évora (pormenor)
I. botânica humana
há um traço vegetal
a cruzar-nos
desde a nascente até à foz:
é o que (des)espera
pela mão que o saiba tratar.
II. resignação fértil
há uma morte que me persegue.
os dedos
mais longos que as minhas pernas
e a sua voz
canta-me na boca.
vá,
basta de cardumes de camélias
e barcos a evitar a corrente do álcool;
que o gigante me atropele de vez
(mas por entre os contornos do teu olhar).
III. a.deus (ou a.todos.os.homens)
todos os deuses
idealizam os próprios filhos.
será por isso
que o azul (i)mortal do céu
entra na noite dos homens
pela estrada onde se põem as estrelas?
nick cave and the bad seeds, far from me
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
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Jorgíssimo,
ResponderEliminarEssas etiquetas me metem na escola de novo: onde se aprende versos assim?
Coroai-me de estrelas, amigo, pra eu me pertencer ao azul (i)mortal do céu!
Abraço botânico,
Pedro Ramúcio.
pedro, amigo,
ResponderEliminaras etiquetas são insignificâncias que apenas existem para nos recordarem daquilo que não podemos/devemos esquecer. são assim estes três mini-textos: apenas notas banais que nos recordam de como é bom ter o carinho de estrelas que pertencem à constelação dos amigos: como tu!
um forte abraço!
Ah, ainda fecha com a chave do céu. Todos me causaram um impacto agradável, amei, Jorge.
ResponderEliminarBeijo!
larinha,
ResponderEliminarfecho com a chave do céu, mas... apenas aquela que não cabe na fechadura. é que a estrada já havia extinguido as estrelas...
um beijinho!
Jorge, essas etiquetas são como ditintivos das possibilidades plurais da sua escrita. Breves sim; de modo algum banais!
ResponderEliminarEis que temos constituição (frágil? floral?)aguardando por desvelos de jardineiros metafísicos ou humanos!
Formidável isso.
Grande abraço.
Não poderia deixar de elogiar a imagem: reúne dois tempos distantes sob o mesmo céu azul, não?
ResponderEliminarAbraço.
marcantónio, a fragilidade do ser é tanto maior quanto mais careça da intervenção divina ou do seu semelhante para poder resistir. ainda assim, e porque os deuses também se abatem, não creio que haja quem quer que seja - de humana ou divina condição - que, num qualquer momento da sua caminhada, não procure a mão de um jardineiro que o trate. inevitavelmente... é talvez isso que mais nos aproxime do ideal genesíaco da criação.
ResponderEliminarum forte abraço, caro amigo!
ah, a imagem... absolutamente verdade: dois tempos e dois templos: o dos deuses (diana, deusa romana) e o dos homens (a candeia que nos guie).
ResponderEliminarabraços renovados!
Jorge,
ResponderEliminarI. Impossível ler seus poemas uma única vez ou de um jato só;
II. Ainda que os versos sejam tristes me atraem em profunda introspecção;
III. A beleza dos versos apresentada é intensa o suficiente para contrapor à tristeza.
"...o azul (i)mortal do céu
entra na noite dos homens..."
Sagacidade ímpar!
Um beijo!
Assombro-me te lendo, Jorge. Assombro-me sempre. Torpor, insipidez (dias em que pedras são apenas pedras, quando Deus tira a poesia do homem), como o idisse Adélia Prado...desaparecem quando te leio.
ResponderEliminarserá por isso
que o azul (i)mortal do céu
entra na noite dos homens
pela estrada onde se põem as estrelas?
Isso me assombra, porque é muito, muito belo...e a a beleza arrebata. Arrebatar, esse verbo tão íntimo quando te leio. Nossa, e a gente se esquece de agradecer ao Poeta que nos põe tão acima desse mundo tão ordinário, tão banal tantas vezes. Obrigada, Jorge, pela sua Poesia, que me transforma quando leio.
Beijos
Esses dedos mais longos que pernas fizeram-me ir longe (de tão longos, creio). Belíssimas as suas etiquetas...grande beijo!
ResponderEliminarJorge, Jorge! Que lindeza!
ResponderEliminarTal qual raiz, a poesia se espande e ocupa o espaço que toma, mtas vzs maior que seu próprio corpo. Invade.
Percebo uma simbiose nos nossos últimos posts, que me agrada mt. Chamo-o de sintonia. A poesia vasa do céu e corre cometa ávida de mãos. Dois loucos alcançam seu lastro e a compõe, co-existindo na msm noite dos homens.
Alguns sentidos diferentes, mas a msm essência. Adorei a coincidência!
Bjs azuis
Amigo,
ResponderEliminarEm primeiro lugar, te agradeço, muito, por todo o carinho com que me presenteou (ao comentar o meu comentário), no texto anterior. Fico muito encabulada ao receber elogios, e nunca sei o que dizer.
Resumindo: Você me deixou sem palavras!...:)
As que restaram foram apenas estas:
Obrigada Jorge!
Quanto aos textos de hoje, geralmente não gosto de etiquetas (as de roupas, arranco-as todas!...rs). Mas estas tuas, são para guardar na memória, justamente porque não são inoportunas, pelo contrário, nos conduzem até uma estrada estrelada (fecho os olhos e imagino-a).
Como se não bastasse, existe todo esse azul (que já lhe disse que amo).
Despeço-me com a visão de um "cardume de camélias"...E é uma visão linda demais!
Com carinho,
Cid@
Essas (in)significâncias que nos compõem, como imensos buracos que fazem de nós não o que queremos, mas o espelho do que nos falta. Penso que são elas, mais do que qualquer coisa, que modulam nossa voz, que tecem letra a letra nossa o labirinto da nossa escrita.
ResponderEliminarnenhuma banalidade encontrei aqui, querido amigo. O que vi foi poesia da boa, em pequenos frascos.
um beijinho
gostei daqui! dos versos, do nick...
ResponderEliminaretiqueta são regras de convivencia...mas as tuas são versos livres...
beijo!
"Preciso de obter sabedoria vegetal.
ResponderEliminar(Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.)' Manoel de Barros. Deu-me de lembrar esses versos e creio não à toa, já que tua poesia inspira. Inclusive a Resignação fértil brota em todos os chãos como seu mistério de contradição. "pela estrada onde se põem as estrelas?" é uma etiqueta mais que emblemática, transcende de horizontes, permeia-se entre sons, polvilho de cosmos,
abraço grande poeta
Meu querido Jorge...
ResponderEliminarCoisa mais linda deste mundo!
fico aqui a cismar: de onde lhe vem tanta e tão grande inspiração?
Você é um privilegiado e, nós outros, seus leitores, mais ainda...
Como se dizia antigamente: Benza Deus...
Abraço bem apertado, amigo!!!
Etiquetas da pá virada!
ResponderEliminarHá um gigante que desalinha-me com o seu vário costurar...
Beijo anis, tecelão.
Oi Jorge, querido
ResponderEliminarTinha certeza de ter comentado o texto anterior, mas hoje percebi que o comentário não foi postado.
Tinha te deixado um trecho de um poema que tem a ver com um comentário teu.
É de uma poetiza brasileira, Cora Coralina:
Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.
Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.
Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.
Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro
da imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.
Numa ânsia de vida eu abria
O vôo nas asas impossíveis
do sonho.
.
.
.
É só um trechinho, mas vale a pena ler inteiro.
Gostei muito dos teus poemas.
Bjs
Rossana
lívia,
ResponderEliminarI. a poesia é a arte do dizível, mas, sobretudo do inefável; sintamo-la apenas, de um, de dois, de mil fôlegos e que ela se reconstrua, reconstruindo-nos.
II. a tristeza, a melancolia, a serena nostalgia são estados de alma que podem ser tão inebriantes quanto o álcool ou outros estimulantes (comigo são-no, do mesmo modo que a felicidade o é, ainda que numa estética poética bem distinta).
III. a tua presença é um estímulo cognitivo-sensível ímpar.
um beijinho através do chão das estrelas!
oh, tânia, sempre tão gentil e meiga com as palavras e nos gestos.
ResponderEliminarcomo tu, se há coisa que procuro na poesia, é a beleza e o modo como ela se conjuga com aquilo que haja dentro de mim. em certo sentido, é a surpresa, o assombro e outras reacções que tantas vezes estão arredias da vontade individual.
um singelo obrigado!
beijinho com ternura!
daniela... é esse o grande problema de fugirmos das coisas; aquilo que nos persegue tem sempre braços mais longos que as nossas pernas; a captura é inevitável. enfrentemos o adamastor, pois, por mais hediondo que seja, verdade?
ResponderEliminarum beijinho!
ira,
ResponderEliminarnesta aventura poética patrocinada por esta teia de comunicação invisível, tenho-me surpreendido com o até há pouco tempo inimaginável. há gente que escreve com uma qualidade incrível, mas, mais que isso, há elos afectivos que se criam, muito por via das miradas que os escreventes/escritores adoptam sobre o mundo escrito e vivido, gerando interssintonias. é o que sucede, por exemplo, entre o faces do poeta e o viagens de luz e sombra :)
beijinho!
que esse cardume de camélias projectado na tal estrada estelar nos inspire sempre, verdade, amiga cid@?
ResponderEliminarobrigado pela presença sempre tão carinhosa!
andrea, querida,
ResponderEliminarnão podia concordar mais contigo. aquilo que nos torna o que somos não é apenas o essencial; todas as banalidades e trivialidades asseguram o preenchimento dos vazios que a massa imensa vital não está em condições de preencher. refiro-me à materialidade, mas ainda mais àquilo que é invisível aos olhos.
um beijinho com ternura!
p.s. estou a imaginar, no curso de biologia, o professor a pedir-te que apliques etiquetas classificadoras em cada um dos insectos reunidos, hihihi!
um beijinho!
so sad (dizer-te que adorei o nick :)),
ResponderEliminaragradeço-te a ancoragem neste cais, durante a viagem. as etiquetas não são o caminho, mas sempre ajudam nas suas coordenadas. terão sido elas a conduzir-te até aqui? :)
um abraço poético!
p.s. nick cave é, ele mesmo, a poesia!
assis, poeta,
ResponderEliminarsabedoria vegetal é conseguir uma rã junto do talo? xi, imagino uma poeta-amiga comum que não acharia piada nenhuma a isso, hehehe!
agradeço-te as palavras sempre tão luminosas neste trilho de estrelas tantas vezes sem luz...
um forte abraço!
zelita,
ResponderEliminarsei lá de onde vem a inspiração, querida amiga... por vezes olhamos para as coisas e sentimo-las a fervilhar de energia e sentido; outras, nem por isso. neste último caso, ponho-lhes etiquetas e enfio-as no fundo do baú :); foi este o caso.
um beijinho terno!
a chave está nas linhas de coser, querida amiga de cris.tal! e nessas tu fazes bem a diferença.
ResponderEliminarcosturo desde aqui um beijinho!
p.s. amanhã há parceria poética, verdade? :)
Jorge,
ResponderEliminarEtiquetas. Eu não gosto delas, mas te confesso, que as suas etiquetas, essas sim, de tão lindas, me são um alimento pra alma.
Toda vez que entro aqui, saio alimentada pelas suas palavras.
São lindas demais.
Meu abraço muito carinhoso!!!
Algum deus pagão, soprou-me que sim...
ResponderEliminarBeijo, precioso.
:)
rossana,
ResponderEliminaresse é um exercício que se torna renovadamente obrigatório: abrir as asas e arriscar o voo do sonho. preciosidade essa da cora que aqui nos deixas. um muito obrigado!
beijinhos mil!
sil,
ResponderEliminartambém não gosto de etiquetas; uso-as na base da sua funcionalidade. neste caso, estes textos são aqueles que vejo mesmo dessa forma: como etiquetas, como apêndices, como exercícios, rabiscos, sei lá... fico surpreendido (mas muito satisfeito, obviamente) por terem tanto impacto positivo.
um obrigado pelo carinho que aqui postas em palavras!
esse deus pagão alvoroçou-se primeiro por aqui antes de soprar aí. não lhe reconheci as feições, mas era ágil como mercúrio. segredou-me que amanhã seria o dia, pois :)
ResponderEliminarum beijo, cris.tal!
Veja como são as coisas, Jorge. Ainda não conhecia seu blog, e portanto não sabia o que estava perdendo. Agora sei, não perco mais.
ResponderEliminarExcelentes os teus poemas, e a música uma delícia para os ouvidos.
Grande abraço!
Jorge,
ResponderEliminarGilberto Gil tem uma canção chamada Metáfora que diz mais ou menos o seguinte: "Uma lata existe para conter algo, mas quando o poeta diz lata, quer dizer o incontível"... Quando li "Etiquetas" esperava encontrar "definições", mas encontrei miríades de possibilidades das fímbrias às profundezas das palavras.
Senti um carinho na alma. E calor.
"que o gigante me atropele de vez
(mas por entre os contornos do teu olhar)"
Muito lindas as tuas Etiquetas!
Beijos...
momento intimista nos ofereces nestas etiquetas com a música de nick cave.
ResponderEliminarcolei-me à resignação fértil e de lá não saí.
beijinho amigo!
dade,
ResponderEliminareste é apenas um singelo espaço de reflexões, divagações e deambulações pela palavra, pela imagem e pelos sons. fico felicíssimo que o sintas já como um pouco teu, também.
um abraço!
olá, pólen,
ResponderEliminara palavra pode indiciar caminhos e orientações, mas são as pernas que têm de os percorrer. nessa medida, assumo que aqui se encontra muito mais desafios, perguntas ou non-senses do que horizontes fechados ou definitivos. é assim a poesia, como bem dizes e ainda melhor o exemplificas na citação de gilberto gil.
um beijinho!
nem de propósito cave junto das etiquetas, ele que é a própria poesia (já o aqui disse e penso-o convictamente) e o exemplo maior de intimismo, verdade, amiga andy? esta música, então, toca-me particularmente. quanto ao gigante de "resignação fértil": que venha; também ele passará um mau bocado nas nossas mãos :)
ResponderEliminarum beijinho!
O que li/vi nas etiquetas? Veia cava fundo a via aqui e vi e mais veria... :)
ResponderEliminarJorge, este pedaço: 'há uma morte que me persegue', remete-me ao útero. E vomito:
ResponderEliminarA mente esmigalha-se e se dissolve na água, tudo a fundir. Dança desfeita diante minutar de dedos no tecido desconjuntado da tinta, do esquecido caminho das cores, e não borra a pele em busca como antes vomitava aos quatro cantos. Do acreditar impossível na extração da linha viável do possível possibilitar molhado aos lábios. O coração bate, estremece, e com os açoites em eixo, empurrando na base do cérebro a visita do especial em declínio. Tal que outrora deslizava sobre a pista em sonhos e veia veloz descrita em cheiro metamorfal. Da capturação de lua mais bela do que nunca, na docilidade, numa fração de segundo, levava pensamento cativo no gosto de vôo. O laboratório de fotografia do aceitável à fotógrafa, esmiúça nas piscadas o nulo gostar de flores, pétalas a regar chão. Com corte as braçadas do vento, voejar, e no concentrar robótico, não sentir nada. Ser-se obcecada pela estrutura e pela forma correta. Com isso, as lembranças, memórias adocicadas, movidas no caminho da coagulação, e dentro esmagadas às asas no presente. E o que se proclamava devoção ao rasgo de véu, ritual profético, como ardente e desejável, usurpado de não fazer-te o que lia nos olhos doces da melodia da voz. As madeixas tristes e frias, procela em cenas subliminares o que há de buracos no peito devido às palavras, atitudes a ferir com presas, e se marca esterilidade, e o seio com núncio empedrar, por sabido que após negros enleios, dorme-se profunda e solitária.
Degustativo o que leio e re-leio.
Abraços
Priscila Cáliga
Denso embora cristal.
ResponderEliminarA respiração sinto
entrecortada.
Poemas dentro
do ventre
pela vastidão.
Todas as cores
de todos os céus.
forte abraço,
camarada e amigo.
francisco, ao que vejo, não te perdeste na viagem até aqui. pelos vistos, as etiquetas ajudaram :)
ResponderEliminargrato pelo teu comentário e pela visita!
um abraço!
ufa, priscila,
ResponderEliminarneste carrossel onde as palavras são apenas as rodas dentadas de engrenagens sensitivas que nos conduzem à locomotiva da morte, mas, sobretudo, aos trilhos da vida, fico com a cabeça coberta de tons que apenas existem do lado de dentro da realidade, como aquele lençol que toca a pele dos amantes mas nunca os conheceu do lado de fora. pensei em dormir profunda e solitariamente, mas não; recuso-me a fazê-lo, pois a poesia, que jamais dorme, não tem tempo a perder; reclama-se a urgência de escrever, de ler, mas, sobretudo, de amar.
obrigado por esta pérola que engrandece sobremaneira este pequeno cais.
beijinho com profunda admiração!
domingos, camarada amigo,
ResponderEliminarestas etiquetas voaram do estendal da poesia num dia tempestuoso, e numa altura em que deles desdenhei. assim uma espécie de vingança por os considerar menores. agora, do ventre, sim, saíram, numa noite de caos biliar; já os matizes de cores múltiplas estão de facto aqui, mas não têm a minha mão; têm a tua e a de todos quantos tocaram, sem arrancar, as estiquetas. ainda lá estão, rindo-se de mim, por delas ter duvidado...
um forte abraço!
Jorge, entre a multidão em múltiplas faces dos acontecimentos dos meses, árvores com almas, o carrossel desce à cidade sombria do dentro desse ser-se que veste e ampara o sono profundo. As emoções estacionadas, sem a púrpura dos dias, perante a surpresa do festejo do trilho da vida, ecoam pelas avenidas traçadas as curvas, em fases irrecusáveis pelo fuga adentrada nos lábios para ilha que transborda risos de abrigo que embriaga, dança-se violino, atirar-nos para o lugar das mãos entrelaçadas. O enredo clamante, gota a gota a vida vai encharcando os ossos, da reclamação, 'a urgência de escrever, de ler, mas, sobretudo, de amar': de ser-se na leveza dos dias claros e na descoberta: o mistério dos dias tristes, com revelar-se intenso e maduro nas canções pastorais que saciam o coração dos apaixonados
ResponderEliminare já não indaga-se a lacuna, os porquês.
Abraços que se pintam e re-pintam.
Priscila Cáliga
Jorge,
ResponderEliminara terceira estrofe, em especial,
é digna de sucessivas releituras!
Espetacular!
Um abraço,
Doce de Lira
priscilla,
ResponderEliminaré incrível como os a.braços desse lado do atlântico ecoam nos braços de cá, e vice-versa, num corropio de sons, tons, e formas que se fundem ora em murmúrios imperceptíveis, ora em gritos e clamores. e as palavras saltitantes, travessas, indomáveis, rasgam o écran e incrustam-se na pele, umas vezes segurando o salto nos abismos, outras empurrando para o delírio em azul, num e noutro caso, anunciando a derradeira epifania: "o mistério dos dias tristes, revela-se intenso e maduro nas canções pastorais que saciam o coração dos apaixonados".
deitemos fora os porquês... rasguemos as tabuletas com os quantos... afundem-se as proas dos comos... viva-se, simplesmente. o demais é acessório.
um beijinho!
renata,
ResponderEliminarum muito obrigado pela visita e pelas palavras-carinho!
um beijo!
Jorge, rasgo em pele pelos oceanos no oceanar: casam-se, e em suas ondas incrivelmente as mensagens declamam, mesmo pincelando dias longos. A imagem abri-se nos aposentos, onde o coração submete-se a erosão, e o espelho de um céu nulo monótono protagoniza, ou deixa-se que a tarde prolongue no contente festejar dos horizontes aspirantes. O perfil da montanha, direcionado aos quatro cantos do globo, e a linha azul do mar, como molduras cujo centro se esvazia de si [egoismo], quando ao dizer o nome do viver simplesmente, na realidade dos sons, das tonalidades e formas intraduzíveis, arte de entrar nos meandros íntimos, que percorrem a luz de um rosto, na qual as prosas são feitas do silêncio incalculável, para que se possa renascer, e nas sombras se abstrai, sorve a memória das promessas.
ResponderEliminarAbraços ave rara.
Priscila Cáliga
da minha janela: o oceano, num pêndulo vertical que entontece a vertigem. recuso debruçar-me sobre as suas línguas de alfazema que convidam ao salto sem pára-quedas, num sibilado de açúcar e mel.
ResponderEliminarhá dois dias, bailei no parapeito como o equilibrista que calca o mundo sob os pés, indiferente ao medo, mas atento ao aplauso. daqui a dois dias, sentar-me-ei num cadeirão cor de chá enquanto os dias me acolhem na sua contagem como filho primogénito e de todos o mais legítimo.
que herança me resta? a da fibra que faz ninho nos ossos e empresta aos músculos a mais louca das primaveras, aquela onde os pássaros assobiam o teu nome enquanto tecem os aromas de novos despertares.
a janela permanecerá aberta enquanto souber escutá-los.
um beijinho por detrás do vidro, proscilla!
É chegar aqui pra perceber quando a tua pergunta "havê-las-á" perde tom interrogativo pra receber uma grande exclamação! Dificilmente consigo ler tuas poesias - um universo à parte - não partindo das muitas sensações, Jorge. Descartes que me perdoe! Essa-etiqueta-está-além-da-conta-de-linda!
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