k. steppenwolf
“Então até breve, Fernando, gostei de o ver, E eu a si, Ricardo, Não sei se posso desejar-lhe um feliz ano novo, Deseje, deseje, não me fará mal nenhum, tudo são palavras, como sabe, Feliz ano novo, Fernando, Feliz ano novo, Ricardo.”
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis
I. modalizações de voz
i. toda a escrita revela
e quase tudo esconde.
ii. as palavras não são o que aprendemos
mas tudo o que [não] conseguimos dizer.
iii. todos os hiatos invisíveis
são o que mais delicadamente nos define
até porque tudo o que revela é incompleto.
k. steppenwolf
tecido boreal
dedicado à minha amiga cecília romeu
do blogue http://anaceciliaromeu.blogspot.com/
alfabetos sem gramática e decifração
agitam o oceano
enquanto a voz desprende
limos talhados com escopo e memória.
em vigília espantam feras
e tocam a cassiopeia
porque as estrelas que cruzam os desertos
nunca são o que nos separa dos homens.
the smiths, there is a light that never goes out
Ótimo post, Jorge...ótimos textos e ótima música!
ResponderEliminar[]s
"até porque tudo o que revela é incompleto."
ResponderEliminarNada mais verdadeiro!
Jorge, já te disse uma vez, que essas suas etiquetas nos marcam como ferro em brasa.
E é a mais pura verdade!
Só, que ao invés da dor, nos provocam, tão somente, admiração. Sempre!
Quanto ao "tecido boreal", tenho certeza absoluta, que Ana Cecília vai ficar encantada.
Eu fiquei! :)
Que a semana te seja leve, como essa folhinha de outono que se desprendeu lá do meu mosaicos, e veio parar na imagem das suas etiquetas...;)
Fique com Deus.
Jinhos meus,
Cid@
"A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos."
ResponderEliminar"No descomeço era o verbo.Só depois é que veio o delírio do verbo.O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz:Eu escuto a cor dos passarinhos.A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor,mas para som.Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.E pois.Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos - O verbo tem que pegar delírio."
Recorri ao mestre Manoel de Barros para comentar teus textos, pois, num formato diferente, evidente, foi o que me veio à mente para dialogar com eles.
Magníficos textos, com uma belíssima homenagem.
Grande abraço, meu caro amigo!
Jorge, vir aqui é a arte em sua plenitude: É poder absorver todas em minha alma.
ResponderEliminarFiquei a pensar nas imagens, o que escolher ser, uma luz que alumia à outros, ou ser alumiada? Penso que, enquanto humana, tudo é possível...
As palavras nos rasgam a alma, de fora pra dentro e, claro, de dentro para fora. Gosto desse ir e vir constante.
Preciso falar de Smiths? Como caminhar sem o som deles?!
Um beijo,
K.
A voz... sou fascinada por essa habilidade humana...até estava pensando sobre isso antes de ler teu texto... feliz coincidência...
ResponderEliminarQuando timbre e conteúdo harmonizam-se, é pura poesia a meus ouvidos...
Fascinante teu conteúdo... fico aqui imaginando se o timbre corresponde...
= )
Beijinho brejeiro, poeta amigo! Ótima semana a ti!
Jorge..Lindo o poema dedicado a querida Cecíla. Esta talentosa amiga.
ResponderEliminarEla merece, e vc com seu talendo nos brinda com mais uma brilhante postagem, recheada de demonstração de carinho.
Um dia de paz a vc. Um beijo a Ana Cecilia Romeu,
minha querida irmãzinha!!
Essas imagens, o Ano da Morte de Ricardo Reis, e estes teus poemas etiquetados com desvelo, em brilho e luz desvelam; tecem incompletudes e linha, até porque há luzes que não se apagam.
ResponderEliminarSinta-se abraçado, querido Jorge.
Bela lembrança a de António Gedeão "Cada um é seus caminhos, onde Sancho vê moinhos, D.Quixote vê gigantes. Vê moinhos? São moinhos. Vê gigantes? São gigantes".
Olá comecei um blog há pouco e gostaria de sua visita (se posível)
ResponderEliminarSigo-te
Amei teu cantinhho
:)
jorgíssimo, tua voz é fora de série, és um poeta fenomenal.
ResponderEliminarbeijos cristais, precioso!
Você deixou claro o quanto fica oculto nas reticências e como são importantes as palavras não ditas, eis que as que chegam aos nossos ouvidos não são capazes de traduzir tudo.
ResponderEliminarEscreve lindamente!
Bjs.
Que bonitos poemas, Jorge! Vc diz tanto com o que escreve e com os hiatos, com as somas e intercalações de versos. É tão rico aqui!
ResponderEliminarE as telas são ótimas, também, gostei muito.
Beijo.
sobre todas as coisas
ResponderEliminaro silêncio (prelúdio)
da chama e do fogo
das palavras
...
forte abraço,
grande poeta
e amigo.
Entre esses opostos de dizer e não dizer (esconder) a palavra permanece nesses vãos por vezes desvenda olhares - maravilha Jorge!
ResponderEliminarBeijos
Belíssimas construções poéticas.
ResponderEliminarGostei muito de conhecer tuas letras.
Beijos
Jorge meu querido, as suas palavras revelam a perfeição dos versos, a verdade das palavras e a grandeza do sentir...
ResponderEliminarNas tuas vírgulas absorvo as reticências sentimentais e das conjugações perfeitas...
Beijos querido amigo
Na mesma fala de ‘então até breve’, se diz o inverso, e neste falar, o versar hipócrita – mascarado, congela as muitas águas.
ResponderEliminarSim!!! Sins em procriações, caro Jorge! Não há sombra de dúvidas, mesmo que admitir doe: ‘toda escrita revela e quase tudo se esconde’. A porta que abre, logo após se fecha, e com trancas aperfeiçoadas. As palavras são aquilo que se desaprende, e por um caminho ao qual não existe pódio. E desfigura as receitas, e preenche-se no não dito, que define o ser. É a incompletude sobre e sob as camadas, e dá voz as sinapses.
Abraços, Priscila Cáliga
voz e vento, o que sopra rumo e descortina o invisível, ah estrelas, estrelas ora direis,
ResponderEliminarabraço
Meu querido amigo, Jorge,
ResponderEliminarAs palavras tecem pontos generosos e, também, estreitos. Deixam rastros espalhados, mas, ao final, proporcionam uma colcha que nos envolvem e até nos aquecem. Talvez seja mesmo, por conta de nossas memórias e aí, o "sermos incompletos", já não nos é motivo para temer uma separação, entre nós, homens. Bastaria, no caso, um olhar para o céu estrelado no deserto.
Beijos e gostei por demais de sua visita (me surpreendi). Fico feliz por expressar saudades (lá) de meu (singelo) canto, pois o que vem de você, a mim me desperta serenidade, algo como uma paz em meu interior.
Boa noite, durma bem.
“Tudo são palavras...”.
ResponderEliminarUm beijo amigo, amado.
Ótima semana,
Mih
PS: Adoro The Smiths
http://michelesantti.blogspot.com/2011/08/quando-o-amor-e-grande-demais.html
Jorginho, são palavras, sim, tudo o que não conseguimos dizer, e pulsam. Tua escrita já é
ResponderEliminarim-pres-cin-dí-vel!!!
Beijos,
Jorge, querido amigo de todo-o-mar!
ResponderEliminarEstou tomando chá com bolinhos de chuva, acompanhada de quatro amigos nossos:
José Saramago, Fernando Pessoa, Mário Quintana e Oscar Wilde.
Saramago lembrou-nos trecho de um conto de sua autoria: “...para se conhecer a ilha é preciso sair da ilha”. Ainda disse que grande poeta português da atualidade adotou um ponto de focalização diferente, imaginando que o enunciador não era um habitante da ilha: “para se conhecer a ilha não basta vê-la pelo lado de fora” – o novo poeta havia dito.
Pessoa afirmou:
- O mar fez-se para unir, jamais separar.
O gaúcho Quintana, amassando um bolinho com a mão direita, disse:
- Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas.
Perguntei a Wilde:
- Caro Mestre, o que tens a nos dizer?
Ele olhou-me e apenas sorriu.
Perguntei novamente.
Wilde entregou-me um papel amassado que abri lentamente. Não havia nada escrito.
...
Depois de horas, percebi que Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde parodiava a si mesmo. Havia trocado a palavra “sofrimento” para falar do “significado do silêncio e de toda sua beleza”.
Jorge Manuel Rocha Pimenta, caro poeta, espero que nossa amizade dure três anos e uma eternidade! (alimentada com The Smiths e novas músicas)
Bravo! Muito obrigada amigo!
Grande beijo,
Cecília.
PS.: !!!!!
...você é perfeito com as palavras!
ResponderEliminarum carinho neste talento ímpar!
bjs doces, querido!
Jorge, muitos parabéns, a tua escrita revela uma enorma sensibilidade e uma aptidão natural para envolver o leitor.
ResponderEliminarLinda homenagem à Cecília Romeu.
Um beijinho
oa.s
Perfeito, Jorge!!!!
ResponderEliminarEncantador!!!
Bjo!
Saudações, Jorge
ResponderEliminarviajei legal nestas imagens :)
Saramago, sou fã incondicional, mas fiquei pensando que sim às vezes tudo são apenas palavras e que elas nasceram para nomear o existente, os sentimentos, as coisas e tudo o que há, e às vezes não consigo achar palavras ou juntá-las pra escrever ou dizer o que vai
a natureza é feita de sons que o vento provoca, de grunhidos, gemidos, os sons que vem dos animais, os nossos sons sobre a superfície, os sons do que há sobre/sob a superfície
etiquetas e dedicatória muito bonitas
e The Smiths de muito bom gosto
beijos querido Jorge
Jorge,
ResponderEliminargostei imenso da composição de imagens e poemas destas etiquetas!
e as "modalizações de voz", perfeito, amigo!
Um grande beijinho,
ainda um bocadinho atordoada porque o tempo de sol também me prega algumas partidas...
continuação de optimas férias,amigo!
jorgíssimo,
ResponderEliminaràs vezes as palavras sao exatamente isto mesmo: aquilo que não conseguimos dizer.
mas aí vem um poeta da cidade dos arcebispos e joga um canhão de luz sobre elas e o mistério se elucida, a mágica é desvendada.
saudades imensas de passar por aqui.
saudade do seu abraço também, benfiquista.
aquele lá das geraes, o
roberto.
Belissimo Poeta!
ResponderEliminarAmei a dedicatória exalada d'uma ternura sem igual.
Sempre uma delicia visita-lo poeta.
deixo-lhe
Um beijinho
da
Assiria
Olá amigo, palavras desarrumadas no sentir dão sempre belos poemas. Tudo o que revela é incompleto...tudo o que nos define é falível...
ResponderEliminarBeijos com carinho
" As palavras não são o que aprendemos
ResponderEliminarmas tudo o que [não] conseguimos dizer"
O silêncio é muito mais eloquente! Fala alto, grita...
Diz verdades, aquelas que costumam ficar encarceradas.
Lindíssimos os teus versos, meu querido amigo, grande poeta!
Vir aqui me enriquece sempre, muito, muito!
Bjs, Jorge amigo.
Mais uma das suas maravilhosas postagens.Depois vou reler com mais tempo.
ResponderEliminarCom muito carinho
bjs
Com muito talento dedicou uma etiqueta à minha irmã... Obrigada, poeta lusitano, por toda a amizade e carinho!
ResponderEliminarolá querido!
ResponderEliminarPERFEITO!
e a mim só cabe aplaudir
e apreciar cada linha.
um abraço!
Por aqui uma verdadeira aula! E moço tu tens poder nas palavras grafadas, um aprendizado para mim, seja nos teus textos, nessas imagens que subjetivamente deixam muito a pensar e a música maravilhoso.
ResponderEliminarBeijokas doces.
Deixo o endereço do meu novo blog, se der passe por lá:http://palavrasaobelprazer.blogspot.com/
Você denomina seu blog: VIAGENS DE LUZ E SOMBRA. Mas, aqui, só vejo luz, em belas palavras. Como nas que nos deixa, nos comentários que faz em nossos espaços.
ResponderEliminarObrigada!
Bjs.
Aprecio e degusto as tuas palavras e junção delas. Acho que é uma habilidade de muito poucos seres.
ResponderEliminarAprecio também a junção das palavras com os sons musicais.
Um abraço e boas inspirações.
Meu Poeta Maior
ResponderEliminarAs palavras são o silêncio gritado...escorrendo do vazio das mãos...perdidas na memória dos dedos...são andorinhas sem asas voando nos sonhos do poeta...são os segredos da memória...prendem e asfixiam...escrevem e descrevem quase nada e quase tudo...são a viagem de um fim incerto...arquivos da mente a preto e branco...fragmentos do que se quer dizer.
O que sinto quando te leio? Não sei...sei apenas que me dá para fazer garatujos...e vou já cheia de sede desta fonte.
Beijinhos com carinho
Rosa
Excelentes poemas, sublinhados por música da melhor qualidade. Este blog é mesmo nota 10.
ResponderEliminarBeijo, Jorge.
"porque as estrelas que cruzam os desertos
ResponderEliminarnunca são o que nos separa dos homens."
como sempre, perfeito. belas palavras!
Adorei as imagens surreais do post.
Obrigada pela visitinha, uma ótima sexta-feira para ti! :)
Beijo
...meu querido poeta,
ResponderEliminaràs vezes precisamos escolher
caminhos, para não sermos
engolidos pelos preconceitos
oriundos de mentes pequenas.
por isso o adormecimento
do nosso "alma nua'.
um dia, quem sabe ele
acorde e volte com liberdade
para ser o que sempre foi.
obrigada pelos carinhos...
beijos, alma linda!
até já!
Palavras nem sempre nos decifram, mas as vezes nos descrevem.Bjos achocolatados
ResponderEliminarMinha nossa, que homenagem mais linda e – sou suspeito em falar – merecida no que recorre a alma dessa organizadora de almas chamada, Cecília Meireles, opa Cecília Romeu!!!!
ResponderEliminarGrande poema, Jorge, aliás, como sempre!!!! Abraço amigão do além-mar!!!!!
lembrando-me do que as palavras me fazem sentir..
ResponderEliminardo que sinto quando por aqui fico..
tuas etiquetas e uma linda homenagem..
e a música..
tudo completo e por aqui vou ficando..
beijos querido poeta..
Magnífico!!!
ResponderEliminarE estas palavras vão tecendo uma colcha de um texto tão saboroso quanto torta de maça e chá no final da tarde.
Sobre o tecido boreal,
...E a Cissa é assim, tão extraordinária como o céu boreal, que nos encanta com cada palavra e cada história e os tece gentilmente e com grande amor. Sim, uma estrela, não, não, uma constelação, que poderia fazer parte desse céu boreal, ao lado de Cassiopéia ou da Ursa Maior.
Encanto-me em tríplice sentido nestas etiquetas.
ResponderEliminarComo as palavras são os sentidos – indizíveis...
;-)
Belos textos! Simples, mas igualmente sábios. Por momentos, fizeram-me lembrar a sabedoria que a simplicidade de Caeiro transmite.
ResponderEliminarBeijos! :)