oferece o livro na página e na linha mencionadas:
"a quem talvez não vejamos mais, ou talvez sim, porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginamos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos."
nota: para que a frase fizesse sentido, entrei nas linhas 7, 9 e 10.
convido todos os bloguers e amigos que por aqui vão passando a deixar o seu contributo sob a forma de comentário. recordo: página 34, linha 8 do livro que se encontram presentemente a ler.
a todos um abraço!
Iniciativa maravilhosa, meu querido Jorge!
ResponderEliminarEntão aqui vai a linha 8 da página 34, do livro que estou lendo: A VIDA NÂO É AQUI, de MILAN KUNDERA
..."o que o interessava nos desenhos da criança era justamente aquele universo interior tão original que a criança projectava no papel."
Abraço apertado, amigo!
oh, kundera... "a insustentável leveza do ser" é um dos livros da minha vida". curiosamente, foi na sua cidade-natal (brno) que vivi uma das peripécias mais curiosas da minha vida: estive uns dias alojado em viena, com amigos, e decidimos visitar praga, viagem que empreendemos de comboio. no regresso a viena, tínhamos de mudar de linha em brno, mas adormecemos e acabámos por ir parar a bratislava. mais uns minutos de son(h)os e acabaríamos em budapeste :). o pior foi conseguir regressar a viena...
ResponderEliminarenfim, memórias imortais!
um beijinho, querida zélia!
"apaguem as luzes, pois a noite é feroz..."
ResponderEliminarAutor desconhecido (Do Livro Oculto).
Forte abraço,
poeta e amigo.
Acho tão giro este desafio :-)!
ResponderEliminarEntretanto fiquei muito indecisa porque estou a ler dois livros: o "Livro" de José Luís Peixoto, que estou simplesmente a adorar, e ainda o "Diário" de Miguel Torga, este último tem residido na mesa de cabeceira, para o caso de falhar o sono (que não tem falhado)...
fui logo pesquisar as pags.34 e linhas 8.
conclusão, escolho o "Diário" de Miguel Torga porque gostei mais da frase solicitada (não é batota, pois não?), aqui vai...
"O que é pena é que neste areal da vida, onde cada um segue o seu caminho, não haja nem tolerância nem humildade para respeitar o norte que o vizinho escolheu."
Beijinho amigo :-)!
Olá Jorge.
ResponderEliminarEstou lendo: CARTAS A MãE - direto do inferno, de Ingrid Betancourt.
A linha 8 da página 34 -
... " Adoro meus dois pimpolhos como meus próprios filhos."
Abraço.
Esse é o primeiro contato direto que faço aaqui neste espaço, e gostaria de contribuir, porém, como estou lendo mas especificamente para o meu TCC, na "A revolução da linguagem" de David Cristal, na pg 34, linha 8 diz:"Na verdade a língua está se transformando atualmente com mais rapidez do que em qualquer outra época do Renascimento". Para também não perder o sentido utilizei a linha 7 e 9. Como todos nós sabemos a língua é viva e continua em constante transformação.
ResponderEliminarÉ isso ai meu querido!
BJosss
Olá Jorge,
ResponderEliminaracho super legal estas brincadeiras, ou exercícios.
Moço, Saramago, sou fã incondicional, mas este não li.
Tenho lido mais textos, livro mesmo, peguei um que li mais recente, é pra poder participar também, que gostei por demais, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres de Clarice Lispector, e também pra não ficar sem sentido entro na 7 e 9
"Pois apesar de, ela tivera alegria. Ele esperaria por ela, agora o sabia. Até que ela aprendesse."
Abração
Vamos lá...
ResponderEliminarEstou lendo também Poesias completas de Álvaro de Campos, Poemas de Carlos Drummond, mas colocarei a linha 8 da página 34 de Crime e castigo - Dostoiévski:
"Ia recorrer novamente à garrafa, mas viu que estava vazia.
- Por que se há de ter pena de ti? - interrogou o taberneiro."
Abraço!
Humm...Adoro esta brincadeira de escolher página e linha, muitas vezes faço em casa, quando faço costume pensar: o que este livro tem a me ensinar hoje, hehe.
ResponderEliminarBomm, eu sempre estou a ler mais de um livro, mas escolhi para postar: Para não dizer Adeus, de Lya Luft.
Seja como for, eu vou,
pois quase sempre acredito:
ando de olhos fechados
feito criança brincando de cega.
Mais de uma vez saio ferida
ou quase afogada,
mas não desisto.
Beijos...Adoro vir aqui!!
"O fantasma de um operário que caíra da cúpula do Capitólio durante a construção era visto vagando pelos corredores com uma caixa de ferramentas."
ResponderEliminar(Livro "O Símbolo Perdido", de Dan Brown.)
Gostei da sua proposta, Jorge, gosto de romances de suspense, e acabei caindo numa frase intrigante para te deixar aqui.
Beijo.
Jorge,
ResponderEliminarpois entro na roda: linha 8, pag.32
"Partee points out that one of the strongest early motivations for events came from Kamp and Rohrer´s work on tense and aspect in discourse interpratation." É um livro técnico de semântica cognitiva....estou lendo pouca literatura, mas muita coisasobre linguística :)
mas a poesia supre minha sede estética.
ora vejam lá se as páginas 34, linhas 8, vistas assim, quase que tomograficamente, não andam próximo do coração dos livros?... :) já estamos acorrentados a alguns deles.
ResponderEliminarbeijos e abraços para os meus amigos pelos seus contributos!
Adorei a ideia, Jorge :)
ResponderEliminarVamos lá:
"A varanda do apartamento mal podia ser chamada de varanda. Só de a gente pisar nela, o corpo já quase encostava na grade de alumínio. Melhor dizendo que era uma porta abrindo para o ar, com umas traves de alumínio para evitar que, por descuido, alguém despencasse lá de cima".
(O beijo de colombina, Adriana Lisboa, Ed. Rocco, p. 34)
Não é o trecho mais inpsirador do livro, mas como "boa menina" que sou, sigo as regras do jogo. Melhores trechos lá no meu blog :)
Beijinhos.
"apaguem as luzes, pois a noite é feroz..."
ResponderEliminarfelizmente alguém encontrou o antídoto para a comédia dos dias.
um forte abraço, amigo domingos!
querida amiga andy,
ResponderEliminarqual batota? imagino que a escolha te tenha sido difícil, entre o gigante torga e o cada vez mais estelar peixoto. ainda assim, o exercício do arbítrio é prerrogativa prevista no regulamento :)
um beijinho!
p.s. cada linha de torga é um tratado de lucidez e bom-senso, verdade? lê "o mar", peça de teatro dele. arrebatador.
ingrid,
ResponderEliminarnessas cartas da mãe (directamente do inferno), os dois pimpolhos a quem se quer tanto como aos próprios filhos não serão deus e o diabo? (hihihi)
um beijo!
giomara,
ResponderEliminara língua é mesmo um organismo vivo, que se transforma transformando aquele que a veste. os poetas que o digam...
um beijinho e um bem-vinda às viagens!
ah, e quando falo em mudança da língua, nem me refiro apenas à naturalmente operada nos sistemas modelizantes secundários. refiro-me nela própria, como forma viva de captação (in)directa do mundo e das coisas :)
ResponderEliminarbeijo renovado, giomara!
ah, vais, que escolha a tua, hein? lispector: "Pois apesar de, ela tivera alegria. Ele esperaria por ela, agora o sabia. Até que ela aprendesse."
ResponderEliminarele esperaria por ela, até que ela aprendesse... ou perdesse...
um beijo!
ana, mulher de luz,
ResponderEliminara vida é mesmo feita de escolhas viciadas, verdade? se pensarmos bem, a garrafa nunca fora alternativa; estava vazia :)
um beijo!
maria,
ResponderEliminar"Seja como for, eu vou,
pois quase sempre acredito:
ando de olhos fechados
feito criança brincando de cega.
Mais de uma vez saio ferida
ou quase afogada,
mas não desisto."
entre o acreditar e o jamais desistir vive o aço da linguagem: o advérbio. sem dúvida que esse "quase" faz toda a diferença.
um beijo!
é um gosto ter-te por cá, também!
larinha,
ResponderEliminartens noção de que, com o teu contributo, estás a pôr todos aqueles que ainda não leram "o símbolo perdido" com aranhas sob a pele e baratas nos pés? hum... conta mais, por favor :)
um beijo!
adriana,
ResponderEliminarsubitamente os fantasmas de chomsky, jakobson, lotman ou hjlmslev acordaram do seu descanso já com alguns anos :)
um beijo!
a ideia de uma varanda com asas é, no mínimo, inspiradora, vanessa :)
ResponderEliminarum beijo!
Passei por aqui a correr, volto já!
ResponderEliminar"- Continuo achando a coisa fantástica demais. E muito perigosa."
ResponderEliminarA Travessia - Carlos Heitor Cony
abração
por que razão a sensação de felicidade e o abysmo se tocam, sempre, com e sem asas?
ResponderEliminarum abraço!
Muito interessante e criativo, Jorge!
ResponderEliminar"Sair do estabelecido e habitual, mesmo ruim, é sempre perturbador" (Perdas e Ganhos - Lya Luft)
Um beijo!
lívia,
ResponderEliminarexcelente contributo o teu.
é bem verdade o que aqui nos trazes ("Sair do estabelecido e habitual, mesmo ruim, é sempre perturbador" (Perdas e Ganhos - Lya Luft)),
ainda que, por vezes, a fuga ao habitual seja, também, reparador :)
E os firmamentos - fogem-
ResponderEliminarDiademas-decaem-dobram-se-0s Doges-
Gotas sem som-em um disco de neve-
Emily Dickinson- Não sou ninguém
Querido, tem um selinho para você no meu blog :)
ResponderEliminarAh sobre o filme "into the wild-o lado selvagem", eu ainda não o vi, mas já esta anotado e será o próximo a ser visto!
Um beijão
emily dickinson,
ResponderEliminarescrita metafísica, verdade?
um beijo, so sad!
maria,
ResponderEliminarobrigado pela distinção. vou já espreitar :)
quanto ao filme, tenho a certeza de que não te arrependerás. fico a aguardar o veredicto.
beijinho!
Jorge, idéia fantástica, no meu retorno já vou vir preparado para um comentário do livro que estou lendo.
ResponderEliminarVocê sempre criando algo novo.
bs saudosos
gilson,
ResponderEliminarmeu caro, fico a aguardar com imensa curiosidade. :) tem havido imensas surpresas boas, nas citações aqui deixadas.
um abraço!
"O amor não leva tanto tempo assim para se manifestar."
ResponderEliminarGREENE, Graham. Fim de Caso. Rio de Janeiro: BestBolso, 2007.
Inté!
ainda que, por vezes, leve uma vida inteira... e não chegue :)
ResponderEliminarum beijinho, ana!
Gostei!...:)
ResponderEliminarEntão lá vai:
"...Sei ter o pasmo essencial, que tem uma criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras..."
Do livro que, na verdade, estou relendo:
Fernando Pessoa - Obra poética II - Poemas de Alberto Caeiro.
Tenha uma ótima semana.
Beijinhos de luz
Cid@
quanta coisa boa por aqui...
ResponderEliminarsegue um poema de um dos meus livros de cabeceira:Elisa Lucinda/ a fúria da beleza.
Alvo
Adoro uma bobeira
Uma palhaçada
Uma palavra à margem
Uma idéia engraçada
Uma sacanagem
Adoro a surpresa da piada
Uma indecência boa
Adoro ficar à toa
Fazendo trocadilhos
Obscenos com sexo.
Adoro o que não tem nexo
E por isso faz rir
Adoro a bobagem pueril
A coisa que não tem rumo
Que de repente me escolhe
E me olha
Preciso da besteira para obter a glória!
cris,
ResponderEliminarque oportuno. crê-me que me faz todo o sentido :)
um beijinho!
tu não vais acreditar, mas a página 34 do livro que estou a ler é uma página em branco
ResponderEliminarMemorial do Convento de José Saramago
mas fica aqui a ultima linha da página 23 e a primeira linha da página 24, do mesmo livro:
ResponderEliminar"pela casca não
se conhece o fruto se lhe não tivermos metido o dente."
Memorial do Convento, José Saramago
agora vou fazer um pouco de batota, mas gostava que isto ficasse aqui registado:
ResponderEliminar" vá
o demais demora
e francamente
nunca será teu
vá vá vamos embora"
Mário Cesariny
laurinha,
ResponderEliminarno memorial do convento até as páginas em branco dizem mais do que todas as palavras juntas. é um dos livros da minha vida! e a passagem transcrita, então, encerra todas as verdades mesmo que sobre o manto da mentira.
quanto a cesariny, eu li esse texto. belíssimo!
um abraço|
Jorge,
ResponderEliminarComo sou das pessoas que acredita que nunca é tarde, na altura vi este teu post e achei uma ideia plena de criatividade e muito aliciante. Não pude participar por falta de tempo, e como de momento não estou a ler nenhum livro, decidi arriscar nesta brincadeira :) e fui espreitar o teu 34º post e fui parar ao Porto algures entre a prosa e a poesia, entrando num espaço bem convidativo à luz dos candeeiros. Retirando a linha 8 dos textos que aí publicaste ... cheguei dessa viagem, ou seja,
"do Porto, não fora o céu escuro e moribundo de estrelas e mais..." , "apontando a rota do recomeço" foi uma viagem para repetir, mas uma pena visitar o céu e regressar à terra "sem que nada possa trazer." :)
É apenas uma forma diferente de ler, mas uma ideia genial e incrivelmente fascinante. Já vi o post da compilação dos que participaram e simplesmente adorei!
Os meus sinceros parabéns!
Beijinho!
a ideia era citar um autor a sério, hihihi!
ResponderEliminarum beijinho e um agradecimento por teres vindo, jb.