william blake, urizen
as tuas cicatrizes
ainda me soletram o corpo
neste colapso virgem de violinos
o contacto com as sombras
atira-me o olhar sobre a janela
em trilhos de lírios azuis
que a treva silencia
as tuas cicatrizes
ainda me sofismam o corpo
neste contralto virgem de violinos
o correlato com as sombras
atina-me o olhar sobre a janela
em ladrilhos de lírios azuis
que a treva sentencia
II.
do outro lado de mim
há canteiros secos
vozes mortas
copos e lábios inebriados
como índicos sem oriente
tudo é refluxo de vento
sem tempo e alento
do outro lado de mim
há candeeiros cegos
vozes tortas
copos e lábios incendiados
como imagens sem oriente
tudo é rajada de vento
sem templo e acento
III.
no fundo de rostos inexistentes
deponho as pálpebras
sem medo da erosão:
quero eternizar este mito
em rimas febris de cal branco
mas, mesmo em verso,
continuo sem saber
onde esconder-me
no filme de rostos inexistentes
decomponho as pálpebras
sem medo de expressão:
quero edificar este mito
em rimas ardis de sal brando
mas, mesmo em verso,
continuo sem saber
onde exorcizar-me
por cris de souza & jorge pimenta
por cris de souza & jorge pimenta
rodrigo leão, ruínas
O prazer só se renova a cada poema que tecemos juntos. Sabes o quanto me inspiras, honra-me a nossa eterna parceria! Que venha o oitavo, o nono e tantos mais duetos.
ResponderEliminarBeijos cristais, meu grande parceiro e precioso amigo!
Muito bom o poema de vcs! Ou melhor, os poemas né?
ResponderEliminarNos faz viajar em pensamentos e pensar sobre o que vc está querendo falar! Porque as imagens não são claras, mas são belas e intrigantes!
Parabens Jorge, parabens Cris! "Poemistas de primeira".
e continuo sem vontade de daqui sair...
ResponderEliminarleio,releio,sinto cada verso..
e a música penetra na alma juntamente com violinos, cicatrizes,ventos e alentos..
bravíssimo!.. e meu carinho aos dois.. Cris e Jorge.
perfeição!
Já conheço tanto o modo de "poemar" desses meus queridos, que só de bater o olho, já adivinhei que era de vocês dois!...:)
ResponderEliminarJorge, Jorge, Jorge...
Cris, Cris, Cris...
Vocês são mesmo demais!
Que Deus conserve o dom dessa dupla que eu amo tanto.
E que venha mais inspiração, e mais parceria, para o deleite dos amigos.
Beijão procês :)
Cid@
ou se comenta, ou se sente, ou se senta e se contenta. nesta trilogia a duas mãos as outras duas seriam asas? quando se encontram mãos que conhecem como ninguém os atalhos inusitados das palavras mixando-as de forma a resultar numa musicalidade absurda com mãos que sabem, como a de um maestro, organizar essa musicalidade de cada verso e torná-las belas canções, aí o resultado não poderia ser outro: dói a beleza que exala do poema! cris de souza & jorge pimenta são poetas completos, mas ainda assim conseguem se completar.
ResponderEliminarespetáculo de poema, meus queridos amigos!
agora posso festejar a noite de sábado...
beijos, Cris.
grande abraço, Jorge.
meus aplauso!
Leio vocês procurando a fronteira, onde começa um, onde termina o outro. A harmonia é perfeita, mas algo de cada um me salta sutilmente aos olhos. Sou fã de Cris poeta, fã de Jorge Pimenta. Separadamente, são ímpar. Juntos é embriaguez dupla: eu adoro o giro que me vem à cabeça!
ResponderEliminarBeijos,
Trilogia a duas mãos. Três estudos para duas mãos talentosas e um espirito livre (total três) na prisão libertadora das páginas de Blake. Perfeito!!!
ResponderEliminarAdorei o poema, amigão!!!!
ResponderEliminarBoa noite meu amigo Jorge!
ResponderEliminarEntrei para ler o seu poema e lhe desejar um belo Domingo.
Um abraço.
Mas exorcizada fico com vcs dois, sempre um banho de lirismo. Belíssimo!
ResponderEliminarTrilogias e versos "que vagueavam vastos no peito da noite", sem tempo - sem presente, passado ou futuro.
ResponderEliminarO poema passa por Todos os caminhos.
um abraço Cris e Jorge.
Não há palavras, há apenas contemplação diante de tamanha beleza...
ResponderEliminarBeijos
repito o que disse o Celso, digo e assino
ResponderEliminarabraço
Como se todas as máscaras se diluíssem no momento das… ruínas
ResponderEliminarComo do mar a espuma…, rendilhando cada grão de areia.
Como uma profecia… “uzerin” de blake
Os canteiros, a vozes, os copos e os lábios
E os mares em desassossego
Sabe-me a quase nada dizer simplesmente que este trabalho a duas mãos [dadas] porque as outras duas, tal como diz Celso, são asas, são livres, voam com nós mas sem amarras, é belo.
Há uma cumplicidade latente, una, perfeita, indecifrável [como se ambas, as mãos, escrevessem no mesmo compasso com o mesmo intrumento, a mesma tinta/sangue, o mesmo sentimento, os dedos entrelaçados não sendo possível saber o quê… de quem…]
Parabéns Cris e Jorge
Adorei!
beijos!
Parabéns Cris de Souza e Jorge Pimenta, magnifico poema, lemos, sentimos e silenciamos... tudo ao som do excelente Rodrigo Leão, de quem sou fã incondicional. Perfeito!
ResponderEliminarUm grande abraço
oa.s
Cris e Jorge!
ResponderEliminarSempre que os leio em parceria, causa um impacto! Muito difícil no escrito distinguir pedaços de um ou outro, absorvo um entrelaçar fenomenal [unidade], casamento entre a escrita - pensamento de ambos. O famoso 'dois em um' que aprecio em grandiosidade.
A imagem escolhida é apreciada por mim; particularmente, gosto muito de Blake. Portanto, vós deixo: 'Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.'
Abraços,
Priscila Cáliga
Este é para sentir, Jorge alado...
ResponderEliminarBeijinho carinhoso, poeta amigo!
Hoje eu vou ficar aqui a imaginar as linhas sendo desenhadas as quatro mãos. Delicioso ritmo e a imagem acima de Blake é uma pintura, como se nos preparasse para as linhas a seguir.
ResponderEliminarFez arder aqui...
bacio
Sempre essa sinfonia de violinos a acompanhar as cicatrizes, a alma, o viver.
ResponderEliminarLindo poema!
Parabéns aos autores!
Jorge e Cris, belíssima homenagem em parceria.
ResponderEliminarBijosssss, Jorge.
Cris e Jorge,
ResponderEliminarA dor e o encantamento das cicatrizes, que criam cascas, depois nos caem em pedaços.
"Decompor as pálpebras"?
Melhor que costurá-las, como ilustrou Dante.
Quando as trevas estão dentro de nós mesmos.
Parabéns!
Abraços aos dois!
Cecília
Meu querido Jorge e Cris
ResponderEliminarO que escrever...se os poetas já escreveram tudo...o que dizer se as palavras se vestiram de silêncio...se os dedos se vestiram de violetas...se os braços são o silêncio onde os corpos se afundam...se as mãos carregam pedaços de sonhos...se as asas já não alçam vôo...se o tempo esvaziou as bocas e os rostos são as sombras dos dias...as cinzas das noites...a insónia do verso.
E meus queridos...por mais que diga...o poema aconteceu...as palavras esqueceram-se de ser sombra...lembraram-se de ser pele...e FALARAM...um traço que soletrou em tinta permanente duas estações...duas almas envoltas num breve murmúrio...e aconteceu poesia.
E como sempre...repetindo-me...vou saciada e deixo o meu beijinho carinhoso.
Rosa
Sozinho, você já encanta . Com sua brilhante parceira, fez um poema digno de ser guardado com carinho.
ResponderEliminarBjs.
...dizem que somos todos um,
ResponderEliminarmas 'uns' se igualam mais,
tanto que vejo aqui duas
almas em um só pensamento,
e deste encontro perfeito
resta a poesia que enleva,
encanta, e seduz.
Jorge, meu poeta querido,
o Alma está aberto para
que navegues por lá,
quando quiseres.
bjs aos dois poetas
lindos!
Ao iniciar o dia pensei nas sombras, e ei-las.
ResponderEliminarPensei em folhas secas, não em canteiros.
As vezes, sombras e folhas falam-me acerca da mesma coisa: de passado, marcas.
Mas não sei se desejo que as folhas sequem, não aprecio perder-me dessas marcas, não quero exorcizar-me. Aprender a conviver com estes anjos e demonios é uma das melhores coisas, mesmo que seja doloroso...
Cicatrizes do corpo transpostas na alma ao som do violino.
ResponderEliminarEncantador encontro de mãos...
Beijos e carinhos!
Olá, Jorge!
ResponderEliminarQue belo! Um poema que fala sobre as lembranças, tranformadas em cicatrizes... Estando ali, presentes, para lembrar-nos alguém. Sim, e como exorcizar o passado? Uma resposta tão difícil. Li teu poema ao som de Sam Cooke - Bring It On Home To Me.
T.S. Frank
www.cafequenteesherlock.blogspot.com
Que lindo, só enxergam as cicatrizes cujos direitos se deu em conhecer o mapa da alma feminina!
ResponderEliminarBem como vocês escreveram em dupla, eu li o poema como um só texto e contexto.
ResponderEliminarCreio que essa cicatriz, se ainda pulsa, não é cicatriz, mas ferida...
E fiquei imaginando a extensão dos sentimentos dentro do ser, pois nem os versos e nem a poesia é capaz de melhorar o estado da alma.
Jorge e Cris, parabéns pela poesia pois ficou lindíssima!
Beijokas doces pros dois.
Cris e Jorge,
ResponderEliminargostei muitíssimo das vossas vozes juntas!
Parabéns e beijinhos
p.s. amigo, há um desafio no meu blogue, pensei em ti, mas só se puderes...tranquilo :-)
grande beijinho
Bom dia, Jorge.Antes, quero dizer que só soube hoje que você estava me seguindo, pois não aparece a sua foto, só o seu nome.Fiquei muito feliz, em tê-lo como seguidor, e espero a sua presença nos comentários, sendo esses livres, ficando você sempre à vontade.
ResponderEliminarTe pedirei que se puder, coloque a sua foto, pois dará para eu identificar. Por "acaso", fiquei sabendo só agora.
Quanto ao poema, lindíssimo, parabéns aos dois que criaram uma obra tão bela, e de uma profundidade imensamente igual.
Eu gostaria que você desse a sua opinião em "PÁSSARO APRISIONADO", é uma postagem que não está agora em evidência, mas gostaria de ver se você sentiu o que eu quis passar!
Se quiser, pode deixar comentário na atual, e logo mais irei postar!
Obrigada.
Um beijo grande, e fique com Deus!
OBS:eu gostei de todos os versos do poema de vocês,contudo, achei o último interessantíssimo!
jorgíssimo,
ResponderEliminaracho que o verso exorcisa, sim.
uma vitóris do benfica sobre o porto (e nem precisa ser em final de campeonato), exorcisa...
um porre de bom vinho, se não tem ressaca no dia seguinte, já exorcisou.
o amor, a amizade, o carinho, a gentileza, a generosidade, o bem-querer... tudo isso exorcisa a alma humana.
vir aqui, neste cantinho de afetos, me exorcisa.
me faz imenso bem.
abraço grande deste seu amigo, o
roberto.
...exorciza-te Poeta na pele da tua carne e procura dentro da esfinge de teu corpo o arcano das quatro cordas!
ResponderEliminarNotável concórdia beijando a anáfora nua das tuas viagens de luz e sombra.
...pois!
ah!
Trago-te um sorriso no meu regaço...
Assiria
Cris e Jorge, gostei da vossa “trilogia a duas mãos”.
ResponderEliminarDesta vez, é verdadeiramente difícil “descobrir” o que é de um e do outro. Este poema é, sem dúvida, uma bela fusão de palavras e melodia.
Beijos para ambos, com dois versos “as tuas cicatrizes/ ainda me soletram o corpo”…
Profundo!!!!
ResponderEliminarE infinito...me perdi em palavras da su'alma.
Uma bela noite.
Um grande abraço.