provocámos a noite.
inventámos a canção
e sabíamo-la perfeita, quase sibilina,
como todos os sons de um violino de alfazema.
recordo as verdades embrionárias
deambulando pelo interior dos corpos
em passos de açucena
e movimentos de primavera.
e ríamos na integridade do tempo
na madrugada das lágrimas
na agressão de todos os amores perfeitos
noites mais tarde revisitei a pauta
já sem instrumento, sem voz, sem melodia.
acreditei no verso que compusemos
como num estuário de movimento perpétuo
empurrando o sal e o mel das águas
para o abismo das pétalas que reparam a pele
para o solo das flores que rebentam sem luz.
a solidão enterrou-nos o sono
e a memória insone é agora o altar onde sacralizámos os deuses.
há silêncios musicais a dourar o excesso vocal
há medo a borbulhar no paraíso das bocas
há golpes de diamante a apagar as letras.
dessa melodia sobra apenas o véu luminoso
de cometas deslizantes sobre cordas
que na noite perderam a cauda
[oh, como descem o ar
à procura da imobilidade absoluta dos corpos].
a música é como a morte:
ambas são a verdade mas nenhuma se explica.
smog, to be of use
coming day... coming day...
ResponderEliminarcome!
[so beautiful, so tender. such an hapyness to have an angel looking at and for us...]
maravilhosos som, voz, poema!
s. jacinto - torreira - esse "todo" ao redor de Aveiro é um espaço de sentir e falar no silencio do peito, dos lugares mais belos para morrer e renascer!
o teu poema, é também morte e vida, como o lugar que o inspirou. morreu-me no peito, regresso assim que renascer :), magnifico poeta!
beijo, encanto!
Querido Jorge, saudades...
ResponderEliminarVocê fotografa o que há de mais profundo e depois revela em letras.
O teu diálo íntimo é uma expressão artística das mais belas que já vi.
Um beijo perfumado de flor Angélica
Um poema de uma beleza única.Parabéns poeta.
ResponderEliminarJorge, poema intimista, duma beleza que se sente em cada palavra que disfutamos em silencio.
ResponderEliminarA foto, naturalmente tranquila.
Um beijo
oa.s
Lindo poema, sábias palavras! Escritas com grande inspiração! Parabens Jorge!
ResponderEliminarseria a memória sempre insone?
ResponderEliminarbeijo.
Jorge, meu querido
ResponderEliminarVenho já emocionada por causa de seu generoso comentário e, aqui, encontro esta joia rara que mais ainda me sensibliza... Versos demasiadamente lindos, irrepreensíveis, perfeitos!
Sempre um pivilégio poder ler os seus magníficos escritos!
Grata, muito grata, meu especial amigo, grande poeta!
Abraço bem apertado da
Zélia
Jorginho,
ResponderEliminarCada impulso, cada hesitação do que neste "crime" se inscreve parece ser tão íntimo de meus sentidos que ouso me sentir cúmplice na "canção".
"e ríamos na integridade do tempo
na madrugada das lágrimas
na agressão de todos os amores perfeitos"
(P.S. A música é perfeita!!! E o filme do vídeo é um dos meus preferidos)
Um beijo grande, meu querido amigo!!!
Que coisa mais linda, Jorge!!!!
ResponderEliminarEncantada!!!!
Bjinhos!
"a música é como a morte:
ResponderEliminarambas são a verdade mas nenhuma se explica."
Forças antagônicas ou harmoniosas?
Beijinho com encanto, poeta amigo!
Sinceramente, não sei o que doeu mais: Perceber que a memória é quem controla, ouvir a música, ou o frio que chegou por aqui.
ResponderEliminarSinto até ser um reflexo do que se tem dentro...
Conhecer Bill Callahan alegrou um pouquinho! Som perfeito!
verdades embrionárias desafiam a integridade do tempo, mas nada é eterno além do que já foi consumado e se consumiu. quando de aconchegos e infinitos resta-se uma canção, a solidão procura outro movimento e apalavra grafada será sempre uma falsificação.
ResponderEliminarde um lirismo contagiante, tuas palavras martelam sentidos na entrega da poesia.
grande abraço, Jorge!
em uma palavra se aconchega a verdade: fé. mas para nós que nos cabe a dúvida a verdade é uma das muitas faces, e são tantos espelhos a espalhar dessemelhanças,
ResponderEliminarabração
Querido Jorge de-além-mar,
ResponderEliminarmesmo um moliceiro abandonado, que antes recolhia os moliços para servirem de adubo, tem em seu próprio sopro de música e semi-morte a eterna verdade do inexplicável.
Ou por ser verdade que se torna inexplicável?
Meu amigo, com seu poema, devolveste ao moliceiro as velas,a vara e principalmente a sirga, para os canais mais estreitos ou às margens que nos agarram quando desafiamos navegar contra a corrente.
De forma inexplicável, estamos preparados apenas para a verdade do alto mar.
Lindo, Jorge!
Assim como a escolha da música, que faz parte da trilha de um dos mais belos filmes que já assisti, o título aqui no Brasil: "Minha vida sem mim".
Sobre aquela lista das coisas ainda a fazer antes de permanecer num banco de areia da ria de Aveiro à espera que um excelente poeta lhe dê vida novamente!
Grande beijo,
Cecília.
...Jorge poeta querido!
ResponderEliminara tua poesia embriaga,
e bêbados não sabem o que
falam.
deixo então beijos de
encantos nesta alma
linda que tens!
Ah Jorge... Os seus poemas tocam a minha alma de uma maneira singular, musical, encantadora!!
ResponderEliminarA música de versos acolhe a solidão de quem renasceu num acorde poético e lírico do sentimento...
Suas poesias me acalma!!
Beijos querido!!^^
c@ríssimo @migo Jorge M@nuel Piment@
ResponderEliminar;)
Achei esse seu poema, tão lindo como um quadro.
Cada pincelada (frase), me encantava e mexia com minha imaginação.
Umas mais delicadas, outras mais fortes, mas todas belíssimas.
Hoje, após te ler, eu gostaria muito de dormir ao som de um "violino de alfazema".
Pelo menos, foi imensamente doce imaginá-lo.
:)
Que Deus conserve para sempre esse seu dom!
Beijos,
Cid@
Cada verso um canto lírico sem explicação.
ResponderEliminar"acreditei no verso que compusemos
como num estuário de movimento perpétuo
empurrando o sal e o mel das águas
para o abismo das pétalas que reparam a pele
para o solo das flores que rebentam sem luz."
Perfeito!
Beijinho
Cada palavra, como numa aquarela, a espalhar-se pelo papel, sendo absorvida e misturando-se a ele, num tempo exíguo, completo e verdadeiro no instante em que acontece.
ResponderEliminarIntenso.
Arrebatador poema!
Abraço, poeta!
Marlene
Não tenho muito o que comentar sobre teus poemas,pq não sei como fazê-lo,eu apenas sinto,e gosto do que sinto.Um preenchimento de alma,um calor físico,uma paz acolhedora,ou alguns questionamentos.
ResponderEliminarO que me deixou triste,foi te-lo convidado para um Ping Pong e teu silencio me servido como um não.Gostaria de te-lo tido entre aqueles que considero os melhores na blogosfera.E por favor,não me responda por aqui,ando escrevendo muito e to com dificuldade de retornar e achar os posts que tenho comentado,é muita gente para seguir e estou em falta com muitos.
Mas jamais esqueço dos que sigo,dos que gosto,dos que admiro.
Boa semana,bjka
Jorge..
ResponderEliminarMe emociona o lirismo de sua poesia.
Fico tocada.... Seus poemas me soam como um quadro surreal, onde as cores se misturam e eu, com a minha subjetividade só aprecio.. e sinto... tocada.
Parabéns por escrever tão lindamente e pelo carinho que você sempre dispensa a minha pessoa e ao meu trabalho.
Ler-te é uma honra.
"a solidão enterrou-nos o sono
e a memória insone é agora o altar onde sacralizámos os deuses.
há silêncios musicais a dourar o excesso vocal
há medo a borbulhar no paraíso das bocas
há golpes de diamante a apagar as letras.
dessa melodia sobra apenas o véu luminoso
de cometas deslizantes sobre cordas
que na noite perderam a cauda
[oh, como descem o ar
à procura da imobilidade absoluta dos corpos]."
Me calo..apenas sinto..
E se não bastasse, você ainda nos presenteia com este lindo video e musica.
Que bom que você existe.
Bj
Ma
É nessa maré cheia de versos, onde moliceiros invertem vida belicosa em morte amorosa, que navega um crime pra canção, perfeito de aconchego finito; é nela que cala a voluta silente de corda lá, em trilha sonora de letra e música impecáveis que desgoverna leme.
ResponderEliminarBonita... demais de bonita essa tua postagem, querido Jorge.
Olá, Jorge,
ResponderEliminara imagem é belíssima
fiquei pensando neste final
a música é como a morte:
ambas são a verdade mas nenhuma se explica.
que canção linda!
beijos
Jorge.. bom dia..
ResponderEliminarFiz uma postagem explicando como executo minha arte.
Se te bater curiosidade, aparece.
Sera um prazer recebe-lo.
Bj
Ma
Acho que já disse, não sei, mas sua poesia me leva para dentro e me deixa por lá em silencio a perceber imagens lúcidas de um tempo que é ontem, hoje e amanhã. Eu me calo e fico espaindo as ilusões se dissipando como se fossem nuvens e ouço vozes distantes, em coro, dizendo coisas humanas e vem o sorriso para os meus lábios e as ausências vão virando cenários meus...
ResponderEliminarSó me resta respirar fundo.
bacio
Na curvatura [inevitável] das horas... Perfeitona forma, perfeito no conteúdo.
ResponderEliminarUm beijo
L.B.
Bom dia.Amei o seu poema.Você tem um jeito bem peculiar de escrever, envolto a mistério vez em quando.
ResponderEliminarAmei os dois últimos versos:" A MÚSICA É COMO A MORTE:AMBAS SÃO A VERDADE MAS NENHUMA SE EXPLICA".
A música é a linguagem universal, tal qual a morte que a todos atinge!
Um excelente dia, e fique com Deus!
provocámos a noite.
ResponderEliminarinventámos a canção
e sabíamo-la perfeita, quase sibilina,
como todos os sons de um violino de alfazema.
um poema sim...mas é quase uma canção...
Posso ouvir a melodia.
Bjos achocolatados
Jorge, querido, amei. ♫ ♥
ResponderEliminar____
Mudei o Blog:
Michele Santti
http://michelesantti.blogspot.com/
Meu querido Poeta
ResponderEliminarNo teu poema senti o sal das lágrimas...o anoitecer da ilusão...a carne rasgada pelas águas paradas do amor...a boca a saborear o espinho...nas mãos o braços do destino...nos versos o pão da palavra...na mente o labirinto de todas as portas...numa memória atada no altar do tempo...onde se guardam todos os silêncios que os olhos inventam...todas as noites onde somos ou nos inventamos.
Os teus poemas são violinos a chorar uma suave dança de desejo...que a pele escreve...um sabor doce e amargo como a vida.
Deixo o meu carinho e um beijinho
Sonhadora
engraçado a sua associação de musica e morte…
ResponderEliminarnão seria vida?
beijo! saudade daqui….
É eterno o que foi consumado. Não há morte nas lembranças nem na música, que faz de suas notas e de seu embalo, a vida.
ResponderEliminarVocê é realmente maravilhoso em sua forma de expressão.
Bjs.
Olá amigo Jorge, naveguei em tão belo poema. Uma autêntica musica das palavras. Adorei. Beijos com carinho
ResponderEliminarEmbriaguei meus sentidos
Ao tentar compreender
Porque os sonhos perdidos
Não se conseguem escrever.
Jorge querido poeta,
ResponderEliminarna infinitude do único momento sorvemos a solidão que nos cabe em sons e toques..
e a música segue..
beijos de carinho..
Jorge, jorge... Você me deixa boquiaberta. Como consegue criar imagens tão fantásticas? Tuas metáforas são riquíssimas, teus versos são requintados, tua poesia é deslumbrante.
ResponderEliminarBeijos cristais, poeta precioso!
(Aguardo a nossa próxima lírica viagem)
O silêncio musical é o ritmo que impera e grita por aqui, pois a harmonia das palavras e das imagens nos fazem sentir (com a confusão de todos os nossos aparelhos de sensações epidérmicos) toda a verdade dos lugares que cria para nós, seus leitores. É sempre um prazer te ler, pois quanto te lemos acamamos por nos traduzir em suas belas arquiteturas espirituais.
ResponderEliminarGrande poema!
Um abraço poeta do além-mar!!!
Muito lindos teus poemas...me apaixono a cada leitura.
ResponderEliminarBjos achocolatados
Verdades e dúvidas se diluem na vida de cada dia, de cada envolvimento, até que chegue a verdade da música. Belíssimo seu poema, Jorge.
ResponderEliminarUm abraço amigo.
Sua escolha das palavras é entorpecente, querido Jorge!
ResponderEliminarEntre as arestas da música e da morte há o amor...
Saudades daqui!!