brejão, alentejo
os sonhos fazem-se combinando recordações
jorge luis borges
é sempre assim no outono:
há uma voz que canta
e me toca levemente no corpo
a exigir suspensão.
Nunca sei se planeia roubar a noite, as estrelas
ou mesmo a sombra dos homens
enquanto atravessa zéfiro
e semeia, rebenta, floresce
sobre a terra que me cobre as raízes.
acordo
[alguma vez estive a dormir?].
de repente
tudo se ilumina na lanterna do homem:
a porta
o quarto
a cama
e todos os nomes e rostos que ali respiram,
bem debaixo dos céus, quase acima dos olhos,
na melodia crepitante de uma rima.
espreito para dentro das veias
e para fora da roupa
mas já todo o tempo me habita
e os cavalos rubros anunciam abismos.
quem é que me procura?
a luz incandesce os caminhos
e os pés douram o sangue.
apenas a canção permanece fria.
sokratis sinopoulos, a the universe [from the film politiki kouzina, a touch of spice, o.s.t.]
jorgíssimo,
ResponderEliminarse existe uma palavra bonita, esta palavra é astrolábio... duas em uma... significados tantos, jorgíssimo... pode quebrá-las em muitas...
li no blog da daniela d'elias, noutro dia, uma belezura de poema com esse nome, dedicado ao nosso assis freitas...
emocionado, mando por email a canção homônima. a mesma que mandei também pra daniela. aliás, a partir de agora, mandarei a canção pra todo aquele que tenha feito um poema contendo esta palavra, e que a queira receber.
o moço que a canta tem uma voz de rubi.
abração desde a terra que tremeu ontem, do seu amigo
roberto.
Jorge..gosto de te visitar.. mesmo que seja só pra admirar seus versos...sua escrita..
ResponderEliminarFico quietinha lendo...
Quanto a musica..linda! Não há como não senti-la..
Bj
Jorge que coisa linda essa descrição que fizeste das sensações do outono.
ResponderEliminarFiquei embevecida com com essa canção outonal!
Beijokas doces
Olá
ResponderEliminarQue bela viagem em seus versos...
Obrigada por transformar em versos suas inspiração
Saudações poéticas!
Jorge, outono é a estação que mais prefiro, ela possui uma tonalidade única, suas nuances é de reflexão.
ResponderEliminarOs dias correm num ritmo próprio, criando harmonias e melodias que adentram em meu ser, trazendo uma atmosfera de aconchego.
O frio que dela nasce não me assusta e o céu me convida a pousar os olhos para além da esperança.
Nela, sinto-me viva, com o sangue pulsando.
Foi ótimo absorver o outono nessas linhas que seguiram...
o rumo da existência se entrelaça nas estações e o que sopra, melancólico ou não, acende os sentidos mas não modifica o indivíduo, que segue seu caminho inexorável.
ResponderEliminaroutonos me têm despertado melancolia.
teu poema tem o canto da vida que não se mede e o espanto das palavras que não se calam.
grande abraço!
os fantasmas reais habitam
ResponderEliminaro sangue dos bardos
...
Forte abraço,
grande poeta
e amigo.
Fico sem jeito sempre que leio um poema que me cala por ser imenso... minha voz se rende humilde... como comentar tanto esplendor?!
ResponderEliminarBeijinho sempre encantado, Jorge amigo!
Jorge,
ResponderEliminareste foi um daqueles post que me contagiou verdadeiramente os sentidos!
O imenso das planícies, o outono das tuas palavras e a música belíssima! E hoje, sendo um dia que me sinto sem palavras,(quase anímica),preciso dizer, o quanto me fez tão bem estar aqui.
Beijinho enorme, amigo!
p.s. um dia levo esta música para o espaço lunar
Só você espreita para dentro das veias... Não, não: só você é veia e sangue...Só você ruboriza minha alma tantas vezes anêmica. O que você, Jorge Poeta, me dá são asas enormes, mas feitas de vento. Ah, como lamento não saber devolver em canção a chuva de delírios que vertem de ti pra mim...quando te leio!
ResponderEliminarBeijos, querido poeta!
"Tu materia es el tiempo, el incesante
ResponderEliminarTiempo. Eres cada solitario instante."
Jorge Luis Borges, "No eres los otros".
Jorge, meu querido amigo de-além-mar!
O outono da alma,
momento de separar algumas peças de roupa,
colocar a mochila nas costas.
Preparar o cantil com água,
para nos assegurarmos de manter as raízes fortes.
Um calçado resistente,
para nos assegurarmos de manter a terra por sobre essas raízes,
e partirmos à busca de novas recordações.
Grande beijo.
PS.: Coincidentemente, ontem à noite estava lendo Borges(!!!)
PS2.: Obrigada, querido amigo, por comentar minha crônica lá no site do Paulo.
olá querido!
ResponderEliminarviajei em cada palavra,
tão senti que acabei
ficando sentida com as
exigências que suspendi
sem o porque.
MARAVILHOSO!!!!
Um abração!
Minha estação preferida é o inverno, principalmente quando vem com todos os requintes, como veio esse ano, mas o outono, que eu já achava charmoso, ficou ainda mais visto pelos teus olhos.
ResponderEliminarMuito, muito bom.
Um beijo grande.
"Outono" e "Astrolábio" são palavras belíssimas, né Jorginho? Inspiram por si só...que bonito o poema. Também acho,é sempre assim no outono...
ResponderEliminarBjo com carinho,
Dani
Jorge!
ResponderEliminarO outono é um momento de expectativas.
Um beijo querido,
Mih
Parabens Jorge, vc consegue num texto curto fazer a gente viajar e ter muitas imagens diferentes na cabeça! Isso só os mestres conseguem, a grande maioria só escreve o obvio vc não! Escreve o inesperado. Prabens!
ResponderEliminarDaqui em diante, meus outonos não serão mais os mesmos...=)
ResponderEliminarMais um poema cheio de encantamento e magia...
Obrigada poeta, que sabe como ninguém, soprar pó de estrelas no cotidiano, e fazer de simples palavras, poesia.
Sempre saio daqui mais rica.
Obrigada por isso.
Beijooooo,
Cid@
os astros incitam passos, uma espécie de elevação que entrega aos homens um ímpeto de voo, os outonos bordam os atavios
ResponderEliminarabraço
Jorge, teus versos tem o poder de silenciar a minha alma de maneira tão natural. Teus versos acalmam o meu ser num sentir poético que amadurece o meu sentir...
ResponderEliminarP.s.: Depois de passo a resposta dos livros...
Beijos
Jorginho,
ResponderEliminarNossos Outonos são memórias que se desprendem de nós e podem ganhar a eternidade guardadas em papel (como aquelas folhas que dormem no esquecimento de um livro na estante).
Bob Dylan diz que devemos guardar bem nossas memórias, pois não podemos revivê-las. Será mesmo?
Um beijo com todas as flores da primavera, meu querido!!!
sensações tuas de pele e transbordante intensidade na viagem de dentro..
ResponderEliminarsempre lendo..relendo.. ouvindo..sentindo..
carinhos de beijos querido Jorge..
Há neste teu outono, Jorge, a beleza plástica da conversão da energia eólica em luz, em quantidades só engendradas pelo tempo e pela subjetividade única que te habita. Emocionante!
ResponderEliminarMas confesso que não resisti em criar a imagem pueril de Zéfiro, desdobrando-se em ares pra oferecer-te flor em forma de rima. [como se fosse aqueles palhaços de circo mambembe a retirar do bolso flores que desabrocham instantaneamente] :)
um abração pra ti
Nessa mistura de sonho e outono, é possível encontrar o que realmente importa e salvá-lo para a vigília. Lindo, seu poema.
ResponderEliminarBeijo.
Boa tarde, Jorge.Lindíssimo o poema, feito com certeza com muita emoção e sensibilidade.
ResponderEliminarQue bom que você sempre é tocado lindamente pela estação, retratando tudo em versos!
Um beijo grande, e fique com Deus!
Jorge..
ResponderEliminarpassando pra desejar um excelente fi
bjnal de semana..obrigada pelo carinho lá no meu cantinho!!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarEscrevi e apaguei...porque perante este dedilhar de sentimentos...calei-me...e as palavras voaram como folhas de Outono...fiquei sem rimas.
E vou com uma folha no olhar e uma melodia na alma.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
É o tipo de poema que nos deixa em transe.
ResponderEliminarFan-tás-ti-co!
Beijos, poeta precioso.
Jorge,
ResponderEliminarOutoninvernimaverão você, bardo de Braga...
Sempre uma alegria te ler, desde a Terra até aos astros...
Abraço d'aquém mar,
Pedro Ramúcio.
A melancolia do Outono ganha corpo, mas dizê-la desta forma é, de facto, só para alguns.
ResponderEliminar"Nunca sei se planeia roubar a noite, as estrelas
ou mesmo a sombra dos homens."
Assim é essa "voz" do Outono que branda e lenta, parece querer levar-nos sempre algo
Um beijo
Em todas as estações florescem teus poemas, e enfeitam nossas vidas...Bjos achocolatados
ResponderEliminarZéfiro, Noto, Éolo, Bóreas... que todos esse ventos soprem em direção ao seu outono, pois para que serve um astrolábio se cada qual tem sua própria bússola sem ponteiros e uma Nal com velas que seguem todos os ventos do mundo?
ResponderEliminarAdorei o poema, viajei com ele... Abração amigo!!!
Você deu beleza ao outono, que sempre me passa uma sensação de abandono. Tem talento para expor o que desejar, pois consegue tocar, inspirar sentimentos. Essa é muma das mais belas qualidades de quem escreve.
ResponderEliminarBjs.
Jorge, ainda assim, o seu outono é bonito de se sentir. A canção pode ser fria, mas entoam os seus pés, que caminham sem perder o seu rumo, mesmo sem o auxílio do astrolábio.
ResponderEliminarBeijos,
...poeta meu poeta querido,
ResponderEliminartuas escritas tiram-me do chão,
principalmente quando elas se
encaixam tão íntimas
do sentir.
você é um lindo!
bjs de uma alma outonal!
As estações mexem com todos os nossos sentidos
ResponderEliminarPode-se sentir um trepidar de temperaturas
Quiséramos os ventos, as folhas e as cores
Daqueles que têm poderes para mudá-las
Elevássemo-nos além do chão
ou do profundo abismo...
Beijos, querido Jorge!
"mas já todo o tempo me habita
ResponderEliminare os cavalos rubros anunciam abismos"
e eu sinto meu estômago a se contrair e um calafrio que me percorre dos pés à espinha, percebo o vento frio que preenche os abismos e a quentura que o poema me traz...
um beijos, querido poeta!
Eu visito seu blog muitas vezes, mas hoje é uma visita especial, porque o outono é minha estação favorita e seu poema é uma descripcão perfeita dessas sensações. Eu adoro o filme e a trilha sonora. A música e os versos fican uma combinação ideal. Parabéns.
ResponderEliminar(Você desculpe meu portunhol :)
Muito mais vasto do que o Universo em que vivemos é o universo que vive em nós e desse vc extrai as sensações mais pungentes e, ao mesmo tempo, de sutileza que beira o insuspeitável, as visões mais exuberantes, as emoções mais idilicamente abstratas e faz delas versos que me situam "bem debaixo dos céus, quase acima dos olhos, na melodia crepitante de uma rima." Diz em palavras o que só sei sentir... "é sempre assim no outono: há uma voz que canta e me toca levemente no corpo a exigir suspensão...". A voz dos teus versos me proporciona essa suspensão.
ResponderEliminarA música é lindíssima.
Beijos, meu caro poeta, e uma semana linda.
fervura em verso, a música que escolheste curiosamente dá uma sensação de frieza. A música dos ventos. Ah, e que incrível essa palavra: zéfiro (não conhecia, mas parece abrigar a música dos ventos por si só). Belo, Jorge.
ResponderEliminarUm beijo
Olá, Jorge, como vai?
ResponderEliminarVim aqui por indicação da Ana Cecília, do Humor em Conto, e devo dizer que sua poesia consegue atingir a alma de quem a lê.
Obrigado por palavras tão belamente reunidas.
Jacques Beduhn
http://relativaseriedade.blogspot.com/
Amigo Jorge, é sempre assim em cada outono...vamos perdendo mais uma primavera e a saudade vai colorindo o sentir. Os campos da alma vão ficando mais sombrios e o sol do olhar mais fatigado. Benditas as searas de esperança, que o nosso sentir vai colhendo. Adorei o teu poema é lindo. Beijos com carinho e uma rosa do meu modesto jardim
ResponderEliminarOs outonos sempre serão mágicos.
ResponderEliminarAbraços
Querido Jorge,
ResponderEliminarEm xadrez, o último erro é derrota definitiva; e quando o jogo é a vida, a morte vencerá no final, ninguém é eterno. Mesmo com o Oriente de Caio Fernando Abreu, com ou sem astrolábio.
um abraço
Jorge, meu querido amigo!
ResponderEliminarVim te avisar que estou com uma promoção lá no Humoremconto, para participantes de todos os países! :)
Beijinhos.
O outono é inspirador! Como já disse: “telas de palavras”
ResponderEliminarBeijos