azenha do mar
o desamor desloca-se nas borboletas do tempo.
o desamor desloca-se nas borboletas do tempo.
adivinho-lhe tremores cutâneos
e suores cansados
em bocas negras que envelhecem sós,
galanteio da memória
soçobro da amnésia.
nem os retratos sépia
nas palmas das mãos nodosas
aceleram a sua vida lenta,
tão-pouco as tardes amarelecidas
nas jarras do olhar
anunciam a flor.
o desamor lança-se na vertigem do vento.
abre a boca
[devagar
negra de ausências
branca como a morte]
e, já sem dentes,
balbucia palavras que desistem
algures entre a decepção do sopro
e o sonho do dizer
[há palavras que precisam do silêncio
para germinarem no peito].
olha para o lado
inclina o dorso
geme flores murchas;
sabes?
o tempo chora-o
e a rua abandona-o
e o corpo esquece-o.
o desamor senta-se nas entranhas do desalento.
a lágrima salva-o
na devoção de beijo gasoso
que se evapora em órbita invisível,
apenas adivinhada,
talvez pressentida
já não sentida.
na orquestra do coração
todos os violinos acabam por secar as suas cordas
e a música adormece para sempre.
mão morta, morgue
Poema impecável, muito bom mesmo, parabéns poeta.
ResponderEliminarcaro arnoldo,
ResponderEliminaragradeço-te a voz de violino.
um forte abraço!
Adorei este poema, amigo Jorge Pimenta. Já á muito tempo que não ouvia os Mão Morta.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana.
transpondo-barreiras.blogspot.com
viva, josé,
ResponderEliminarah, mão morta! para mim há dois "mão morta": os vertiginosos que deixavam atrás de si um rasto de destruição na matéria [anos 80 e início dos 90] e os que devastam a alma com melodias e letras que se colam à pele [entre a segunda metade dos 90 até ao presente]. como este excelente "morgue", do álbum nus.
um forte abraço!
Depois de uma semana de loucos, estava mesmo a precisar de alguma leitura [não académica, claro!] para me animar e, porque não?, de olhares que anunciem a flor.
ResponderEliminarE, como «há palavras que precisam do silêncio/ para germinarem no peito», vou, sem nada mais dizer.
Obrigada por este poema, Jorge!
Beijos.
cristina-amiga-jornalista,
ResponderEliminaresta semana tentacular estendeu o suor sobre ti e sobre mim. o regresso? sempre com o beneplácito da poesia.
um beijinho e um fim-de-semana retemperador, pois claro, que o contrabalanço exige-se-nos para germinar os equilíbrios!
a canção de desamor paira sobre as notas do instrumento, seja ele a corda ou o sopro, madeira ou metal
ResponderEliminarabraço
p.s. final entre Braga e Porto na liga europa
Um poema cinzento, como o extravio das cores da vida. Como o silêncio da música que adormece para sempre em cordas secas de um violino. Mas escuto as palavras de ausência na voz do poeta a exalar emoção.
ResponderEliminarAbraço
"[há palavras que precisam do silêncio
ResponderEliminarpara germinarem no peito]."
Perfeito acorde para as cordas líricas da poesia!
Adorei o poema no seu todo, mas esta frase em particular.
Beijo( pizzicato) :))
orquestras são o que eu mais gosto (depois de desenhar e escrever) nessa vida!! O final a orquestra do coração é um iluminar o ser em sons que precisam ser escutados no silêncio. O desamor - esse que aparece depois do tempo ainda não se livrou da ternura - talvez.
ResponderEliminarEspetacular!
Bjs
os sons do desamor são gemidos contidos nas cordas do pontapé que a trave devolveu, na cabeçada que o guarda-redes susteve, ou na taça que escorre o néctar da vitória sobre os adversários. braga é a minha cidade; benfica é o meu clube. hoje, como bracarense que não braguista, chio baixinho em acorde surdo [o nosso amigo roberto entender-me-ia].
ResponderEliminarum abraço, assis!
celso, amigo,
ResponderEliminara pungência dos matizes escuros sempre foram solo fértil para a poesia, verdade? ah, que voz saberá pintá-los com as cores do arco-íris?
um abraço!
querida sandra,
ResponderEliminarhá palavras que precisam do silêncio para germinarem no peito, do mesmo modo que os silêncios se constroem sempre na voz do coração. esta equação é daquelas que não se resolvem na lógica das coisas, mas no vazio das coisas que perderam toda a lógica.
um beijinho!
Bela composição anunciando Maio...
ResponderEliminarObrigada pelas palavras!
querida luíza,
ResponderEliminarsão os sons de luz e os ecos de sombras, afinal...
um abraço com a tal ternura que, por mais voltas que dêmos, nunca se desprende dos braços!
Pintei um quadro imaginário com as pinceladas de teu poema... ao som de violinos...
ResponderEliminarSempre inspiradora tua leitura, Jorge!
Beijinho harmonioso, alado poeta... Tenha um belo fim desemana!
michelle,
ResponderEliminaro maio das palavras... a primavera dos silêncios.
é assim a sua espessura.
um abraço!
aninha-de-luz,
ResponderEliminartodas as paisagens se fazem tela pela tua mão.
beijinho e um óptimo fim-de-semana para ti, também!
a harmônia entre sentimento e palavra está perfeita! parabéns!
ResponderEliminarsabes, fernanda, tantas são as palavras que imitam os sentimentos, mas nenhuma o consegue com tanta harmonia quanto o silêncio... por mínimo que este seja.
ResponderEliminarpresença renovada a tua por aqui. que bom!
beijinho!
...que Deus permita jamais vivermos
ResponderEliminarnas teias do desamor!
Jorge querido poeta,
você é brisa doce
na pele de nossas
emoções!
Bjs, alma de poesia!
Caíssimo, poeta. Fui lendo e me encolhendo. E ao me encolher não somente ouvia sons de violinos, mas de um eu doído. Ferido. Um eu que vive e sente o desamor.
ResponderEliminarE em minhas entranhas vi nascendo luz, esta luz que ainda é ofuscada pela escuridão. Enfim, a esperança.
Preciso dizer que o encontrei aqui é majestoso?
E para meu bel prazer descobri que a querida, Menina do sotão já te descobrira antes, eis que este é o meu momento de descobrir-te.
Abraços,
Keila
o som celestial, esse permanece para sempre!! haverá sempre som no silencio e na solidão do silencio... a memória ocular também não deixa o som ir!
ResponderEliminarregresso poético sentido... uma fotografia lindíssima...
um beijo jo pi
já pensaste que o oxigénio em algum momento será asfixia? tudo quanto existe é e não é, porque nada é definitivo.
ResponderEliminarbeijinho, querida vivian!
olá, keila,
ResponderEliminaresta é uma das coisas boas dos blogues: os dedos não terminam apenas no espaço que o corpo confere à própria mão.
a menina do sótão já cá tem o seu cantinho; ocupa o teu, também. sê bem-vinda.
um beijinho!
não-sou-eu-é-a-outra,
ResponderEliminartalvez o mundo seja essa caixa musical que despede os acordes vibrantes e os do silêncio, numa pauta de espessura fina por onde deambulam todos os pássaros, todos os instrumentos e todos os silêncios.
um abraço!
O coração (como toda orquestra de loucos e santos) também acorda diante da morte
ResponderEliminare sopra cânticos
...
Esplêndido poema.
Forte abraço,
imenso poeta.
domingos, camarada-poeta,
ResponderEliminarserá o deus dos afectos uma composição musical a adiar a invisibilidade da matéria?
um abraço coral, querido amigo!
Às vezes ouço músicas que não sei de onde vieram. Devem ser essas enterradas, adormecidas.
ResponderEliminarInteressantíssimos dizeres poéticos!
Beijo.
Ah!
ResponderEliminarEcos da memória da morte
entre os [nós] que nos sobe à garganta
atravessando a vidraça,
na música que se ouve
para além da vida e (só)…
[Fala-se pelos olhos e vê-se pela boca, mas estamos vivos e...somos!]
Um beijinho
E Bom fim de semana
Assiria
Olá.
ResponderEliminarPrimeira vez por aqui e já me deixas com lágrimas nos olhos...
Que coisa mais linda esse seu espaço!
A sensibilidade escorre de cada palavra escrita.
Encantada, me calo em muda admiração.
Déia
Jorge, querido poeta-de-além-mar,
ResponderEliminarneste exato momento estamos pisando num planeta, que chamam Terra. Formato de uma laranja, toda inclinada que nem a torre que chamam Piza, e ele ainda gira em torno de si, e de outras formas.
Assim penso em nós, seres humanos, e em nossos sentimentos, emoções, as inquietações e até os desamores. Nada é definitivo, estanque ou "em linha reta" como escreveste, creio em comentário anterior, no que concordo.
O vazio dos desamores, o silêncio como melhor linguagem de expressão, também nos reascende a alma, um brilho intenso que faz renascer sonhos ou iniciar novos: grande descoberta de territórios!
Quem sabe uma cachoeira, ou mesmo um simples coqueiro que não tinhamos visto ainda em nosso pequeno mundo. Um singelo elemento, novo em nosso cenário, mas que pode nos fazer orbitar de forma diferente.
Usando com sua permissão, o próprio nome de seu blog: A luz que pode apagar a sombra, mas que, conforme a intensidade ou o ângulo, pode recompô-la novamente e ainda mais bela.
Jorge, te agradeço de coração pela sensibilidade e consideração nos comentários em meu blog e no de meu amigo. Como já disse, e repito, teus comentários são extremamente importantes, sinceramente.
Beijos atlânticos, de luz e sombra.
Obrigada, Jorge! E viva a Poesia que, mesmo quando é triste, tanto cansaço e tanta mágoa é capaz de mitigar...
ResponderEliminarBeijos!
inclina o dorso
ResponderEliminargeme flores murchas;
sabes?
o tempo chora-o
e a rua abandona-o
e o corpo esquece-o.
Bom fim de semana
Beijo d'anjo
...não você, o oxigênio que asfixia,
ResponderEliminarpois és aquele que alimenta
os canteiros da poesia!
bj doce, moço feio!
o desamor a envelhecer no peito onde lágrimas
ResponderEliminarirrigam as cordas do teu violino de melodias e silêncios sempre tão eloqüentes..
beijos carinhosos querido poeta..
Jorge Pimenta. Muito prazer. Li um coment'ario seu em um blog e fiquei curiosa para conhecer seu blog.
ResponderEliminarParab'ens poeta!!
Linda poesia a sua. Comecei a ler e segurei a respiracao. Fiquei paralizada com as palavras.
Te parabenizo pelo dom que tens. Com amor!!
Te convido a conhecer meu blog: www.mdfbf.blogspot.com
Brasil
Ma Ferreira ( serei sua seguidora )
que belíssimo poema trouxe a nós, que estamos sempre a amar e a desamar, invariavelmente...
ResponderEliminarbj
larinha,
ResponderEliminara música compõe-nos a todo o instante.
um beijinho!
querida assíria,
ResponderEliminarse toda a memória é morte, não o será menos vida. é que na escala da saudade guardamos os rostos que se esconderam nas planícies do passado e que, mesmo que por entre olhares sépia e brumosos, permanecem estendidos acima da mordaça que extingue.
um beijinho com desejos de um excelente fim-de-semana!
olá, andreia,
ResponderEliminarque esta viagem também saiba acender sorrisos nos olhares líquidos de sal.
fico feliz por te per por cá.
um abraço!
Um pouco de melancolia, às vezes é até bem- vinda, principalmente, se acompanhada de sons de violino...
ResponderEliminarÀs vezes retratos sépias se tornam mais reais que a própria realidade...
Às vezes precisamos desse retiro, desse silêncio, desse desalento, para podermos tentar entender a lógica da vida...
Às vezes precisamos ler o querido Jorge Pimenta, antes de encararmos de frente nosso final de semana...
Vou-me, mas levo comigo: "Há palavras que precisam do silêncio para germinarem no peito".
Posso? :)
Fique bem, amigo.
Um abraço envolto em silêncio
Cid@
E as cordas do violino encerra tocando a canção seca de uma saudade amontoada...
ResponderEliminarBeijos
Meu querido Poeta
ResponderEliminarHoje senti no teu poema um eco de mim...hoje não comento...deixo apenas um rascunho.
Entardeci meu amor...as minhas lágrimas são apenas murmúrios...os meus poemas são rascunhos a preto e branco...as rosas que foram desejo...essas meus amor enegreceram...o amor perdeu-se nos caminhos vazios...na distância das mãos...na longura dos braços...no silêncio de um olhar...nas pétalas que não perfumaram a cama feita de sonhos...na madrugada que não floriu...na noite que não nos encontrou...no perfume dos corpos que não se misturou...na ternura do toque que ficou preso nas mãos vazias...no beijo que arrefeceu nos nossos lábios...perdido na nossa pele.
E assim vou entoando uma admiração profunda por ti.
Beijinho com carinho
Sonhadora
Caro Pimenta,
ResponderEliminarAzenha do mar é marcantemente linda, de arrepiar - uma moenda só - e tua poesia é um sopro de vida. Intensa, lírica e provocadora! Mão morta, Morgue, uma parte da luz, e as batidas finais, vitais.
O fio da navalha é a estrada, mas sempre houve-há-e-haverá um riso solto a ser apanhado, uma orquestra no coração,
uma transgressão instintiva, a pronta criatividade e alguma agonia, ou, no extravio, antes da autópsia, não teríamos sobrevivido como humanidade, não achas?
um abraço.
Ah meu caro, fui lendo e sentindo, me encolhendo. Acho que em determinado ponto me perdi dentro e fiquei a pensar nas minhas emoções todas. Voltei ao começo novamente para entender meu sentir. Ouvi os do violino que desafinaram repentinamente. Nunca senti o desamor, sério. Amei a primeira vista e soube que era preciso esperar e foi o que eu fiz, curtindo os caminhos, os meandres.
ResponderEliminarMas já senti tantas coisas que não eram minhas que ao ler seu poema meus olhos sangraram uma dor que eu sei que não é minha. E viva Campos e sua metafísica "sou esse outro que não eu".
bacio
O tom sépia, o som do violino...tudo aqui é de uma delicadeza ímpar...bonito demais, Jorginho. Bjos!
ResponderEliminarquerida cecília,
ResponderEliminar"mutantes"! eis a designação que nos serviria que nem luva na mão. tudo é mudança, transformação, metamorfose, do lado de dentro e pelo exterior, no homem e nas coisas, na língua, na história, nos lugares, nos momentos, no planeta e no cosmos.
cada homem é o mundo, ainda que esteja longe de ser todo o mundo.
um beijinho! permite-me que te devolva a derradeira nota: sou eu quem sente o privilégio da tua visita e das tuas palavras.
"E viva a Poesia que, mesmo quando é triste, tanto cansaço e tanta mágoa é capaz de mitigar..."
ResponderEliminarnada me atrevo a acrescentar; aceno, apenas, com a cabeça, pois as palavras também se retemperam nos silêncios, amiga-jornalista!
beijos!
"lua morta
ResponderEliminarrua torta
tua porta"
cassiano ricardo
postas as coisas em perspectiva, quem é o poeta que não se atreve a cantar o desencanto?
beijos, sonho!
vivian,
ResponderEliminarcom palavras assim [refiro-me às tuas], todo o amplexo do ar se faz mínimo e ponteira de dióxido de carbono sobre paredes de pele. os pulmões amotinam-se no corpo, conquistando o território do coração. porque esse é o único lugar em que o sangue e a guerra são silenciosos, todos os gestos se tornariam supérfluos e inconsequentes. baixam os braços, mirram as mãos e esconde-se a vontade: asfixia!
beijos doces, moça bonita! :)
querida ingrid,
ResponderEliminaraté porque nenhum homem é a verdade, quanto mais toda a verdade...
beijinho, querida amiga!
ma,
ResponderEliminaragradeço a generosidade das palavras e ainda mais a visita. retribuí-la-ei, com certeza, com todo o gosto.
um beijinho e... até já :)
querida c.,
ResponderEliminaros brados mais difíceis de suportar são aqueles que, germinando, poderosos, no peito, se extinguem na foz dos lábios. como aquele rio que perdeu a rota no seu próprio leito.
beijinho e silêncios!
p.s. obrigado, amiga vienense!
querida ana,
ResponderEliminarde repente, o teu comentário fez-me recordar uns versos de um cantar de amor, à maneira provençal, feito na península, no século XIII:
"Se eu podesse desamar
a quen me sempre desamou,
e podess'algún mal buscar
a quen me sempre mal buscou!
[...]
Mais sol non posso eu enganar
meu coraçón que m'enganou,
por quanto me fez desejar
a quen me nunca desejou.
[...]"
beijinho!
querida amiga cid@,
ResponderEliminarhá momentos em que procuro palavras como as tuas para vestir o fim-de-semana :). porque, se cada silêncio é poema, é no conjunto das palavras que sabemos toda a poesia!
beijinhos e um óptimo fim-de-semana para ti!
"E as cordas do violino encerra tocando a canção seca de uma saudade amontoada..."
ResponderEliminarescutemos a melodia, pois, suzana.
beijinho!
querida sonhadora,
ResponderEliminaremudeço diante da tua sensibilidade. porque a melancolia também preenche, porque a saudade também completa, porque toda a queda se faz no mapa das direcções.
obrigado por este carinho absolutamente mágico.
um beijinho grande para ti!
"O fio da navalha é a estrada, mas sempre houve-há-e-haverá um riso solto a ser apanhado, uma orquestra no coração,
ResponderEliminaruma transgressão instintiva, a pronta criatividade e alguma agonia, ou, no extravio, antes da autópsia, não teríamos sobrevivido como humanidade"
querida rejane: para ler, tactear, ousar tocar, arriscar agarrar, arrancar e definitivamente colar na parede dos dias que guardamos algures nos bolsos da vida. a autópsia é apenas um exercíco biológico; mas há mortes que se estendem para lá das paredes frias de todas as morgues.
obrigado!
p.s. a azenha do mar é uma pequena vila piscatória encravada em escarpas e montanhas. até o mar parece um animal tímido e frágil diante desta combinação.
p.p.s. mão morta é uma banda portuguesa alternativa que tem melodias, mas sobretudo letras, lancinantes. vive do carisma do seu volcalista, uma figura anti-herói de nome adolfo luxúria canibal [:)], inteligentíssima, que pensa o mundo e todas as suas órbitas. com a idade estão cada vez melhores.
beijinho!
a maior das dores é sempre a que combina a nossa com a dos outros, verdade, lu? ainda assim, é também a mais fácil de sarar.
ResponderEliminarbeijinho!
daniela,
ResponderEliminarque bom ter-te por aqui.
obrigado pela simpatia que sempre caracteriza as tuas viagens à luz e à sombra.
um beijo de cordas e violino!
Jorge,
ResponderEliminarUm desabafo que irá aceitar como sinónimo de uma profunda admiração... é tão difícil para mim deixar-lhe um comentário que me assinale como viva no que escreve, no que tão bem escreve. Mas espero que me acredite quando digo que permaneço nos meus lugares ausentes.
Jorginho,
ResponderEliminarDe braços dados com Neruda, digo-te:"Obrigado violinos, por este dia de quatro cordas". O dia em tua poesia está em lindos tons de cinza e pleno de uma imensa beleza triste.
Um beijo bem grande, meu querido.
Suas letras não desenharam, mas, "cantaram" uma história.
ResponderEliminarNão li seus versos. Apenas deixei-me levar pelas imagens tão ricamente traduzidas.
Meu carinho,
Anderson Fabiano
Meu amigo querido, depois de uns tempos afastada daqui, volto feliz da vida por poder ler-te de novo.
ResponderEliminarSeus versos são bálsamos para a minha alma sedenta de poesia. Enche-me de luz e sombras...
Maravilhoso o seu poema! Como tudo o que vc escreve! :)
Beijos
O desamor é como o ato de arrancar uma flor do campo, por pura rebeldia de possuir sua beleza, para deixá-la murchar...
ResponderEliminar“Porque será que estamos condenados a ser assim tão solitários? Qual a razão de tudo isto? Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, todos irremediavelmente afastados. Porquê? Continuará a Terra a girar unicamente para alimentar a solidão dos homens?” (Haruki Murakami: Sputnik, meu amor)
Beijos 'de cordas e violino', querido Jorge!
Jorge,
ResponderEliminar" Há palavras que precisam do silêncio para germinarem"...
Tua página é muito linda.E as emoções afloram.
Parabéns.
Bom domingo
Te ler é incrível, Jorge. Há uma fonte inesgotável de criação e renovação na tua poesia. Bom poder passar por aqui, ainda nessas férias que me dei.
ResponderEliminarParabéns sempre!
Beijos,
Jorgito do meu coração, que maravilha de poema!
ResponderEliminarQuem mais entende o desamor que os poetas? " Fingidores das dores que sentem"
Quem de nós não guardou nas mãos um punhado de lágrimas?
Dessa orquestra fui maestro, sem plausos.
Um beijo com as notas das minhas canções.
e.a.,
ResponderEliminarquantas vezes nos assinalamos presentes na escrita da ausência? todos espelhos racham contra as roldanas da tinta que nos despem da roupa e reviram do avesso. e rimos, cinicamente, às imagens que deixamos desfilar no poema, mas encolhemo-nos diante daquelas que se acoitam na loucura de nunca pedirem permissão para se anunciarem. e permanecemos assim: quedos, mudos, imperfeitos na página branca.
beijinho!
chove, querida pólen... há bátegas que elidem a matéria exultando aromas que se despedem em brisas de falsa primavera. olho em meu redor, mas não escuto o chilreio das andorinhas ou o bater de asas das borboletas. e, contudo, os prados permanecem verdes, como todos os olhos que nos lavam a pele.
ResponderEliminarum beijinho, doce amiga! é tão bom sentir-te por aqui!
caro anderson,
ResponderEliminarpudesse eu pintar... todas as palavras se tornariam desnecessárias.
um forte abraço com estima!
querida amiga dos silêncios,
ResponderEliminardesde aqui te aceno com saudades de te ler, também. feliz pelo teu regresso!
um beijinho com a voz alçada!
evanir,
ResponderEliminartive conhecimento de que hoje é o dia em que, no brasil, se celebra aquela que é sinónimo de vida. em portugal foi no passado domingo o dia da mãe. mesmo que em datas desencontradas, a verdade é que todos os momentos são especiais para se saudar aquela que se confunde com a própria respiração.
um beijinho e um feliz dia da mãe para ti!
a resposta, querida lívia, estará, porventura, em saramago quando, em pleno discurso de atribuição do nobel, se perguntava como é possível enviarmos sondas a marte e não conhecermos verdadeiramente o nosso semelhante? estou absolutamente convicto de que a descodificação do enigma do amor/desamor [não necessariamente na filiação semântica que lhe tributamos, ou seja, nessa relação tradicional de homem/mulher, mas também na relação homem/seu semelhante] só será satisfeita no dia em que o homem descobrir o mundo que se abre para além de si, depois de concluída a longa viagem interior. utopias...
ResponderEliminarum beijinho grande, amiga das questões oportunas!
linda,
ResponderEliminaragradeço-te com o coração as palavras que saem da tua boca em homonímia perfeita com o teu nome.
beijinho!
taninha,
ResponderEliminarbom, mesmo, é ter-te por cá, tu que escreves o teu nome com a imensidão do teu coração. desfruta das férias que são jactos que atiramos para fora do corpo para ganharmos a viagem ao corpo. bom descanso, pois.
beijinho!
querida ira,
ResponderEliminarhá acordes que efervescem no peito. a sua espontaneidade dispensa todos os maestros e a ausência de aplausos torna-a ainda mais mais verdade: a nossa verdade.
um beijinho musical!
Caro Jorge,
ResponderEliminarVim de longe agradece-te a visita!! Pena que ficaste tão pouco.
Espero recebe-lo mais vezes.
Li de novo sua poesia, adorei.
A vi como um quadro surreal, sem moldura.
A ser analisado, como diz Drummond, o poeta, conforme o capricho ou ilusão.
Penso que a intenção do poeta é tocar o coração..ou pelo amor..ou pela dor.
Vc tocou meu coração com sua poesia.
Um grande abraço, com admiração,
Ma Ferreira
ma,
ResponderEliminarde novo, palavras mágicas são o que aqui me deixas. um muito obrigado!
estive no teu blogue e tenciono voltar. obviamente :)
beijinho!
Pelo comentário que deixaste por lá, fiquei curiosa...
ResponderEliminarVocê é pai???
:)
sou, pois. em duplicado :)
ResponderEliminarÉ um barco à deriva no silêncio esperando o naufrágio, o desamor...
ResponderEliminarO poema desoculta as imagens na depuração da palavra que no chega - som límpido de violino.
Um beijo
Que lindo!
ResponderEliminarEntão tens dois, assim como eu :)
Que Deus os abençoe!
Fique bem, amigo, e obrigada pelo carinho de sempre.
Beijooooooo
Cid@
Ah, grande escolha, Morgue!
ResponderEliminarNão:
adivinhes
chores
fiques aí!
RIP
Imensamente triste, mas belo.
ResponderEliminarAchei lindos esses dois momentos:
"[há palavras que precisam do silêncio
para germinarem no peito]."
e
"a lágrima salva-o
na devoção de beijo gasoso
que se evapora em órbita invisível,
apenas adivinhada,
talvez pressentida
já não sentida."
Muito lindo!
O desamor é um estado de espírito nada agradável...
ResponderEliminarMagnífico poema.
Gostei imenso.
Um abraço.
O desamor silencia o canto do coração.
ResponderEliminarCala a voz da paixão...
Empalidece todas as cores da face rubra de desejo.
O desamor assassina vidas, desejos, beijos!
Beijos achocolatados
querida lídia,
ResponderEliminarmesmo quando à deriva, o barco permanece em viagem e o mar é todo o seu mundo que não acaba nas vagas que lhe acariciam, cinicamente, o casco, antes da tempestade.
um beijinho anunciando o tempo da bonança e das navegações além-dor!
tenho um rapaz e uma menina: o gonçalo e a margarida. a poesia tem rosto, querid@ amig@. sempre tem... sempre teve :)
ResponderEliminarbeijinho imenso!
esta melodia, laurita, é das melhores dos mão morta. não é das letras que mais me tocam, é verdade, mas deixo-me embalar a cada acorde desta faixa. linda, mesmo.!
ResponderEliminarah, as paredes brancas são-no apenas pela cal. e são os braços da luz que as tornam quase virginais: nada adivinho; tudo sinto. não choro: chovo; não fico aí: cada homem é todos os lugares.
beijos!
isadora,
ResponderEliminarque bom teres feito a viagem até aqui e, sobretudo, sentires que valeu a pena. obrigado!
um beijo e um aceno marinho!
caro nilson,
ResponderEliminarquem desama já amou. só por isso valerá a pena olhar este semi-estado com nobreza e elevação, verdade?
um abraço com gratidão pelas tuas palavras!
querida sandra,
ResponderEliminarmesmo que pálidas ou desmaiadas, as cores são... cores. assim são os sentimentos que se deslocam para a linha da esquerda da escala.
um beijinho com muito chocolate!
"há palavras que precisam do silêncio
ResponderEliminarpara germinarem no peito"
Maravilhoso
bjs
Parabéns, nada sabia, agora sei que foi lindo passear pelo seu blog e descobrir poemas ao som do violino, me deixei levar, espairecer enquanto ouvia a melodia, me fez tão bem. Omedeto e arigatou *Parabéns e Obrigada* pela oportunidade. um abraço. Giovanna
ResponderEliminarAmor e desamor, vida e morte, som e silêncio, ... Antagônicos, autônomos, mas propensos à interseções...
ResponderEliminarSão as cores e suas tonalidades...
Beijos,
Obs.: Drástico, mas bem definido. Parabéns!
Sem palavras hoje, Jorge.
ResponderEliminarSó lágrimas.
encanto, tu sabes que eu não sei comentar este poema [ponto]. :)
ResponderEliminarencantei-me por entre os canteiros das réplicas:)
e fiquei feliz por saber que a letra de "morgue" não te diz grande coisa..., a melodia é linda, sim!
o desamor é um momento... o amor é permanente, particularmente no homem que se sente de todos os lugares :)
... o gonçalo e a margarida... :) parabéns pai:)
beijo.
parole,
ResponderEliminarentre nós e as palavras tantos são os silêncios eloquentes! quantas vezes não é em silêncio que se constroem as pontes que nos ligam à eternidade!
beijinho!
giovanna,
ResponderEliminarque estas viagens sejam as tuas, também.
obrigado pelo carinho!
cores da vida,
ResponderEliminarnenhum arco-íris esconde potes de ouro; ao invés, guarda névoa e bruma, porque o preto e o branco são cores, também. não estão representadas na arcada dos sonhos, mas não têm de anunciar, forçosamente, os pesadelos.
vejo esta ausência como um esquecimento, um lapso do criador que os homens podem remendar: olhando de frente, sem temores, toda a paleta cromática e seus matizes.
um beijinho!
carina,
ResponderEliminarserão as lágrimas as pontes que ligam as palvras e os seus silêncios?
beijos e pontes, querida amiga!
passarei seguramente mais além daquilo que desde aqui diviso :)
ResponderEliminaraté breve!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminaro desamor é apenas o sinal maior do amor, uma espécie de sistema estrutural dos afectos, pois só sentindo a contradição compreendemos a afirmação e chegamos mais próximo da definição [ainda que as definições apodreçam, tantas vezes, nas impressões digitais das palavras que ousam dizer, como se babéis que nenhum homem fosse capaz de escalar. talvez não, mas dêem-nos, pelo menos, a possibilidade de tentar]. e falo do desamor para além do amor tradicional: falo do desamor como a privação, a ausência, a falácia, o falhanço, o tédio, a anulação, o adiamento... falo do desamor como o antípoda do que perseguimos e tantas vezes sentimos como que em vão...
o gonçalo e a margarida são a certeza infinita de que o amor é a planta e a raiz das nossas convicções [mesmo que sabendo que na porta do lado há o tal desamor que nos vigia, feroz]; tudo o mais é circunstância crepuscular.
quanto à morgue: seguramente, e ainda que seja um apaixonado pelas letras do adolfo luxúria canibal, valorizo sobretudo a melodia.
beijinho, encant[ad]o!
vc escolheu falar de desamor e pra mim não há tema mais difícil. entretanto, vc conseguiu fazer um poema no todo impecável: estrutura, linguagem e imagens. o que me faz pensar em Pessoa (o poeta é um fingidor) porque desamor não combina em nada contigo! ;)
ResponderEliminartava com saudades, poeta. é muito, muito bom te ler.
Oi Jorge,
ResponderEliminarMais feliz sou eu por lhe encontrar.
Na verdade, eu vim aqui por meio do blog do Nilson Barcelli (um estimado e precioso amigo, desde 2009), quando, então, eu li um comentário seu, que me chamou à atenção. Sim, fui saber quem era você, esse Jorge Pimenta que escreve como se declamasse, em meio à músicas. Adorei.
Beijos e até breve,
P.S.: quanto a essa sua resposta para mim, aqui (acima), possui um conforto, porque remete àquele ditado: " - A esperança é a última que morre". Mas discordo, desprovida de quaisquer pretensões, de que possa ter sido um lapso do Criador. Jamais poderíamos ser perfeitos, justamente, porque dependemos um dos outros, no mais amplo sentido existencialista.
Ai meu Deus...
ResponderEliminarQue coisa linda...Sabe, vou contar um segredo que nem é tão segredo assim, rsrs
Poesia é uma das minhas grandes paixões, as vezes sofro por não ter tempo e disposição como gostaria para ler, reler e ler novamente esta imensidão de ternura que é a poesia que mesmo que nos faça chorar faz um bem enorme á alma...Parabéns pelo teu trabalho, confesso que fico impressionada cada vez que venho aqui..
Até breve
loba, amiga,
ResponderEliminarna tua voz combinas o mel do bosque com o marfim de caninos bem afiados :)
o poeta olha o mundo, não para o captar, mas para ser por ele engolido, numa transvestitura que o afaga e empurra, beija e pontapeia, engana e apazigua. o delírio é a face fina que lhe reveste a ponta dos dedos e em cuja marca respiram impressões.
um beijo com saudades de saber de ti, também. espero que tenhas regressado, já; amanhã confiro.
cores-da-vida,
ResponderEliminarfico rendido ao carinho das tuas palavras. agradeço-te em sorvo largo cada palavra que escorre do teu comentário.
há esperança enquanto houver humanidade. o homem pode ter nos órgãos a decepção, mas a pele é feita do mais tecido fino dos sonhos e das estrelas. [quase] todas as respostas começam e terminam nas suas mãos.
um beijinho!
jozy,
ResponderEliminarcomo te compreendo! pudesse eu dispor do tempo do mesmo modo que ele dispõe de mim; seguramente que o envolvimento com os batimentos da terra que nascem em cada folha de papel inquieta - poesia - seriam bem mais vivo.
beijinho e poesia para ti!
Que a musica sempre vibre em nosso corações .
ResponderEliminarBjs
parole,
ResponderEliminarjá repliquei a todos os comentários que me deixaram até ontem, mas uma tempestade no universo dos blogues acabou por fazer alguns estragos. não recuperei as réplicas, mas volto aqui para te agradecer a visita e as palavras sempre tão carinhosas.
beijos e silêncios!
giovanna,
ResponderEliminargrazie molto :)
bacio!
Gostei de estar aqui hoje, neste seu blog que é maravilhoso! Abraços
ResponderEliminareu que sempre me encanto com as tuas réplicas e que tenho este "feio" hábito de as levar comigo, desta vez, não o fiz [inadvertidamente, raios...:)]...!
ResponderEliminare em "no sound but the wind", para além da minha réplica perdi também a tua, a original. como não consigo [re]publicá-la, sacando-a do email, vou transcrevê-la "em estado" de semi anónimo.
beijos, encanto. :))
cores da vida,
ResponderEliminaré justamente na diferença que invocas que tantas vezes percebemos a verdadeira diferença que existe entre as coisas da vida e dos homens. a técnica contrastiva é génese de construção de conhecimento tanto em ciência [popper, por exemplo] como no empirismo das pequenas coisas.
beijos e todos os matizes da paleta cromática!
p.s. já antes tinha aqui deixado um comentário-réplica. perdeu-se na enxurrada que lavou todos os blogues.
querida carina,
ResponderEliminareu, em silêncio, te respondo com silêncio. e o diálogo das coisas essenciais baila, húmido, no espelho do olhar.
beijinho!
p.s. também já aqui tinha deixado um aceno que se perdeu; duplico-o desde já.
amiga-de-tantos-encantos,
ResponderEliminarcomo te compreendo... na quinta-feira última, ao fim do dia, estive a actualizar o blogue, não apenas replicando aos amigos e visitantes do viagens, como passando pelas suas próprias casas. depois, deu-se o sismo tecnológico que fez desaparecer tudo quanto em última instância tínhamos movimentado nos blogues. é-me impossível recuperar comentários, comentários a comentários e [numa situação-limite que me levasse os textos] todos os poemas [lá diz o povo que gato escaldado de água fria tem medo, razão por que ontem recuperei tudo desde abril de 2010!!! ainda me doem os dedos, hehehe].
porque a réplica surge no momento, com a espontaneidade que as emoções nos suscitam, vejo-me incapaz de reescrever tudo quanto ficou dito; ainda assim, há uma tónica que faço bem presente em todos os comentários e que não esqueço nunca: a do carinho pelas pessoas. e aqui vai um beijo com reiterado carinho, amiga minha.
beijos!
àquela que está bem mais além do que os olhos possam alcançar,
ResponderEliminaragradeço-te a visita a estas viagens e deixo aqui o desejo de rapidamente regressar ao teu espaço. já por lá andei, mas a falha de sistema nos blogues deve ter apagado as minhas impressões digitais.
beijinho!
geladeira,
ResponderEliminaro homem e a música são duas faces de um mesmo rosto. podem as cordas de violino mirrar, a mãos envelhecer e a destreza acoitar-se no tempo, que a música - como o coração - há-de resistir a todas as agressões. mesmo que em silêncio...
beijos!
obrigado pela visita e pelas palavras encorajadoras.
ResponderEliminardesejo-te um óptimo fim-de-semana com todos os pensamentos positivos!