renegando a farsa do ser
apontou à chave perdida
e num Olimpo de pedra
vislumbrou a morada de ouro
caminhava com estrelas nas mãos
e o sol nos lábios
crendo que só da viagem
nasceria a palavra sem pó
no sonambulismo da sede
entoava a melodia da terra
e mordia o ventre dos frutos
sempre através de veias de água
o coração de poeta
agarrava o vento
acordando o alfabeto
num caderno de notas dispersas
e o poema desfiava um novelo
onde o arco-íris inscrevia a luz
como se os deuses maiores
habitassem a casa sem sombras
no bailado dos signos
cria que o verso escondia a ilha
sob o hálito da terra
e todo o amplexo cósmico
de água os seus olhos
de terra a sua boca
e a pequenez dos homens
desvelava-se na nudez material
pura ilusão
a palavra reconstrói o espaço
e o poema constrói o homem
muito para lá do tempo
esquecera-se do tempo
como o cavalo do carrossel
galopando no estrado ondulante
não vê a prancha que o sustém
e assim na Primavera dos dias
a hora desenha-se frágil
enquanto o mar salpica de sangue
a folha branca de espuma
resta-lhe o silêncio
resta-lhe a ébria escuridão de um inverno seco
Madredeus, Ao longe o mar
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
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Ufa!...
ResponderEliminarSombra
Sem palavras.
ResponderEliminarParabéns
Aprendiz
Lindíssimo!
ResponderEliminar"caminhava com estrelas na mão
e o sol nos lábios
crendo que só da viagem
nasceria a palavra sem pó"
...
Haja o que houver...
ResponderEliminarSombra
O Homem constroi o poema, o Inverno prepara a semente que brotará da terra na Primavera...
ResponderEliminarda vida.
Beijinho
"de água os seus olhos
ResponderEliminarde terra a sua boca..."
...de vento os teus sonhos
de fogo o teu coração!
*
"e assim na Primavera dos dias
ResponderEliminara hora desenha-se frágil
enquanto o mar salpica de sangue
a folha branca de espuma
resta-lhe o silêncio
resta-lhe a ébria escuridão de um inverno seco"
´tão triste e tão bonito Jorge, e Madredeus então a cantar a minha canção preferida deles!
Adorei!
Gi