segunda-feira, 25 de julho de 2011

crime perfeito para canção de aconchegos e infinitos



parque natural de são jacinto

provocámos a noite.
inventámos a canção
e sabíamo-la perfeita, quase sibilina,
como todos os sons de um violino de alfazema.

recordo as verdades embrionárias
deambulando pelo interior dos corpos
em passos de açucena
e movimentos de primavera.
e ríamos na integridade do tempo
na madrugada das lágrimas
na agressão de todos os amores perfeitos

noites mais tarde revisitei a pauta
já sem instrumento, sem voz, sem melodia.
acreditei no verso que compusemos
como num estuário de movimento perpétuo
empurrando o sal e o mel das águas
para o abismo das pétalas que reparam a pele
para o solo das flores que rebentam sem luz.

a solidão enterrou-nos o sono
e a memória insone é agora o altar onde sacralizámos os deuses.
há silêncios musicais a dourar o excesso vocal
há medo a borbulhar no paraíso das bocas
há golpes de diamante a apagar as letras.
dessa melodia sobra apenas o véu luminoso
de cometas deslizantes sobre cordas
que na noite perderam a cauda
[oh, como descem o ar
à procura da imobilidade absoluta dos corpos].

a música é como a morte:
ambas são a verdade mas nenhuma se explica.

smog, to be of use

39 comentários:

  1. coming day... coming day...
    come!
    [so beautiful, so tender. such an hapyness to have an angel looking at and for us...]
    maravilhosos som, voz, poema!
    s. jacinto - torreira - esse "todo" ao redor de Aveiro é um espaço de sentir e falar no silencio do peito, dos lugares mais belos para morrer e renascer!

    o teu poema, é também morte e vida, como o lugar que o inspirou. morreu-me no peito, regresso assim que renascer :), magnifico poeta!

    beijo, encanto!

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  2. Querido Jorge, saudades...
    Você fotografa o que há de mais profundo e depois revela em letras.
    O teu diálo íntimo é uma expressão artística das mais belas que já vi.

    Um beijo perfumado de flor Angélica

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  3. Um poema de uma beleza única.Parabéns poeta.

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  4. Jorge, poema intimista, duma beleza que se sente em cada palavra que disfutamos em silencio.
    A foto, naturalmente tranquila.

    Um beijo
    oa.s

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  5. Lindo poema, sábias palavras! Escritas com grande inspiração! Parabens Jorge!

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  6. Jorge, meu querido
    Venho já emocionada por causa de seu generoso comentário e, aqui, encontro esta joia rara que mais ainda me sensibliza... Versos demasiadamente lindos, irrepreensíveis, perfeitos!
    Sempre um pivilégio poder ler os seus magníficos escritos!
    Grata, muito grata, meu especial amigo, grande poeta!
    Abraço bem apertado da
    Zélia

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  7. Jorginho,

    Cada impulso, cada hesitação do que neste "crime" se inscreve parece ser tão íntimo de meus sentidos que ouso me sentir cúmplice na "canção".

    "e ríamos na integridade do tempo
    na madrugada das lágrimas
    na agressão de todos os amores perfeitos"

    (P.S. A música é perfeita!!! E o filme do vídeo é um dos meus preferidos)

    Um beijo grande, meu querido amigo!!!

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  8. Que coisa mais linda, Jorge!!!!
    Encantada!!!!
    Bjinhos!

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  9. "a música é como a morte:
    ambas são a verdade mas nenhuma se explica."

    Forças antagônicas ou harmoniosas?

    Beijinho com encanto, poeta amigo!

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  10. Sinceramente, não sei o que doeu mais: Perceber que a memória é quem controla, ouvir a música, ou o frio que chegou por aqui.
    Sinto até ser um reflexo do que se tem dentro...
    Conhecer Bill Callahan alegrou um pouquinho! Som perfeito!

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  11. verdades embrionárias desafiam a integridade do tempo, mas nada é eterno além do que já foi consumado e se consumiu. quando de aconchegos e infinitos resta-se uma canção, a solidão procura outro movimento e apalavra grafada será sempre uma falsificação.

    de um lirismo contagiante, tuas palavras martelam sentidos na entrega da poesia.

    grande abraço, Jorge!

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  12. em uma palavra se aconchega a verdade: fé. mas para nós que nos cabe a dúvida a verdade é uma das muitas faces, e são tantos espelhos a espalhar dessemelhanças,


    abração

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  13. Querido Jorge de-além-mar,
    mesmo um moliceiro abandonado, que antes recolhia os moliços para servirem de adubo, tem em seu próprio sopro de música e semi-morte a eterna verdade do inexplicável.
    Ou por ser verdade que se torna inexplicável?

    Meu amigo, com seu poema, devolveste ao moliceiro as velas,a vara e principalmente a sirga, para os canais mais estreitos ou às margens que nos agarram quando desafiamos navegar contra a corrente.
    De forma inexplicável, estamos preparados apenas para a verdade do alto mar.

    Lindo, Jorge!

    Assim como a escolha da música, que faz parte da trilha de um dos mais belos filmes que já assisti, o título aqui no Brasil: "Minha vida sem mim".
    Sobre aquela lista das coisas ainda a fazer antes de permanecer num banco de areia da ria de Aveiro à espera que um excelente poeta lhe dê vida novamente!

    Grande beijo,
    Cecília.

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  14. ...Jorge poeta querido!

    a tua poesia embriaga,
    e bêbados não sabem o que
    falam.

    deixo então beijos de
    encantos nesta alma
    linda que tens!

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  15. Ah Jorge... Os seus poemas tocam a minha alma de uma maneira singular, musical, encantadora!!

    A música de versos acolhe a solidão de quem renasceu num acorde poético e lírico do sentimento...

    Suas poesias me acalma!!

    Beijos querido!!^^

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  16. c@ríssimo @migo Jorge M@nuel Piment@
    ;)

    Achei esse seu poema, tão lindo como um quadro.
    Cada pincelada (frase), me encantava e mexia com minha imaginação.
    Umas mais delicadas, outras mais fortes, mas todas belíssimas.

    Hoje, após te ler, eu gostaria muito de dormir ao som de um "violino de alfazema".
    Pelo menos, foi imensamente doce imaginá-lo.
    :)

    Que Deus conserve para sempre esse seu dom!

    Beijos,

    Cid@

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  17. Cada verso um canto lírico sem explicação.
    "acreditei no verso que compusemos
    como num estuário de movimento perpétuo
    empurrando o sal e o mel das águas
    para o abismo das pétalas que reparam a pele
    para o solo das flores que rebentam sem luz."

    Perfeito!
    Beijinho

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  18. Cada palavra, como numa aquarela, a espalhar-se pelo papel, sendo absorvida e misturando-se a ele, num tempo exíguo, completo e verdadeiro no instante em que acontece.
    Intenso.

    Arrebatador poema!

    Abraço, poeta!

    Marlene

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  19. Não tenho muito o que comentar sobre teus poemas,pq não sei como fazê-lo,eu apenas sinto,e gosto do que sinto.Um preenchimento de alma,um calor físico,uma paz acolhedora,ou alguns questionamentos.
    O que me deixou triste,foi te-lo convidado para um Ping Pong e teu silencio me servido como um não.Gostaria de te-lo tido entre aqueles que considero os melhores na blogosfera.E por favor,não me responda por aqui,ando escrevendo muito e to com dificuldade de retornar e achar os posts que tenho comentado,é muita gente para seguir e estou em falta com muitos.
    Mas jamais esqueço dos que sigo,dos que gosto,dos que admiro.
    Boa semana,bjka

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  20. Jorge..

    Me emociona o lirismo de sua poesia.
    Fico tocada.... Seus poemas me soam como um quadro surreal, onde as cores se misturam e eu, com a minha subjetividade só aprecio.. e sinto... tocada.

    Parabéns por escrever tão lindamente e pelo carinho que você sempre dispensa a minha pessoa e ao meu trabalho.

    Ler-te é uma honra.




    "a solidão enterrou-nos o sono
    e a memória insone é agora o altar onde sacralizámos os deuses.
    há silêncios musicais a dourar o excesso vocal
    há medo a borbulhar no paraíso das bocas
    há golpes de diamante a apagar as letras.
    dessa melodia sobra apenas o véu luminoso
    de cometas deslizantes sobre cordas
    que na noite perderam a cauda
    [oh, como descem o ar
    à procura da imobilidade absoluta dos corpos]."

    Me calo..apenas sinto..

    E se não bastasse, você ainda nos presenteia com este lindo video e musica.

    Que bom que você existe.

    Bj

    Ma

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  21. É nessa maré cheia de versos, onde moliceiros invertem vida belicosa em morte amorosa, que navega um crime pra canção, perfeito de aconchego finito; é nela que cala a voluta silente de corda lá, em trilha sonora de letra e música impecáveis que desgoverna leme.
    Bonita... demais de bonita essa tua postagem, querido Jorge.

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  22. Olá, Jorge,
    a imagem é belíssima

    fiquei pensando neste final

    a música é como a morte:
    ambas são a verdade mas nenhuma se explica.

    que canção linda!

    beijos

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  23. Jorge.. bom dia..
    Fiz uma postagem explicando como executo minha arte.
    Se te bater curiosidade, aparece.
    Sera um prazer recebe-lo.
    Bj
    Ma

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  24. Acho que já disse, não sei, mas sua poesia me leva para dentro e me deixa por lá em silencio a perceber imagens lúcidas de um tempo que é ontem, hoje e amanhã. Eu me calo e fico espaindo as ilusões se dissipando como se fossem nuvens e ouço vozes distantes, em coro, dizendo coisas humanas e vem o sorriso para os meus lábios e as ausências vão virando cenários meus...

    Só me resta respirar fundo.
    bacio

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  25. Na curvatura [inevitável] das horas... Perfeitona forma, perfeito no conteúdo.

    Um beijo

    L.B.

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  26. Bom dia.Amei o seu poema.Você tem um jeito bem peculiar de escrever, envolto a mistério vez em quando.
    Amei os dois últimos versos:" A MÚSICA É COMO A MORTE:AMBAS SÃO A VERDADE MAS NENHUMA SE EXPLICA".
    A música é a linguagem universal, tal qual a morte que a todos atinge!
    Um excelente dia, e fique com Deus!

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  27. provocámos a noite.
    inventámos a canção
    e sabíamo-la perfeita, quase sibilina,
    como todos os sons de um violino de alfazema.

    um poema sim...mas é quase uma canção...
    Posso ouvir a melodia.
    Bjos achocolatados

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  28. Jorge, querido, amei. ♫ ♥
    ____

    Mudei o Blog:

    Michele Santti
    http://michelesantti.blogspot.com/

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  29. Meu querido Poeta

    No teu poema senti o sal das lágrimas...o anoitecer da ilusão...a carne rasgada pelas águas paradas do amor...a boca a saborear o espinho...nas mãos o braços do destino...nos versos o pão da palavra...na mente o labirinto de todas as portas...numa memória atada no altar do tempo...onde se guardam todos os silêncios que os olhos inventam...todas as noites onde somos ou nos inventamos.
    Os teus poemas são violinos a chorar uma suave dança de desejo...que a pele escreve...um sabor doce e amargo como a vida.

    Deixo o meu carinho e um beijinho
    Sonhadora

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  30. engraçado a sua associação de musica e morte…

    não seria vida?

    beijo! saudade daqui….

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  31. É eterno o que foi consumado. Não há morte nas lembranças nem na música, que faz de suas notas e de seu embalo, a vida.
    Você é realmente maravilhoso em sua forma de expressão.

    Bjs.

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  32. Olá amigo Jorge, naveguei em tão belo poema. Uma autêntica musica das palavras. Adorei. Beijos com carinho


    Embriaguei meus sentidos
    Ao tentar compreender
    Porque os sonhos perdidos
    Não se conseguem escrever.

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  33. Jorge querido poeta,
    na infinitude do único momento sorvemos a solidão que nos cabe em sons e toques..
    e a música segue..
    beijos de carinho..

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  34. Jorge, jorge... Você me deixa boquiaberta. Como consegue criar imagens tão fantásticas? Tuas metáforas são riquíssimas, teus versos são requintados, tua poesia é deslumbrante.

    Beijos cristais, poeta precioso!

    (Aguardo a nossa próxima lírica viagem)

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  35. O silêncio musical é o ritmo que impera e grita por aqui, pois a harmonia das palavras e das imagens nos fazem sentir (com a confusão de todos os nossos aparelhos de sensações epidérmicos) toda a verdade dos lugares que cria para nós, seus leitores. É sempre um prazer te ler, pois quanto te lemos acamamos por nos traduzir em suas belas arquiteturas espirituais.
    Grande poema!
    Um abraço poeta do além-mar!!!

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  36. Muito lindos teus poemas...me apaixono a cada leitura.
    Bjos achocolatados

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  37. Verdades e dúvidas se diluem na vida de cada dia, de cada envolvimento, até que chegue a verdade da música. Belíssimo seu poema, Jorge.
    Um abraço amigo.

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  38. Sua escolha das palavras é entorpecente, querido Jorge!

    Entre as arestas da música e da morte há o amor...

    Saudades daqui!!

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