de amores e desamores quem nada sabe, quem nada diz, apesar de tanto haver para silenciar?… uns e outros, apenas ícones que, desde cedo, projectamos para néons de alfazema que assobiam no dorso de elefantes alados ou de insectos rastejantes desta escalada a que ironicamente chamamos de vida.
os amores são assim como que alimentos que se mastigam até se formar um bolo alimentar que escorrega verticalmente pela escada gástrica mas que acaba por nunca saciar o menos exigente dos comensais. são assim como que uma massa disforme que não se vê, mas que se sente e pressente sob as mãos do artífice (umas vezes hábeis, quase sempre inábeis), mãos que a procuram moldar numa forma que encaixe no peito, mas que invariavelmente termina num bibelô banal, assim uma espécie de chávena de café suja ou um prato de pirex fora de moda. o pior de tudo ainda é o esgar do tempo: solidifica a massa e transforma-a no objecto não que procuramos criar (a eternidade), mas que ele inexoravelmente define (o desamor) – tantas vezes agarrado a incontáveis pedaços de argila residuais, como são os casos da incompreensão, da revolta ou da frustração; tão difíceis de remover do corpo uns como os outros e é por isso que os olhos da rejeição, num assomo desesperado de reversão dos estados, procuram chamar construção de areia ao mais robusto castelo de pedra (desses que resistem às investidas de exércitos, quanto mais à fúria insana de um desamado…).
e a pouco e pouco, no arquejar lento de um realejo que torna irrelevantes todas as voltas do gemido do desamor – lá onde cactos e urzes benzem os jardins outrora tratados e viçosos –, os olhos vencidos voltam-se para deus e para o demónio – os ícones maiores que cada um constrói dentro de si: um que acaba por adormecer quando mais dele precisamos; o outro que não conhece nenhum estado senão a vigília dos abutres sobre a carne em putrefacção... e entre o azul celeste e o azul abissal, os lábios dificilmente reencontrarão os contornos das palavras…
radiohead, knives out
os amores são assim como que alimentos que se mastigam até se formar um bolo alimentar que escorrega verticalmente pela escada gástrica mas que acaba por nunca saciar o menos exigente dos comensais. são assim como que uma massa disforme que não se vê, mas que se sente e pressente sob as mãos do artífice (umas vezes hábeis, quase sempre inábeis), mãos que a procuram moldar numa forma que encaixe no peito, mas que invariavelmente termina num bibelô banal, assim uma espécie de chávena de café suja ou um prato de pirex fora de moda. o pior de tudo ainda é o esgar do tempo: solidifica a massa e transforma-a no objecto não que procuramos criar (a eternidade), mas que ele inexoravelmente define (o desamor) – tantas vezes agarrado a incontáveis pedaços de argila residuais, como são os casos da incompreensão, da revolta ou da frustração; tão difíceis de remover do corpo uns como os outros e é por isso que os olhos da rejeição, num assomo desesperado de reversão dos estados, procuram chamar construção de areia ao mais robusto castelo de pedra (desses que resistem às investidas de exércitos, quanto mais à fúria insana de um desamado…).
e a pouco e pouco, no arquejar lento de um realejo que torna irrelevantes todas as voltas do gemido do desamor – lá onde cactos e urzes benzem os jardins outrora tratados e viçosos –, os olhos vencidos voltam-se para deus e para o demónio – os ícones maiores que cada um constrói dentro de si: um que acaba por adormecer quando mais dele precisamos; o outro que não conhece nenhum estado senão a vigília dos abutres sobre a carne em putrefacção... e entre o azul celeste e o azul abissal, os lábios dificilmente reencontrarão os contornos das palavras…
radiohead, knives out
Quase nem respirei de tão intenso que foi.
ResponderEliminarPalavras com potência de construção e ruína. Força ajustada ao mais íntimo psiquismo. Seu dom, leva-me ao meu vazio mais fértil.
Cheiros meus.
Jorge. O fervilhar faz o sepulcro vazio sobre um dentrear assumido aceite do tomar banho em sangue antes de sair e perfumar-se com perfume que é segredo entre estrelas costuradas. Pele e raízes vomitadas em cores no núncio de agreste e um pouco áspero, com doçura escondida sobre nascentes.
ResponderEliminarAbraços e obrigada pelo pouso.
Priscila Cáliga
oh, angélica, a potência da construção e da ruína... é, afinal, os amores e os desamores, o som e o silêncio, a luz e a sombra nesta dualidade que nos persegue invariavelmente...
ResponderEliminarum beijinho!
priscila, neste teu texto-comentário acabas por alongar ainda mais a dualidade do par amor/desamor: ao colocares em confronto perfumes e outros olores, estrelas (ainda assim costuradas) raízes e cores, docçura (mesmo que escondida) com os seus antípodas existenciais...
ResponderEliminarum beijinho!
Jorge. A retina quebradiça, dos lábios dificilmente reencontrarão o contorno das palavras, sinaliza-se o invernar em roupante na qual o agustar e o degustar correr velozmente na veia com tonalidade acinzentada, à busca da missiva de apresentação que aguça os sentidos. O grafite trajetará sobre o papel desalinhado, do traçado de um extremo ao outro, altos e baixos de choque as camadas. Do ontem foi, no continuar hoje é. Estacionar desflori o girassol do sempre atuação brilhar de sol. Tal aproximação até a bica, causa desafios com chamado para transponíveis numa única nota, a deschavear as amarras, das portas se abrirem ao ilógico narrar, fazendo o véu vir abaixo.
ResponderEliminarAbraços.
Priscila Cáliga
Gostas das dualidades, Jorge...O nome do teu blog expressa essa duaalidade com a luz e a sombra. E o texto é um texto também de dualidades...Muito bom:
ResponderEliminar"...os olhos vencidos voltam-se para deus e para o demónio – os ícones maiores que cada um constrói dentro de si: um que acaba por adormecer quando mais dele precisamos; o outro que não conhece nenhum estado senão a vigília dos abutres sobre a carne em putrefacção... " MARAVILHA!
Abraços
Uau, homem de Deus, vou te dizer: li de um fôlego só e... literalmente, pirei!...:)
ResponderEliminarE no arquejar lento de um realejo, me peguei à procura de um ícone desperto, que pudesse me explicar o porque do amor ser tão complicado.
Ou somos nós que o complicamos???
"Moldar numa forma que encaixe no peito..."
Talvez esteja aí o segredo!
Depois de tudo, acabei presa entre um azul celeste e um azul abissal, e por mais que procure já não encontro mais a saída...
Sinto que estou na mais legítima viagem de luz e sombra...
Olá Jorge,
ResponderEliminarfico vendo assim, tem poesias, poemas, textos, carregados de uma profundidade poética, existencial, como este seu, que as palvras/sentidos entram e ficam e quando saem não são pelas palavras
mas, é um exercício
Bem forte a imagem
um cumprimento pela originalidade dos versos e reversos e parabéns pelos selinhos
um abraço prati
Ai... prosa que se lê devorando; no final, nós é que somos engolidos.
ResponderEliminarDigo: perfeito este texto!
Beijos.
narrativas de reinvenção, o homem recita e nesse ato cria o outro, aquele que segue na pronúncia, e no caminho de todos os mistérios a chama que urge e o recondito escuro, tudo é muito mais que uno no sonho indivisível,
ResponderEliminarabraço
priscila,
ResponderEliminardo ontem foi; do hoje é. do amanhã se fará rasgo sem contorno na montanha-russa dos amores e desamores; pois quem ama e desama constrói e reconstrói cavalos de crinas angulares sobre carrosséis circulares; agora sorrindo, logo desabando em lágrimas sem véu que as sustenha. e a in.felicidade cavalga sobre as ilusões de água fugidia... e o paul faz-se com as flores que sorriem para o derradeiro olhar.
um beijinho, poeta dos mil e um enigmas!
sabes, doce tânia, cada vez mais acredito num mundo matizado, com um espectro de cores em degradé, desde as não cores até às cores demasiadas. curiosamente, tendo a colocar-me nas extremidades da paleta cromática. começo a achar que é já um caso patológico, hihi...
ResponderEliminarum beijinho!
oh, cid@,
ResponderEliminarsempre tão gentil nas apreciações às nossas viagens... sem fôlego fiquei eu depois que li o teu comentário...
um beijinho, querida amig@!
sabes, vais,
ResponderEliminarsinto a profundidade dos textos a partir das reflexões e interpretações que suscitam. quanto mais vivas e intensas, mais profundos se tornam os textos e mais próximos aqueles que, pela hermenêutica, se aliam incomensuravelmente. grato pelo teu contributo sempre tão valioso!
um beijinho!
larinha,
ResponderEliminaristo de devorar e ser devorado é um pouco como os afectos: raramente se estabelecem em lógicas de paridade que excluam a relação predador/presa...
(ui, eu hoje estou absolutamente negro e descrente. irra...)
um beijinho com imenso carinho!
no processo de reinvenção, os textos são apenas o mote; a chave está nos metatextos que vão caindo das árvores como frutos de pele fina e delicada que apenas as mãos de amigos/poetas como tu sabem colher. grato por tudo, assis, amigo!
ResponderEliminarDemais, amigo Jorge!
ResponderEliminarLindíssimo texto , para ser lido e relido...
De ti nada escapa como matéria-prima a ser consumida nos teus inspirados escritos: até o realejo lembraste... Que encanto!
Não me canso de dizer que me fazes muito bem, proporcionando-me momentos tão especiais de leitura...
Muito grata, querido!
Beijo
"um que acaba por adormecer quando mais dele precisamos; o outro que não conhece nenhum estado senão a vigília dos abutres sobre a carne em putrefacção"
ResponderEliminarFantástico isso, e todo o texto. Ele me faz piscar!!
"Tudo o que é realmente intenso participa do paraíso e do inferno" (Cioran). Eu sinto sede de intensidade, sou dicotômica, não consigo viver só de garantias e nem só de segredos. Eu me perderia em qualquer um desses extremos. Permear entre eles me faz alcançar um equilíbrio vagalume!
Um beijo!
Primeiro, e inevitavelmente, sorver de um só gole a energia viva do teu texto. Depois, frase a frase, pois cada uma em sua ex.tensão, é um pássaro mítico que nos leva em suas asas ao interior dos sentidos e descobrimos significados óbvios, mas que permanecem ocultos "lá onde cactos e urzes benzem os jardins outrora tratados e viçosos."
ResponderEliminarGenial e sempre inesperado, Jorge.
Tomei a liberdade de postar palavras suas no meu blog branco e gostaria que vc visse. Espero que goste.
Beijos.
http://empoucaspalavrasalheias.blogspot.com/
Majestoso, tanto na prosa, quanto na poesia, me arrepia!
ResponderEliminarMinhas reverências cristais...
Beijos, amado-amigo!
Jorge,
ResponderEliminarTeu texto visceral me traga como um mar revolto engole navios vivos. Leva-me ao fundo, mais denso, do oceano. Encontro tesouro e morte, Deus e Diabo e a dualidades de todas as coisas. Como o amor, esse irresistível tirano, que nos aprisiona em masmorras consentidas.
Lembrando Vitor Hugo:
Vós, que sofreis, porque amais. Amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.
Que o amor sempre alcance os poetas.
Bjinho
Jorge. Os dois textos a qual embrenho, aguçam meus sentidos. Este que 'releio', remete-me na elaboração de um novo escrito, com isso partilho o que a mim transborda. Aprecio em grito letras com as quais vomitastes.
ResponderEliminarVivo Documento
A retina quebradiça, em que a olho cair, desce andamentos variados. Dos lábios dificilmente reencontrará o contorno das palavras, de uma fina cortina descontínua veemente tudo logo se faz presente. O lentar das gotas, de queda implacável com sinalização do invernar em roupante na qual o agustar e o degustar correr velozmente na veia com tonalidade acinzentada, à busca da missiva de apresentação que aguça os sentidos. O grafite abarcado pelo olhar a trajetar sobre o papel desalinhado, do traçado de um extremo ao outro, altos e baixos de choque as camadas. Do ontem foi no continuar hoje é, ‘futuro mecanismo complicado tão preciso quanto casual, dada nomear massa de vapor em precipitação’. As minúsculas da janela ao confronto à face interior fazem obstáculos sobre superfície de pequenez teto voz a clamar habitat que se rompe. Um concerto em monotonia, sem delicadeza por estacionar desflori o girassol da sempre atuação brilhar de sol. Tal aproximação até a bica causa desafios com chamado para transponíveis numa única nota, a deschavear as amarras, das portas se abrirem ao ilógico narrar, fazendo o véu vir abaixo. Cada ventania em suas formas circulares particular corresponder ruído peculiar, pelo todo viver com intensidade, o maquinário não parar. Com o castanho dos olhos e o negro das madeixas, fio a fio tecer o brilhante aparelhar em pele, uma fração intensa do meteoro puro no desencontro do encontro a qual se adorna em painéis da perpetuação familiar não abortiva, sim crescente mesmo com as fases de lua. No solo dos filetes horizontais e verticais a luxúria desejável umedeciar nas agulhetas brilhantes pelo afofar da terra de ressoar riacho fundo, adubação cristal no tempo queimando a cor anotada na contagem parda, a fazer ensolarado exercitar imperfeita suspirar toque a porta. Pele olear arquivo mental ao tom azulado de raios a vista da renúncia cansada de ensaio sobre a cegueira. O que se compreender, prenúncio em câmera lenta, fleches do vaso ao chão despedaçado em lugares impróprios a tatos próprios. Do tamanho de um grão de trigo, das paredes a seleção dos esconderijos sussurrante na reelaboração dos pés no trilhar sobre o assoalho de porte na nula percepção ao som dos passos, o fato à sabedoria labiada em salto no poderio com voz humilde. O a ao z não tão necessários, se o íntimo encontrar-se a mercê do fervilhar da cabana ao tango, e o oscilar desmanchado desprovido de composições em que o sol não multiplica vigor. A missão em nome elevar-se, grito na sacada por partilhas em enigmas enamorativas do secreto salvado como bem precioso. Da repartição do que as quatro letras efetuam se o doer-se em inteireza capturar a amanhecer perdido da maturação, mesmo perante faces de dias açoites, numa noite gelada e estrelas em cavernas a prantear retorno a habitat perolizado em goela viva.
Abraços, até o próximo post que ofertará.
Priscila Cáliga
zelita, querida, sempre tão doce e generosa nas palavras que dispensas aos outros... a matéria-prima da escrita vive nas pequenas e nas grandes coisas do dia-a-dia; oh, se o amor e o desamor não são duas faces de uma mesma moeda que, diariamente, consumimos em gestos e acções de efeitos irresponsáveis e irreflectidos... assim nasceu esta efabulação: de tudos que se converteram em gotas de orvalho pousado num vidro estalado: os olhos ainda alcançam a plenitude, mas os dedos, gretados pelas tentativas frustradas de lá chegar, retraem-se e tombam sobre o regaço cansado de esperas silentes...
ResponderEliminarum beijinho imenso!
lívia,
ResponderEliminarhá instantes dizia à tânia que cada vez mais tento ver o mundo numa lógica plural e arbitrária, como se para cada dilema existissem muitas mais respostas do que as duas que a dicotomia possa, à primeira vista, sugerir. todavia, nas grandes questões, e quando nelas me envolvo, tenho tanta dificuldade em relativizar e achar matizes para além das cores extremas do espectro cromático... de.formação de personalidade? egoísmo? ou simplesmente olhares apaixonados - e por isso falacioamente tornados definitivos - sobre as coisas?...
um beijinho!
Jorge Pimenta,
ResponderEliminara alma ao levantar-se
deixa seus despojos
que não descem
pelo nó feito
na garganta.
Forte abraço,
camarada e amigo.
lua nova,
ResponderEliminaracabo de passar no teu blogue e devo dizer-te que fiquei agradavelmente surpreendido com a sua natureza: espaço de carácter antológico, tendo como autores das postagens (julgo eu) apenas bloguers. e quem? mai, assis, zélia... só para citar alguns.
crê-me que me senti profundamente honrado com esta enorme homenagem. a tua escolha no que aos meus textos diz respeito: "loucura". :)
um beijinho e um agradecimento sincero!
cris,
ResponderEliminarque bom é ter-te por aqui. são as viagens que se cruzam com o trem: o resultado só poderia ser música, mesmo que em sons de luz e ecos de sombras :)
um beijinho de cris.tal!
"Vós, que sofreis, porque amais. Amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele." (victor hugo)
ResponderEliminarira, como esta citação se torna fundamental neste post... esta efabulação tem um registo tão reactivo, céptico, quase agnóstico que faltava dizer algo para não se tornar miserabilista; o que bem recordaste: mais vale amar que desamar... mesmo que na plenitude dos sonhos, ainda.
antes de terminar, registo uma expressão que empregaste no teu comentário e que continua a fervilhar na minha interpretação: "Como o amor (...) nos aprisiona em masmorras consentidas". a ideia do consentimento é a seiva que estanca nos meus dedos de árvore... e eu que, sendo apenas homem, não sei morrer de pé...
um beijinho!
priscila,
ResponderEliminara escrita é isso mesmo: uma máquina de intertextualidades que se torna tanto mais viva quanto mais enriquecida pelas letras e suas marcas nos mais distintos universos literários. não imaginas como me sinto honrado com esta dialéctica poética.
um beijinho!
amigo domingos,
ResponderEliminara alma suscita-me sempre tantas questões... então, quando falamos de amores e desamores, nem sei que mais diga... aliás, começo o texto questionando-me sobre quem nunca efabulou, sabendo nós que estas áreas desferem inclusive mais silêncios que verve...
algumas das questões para as quais me fogem as respostas (o que as torna ainda mais importantes, por isso) são justamente "quais são os despojos da alma?" e "se não descem pelo nó da garganra, onde ficam?".
oh, soubesse eu (soubéssemos nós) onde se esconde a chave desta porta...
um forte abraço, camarada-amigo!
Flutuei até aqui para...
ResponderEliminaragradecer...
a sua presença...
em meu Nat King Cole...
Beijos...musicais...
Leca
Néons de alfazema.
ResponderEliminarFiquei cá a imaginar isso.
Amores e desamores sempre me trazem sentimentos contraditórios :)
Palavras malditas, as que não são ditas.
leca, a música é a poesia dos deuses e nat king cole um dos mais proeminentes do olimpo de cordas e de teclas :)
ResponderEliminarum beijinho!
"Palavras malditas, as que não são ditas."
ResponderEliminarmalditas as palavras que são ditas, vanessa! :)
O que seria de nossas vidas se nao fosse os muitos desamores.
ResponderEliminarbjs
Insana
insana,
ResponderEliminare já agora... alguns amores!!! :)
um beijinho!
Jorge, em resposta no jardim.
ResponderEliminarEm goela viva de primaveras silenciosas, sentada a beira da lareira, a pensar nas palavras que caminham comigo, mesmo as vezes em noites de luzes tristes, palidar da lua, com suas fases de rasgo, a pegar no livro cantante na alma, o chão coberto de pétalas gardeniais, com a qual estímulo do ir adiante, apesar de sobrevoar no tato que se deixa indiferente solos. Pintada no mostro denotado medo, ainda ontem no hoje por grito no fututo do agora romper para tocar de leve, suave na pena que agarra e escrevinha o sentir de ave rara.
No momento repousa nas minhas asas: O tempo morre, um pouco mais, para que os sons repaginem vidas no entrelaçado.
Abraços.
Priscila Cáliga
ainda bem que inventaram a bloosfera para termos oportunidades destas, ler algo tão bem escrito e tocante!
ResponderEliminarum forte abraço!
Jorge querido, este teu belíssimo texto deu-me até um frio no estômago ao ler. Lembrei das palavras de Gibran:
ResponderEliminar"Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.[...]"
Amar exige coragem, amigo, a coragem de se deixar arrancar da prórpia pele e ainda assim se entregar por vontade. Eu o sei bem...
um beijo, poeta!
Sensacional!
ResponderEliminarDescreveste divinamente sobre essa transformação de sentir.
Tem uma música de Djavan (não sei se conhece), chamada "Seduzir".
Gosto muito, especialmente um verso que diz :
"Nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo!"
Bj
Rossana
oi como entendo este teu
ResponderEliminartexto!!!!
oh se entendo
as vezes é mesmo necessário
silenciar a alma
bom fim de semana beijos
Linda poesia em suas palavras. Belo texto.
ResponderEliminarFOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... e MEU CADERNO DE POESIAS desejam um bom final de semana para você.
Gostei muito!
ResponderEliminarParabéns... =)
beiijo,
*.*
priscila, o canto é muito mais que a voz; é a boca, a língua, os lábios que, mesclados com os sons, as formas e as cores, conduzem à mais brutal das composições que alguma vez o homem foi capaz de urdir: a dos sentidos, na sua acepção mais ampla. a tua poesia é, justamente, a confecção perfeita de todos os sentires sobre já vindos e devires.
ResponderEliminarum beijinho!
viva, bloguer de paradoxos,
ResponderEliminaré bem verdade: a blogosfera, genericamente entendida, é o mar pessoano que, em lugar de apartar, aproxima.
acabo de conferir no teu espaço como há coisas que vale a pena ler...
um abraço!
oh, doce andrea,
ResponderEliminarpor falar de friozinho no estômago e arrepios na alma...
já li diversas vezes a preciosidade que aqui deixaste (e que não conhecia). absolutamente tocante esta ideia de que por mais que se sofra por via dos afectos, melhor é vivê-los, já que quem os não vive faz tudo pela metade.
um beijinho com infinito carinho!
o coração é o mais insaciável dos felinos e a completude é o infinito que alimento nenhum pode proporcionar. talvez por isso seja o mais complexo, mas também o mais essencial, das sensações: persegue-se como "condição para" e acaba por ser apenas "efeito de"... afinal, por mais que mar que se beba jamais se encherá o fundo...
ResponderEliminarum beijinho, rossana!
anita, os silêncios são, tantas vezes, os gritos mais lancinantes... verdade?
ResponderEliminarum beijinho!
silvana, o teu caderno de poesias é um espaço de bom gosto e de criteriosa selecção poética. tive, já, a oportunidade de me deleitar nas palavras de bandeira, ruben braga, castro alves e tantos outros (sobretudo da literatura brasileira). parabéns!
ResponderEliminarum beijinho!
grafite,
ResponderEliminarsempre gentil na visita e nas palavras! grato!
um beijo!
Jorge, bom dia!!
ResponderEliminarVim fazer uma visita aqui, e me deparo com um blog totalmente tão poético.
Esse seu post, li...li de novo.
Respirei fundo...falar o que?
É tão lindo que a gente nem encontra palavras.
As vezes elas nem são necessárias né?!
Um abraço grande, te acompanho!!!
sil, esse é um dos fascínios da navegação desmoleculizada que a internet permite :); o corpo não está lá, mas a alma perdura para além da matéria e da forma. e é aquilo que se pensa e sente que emerge com vitalidade das relações humanas. não deveria ser sempre assim?!
ResponderEliminarobrigado por teres atracado neste porto. passarei no teu já em seguida (é só tomar um banho, porque apesar de não estar presente nos posts, o corpo existe :))
um beijinho!
Uma das telas e colagens mais interessantes que vi nos últimos tempos
ResponderEliminarabraço meu caro
cavalheiro como sempre, caro juan.
ResponderEliminarum abraço!
F****-**!
ResponderEliminarAcabo por responder da mesma forma que tu.
Neste momento, não acredito nele, no tal de amor! As feridas são bem fundas, mas pelos menos estão (des)infectadas!
Beijo