I. perspectiva
por vezes tudo sangra.
quase nada se esquece…
por vezes tudo sangra.
quase nada se esquece…
II. concessiva
continuo a acreditar
na explosão da alma
sob a locomotiva da pele.
e o sangue a correr de boca em boca.
continuo a acreditar
na explosão da alma
sob a locomotiva da pele.
e o sangue a correr de boca em boca.
III. (in)tensões
talvez um dia
te saiba ler com as mãos
talvez um dia
possa sangrar-te o nome
talvez um dia
me deixes escrever-te no peito
então,
não sabes que a loucura
arde ao lado do grito
na caverna ácida das intenções?
talvez um dia
te saiba ler com as mãos
talvez um dia
possa sangrar-te o nome
talvez um dia
me deixes escrever-te no peito
então,
não sabes que a loucura
arde ao lado do grito
na caverna ácida das intenções?
IV. hiato
o chão da vida
no derradeiro verso
racha o sono e o sonho pela metade.
o chão da vida
no derradeiro verso
racha o sono e o sonho pela metade.
já nem as noites sabem ser inteiras.
leonard cohen, the partisan
Não faz idéia de como me fez bem, ler-te hoje.
ResponderEliminarDeixo-te meu abraço entremeado de admiração.
"Talvez um dia te saiba ler com as mãos..."
ResponderEliminar"Já nem as noites sabem ser inteiras..."
Realmente, amigo, voltaste com força total!!
Que bom que continuas a acreditar na "explosão da alma", pois quando se perde a fé, tudo o mais se vai com ela.
Obrigada pela visita (te esperar, é poder contar contigo).
Mas te cuida, viu? pois por mais que aprendas a "ler com as mãos", tens que poupar estes olhos até que eles estejam realmente zerados :)
Três beijinhos mineiros prá você
Cid@
A explosão da alma sob a locomotiva da pele.
ResponderEliminarVou anotar aqui no meu Moleskine rosa :)
..."continuo a acreditar
ResponderEliminarna explosão da alma
sob a locomotiva da pele."
por isso deixo-a solta,
nua, para que extravase
os sentidos.
beijos, lindo poeta!
angelica,
ResponderEliminaresse é o fascínio da poesia. porque é vida, não esconde a vida. lê-la é tê-la vivido e ajudar a vivê-la. renovadamente.
um beijinho com carinho!
olá, vanessa,
ResponderEliminaro meu moleskine é... vermelho. um dia decidi que seria o meu companheiro de todas as viagens, mas acabou por se tornar na papeleira do que não quero dizer, hihihi!
um beijo!
p.s. tenho de ir visitar a luísa um dia destes :)
cida, doce amig@,
ResponderEliminarsó tu para me fazeres sorrir assim. concordo inteiramente contigo. por mais hábeis que as mãos sejam, nada como ler com os olhos :)
um beijinho!
vivian,
ResponderEliminarsó com a alma liberta, solta, nua poderemos continuar a deixar-nos surpreender (e inerentemenete a crescer).
um beijinho, linda amiga!
Prezado Jorge,
ResponderEliminarFiquei sem saber o que dizer, após a leitura dos textos. - Possivelmente, em decorrência dos ecos de tuas palavras.
Beijos
com as etiquetas marcam-se os recem-nascidos, marcam-se os cadáveres, marcam-se os corações...
ResponderEliminare continua o dialogo...
aquele abraço!
Sempre leio e releio teus versos e sempre descubro que, de alguma maneira, tocaste meu coração, mesmo que o tema pareça distante de mim. Mas acho que já sei o que é. Versos são prismas que refletem multifacedos os significados e os sentidos das palavras. Tua poesia não fala à razão mas sim às profundezas da alma.
ResponderEliminarBeijokas... já estás restabelecido?
estimada lou,
ResponderEliminara melhor homenagem que podemos prestar à poesia é permanecer em silêncio. agradeço-te o carinho da presença e das palavras silenciosas.
um beijo!
Lindíssimo, Jorge!
ResponderEliminar..."já nem as noites sabem ser inteiras"...
Para me deixar fascinada, bastaria só este verso... No entretanto, tenho diante dos olhos um poema inteiro, todo ele feito de fascinação!
Sou privilegiada...
Abraço apertado, amigo!
etiquetas, marcadores, memos, post it, autocolantes, vinhetas... quantas vezes estamos presos a elas e às suas trivialidades essenciais?
ResponderEliminare o diálogo continua, laurita...
lua nova,
ResponderEliminara verdadeira poesia não é a que diz, mas a que toca. nisso não poderia estar mais de acordo contigo.
ainda não estou com a visão perfeita, infelizmente. aparentemente está tudo bem mas só com o tempo a conseguirei afinar ao nível do que se deseja. mais umas semanas e tudo ficará bem. apesar disso, já vai dando para passar por aqui e por aí para banhos de poesia.
obrigado pelo teu carinho!
um beijo!
zélia,
ResponderEliminarinteiro, pleno e definitivo é o carinho que espalhas pelo universo bloguer. distingues-nos a toda a hora com a tua presença e a tua sensibilidade.
um beijinho!
"Já nem as noites sabem ser inteiras"
ResponderEliminarDe fato... tudo existe pela metade ou em pedaços!!!
Beijo Amigo Querido
Sil
Gosto de ti
Você é daqueles poetas que precisam ser lidos.
ResponderEliminarE Cohen é o que há de bom.
Beijo.
e tudo sangra, poeta...
ResponderEliminarEsquecer? Só se nem uma gota mais restasse. Mas aí seria a morte a beijar o verso.
Sinto mais que vivo cada fragmento que compõe tua poesia, Jorge.
"A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos nas pontas das palavras. Minha linguagem treme de desejo." (Roland Barthes)
Jorge, primeiro quero desejar-te as melhoras e uma rápida (dentro do possível, claro:)) recuperação.
ResponderEliminarQuanto a estas etiquetas, elas renovam "o chão da vida"...
... nelas sinto-me livre, não sei se a alma "explode" mas sei que viaja fora dos carris dessa locomotiva :), seguindo diversas direcções, nas nuances da sombra, que inevitavelmente existe porque também gosto de tentar (per)seguir a luz;
... nelas me cruzo numa doce teia de caminhos, incertos e, por isso, que questiono, pela riqueza dos sentires que me tocam e que escapam das leituras que sangram dessa tua veia poética...
... nelas sente-se um desejo que emerge no paladar querendo saborear o sonho por inteiro e adormecer na raiz das noites que serão inteiras quando lerem as palavras que derramas no silêncio dos versos.
Gosto desta explosão de sentidos!
Beijinho!
o chão da vida
ResponderEliminarno derradeiro verso
racha o sono e o sonho pela metade.
já nem as noites sabem ser inteiras.
Talvez...
por isso.
Acordo de hora a hora
na outra metade
e desenho na primeira
unindo as palavras
para que a noite
seja plena e una.
Gostei da foto do Molder. Um dos grandes fotógrafos tuga.
Poema intenso...a sangrar!
Belíssimo.
Abração
tudo existe pela metade,
ResponderEliminarnada é inteiro.
entre tudo e nada, inteireza e metade, apenas estilhaços esparsos recolhidos de trincheiras onde só a pólvora foi capaz de desabrochar em flor...
um beijinho, silene!
dade,
ResponderEliminardeixas-me sem reacção... obrigado pelas palavras.
um beijinho!
é o sangue serpenteante pelo tecido da memória quem marca, com mel encarnado, as rotas digitais da tua quase presença, da tua mais que certa ausência. e eu que de geografia nada sei, onde estarei?... soubesse eu dos mapas da pele...
ResponderEliminarum abraço, pólen reflexivo :)!
jb,
ResponderEliminaré incrível como estes pedaços de papel recortados sem critério e colados sobre o frigorífico da vida permitiram a (re)criação poética com a tua assinatura. a chave não está nas notas lidas (ainda para mais, a ausência do íman deixa-as em suspensão bamba); a chave é mesmo a tua mão!
um beijinho! engrandeces sempre este lugar com a tua presença!
viva!
ResponderEliminarse o que aqui deixas não é o verdadeiro respirar do pensamento...
um brinde às noites unas e inteiras!
abraço!
Jorge Pimenta,
ResponderEliminarque se queimem (e se transfigurem)
no tecido as palavras dos teus poemas
e rasguem-se vísceras
e às estrelas toda a chama
do tragar-se.
Amigo, forte abraço
(pleno de admiração)
estas tuas etiquetas colam-se à pele, e este in-tensões salta aos olhos, fica em órbita, espetacular,
ResponderEliminarassim como este mestre que tu colocas a acompanhar os poemas, o Leonard
abração poeta de veia fértil
Querido amigo, ainda sem ter podido "voltar", por inteira falta de tempo, venho te ler...e, ah...a Dade está certíssima: precisas ser lido, por muitos e muitos e muitos...
ResponderEliminarcontinuo a acreditar
na explosão da alma
sob a locomotiva da pele.
e o sangue a correr de boca em boca.
Esse é o poeta que me arrebata sempre! Até mais...
Beijos
por vezes tudo sangra.
ResponderEliminarquase nada se esquece…
me pegou diretamente!
ainda sobre pode ser...do meu blog, nunca entendi direito o que ele quis dizer ao todo...acjo que não é bem uma declaração de amor né? rs nao sou muito especialista em linguagem masculina...
beijo!
ps, estou sob efeito de 2 relaxantes muscular, rs
beijo de novo!
ah esqueci, o leonard cohen...demais! ele é perfeito!
ResponderEliminarSenti daqui uma explosão de (in)tensões cujos caminhos seguem perdidos. É através deles que se aprende a "ler com as mãos", "sangrar-te o nome" e "escrever-te no peito".
ResponderEliminarIntenso e magnífico, Jorge!
Um beijo!
amigo domingos,
ResponderEliminarpoeta de voz firme,
as tuas visitas ao viagens são sempre incineradoras. nada permence intacto... muito menos as vísceras.
um abraço de alguém que admira toda a tua obra poética!
assis,
ResponderEliminarpoeta e cavalheiro
para quem as palavras são sempre os fios delicados por onde alçar a voz, aqui e noutros lugares. fico sempre sensibilizado com a tua visita e palavras amigas.
um forte abraço!
tânia, querida amiga,
ResponderEliminarque bom reencontrar-te algum tempo depois...
esta locomotiva é o animal feroz que arrebata as decisões, que fere as intenções, que abocanha as tentações e que caminha sobre as inquietações. que arda, que estoure, que se balcanize para que, dos estilhaços, renasçamos sempre e outra vez.
um brinde à locomotiva! que arda em rota firme e cadência alta! sempre!
um beijinho terno!
olá, so sad,
ResponderEliminaré esta a anatomia do ser: no fio malabarista que separa o sangue da memória.
um abraço!
hum, sobre cohen,
ResponderEliminaré curioso: cresci a escutá-lo nos discos de vinil do meu pai há para aí 30 anos. continua o mesmo no rosto (acho que já nasceu com aquele traço envelhecido :)), na voz (sombria e misteriosa), mas, sobretudo, nos poemas que acompanham as melodias vagarosamente apaixonantes. perdi-o em dois concertos sucessivos em portugal; tenho-o no leitor de cd em casa :)
um abraço!
lívia,
ResponderEliminarreconstrução exemplarmente bela a que protagonizas no teu comentário. já não é só o sangue que corre de boca em boca; também a poesia!
um beijinho!
Etiquetas sob a pele em febre...
ResponderEliminar“ não sabes que a loucura
arde ao lado do grito
na caverna ácida das intenções?”
(Esse eco atravessa mil léguas)
Beijo sonoro, poeta de grau maior!
Nossa! Bem que se palavras sangrassem, seriam pelas suas.
ResponderEliminarPer-fei-to!
Avassalador!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarMeu querido poeta,
Hoje, não te deixarei palavras, pq não as encontro, pois, provavelmente, não existam, ao complemento dos meus sentidos.
Deixo-te, apenas, o meu profundo silêncio inteiro.
Um bj a sua genialidade.
cris,
ResponderEliminaros nossos ecos atravessam sempre milhares de léguas, sobre e sob o mar.
um beijo!
larinha,
ResponderEliminarse há palavras que sangram e outras que fazem sangrar... ou não fossem elas as etiquetas maiores do ser.
um beijo!
ira, querida amiga,
ResponderEliminardeixa-me entrar nesse silêncio, também. não sei se é do cansaço, mas a verdade é que as palavras se escondem por detrás da retina...
um beijinho!
"talvez um dia
ResponderEliminarte saiba ler com as mãos
talvez um dia
possa sangrar-te o nome
talvez um dia
me deixes escrever-te no peito..."
os meus olhos perderam-se aqui, tão belo!
Beijinho amigo!
a música, adorei.
sabes, querida amiga,
ResponderEliminare a propósito dos reiterados "talvez" que sublinhas: é algures sobre a dúvida que construímos algumas das maiores certezas e convicções que acabam por nos norteiar. é verdade, é um exercício duro, este, e quantas vezes nos parece desproporcionado; afinal, acreditar na imprevisibilidade é dar um salto no escuro sem ter certezas de rede por debaixo dos pés. (ainda há dias escrevia à laura o manifesto para a aniquilação de todos os advérbios de dúvida...) mas, a intuição, o feeling e a capacidade de ler nas entrelinhas é companheira sábia daqueles que sabem esperar.
um beijinho ao som de leonard cohen! :)
Querido amigo, uma a uma as etiquetas foram se colando à minha alma, verso a verso meu coração foi dizendo: olha esse, e esse, e esse...
ResponderEliminarmas quando cheguei ao hiato perdi a fala e pairei sobre ele em silêncio pleno.
bravo, poeta!
um beijinho
Jorge,
ResponderEliminarUm código genético, então. Abrem-se as pupilas, não as tuas, as minhas.
O desfecho é um encantamento poético.
Bjs, poeta de luz.
andrea, querida amiga,
ResponderEliminarsão assim as etiquetas, colam-se a nós e não nos largam recordando-nos das razões por que as lá pusemos. estas... têm a cola frouxa pelo que acabam por se desprender :)
um beijinho!
ira,
ResponderEliminarvoltaste e com que palavras... deixas-me a mim sem fala com tamanho carinho. o poeta(?) da luz (quem sabe mais até da sombra) agradece com um sorriso tímido :)
um beijinho!
Jorge, aprecio demais essas suas etiquetas. E quão admirável é esse "IV. hiato"!
ResponderEliminarComo dizia o grande poeta seu conterrâneo:
"[...] A vida viva/Vive a dar nomes ao que não se ativa,/Morre a pôr etiquetas ao grande ar..."
Grnade abraço!
aqui deixo algumas dessas etiquetas, nobre amigo, formas de dizer e de nomear, imitações de decisões sem acção ou acção sem premeditação. mais que querer viver a vida, desejava que fosse ela a sorver-me de um trago só.
ResponderEliminarum abraço, marcantónio!
p.s. pessoa é sempre um tónico em qualquer (con)texto.
Olá Jorge,
ResponderEliminarA fotografia, demais! E o som, só ouvindo...
Das atiquetas, uma variação
A luz e a sombra atravessaram as retinas
Corredeiras vermelhas
Veias, vasos, terminações, tecidos
Etiquetas brancas de cores saídas
As linhas descosidas, cruas
Os fios tecendo
Uma nova tez
Outra pele
Com a superfície do corpo
um grande abraço
vais, a tua presença aqui é sempre um verso acrescentado.
ResponderEliminargrato por isso!
um beijo!
O céu pintado de vermelho.
ResponderEliminar"under a blood red sky" :)
ResponderEliminarque bom vieste a/de tão longe, andressa...