sábado, 23 de janeiro de 2010
a sombra do tempo
Tempo,
por que te tornas invisível
àqueles que te levam a mão
ao encontro
do rosto
do contorno frágil dos olhos
ou das linhas finas dos lábios?
Sei-o bem,
os deuses não têm imagens…
(aprendi-o no santinho da comunhão);
nunca quiseste ser de todos o maior
por te recusares a desvelar
o rosto da honestidade
no fogo existencial.
Mas,
se a translação
que une o choro do berço
ao suspiro do esquife
a todos concede o vazio de si mesmo,
por que não me gritaste
o traço definido do teu propósito,
ora sereno ora selvagem?
Por que me fizeste crer
que o vinho que me escorria na boca
era o olvido do ser?
Deixaste-me a vã ilusão de te ter,
ó tempo...
bebi-te… comi-te… beijei-te… amei-te,
e na sofreguidão do banquete
julguei que te consumia.
Acabaste penetrando o coração arquejante
e com o perfume da obscuridade
fundiste, apenas,
o desejo de ser luz
a uma gota de sombra.
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Tristes daqueles que não querem, os qu efecham os olhos. O tempo é a dor e a cura!
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