azenha do mar
talvez regresse, um dia
na volta do cansaço.
basta-me guardar o tempo
entre as paredes da vida
e segurá-lo como à água
na cerâmica de uma ânfora grega.
talvez regresse, um dia
e abandone a aldeia e o largo e a casa
e todos os lugares que me couberam na mão
assim que parti
e esqueci os caminhos
entre o pomar e o mau tempo.
lembrar-me-ia de todos os cometas
dos candeeiros oxidados
do teu perfume de alfazema
e de algumas guitarras
que não fizeram escala nos apeadeiros da noite,
mas
cansei-me de fugir das palavras
e de esperar a boca que apodrece silêncios
como se o grito de luas de coral
fosse pecado inscrito no peito
e a voz a maior culpa dos que morrem.
talvez regresse, um dia.
mas
só quando a palavra queimar as promessas
só quando os lábios apaziguarem a mentira,
e eu apenas recordação vaga
de um revólver de cartão sem perfume.
sigur rós, gong
Vivemos, quem sabe, na esperança de voltar um dia onde já se fez perfume e onde os caminhos gritaram silêncio.
ResponderEliminarParabéns pela tua sempre magnifica poesia.
abraço
oa.s
Muito bom e profundo seu poema, parabéns e um bom fim de semana.
ResponderEliminaroceano azul,
ResponderEliminartodo o homem é viagem e nela inscreve os caminhos e os regressos. ainda assim, mesmo que sobre a mesma estrada de perfume a alfazema, os rostos tricotam diferentes primaveras onde já nem o pólen provém das flores que um dia foram mel.
agradeço-te o carinho sempre especial!
beijinho!
arnoldo,
ResponderEliminara profundidade do mais trivial dos textos reside sempre no olhar de quem o lê. obrigado!
um forte abraço, caro amigo!
Esperamos regressar um dia ao que éramos, mas a vida nos empurra cada vez mais longe e só restam mesmo vagas recordações e nostalgia.
ResponderEliminarUm poema magnífico, poeta lindo.
Beijos e ótimo início de fds.
Jorge.....sempre que venho no teu espaco, me deparo com lindos poemas, e com seus comentarios em forma de poema.
ResponderEliminarO p;olem pode ter perdido o mel, mas com certeza as flores deixaram os seus perfumes... os espinhos fazem parte da essencia das flores.
Um beijo..um dia de paz!
Ma Ferreira
Essa tua profundidade, extravia qualquer dor.
ResponderEliminarBeijo querido Jorge
eu sei, parole, eu sei... aquilo que estudei na inocência dos meus 15 anos e que apenas academicamente fazia sentido, é-me, hoje, uma irrefutável verdade: a água não passa duas vezes no leito do rio - heráclito.
ResponderEliminarpor mais perfeito que o cenário e a sua reposição sejam, a peça nunca mais será a mesma. para o mal... mas também para o bem!
beijinhos e sonhos!
querida ma,
ResponderEliminarnada na natureza é acaso ou capricho. as rosas exibem, por detrás do manto de sedutora verdade, espinhos sanguíneos. ainda assim, quem se atreve a afagá-los com a seda das mãos ou a mantê-los vivos no ramo que se deseja oferecer?
beijinho!
querida angélica,
ResponderEliminarcom os transtornos à superfície da pele apenas gastamos as pontas dos dedos e todas as dores se confundem com comichão e ardor.
um beijinho desde a nascente do carinho - algures bem abaixo da pele!
Jorge,
ResponderEliminarTalvez consiga um dia, palavras capazes para comentar a beleza dos seus poemas!
Encantam-me!
Bjs dos Alpes
amiga dos alpes,
ResponderEliminarqualquer das tuas palavras é pétala carmim sobre novelos de neve branca: nascem bem no coração da montanha. e eu, com a voz tímida, agradeço-te a voz maior! obrigado!
beijinho!
Oi Jorge, meu mais novo amigo querido,
ResponderEliminarNão sei se sabe o meu nome, em todo o caso, é Ana Lúcia. Apenas gosto de me identificar.
Desde que aqui vim, por meio do blog do Nilson Barcelli (um velho e estimado amigo), me deparo com poesias vicerais, das quais revelam um homem sensível e profundo, que não apenas vive, mas chancela o seu viver de modo retórico. É fogo que queima, derrete a areia, transformando-a em um vidro trabalhado. Pura arte!
E como gostei...
E deve ser por isso que o passado ainda lhe revela em nostalgias marcantes e pungentes (essa sua poesia). Como poderia ser diferente aos olhos de um poeta que transborda aqueles tais adjetivos?
Pouco importa se o passado se repete ou não, afinal o homem se compõe de passado, presente e futuro. Sendo esse, o mais enigmático e o responsável pelos nossos sonhos e crenças..., que enfim, irão definir as nossas realizações.
Parabéns pela poesia, que expira uma força propulsora, com pegadas firmes, rumo ao futuro...
Beijos,
Ah, Jorge alado...
ResponderEliminarReter o tempo é sonho de tantos... de certa forma é o que significa a lembrança: fio de tempo retido em novelo...
Belíssimo desabafo lírico, amigo poeta!
Beijinho para ser lembrado... e ótimo fim de semana!
Jorgito, poeta da cidade de lá, aqui de cá penso nos regressos que, ainda que aconteçam, jamais terão os mesmos gostos, apenas um remendo de saliva a escorrer. A inocência é apodrecida nas bocas invernais.
ResponderEliminarAmo de paixão as inquietações de teus dedos!
Bjinhos de gostar e admiração.
A imagem me é nostalgica. Linda!
querida ana lúcia,
ResponderEliminaré verdadeiramente contagiante o modo como entras nos textos e os tornas organismos vivos que nunca param de se metamorfosear.
a nostalgia que aqui lês é a de um tempo global, não apenas do sido mas também do ainda-por-acontecer. afinal, o homem é todo o tempo e o tempo é cada homem e neste vaivém im.perfeito projecta todos os seus sonhos e decepções
obrigado pelo teu carinho!
um beijo!
aninha-de-luz,
ResponderEliminartalvez não consiga reter o tempo mas persigo o sonho de não deixar que ele me retenha a mim...
beijinho e óptimo fim-de-semana!
"A inocência é apodrecida nas bocas invernais."
ResponderEliminarira, mestre maior,
como eu gostaria de ter escrito isso... mesmo acreditando que nas idas se adivinham os regressos... rousseau e o demais tecido romântico que voou sobre a caverna de platão marcaram-me indelevelmente [inocentemente?] para toda a vida.
beijos, queridíssima poeta-amiga!
querido amigo, vou cair num lugar comum, mas a água não lava os mesmos pés duas vezes!
ResponderEliminarBeijo
Laura
Lindo post, linda música...
ResponderEliminarFim de semana todo blue pra ti!
Abraço afetuoso.
..e no prazer dessas viagens , profundas, lentas e caladas eu oiço. Oiço o grito das minhas mãos vazias de Ti onde permaneço de rosto fechado, nesta boca que me aperta como tenaz inerte e presa, fazendo do teu olhar o anseio das tuas alvas mãos cheias de alfazema nas rubras vontades do tempo que me tocam como seda…
ResponderEliminarNão sei…
Talvez regresse um dia….
......
Eu regressarei com toda a certeza (sorrio-te)
Bom fim de semana
e
Um Beijinho
da
Assiria
Querido poeta-de-além-mar,
ResponderEliminaro passado nos compõem.
Cenários, sensações e o mais íntimo dos desejos, (profundos, enraizados em nós), jamais desaparecem.
Esse mesmo passado se transmuta e se funde constantemente no que temos no presente, e isso é o que escreveremos em poemas no futuro, o que escreveremos em nossa vida.
Coisas tão íntimas, mescladas a nossa essência, nos fazem retornar. Não só a lugares, mas a antigos sentimentos, nos presenteando com a juventude de outros tempos. Um inevitável mergulho em seco com escafandro; impermeável, mesmo sem água alguma. Inevitável, mesmo proteção.
Natural, mas com nosso permissão.
Beijos deste mar.
PS.: Me causou certa inveja que conseguiste montar o cubo mágico!!!! rrrrrr
Obrigada pela presença carinhosa por lá!
"lembrar-me-ia de todos os cometas
ResponderEliminardos candeeiros oxidados
do teu perfume de alfazema
e de algumas guitarras"
Ô, você, Jorgito...o que fazes com as palavras?
Lindo demais, moço! Bjos, cheios de carinho!
deixar as palavras vazarem de onde nunca estiveram e ofertá-las aos próprios dentes e aos dedos e à tinta. voltar com as palavras que ousam e não omitem. ficar se poeta.
ResponderEliminarespetáculo de poema...
abraço, meu caro!
Poema cheio de emoção muito profundo, sem voz no grito sentido de todas as palavras. Como diz (Fernando Pessoa) Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro, Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim. Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei. Eu reinei no que nunca fui. Adorei ler um pouco de seu espaço. Voltarei mais vezes. Vou seguir seu blog.Um abraço!
ResponderEliminarRapaz, porque será que sempre que te leio eu exclamo pra mim mesma: - Uau!!!
ResponderEliminar:)
Já pensou, amigo, se pudessemos "guardar o tempo entre as paredes da vida"?
Não sei se gostaria... as coisas guardadas perdem o frescor, e, por isso mesmo, eu corro, de braços abertos, ao encontro do tempo que me resta (quem poderá medí-lo?), que, apesar de toda a incerteza que o cerca, faz-se mais e mais precioso a cada dia que passa.
Jorge, pra você deixo beijos perfumados à alfazema ~.~
Tenha uma linda e luminosa semana.
Cid@
esse duelo cálido
ResponderEliminaré a voz de outro tempo
(e por certo)
já completamente agudo
e voraz dentro do peito
...
forte abraço,
grande poeta
e camarada
Jorge
ResponderEliminarQue poema maravilhoso!
A saudade que dele exala numa espécie de cântico , a nostalgia que nele senti tecida fizeram-me marejar os olhos.
A boca apodrece o silêncio e a tua escrita corrói a ( minha) pele .
Beijo
laurita,
ResponderEliminardiria mesmo mais: há águas que sujam mais do que limpam :)
beijos!
p.s. comecei a ler as balas e já sou fã; entrei na número 4, mas fui espreitar, também, as três que antecederam este último disparo. o revólver ainda fumegava...
peônia,
ResponderEliminarobrigado!
o fim-de-semana começou cinzento, a cavalo numa primavera que tarda em definir-se. que o teu seja blue :)
assíria,
ResponderEliminartodas as estações que nos nascem nas mãos rebentam no sol da pele em frutos que tingem de dor os lábios e acendem pôres-do-sol no manto palatino. do lado da montanha, o discreto aroma da alfazema a segredar-nos que quase poderíamos amar se a água voltasse a ser a capital dos desertos.
beijinho!
querida cecília,
ResponderEliminarsomos, na verdade, todas as coisas que nos compõem. o tempo, na sua altivez desmedida, alinha o compasso, enquanto os rostos, os lugares, as decisões [e indecisões], as estradas percorridas e as flores por colher, as amoras do trilho e as ervas daninhas dos atalhos... nos revisitam na galeria a que chamamos vida. e todas as palavras nos ardem na voz, entre a chama e o gelo das realizações que nos prometemos e que ousamos [in]cumprir, entre tudo o que valorizámos e aquilo que deixámos que nos impusessem como linha de contorno definido nas nossas mãos. ainda assim, sem vitórias antecipadas ou derrotas absolutas; todos os revólveres serão de cartão e as balas as flores que dispusermos no tambor.
beijinho, querida amiga!
p.s. eu fiz batota com o cubo mágico; desmontei-o, peça por peça, para, na hora da sua recomposição, poder conjugar as suas diferentes faces. rubik nunca soube e nem precisa saber, hihihi!
c.,
ResponderEliminartodos os beijos coleccionam muito mais do que o carinho nos lábios do presente; carregam consigo o lastro dos afectos que construímos nas calhas do passado. e porque desejam reencontros, anunciam, também, o futuro.
cada beijo não é apenas tempo ou o próprio tempo; é todo o tempo!
beijinho intemporal, querida amiga do brasil em viena! :)
oh, daniela,
ResponderEliminarfosse eu encarnado como o sangue e aí, sim, alguma coisa de verdade saberia fazer com as palavras. assim, limito-me a procurar-me por entre veias e artérias em escafandro de mergulho em seco.
és uma querida; obrigado!
um beijinho e uma flor!
caro celso,
ResponderEliminarque trazes na voz - na tua própria voz da tua poesia maior e na que emprestas à dos outros? a tua estrela passeia-se pela foz do dizer em poema nocturno que sabe as artes de elevação do homem.
um abraço maior!
smareis,
ResponderEliminarquantas vezes não temos saudades não do que fomos, mas do que nunca fomos? pessoa sabe-o como ninguém; bernardo soares, nem se fala...
fico contente com a tua chegada até aqui; um abraço!
amig@ cid@,
ResponderEliminarhá coisas que se guardam e que envelhecem; outras há que douram e ficam mais próximas da perfeição.
por tudo isto o homem adivinhou deus: a eternidade é o mapa estelar que todos procuram para lá do que o oxigénio nos promete. e se conseguíssemos guardar o tempo na ânfora da vida? tornar-se ia pão duro e bafiento ou vinho de colheita seleccionada?
sei lá, querida cid@, sei lá...
amigo domingos,
ResponderEliminaro tempo nasce no peito mas morre-nos fora dele. ainda assim, enquanto soubermos suspirar, ele é a chave que abre o corpo e toda argila que o compõe.
um abraço, camarada-poeta-amigo!
sandra, querida amiga de além-tejo,
ResponderEliminaro cântico da saudade é sempre a partitura primeira da poesia, verdade? até porque a saudade raramente é o que se perdeu; é antes o que não se soube ganhar.
beijinho!
Me parece um retorno impossível. Talvez apenas ensejado pelo artifício da palavra.
ResponderEliminarMas Deus sabe que as palavras em seu furo primordial resistem o quanto podem a esta empresa.
Lindo e melancólico este trabalho.
Um beijo!
Querido poeta vc disse que o seu fim de semana "começou cinzento, a cavalo numa primavera que tarda em definir-se"...
ResponderEliminarquero que saibas que desejo-te outros finais de semana, mas estes serão repletos de luz, de alegria e suavidade, ricamente tecidos pelos mais nobres fios das sedas celestiais.
Beijos meu novo, mas já tão querido amigo.
Jorge, talvez ? Não ! Já chega de tavez, estar em cima do muro; gritar o retrato da nudez eólica. O regressar ao ponto em que os dias vestem de cansaço, para que as linhas sejam refeitas num patamar, onde as voltas - as curvas, avisam perpetuação para buscas ao dicionário. Aguardar as notas, e resguardar-se sim no tempo, tal qual num basta o enluarado que rege rente as paredes da vida, e no mais abundante absorto da cerâmica de uma ânfora. Nas tentativas infindas até o ponto certo de uma massa, e abandonar sem dó e piedade a aldeia, que denota nebulosidade, mas resgatar, [re]pescar a casa que não cabe na mão, por acolher tão sentir, assim ligar o carro e partir ao caminho esquecido, abortado, donde o pomar rejuvenesce e o mau tempo é um borro que significantemente, colhe dizeres maduros. E na lembrança dos cometas, o perfume dos instrumentos musicais numa noite gelada, fisga as palavras e não se apodrece a boca em esperar, afinal esperar forja o interno; dos silêncios o pecado toma outro rumo, e como desfecho a culpa se anuncia em revisão. Todos os neurônios, como suas sinapses inscritos no coral de postura à modificação. E as promessas sem serem queimadas, mesmo que, cutucadas no fogo, a pele macia, tripidante no ressecamento, apaziguar o que de recordação traz cheiro desagradável, não permissão da poluição e mentira de titãs. Assim, sem revolver, mas buquê perfumal.
ResponderEliminarAbraços e bela semana ave rara.
Priscila Cáliga
de um revólver de cartão sem perfume.
«só quando a palavra queimar as promessas
ResponderEliminarsó quando os lábios apaziguarem a mentira»
Belíssimo texto, Jorge!
A propósito, lembro-me de me terem dito, há algum tempo, qualquer coisa como: “Toda a História é presente. Todo o presente é passado.”.
Nunca é de mais regressar, de certa forma, à memória, a valores e momentos do passado, enquanto vivemos este presente. Contudo, como já cá foi escrito, “a água não lava os mesmos pés duas vezes”. Ou será que lava e nós ainda não nos apercebemos?...
Beijinhos, amigo!
Que poema mais rico... E as antíteses, ritmo; impecáveis! Adorei todas as ironias que me fizeram recordar – através das imagens provocadoras – de algumas reflexões de Drummond (lutar pela palavra/ É a luta mais vã...) e, em específico, de uma obra de Mia Couto chamada "Antes de Nascer o mundo", onde um personagem é quem afina o silêncio. Reverencio a qualidade de sua 'poiésis'. Parabéns, amigo!!!!
ResponderEliminarhttp://cronutopia.blogspot.com/
Querido Amigo venho deixar um carinhoso beijo
ResponderEliminardesejar um feliz final de semana .
Como não poderia ser diferente mais um belissimo poema que encanta meu coração.
Vou te espera lá no meu cantinho beijos meus,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
Por vezes o silêncio transmite seu recado: siga em frente como fazem as águas de um rio... Nesse ponto, pode ser mais efetivo do que certas palavras que alucinam, viciam e prendem...
ResponderEliminarBeijinho, querido Jorge!
Meu Deus!!!
ResponderEliminarNão é só um poema... é um grito.
Não sei como explicar
esse seu regressar.
Achei tão lindo...
Com carinho
Bom final de semana.
Fátima
mergulho no seco, precipício horizontal, paradoxal
ResponderEliminaralinhavar palavras, temê-las em segredo
quando talvez o regresso infindo seja o estar
abraço poeta
Ei poeta da saudade, das lembranças e do tiro certeiro. Vim aqui ler-te e mandar-te um beijo.
ResponderEliminarMeu Poeta Maior
ResponderEliminarHoje...e já é madrugada, não tenho mesmo palavras...senti apenas cada uma das tuas com emoção e em silêncio,(para não acordar o tempo e conseguir adormecer a noite)...vou...mas regressarei um dia.
Dolososamente...entrego-me ao silêncio...morri
Sou verso maldito...rasgo as palavras...que me rasgam
Entrego-as ao tempo...arranco-as da alma...de mim
Deito-as ao mar...esqueço que um dia foram afago
Não resisti a deixar-te este pequeno rascunho...e com ele o meu beijinho carinhoso.
Sonhadora
jorgíssimo,
ResponderEliminaraqui, nessa madrugada em que o mundo não acabou e minha filha caçula matou, por acidente, seu passarinho de estimação, e uma tristeza imensa tomou conta do mundo, leio um grande poema seu.
belas palavras. tava saudoso de vir aqui te abraçar.
e o faço. com gosto.
seu amigo,
r.
isadora,
ResponderEliminarque regresso não se faz trilho de argonauta na certeza líquida das ondas da poesia?
beijo!
querida peônia,
ResponderEliminaras luzes e as sombras fazem parte do mapa existencial do ser humano, verdade? ainda assim, não está escrito no seu mapa genético; depende, sobretudo, da sua relação consigo mesmo e os outros.
doces são as tuas palavras e imenso o teu coração.
beijinho e primaveras para ti!
a voz do poema: "talvez regresse, um dia.
ResponderEliminarmas
só quando a palavra queimar as promessas
só quando os lábios apaziguarem a mentira"
priscila: "Jorge, talvez ? Não ! Já chega de tavez, estar em cima do muro; gritar o retrato da nudez eólica..."
priscila, querida,
em cada advérbio há uma definição de acção, mesmo no de dúvida. em "agora", "aqui", "rapidamente"... aconteço; já "talvez" aponta ao trilho da semi-inconsciência que é, em si mesmo, apesar de tudo, uma decisão.
não seguro do garante destas nuances, a mão do poeta olha para a gramática dos homens e empresta a exclusão: "apenas", "só", como se a resolução da dúvida dependesse das condições. e até pode depender para se constituir como nova acção, todavia, a assunção de que depende de algo é, já em si, e de novo, decisão.
em síntese, a cavalo do advérbio, trotamos pela semântica mais do que pela morfologia ou sintaxe, acreditando que ao adiar [talvez...] o relativo [só... apenas...] acabamos por assinar o absoluto.
beijos gramaticais.
querida cristina,
ResponderEliminare por falar de citações lidas, ou de já ditos e quase ditos, acrescentaria que cada homem não é apenas o tempo, mas todo o tempo.
quanto à possibilidade de a água poder lavar os mesmos pés por mais que uma vez: hum, na maior parte dos casos não lava; leva :)
beijos!
caro dilso,
ResponderEliminarfico especialmente feliz por sentir teres gostado deste mergulho em seco. ainda que a luta pela palavra possa ser vã, como bem sustentas na argumentação de um dos maiores [drummond], só nela nos confrontamos com o que não sendo dito nos possa escapar.
um abraço com os músculos em agradecimento!
p.s. estou seguro de que aquele que ousar afinar o silêncio fará da música a religião de todos os homens.
evanir,
ResponderEliminarsê bem regressada. é sempre um gosto sentir a tua delicada presença nestas viagens.
beijos e até breve!
querida lívia,
ResponderEliminara nossa relação com os silêncios e as palavras é tão adversa e controversa que nunca se revelará definitiva, verdade? assim como aqueles milhões que se castigam com o cigarro, mas que se tornam ainda mais sofredores sem ele...
oh, as palavras e o seu cântico sedutor...
beijinho, amiga!
amiga brasileira em terras da boa música, do chocolate irresistível, do mágico klimt [a propósito, belvedere é daqueles lugares obrigatórios pelo menos uma vez na vida, verdade? :)] e de tantos encantos mais [desde logo, o ter ligação directa a praga :)], desejo-te, igualmente, um belo fim-de-semana!
ResponderEliminarum beijinho e uma flor, querida c.!
querida fátima,
ResponderEliminarainda me ardem os espinhos na garganta :)
obrigado pelo carinho!
beijo grande!!
em síntese, amigo assis:
ResponderEliminarem meia água ou água nenhuma, com os pés frios ou atravancados em borracha, rosto empedernido ou macilento, botija de oxigénio ou respiração livre, em corais ou sob sargaços, todos os mergulhos com as palavras do tempo são o próprio presente. porque estão. porque são.
abraço, poeta maior!
ei, luíza,
ResponderEliminarartista multifacetada de rima em cor sobre telas de palavras com asas, beijo recebido e retribuído! :)
que bom ter-te por cá.
querida sonhadora,
ResponderEliminaros silêncios que matam são os mesmos que sabem dar vida. terá sempre o coração ouvidos para os escutar e força para os entender?
bela incursão pelas galerias silenciosas que nos habitam em segredo. como não temê-las?
beijinho, querida amiga!
primeiríssima pessoa,
ResponderEliminarque saudades tuas! tenho-me perguntado como andará o jornalista mais brasileiro dos states e, da primeira linha dos blogues, o amigo maior. sempre que visito ou sou visitado pelo assis, pelo pedro, pela tânia, entre tantos outros, recordo-me das tertúlias que sobre tudo [e especialmente - e deliciosamente - sobre nada] deixávamos germinar na nossa mão; e como nos fizemos próximos à distância do tento e da saudade, mas na proximidade imbatível da palavra.
como corre o projecto que alinhavaste com a fita-métrica do sonho, querido amigo? sei que futeboisticamente, menos mal, com o super-cruzeiro na final do brasileirão. já o meu benfica, reescreveu o significado da palavra "quase" em tudo o que se envolveu; e o pior de tudo, concedeu ao rival azul [que para a geração do meu pai foi conjuntural, mas que para a minha é estrutural] a glória que nos prometeu. e a águia perdeu as asas, como o passarinho que a tua pequena guardou na gaiola das saudades. mas essa, que não conhece grades, há-de abrir-se em voo de açucena até à terra dos sorrisos, lá onde até a chuva aquece o corpo e o vento penteia o olhar.
um abraço com saudades imensas, robertílimo!
muito contrariada, tenho andado afastada daqui... sei que há sempre um belo poema que estou a perder! o tempo falta e as faltas só fazem crescer.
ResponderEliminarbj
Belo o seu blog, poema perfeito, parabéns.
ResponderEliminarquerida ana,
ResponderEliminarcada visita tua anuncia-se como se a primeira. porque toda a poesia espera por aqueles que a sentem com os olhos do coração.
beijo com carinho!
flor-de-pétalas-tristes,
ResponderEliminaragradeço-te a visita e a ternura das palavras [não sem um certo rubor de face, confesso :)]
É difícil dizer qual poema mais lindo que já li por aqui, mas esse, digo sem medo, é um dos mais belos...
ResponderEliminarTalvez eu regresse, e não deixe mais o barco a deriva. Mas talvez eu fique por aqui, ancorada em terra firme, em águas distantes...
Belo demais, querido...
beijos
E se regressar que seja em aguas serenas...beijos achocolatados
ResponderEliminarMeu bom amigo Jorge!
ResponderEliminarQue haja um regresso!
Boa semana
http://www.transpondo-barreiras.blogspot.com/
Um abraço
um dia, quando as palavras queimarem as promessas, regressaremos. talvez este dia seja hoje. ou talvez nem seja dia. importante é ser palavra sempre.
ResponderEliminarbeijo!
ps. tou levando um pedacinho de vc pra mim.
..."cansei-me de fugir das palavras
ResponderEliminare de esperar a boca que apodrece silêncios
como se o grito de luas de coral
fosse pecado inscrito no peito
e a voz a maior culpa dos que morrem."...
Amigo,
ler-te é sempre um regresso, ao encontro com a minha alma.
Beijinhos, Jorge!
p.s. obrigada pela tua viagem no Lua, sempre uma alegria :-)
Queremos ou não queremos regressar... mas, muitas vezes, há condições inultrapassáveis...
ResponderEliminarUm abraço, caro Jorge.
Que lindo teu poema, Jorge!
ResponderEliminarVocê faz mágica com as palavras.
Beijo
Um poema cheio de nostalgia. Um dia quando as palavras fizer moradia na alma, sempre há regresso. Ótimo começo de semana.Abraço meu amigo!
ResponderEliminarquerida suzana,
ResponderEliminar[há já tanto que te conheço e só agora me dou conta de que vinha escrevendo o teu nome erradamente, ao grafá-lo com dois "z" :)]
que regresso pode ser mais assustador? o que deixa o barco à deriva, ou o que amarra definitivamente ao cais? se as respostas fossem fáceis, ninguém fugia das perguntas...
um beijinho!
sandra, amiga com voz de chocolate,
ResponderEliminarhá serenidades que devastam tanto quanto a mais cruel das procelas...
beijinho doce!
josé, caro amigo,
ResponderEliminarque nenhum regresso nos devore as pernas ou o desejo de viajar.
um abraço!
loba,
ResponderEliminara palavra não queima nos teus lábios; arde. e arde, porque não é promessa, antes palavra, ela mesma, singela, sem subterfúgios e fogueiras de papel.
um abraço!
p.s. passei ontem, num furo na correria, pelo teu blogue e percorri o que levaste desde aqui. envaideces-me com o gesto. obrigado!
andy, amiga,
ResponderEliminarhá regressos que não dispenso. à tua lua, desde logo, evidentemente.
beijo grande!
"Queremos ou não queremos regressar... mas, muitas vezes, há condições inultrapassáveis..."
ResponderEliminarcaro nilson,
há quem regresse sem nunca o ter desejado, do mesmo modo que há quem o deseje e não o saiba fazer... a chave para a verdadeira epifania poderá residir na [ir]resolubilidade deste dilema - a nossa condição.
forte abraço!
querida dade,
ResponderEliminara tua simpatia só é comparável à grandeza da tua alma poética.
obrigado!
beijinho!
smareis,
ResponderEliminarde regressos todos sabemos um pouco até porque a forma plural do termo é o sintoma maior de que falamos de viagens múltiplas e diversas. como bem fazes notar, desde logo na escrita e, em especial, na escrita poética: sempre que a palavra faz morada no peito, há regressos que se tornam inevitáveis.
beijos!
Jorge..Vim especialmente agradecer ao gentil comentário em forma de poesia que voce deixou em meu blog.
ResponderEliminarSaiba que é um prazer recebe-lo. Sempre.
Um beijo!
Ma Ferreira
Sempre que a palavra faz morada no peito, ela se faz viajante por lugares de “caminhos-por-descobrir” [olimpo], a partida e o regresso são constantes. E concordo contigo, o “talvez” é a certeza tímida do regresso permanente. Gosto desse pormenor romântico de Azenha.
ResponderEliminartambém o som, sempre fantástico. hum...[não consigo traduzir..., mandas p'ra mim :))]
beijo, encanto de amigo, desculpa o meu atrazo.
Jorge,
ResponderEliminarregressar e viver o que nos molda e nos marca..
tão fortes são as palavras em tuas mãos..
beijos querido poeta..
ma,
ResponderEliminaré absolutamente fantástico o teu trabalho e o modo como o harmonizas com imagens e palavras de outros num todo tão pessoal. impossível não apreciar.
bneijinho!
amiga-de-tantos encantos,
ResponderEliminara azenha do mar é um dos lugares que mais me surpreenderam nesse litoral alentejano de tantas faces e um só esplendor! ora aí está como todos os regressos, mesmo que anestesiados pela dúvida em advérbio, acabam por se tornar certeza inequívoca.
o som de que falas é de uma banda que adoro: sigur rós. é totalmente alternativa e faz assentar a sua pessoalidade em melodias lentas e melancólicas, bem suportadas pela voz segura [num tom aparentemente frágil] do vocalista. uma das experiências mais curiosas a que assisti é a de uma parceria dele com o dj tiesto[!?]; combinação bizarramente irresistível :) sobre a tradução... como fazê-lo? são finlandeses!!! :)
beijinho e encantos, querida amiga!
querida ingrid,
ResponderEliminarque as partidas e os regressos não se desenhem antípodas no globo do coração.
um beijinho terno!
Um comentário seu no blog da Sandra aguçou minha curiosidade e vim conhecer este espaço.
ResponderEliminarTenho que admitir que é mais envolvente do que podia imaginar. Suas palavras, além de muito bem colocadas, demonstram a qualidade de seus escritos. Parabéns!
olá, marilene,
ResponderEliminaragradeço-te a visita bem assim como as palavras-carinho que aqui deixas.
um bem-hajas!
A cada vez que a atribulação do dia-a-dia desse mundo moderno em que vivemos me permite ler-te tenho a sensação de ter recebido um presente. Tuas palavras sempre encantam, acalentam e acalmam qualquer pressa.
ResponderEliminarLindo demais esse... Vontade de navegar e naufragar por aí...
Um beijo!
querida carina,
ResponderEliminare porque as viagens não se fazem na solidão das vagas, a tua presença é porto-de-abrigo do mais negro dos abismos.
um beijinho com maresia!
Circunflexo!
ResponderEliminarTudo diluído em oco!Ah... não passei antes não por que deixei de ler, não conseguia entrar no blog... Porém suas palavras mesmo longe são sinfônicas e orbitantes..
ResponderEliminarquerida michelle,
ResponderEliminarsei que o blogger tem andado desorientado, ainda que creia que aos poucos se vai realinhando.
por falar de palavras circunflexas e orbitais: temos algumas que se uniram num texto de uma boca só. a ideia é publicá-lo? por mim, com certeza.
beijinho grande!