Se um dia pudesse adquirir um rasgo tão grande de expressão, que concentrasse toda a arte em mim, escreveria uma apoteose do sono. Não sei de prazer maior, em toda a minha vida, que poder dormir. O apagamento integral da vida e da alma, o afastamento completo de tudo quanto é seres e gente, a noite sem memória nem ilusão, o não ter passado nem futuro.
Fernando Pessoa [Bernardo Soares], O Livro do Desassossego
fotografia de jorge pimenta
é este o peito que respira
a roupa suja
os olhos tristes,
e porque cada madrugada o acorda três vezes
o número basta para detestar a matemática
das coisas
dos nomes
e de tudo o que deseja.
adormeceu um dia com as pálpebras
sobre um olhar de amêndoa
e nada em si conseguiu ser mais amarelo
no trajeto de uma noite
no aroma do poente
no estrebuchar da borboleta em círculos
no mapa do seu sangue.
acordou viúvo,
num céu de rede, crinas negras
pelas bocas que sonham com cometas
e apodrecem nas vias lácteas da deceção.
ofereceu-se a insónia
e hoje respira assim
lentamente, como todos os comboios
que suspiram pela ferrugem das chaminés
[o único brilho que exibem
por entre as galerias de fumo e poeira da viagem],
e hoje respira assim
intermitente, como o corpo
entre os dias em que desperta
e aqueles em que morre,
sempre apoiados nas pernas,
de face macilenta,
o olho direito nas suas ruas vazias
e o esquerdo no movimento da multidão
que não lhe pertence
que não para nem o vê
que esqueceu as feições daqueles
que não gravou no seu rosto.
começou a escrever
sobre o noturno espaço do seu silêncio
e a cada cigarro de bruma
um girassol morria a grande velocidade
diluindo-se no tempo que lhe violou a semente
e lhe roubou o astro do nome.
passou a estremecer nas folhas
na sombra da tinta
e em todos os mundos que inventava
imitando a fórmula com que amava,
já mal iluminado,
pelas entranhas do seu edifício,
algures nos intervalos das telhas
e dos socos do poema,
ali, onde já nem o pó faz morada.
radiohead, true love waits
Grande poema, Jorge!
ResponderEliminarUm abraço. Tenhas um bom fim de semana.
dilmar, viva,
Eliminarhá instantes falavas do que de essencial procuramos e que na maioria das vezes espreita pelo lado de dentro. este texto senti-o um pouco como um diálogo com esse ser outro que tem verso e reverso.
abraço!
caramba...
ResponderEliminartu não tiveste dó desta pele que agora geme acompanhada de tremor nas mãos e olhos orvalhados, hein!?
a combinação de texto e canção tiveram efeito de abalo sísmico por aqui... daí expressão de tanto exagero...rs!
esse "adormeceu um dia com as pálpebras
sobre um olhar de amêndoa" vai ecoar durante bom tempo por aqui, acredite!
beijinho carinhoso e emocionado, amigo poeta Jorge!
joelma, minha tão especial amiga-poeta,
Eliminarhaverá em nós algo mais "rasgável" do que a pele? :)
beijinho!
Querido Jorge,
ResponderEliminarTudo bem? Ao ler o seu poema, pensei no rasgo não só da pele, mas do próprio respirar. Obrigada pela intensidade do escrito!
Beijos.
Lu
lu,
Eliminartodos os tecidos acabam por, mais cedo ou mais tarde, rasgar, verdade? e as palavras que imitam as sensações são sempre a acha bêbeda na fogueira :)
um beijinho!
Mas aqui, você rasgou a alma...!!
ResponderEliminarLi em seco e com respiração contida...
Beijos,
querida ana lúcia,
Eliminarquantas vezes a escrita não é o nosso ponto de respiração [in]contida?
beijo grande!
A pessoa do Pessoa e a pimenta do Jorge...sempre a nos mostrar o que é essencial.
ResponderEliminarAh, os desassossegos! quem poderia explicá-los? Assim como Pessoa concordo que o sono merece uma apoteose. E assim como você, sensível e espetacular poeta, pude sentir o rasgo da insônia.
Beijo, Jorginho! Você sempre brilha!!!
Amo lert-te...
querida adriana,
Eliminaralgures entre os sono e a insónia adivinhamos os nossos pontos de [desas]sossego.
sempre uma ternura, tu.
beijinho!
o que se nos fica da existência: pranto derramado, lágrima de alvíssaras, sol posto, poente deflorado. no corrimão da palavra o equilíbrio tonto, onde a mão segura?
ResponderEliminarabraço poeta
é mesmo assim, poetassis,
Eliminarponto desarranjado, mínima de alvíssaras, sol no rosto e poente desflorado.
tudo o mais é imaculada superfície a despedir-se das formas.
abraço!
Sempre muito belos e de uma riqueza enorme seus poemas amigo.Queria lhe agradecer pelas palavras em minha entrevista no blog da Anne, muito obrigado.Tudo de bom pra você amigo.
ResponderEliminararnoldo,
Eliminarsinto-o como um privilégio meu, distinção concedida, o teres-me permitido ler-te naquela entre-vista.
abraço!
Olá, amigo Jorge!
ResponderEliminarHipnos é improdutivo, apesar de ser genitor de Morfeu, e ainda é irmão de Tânatos.
O poeta preferirá sempre Hélios para dar luz às sombras de seus alumbramentos, mas sem se olvidar de Cronos, que nos consome um pouco por dia, sem que Zeus nos liberte.
Parabéns pela maestria poética!
Abraços do amigo de além-mar!
alegoricamente o teu comentário toca uma franja inaudita do poema, meu bom amigo bento: a de que somos pasto dos apetites mais vorazes dos deuses...
Eliminarabraço!
Amigo Jorge...
ResponderEliminarFico encantada com a dança das palavras coriografadas por ti.Lindo espetáculo!!
Os comentarios que li..são extensão de seu
tão belo e forte poema.
Um beijo..e parabéns por mais esta Obra Prima.
querida ma,
Eliminarhá palavras que apontam aos sonhos, até porque tocam as raízes onde assentamos a alma de escrita.
que bom teres gostado!
um beijinho grande!
Olá Jorginho meu amigo portuga!
ResponderEliminarRapaz, rasgaste foi a alma meu amigo! Que belo poema. Falar que você escreve divinamente chega a ser redundância né?
Hahahahahhahahaha parabens meu amigo!
da alma: é a tinta quem a rasga, meu querido amigo, a tinta, essa corrente silabária que nos preenche as veias.
Eliminarabraço!
[é isto, que o peito do poeta respira
ResponderEliminara poesia
e, a poesia, é para ser vivida e sentida]
porque cada madrugada
é também o grito das coisas
o inesperado atordoado da dor
a flor aberta, sugerida na cor
e cada coisa
é também a inutilidade
do silêncio, da aversão ao pó,
dó do luto onde terra pousa
que ousa
destruir, desfazer, e fazer
enfraquecer a ligação com o sangue
esse que acorda viúvo,
esse que voa mais depressa
e morre na entrada do peito
efeito do zumbido das bocas
no cortejo dos sonhos à pressa
gritando por amor…
[e hoje respira-se assim, na face macilenta escutada na dor que se ostenta
na transfusão desta viagem]
Abraço-te Querido Poeta :)
por mais que respire, alguma vez o peito saberá saciar-se? por isso estremece, se agita, balança, muda de cor, aquece, ganha febre e explode nas sensações que sonhou e que, no delírio de cada vigília, injeta no seu genoma sensitivo.
Eliminare eu beijo-te, querida poeta[isa]!
Grande Jorge, gosto dessas hipérboles que vc utiliza nos teus poemas, afinal de contas, os bons poemas têm que ter essa linguagem exagerada, e mais um belo escrito teu, gostei bastante da música do Radiohead.
ResponderEliminarJorge, voltei há alguns dias com meu blog, como vc percebeu, dei uma repáginada em tudo, e gostaria de sua ajuda. Vou criar um tópico chamado: "Turismo", onde meus amigos blogueiros que moram em outros estados ou países façam uma matéria mostrando e documentando a cidade onde moram, como vc mora em Portugal, um belo país europeu, então caso vc aceite, gostaria que você fizesse uma bela matéria sobre o lugar onde vc mora, com fotos e, caso vc queira, uma filmagem, caso você tenha alguma dúvida, pergunta no meu e-mail que tiro as dúvidas, caso teu tempo esteja corrido por ai, esquecemos a ideia, ok?
Abração pra ti.
paulo, caro amigo,
Eliminardeixa-me, antes de mais, saudar o teu regresso, sempre tão ansiado. pois, vejo que te fazes acompanhar de novidades, muito especialmente "turismo", em que te dispões a divulgar lugares e os seus pulsares. braga, a minha terra, tem, na verdade, algumas coisas que poderia e gostaria muito de mostrar, mas peço-te que aguardes por um momento mais propício, dado que as solicitações têm sido imensas. talvez na pausa pascal, período em que gozo de umas curtas férias, certo?
um forte abraço e saudações reiteradas neste regresso!
Poema maravilhoso,
ResponderEliminarlido num passo acelerado e coração emaranhado de emoções.
Parabéns poeta
Beijo
querida fernanda de nome tão bonito,
Eliminarhá palavras que são como as flechas: rápidas e decididas. a vertigem não está nelas, mas nos olhos que as leem. nesses casos, captem-se em aceleração contínua.
um beijinho!
Fernanda é meu nome sim, mas sempre tive o "nick name" de Ná.
EliminarVerdade, Jorge.
Há dias que algumas poesias despertam em mim um alvoroço imenso. Este foi o caso.
Há palavras que se lêem com o coração saltando.
Beijo
querida ferNAnda,
Eliminarpoesia sempre foi sinónimo de alvoroço, verdade? a emily dickinson diz "quando leio um livro e ele faz o meu corpo inteiro tão frio que nenhum fogo pode me aquecer; eu sei que aquilo é poesia."
parece-me tão perfeita esta definição...
beijinho e alguns alvoroços, pois.
Jorge,
ResponderEliminarObrigada pelas respostas aos meus comentários, aqui. Obrigada pelos pertinentes comentários em meus posts, também. Saiba que o tempo me fez criar uma admiração bastante significativa por sua pessoa. Gosto mais de você, a cada aproximação que possuo. Com todo o carinho e respeito meu amigo, você é um desses tesouros que a vida nos põe no caminho, para ficarmos ricos de alma. Tão raro quanto a citação da Arca da Aliança, que por isso mesmo, nunca fora encontrada, apesar de ter existido.
Beijos,
Ana Lúcia.
ana lúcia,
Eliminarnormalmente conotamos o espaço virtual, e a blogosfera em particular, com contactos fugazes, dispersos, pouco estruturados e, nalguns casos, perversos, até. pois, quando as pessoas se tocam por via daquilo que as aproxima, a amizade acaba por florescer e até se fortalecer. tenho exemplos vivos disso mesmo, nestas viagens por oceanos de luz e sombra.
um beijinho de gratidão por me distinguires com a tua amizade!
Oi Jorge,
ResponderEliminaro frêmito, perceptível turbulência na ânsia que não se sacia. Para cada respirar há sempre um expirar, novo vazio, seguem as buscas.
Beijos, poeta!
van, minha querida,
Eliminaro que será a poesia senão a demanda e todos os seus lugares?...
beijinho!
Quando o sono insiste em manter a ausência, o poeta vagueia e se abre, sem se importar com a transparência de seu querer e dos delírios que lhe possam trazer. Você é ímpar.
ResponderEliminarBjs.
marilene,
Eliminartodas as palavras transparentes resistem num ambiente de vigília discursiva e coma existencial.
beijinho grande!
Das minhas insônias, eu invento o sono do mundo.
ResponderEliminarJorgito, meu queridão, vc e Pessoa juntos, me levam desassossegada, até as sombras e luzes deste Portugal.
Bj imenso
ira, minha querida amiga,
Eliminaro que seria feito de ti, de mim e de tantos outros sem os [desas]sossegos que aquietam? e a palavra é toda a vertigem desta órbita.
beijinho!
É sempre um privilégio ler/escutar a música das suas palavras. Sempre.
ResponderEliminarBom domingo! Beijinho.
cristina, amiga-jornalista,
Eliminare que dizer eu da tua presença sempre tão especial?
beijos!
p.s. tenho em marcha, para esta edição d'o despertar, um inquérito a alunos de 6º e 9º anos sobre atitudes e hábitos de leitura. preparo um enquadramento técnico; haverá tempo para o tratamento dos dados? :)
Precisei dum tempo para degustar completamente desse vinho de sabor tão especial que é a tua poesia, mesmo assim o meu paladar é tosco demais e perco os sutiles matizes que a tua palavra encerra. Tal vez se bebo toda a botelha? Sim, já sei que ficarei embriagado de poesía, más a qualidade é suprema e não terei ressaca :)
ResponderEliminarQuereres, olvidos…infinitos desassossegos viajando em comboios de girasoles até chegar à estação onde espera o poeta para reinventar 'a fórmula com que amava', pois a pesar de todas as suas mortes vive, ainda no pó que não existe.
Abraço forte, querido amigo.
pd. Obrigado pelo teu comentário, ficou melhor que o poema :)
eduardo, meu querido amigo,
Eliminarseria esse néctar dos deuses o "Amizade Brute Reserve"? :) só esse estimula os sentidos sem nunca entorpecer :)
um forte abraço!
"sobre um olhar de amêndoa
ResponderEliminare nada em si conseguiu ser mais amarelo
no trajeto de uma noite
no aroma do poente"
"[o único brilho que exibem
por entre as galerias de fumo e poeira da viagem]"
Gosto tanto das imagens e sensações que você cria, Parabéns! Sensacional como sempre.
Beijinhos
ela,
Eliminarfico tão satisfeito por saber que algumas destas palavras te possam ter tocado. obrigado, pois.
beijinho!
Ao ler este poema sinto a inquietação da alma, entre o sonâmbulo e o acordado, entre o silêncio e o ruído...
ResponderEliminarLindíssimo como sempre
Beijinho
rita,
Eliminara poesia é sempre o sopro sobre a cinza do que se não tem mas se procura.
beijinho agradecido pela simpatia da tua presença e das tuas palavras!
entre quereres o que se olvidou há um vácuo. é lá que repousa a mente dos homens, longe de tantas e contínuas informações.
ResponderEliminartua voz sempre alcança meus segredos. sempre ecoa-me demoradamente entre a pele e o hipocampo.
grande abraço, meu amigo poeta a quem tanto admiro.
amiga celso,
Eliminaressas noites brancas cerebrais de que falas são justamente a matéria pura que resulta da osmose da utopia com a deceção. haja a poesia para nos reerguer nos segredos e nos devolver à genética dos nossos silêncios.
abraço imenso!
Jorge, meu amigo, grande poeta
ResponderEliminarEste é, sem dúvida, um dos mais lindos poemas que já tive oportunidade de ler! Cheguei a sentir, a ver os movimentos desse diafragma, o sobe e desce ritmado desse peito... Sendo , como sou, simples demais no uso das palavras, não tenho à mão expressão que seja adequada para traduzir o que me vai no peito, mas garanto-lhe, que, aqui, no interior de minha caixa toráxica há um reboliço, um bater descompassado... Bravo!
Abraço bem apertado, querido!!!
zelita, minha querida amiga,
Eliminarsempre de uma gentileza contagiante, tu. e comoa tua presença sempre me toca, tu, alguém que conhece como poucos os movimentos dos astros interiores nos seus alternados alinhamentos e desarranjos. e as palavras são as crinas com que cavalgas a paisagem que nos percorre de norte a sul, de nascente a poente, sempre geografia, pálpebra e papoila.
beijo ainda com um incontido brilho nos olhos!
Há, sim, Jorge. Claro!
ResponderEliminarFico à espera. :)
Beijinho.
cristina, que boa notícia :)
Eliminartenciono, entre esta semana que agora se inicia e a próxima, passar todos os questionários aos alunos e recolher os dados. entretanto, partindo dos resultados dos estudos PISA em portugal [sobre literacia, neste caso interessando-me a literacia em leitura], faço o enquadramento. a tua parte - a parte de jornalista :) - será a divulgação dos dados.
beijinho e até breve, pois, ainda saboreando a boa nova da tua colaboração!
Que todos despertassem da insônia do mundo e mergulhassem nos seus delírios tão ricos com um olho direito nas ruas vazias e o esquerdo no meio da multidão.
ResponderEliminarJorgíssimo o quê mais posso esperar de sua maestria?
Beijos
elisa, haikaísta de quem sou fã absoluto,
Eliminaressas ruas que ora dormem, ora se agitam, percorrem-nos em milhares de metros dobrados, estendidos, com e sem ângulos, em esquadria ou traço livre, mas sempre pelo lado de dentro. impossível conhecer todos os recantos; possível, sim, procurá-los e, na impossibilidade de a todos tocar, adivinhá-los.
beijinho, minha querida!
Dormir...algo que adoro, mas por vezes se pudesse não acordaria jamais...o sono lava-me a alma...adormece-me a nostalgia e tem ainda a particularidade de me deixar sonhar...Amei demais o teu poema. Beijos com carinho
ResponderEliminarrosa-branca,
Eliminaro sono ajuda-nos a sentir a terra num só tom, num só gosto, num só gesto, mas em todos os matizes.
beijinho!
A cada poema, você cresce como poeta, Jorge.
ResponderEliminarEstá preparando um livro? Já publicou algum?
Beijo e muito sucesso.
dade, minha querida,
Eliminarjá publiquei um livro de poesia e alguns ensaios sobre a escrita poética, mas não prevejo que o volte a fazer nos próximos tempos. para o conseguir, terei de fazer uma antologia e de divulgar o trabalho à espera de que algum editor aposte nele. tenho-me deixado andar, confesso, até por saber que nos dias que correm, com exceção dos consagrados, se publica muito pouca poesia, a menos que em edições de autor.
se escrevo melhor, hoje, do que dantes? não sei, sinceramente; sei que escrevo diferente e que a escrita hoje me aquieta. não preciso de mais :)
beijinho!
Olá querido... sou fã de Fernando Pessoa, desde antes dessa moda que permeia as redes sociais e distorcem assombrosamente os escritos desse autor excelente.... essa citação que vc apresentou no início é perfeita...
ResponderEliminarPude sentir cada palavra de sua poesia, querido poeta Jorge. Intensidade foi a palavra da vez...
bjks JoicySorciere => Blog Umas e outras...
olá, joicy,
Eliminarfernando pessoa é dos poetas de língua portuguesa com maior projeção literária e seguramente um dos mais lidos em portugal, em todos os países da lusofonia, tendo conquistado também um sem número de leitores em países de língua não portuguesa. essa dimensão permite encontrá-lo, bem como aos seus textos, um pouco por todo o lado e a internet é, seguramente, desse ponto de vista, nicho apetecível. para o bem e para o mal. sejamos capazes de filtrar o que nos interessa, pois.
beijinho!
Olá! Jorge gostei do texto,muito bem escolhido e de bom gosto.
ResponderEliminarEsta parte deu para fazer uma reflexão.
O apagamento integral da vida e da alma, o afastamento completo de tudo quanto é seres e gente, a noite sem memória nem ilusão, o não ter passado nem futuro.
Estou a te seguir, se for do seu agrado.
Uma ótima semana.Bjs
nati,
Eliminarsê bem-vinda!
na tua leitura percorres vetores de força que representam tantas das pulsões com que nos debatemos na vida da poesia e na poesia da vida.
beijinho!
Morava na língua
ResponderEliminarNos olhos
Na página ao lado
Qualquer esquina do descuido
Visava o desvelo
Ser crisálida cega
Oiticismo ameaçado
Ante-sala do tédio
Horrível desmesura
Dadaísmo acadêmico
Beira da loucura
Jocasta ciumenta
De beber lebre
E esconder tartarugas
Anciã sem rugas
Eras parte do mistério
Clamando hospícios
Expatriadas sílabas
Que salivo do poeta
Chamei por Gombrich
Trocadas as chaves
Jogos infantis
Cavalinhos de pau
(Ar)dor mercy nas palavras.
Até mais ver, Jorge!
(Ar)dor mercy nas palavras
EliminarCavalinhos de pau
Jogos infantis
Trocadas as chaves
Chamei por Gombrich
Que salivo do poeta
Expatriadas sílabas
Clamando hospícios
Eras parte do mistério
Anciã sem rugas
E esconder tartarugas
De beber lebre
Jocasta ciumenta
Beira da loucura
Dadaísmo acadêmico
Horrível desmesura
Ante-sala do tédio
Oiticismo ameaçado
Ser crisálida cega
Visava o desvelo
Qualquer esquina do descuido
Na página ao lado
Nos olhos
até porque morava na língua,
bem aqui ao lado.
abraço!
Hoje pela manhã, por coincidência, comprei e trouxe para casa, um lindo vaso, com um único girassol...
ResponderEliminarAo deparar com o girassol desse seu belo poema, "vesti-me" da certeza de que, sempre que olhar para ele, vou me lembrar de um certo poeta e fotógrafo que habita além mar...
:)
Tenha uma belíssima noite, e volte revigorado, para continuar a nos brindar com palavras e imagens que nos aquecem o coração.
Deus te abençoe!
Grande abraço,
Cid@
cid@, minha querida amiga,
Eliminarpor falares de girassois, por eu próprio falar de girassois... há imagens que nos bailam na retina, rompendo o fluxo temporal conforme os deuses o definem e no-lo servem; vi a tela "os girassois", de van gogh, na national gallery de londres, na semana passada. há imagens que jamais esquecemos; porque as captamos com os olhos do coração e não com os do rosto.
beijinho amarelo!
Belíssimo, Jorge!
ResponderEliminarPoderia falar de tantas coisas que o poema me trouxe, mas não cabe aqui. Sei das noites insones e dos murmúrios e imagens que vem e vão. O LIVRO DO DESASSOSSEGO não sai de perto de mim.
Mas essa parte: "o olho direito nas suas ruas vazias e o esquerdo no movimento da multidão
que não lhe pertence
que não para nem o vê."
Esta parte me tocou por demais!
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze
mirze,
Eliminaré assim tão estranha a poesia... por vezes faz-se de uma palavra e morre noutra; nuns instantes acaricia-nos, noutros soca-nos o estômago; há instantes em que se faz meiga, todo festas e tegatés, para no instante seguinte se tornar serpente de sete oceanos. é esse o desassossego e nenhum consegue tocar-nos tão profundamente quanto o que pessoa sente por nós...
beijinho!
Gostei muito deste poema. É como se me enquadrasse nessas palavras. O desassossego constante de estar acordado, o querer irremediavelmente adormecer..as insónias... os pensamentos, o coração palpitante...
ResponderEliminarÓptima poesia que aqui se lê.
Beijinhos
alexandra,
Eliminaro sossego e o desassossego são, afinal, duas pétalas de uma mesma flor. a diferença está na terra que lhes acaricia as raízes.
beijinho!
Jorge, eis aí, um poema escrito de corpo e alma. Um grande abraço meu amigo
ResponderEliminarpaulo, meu bom amigo,
Eliminaras tuas palavras são estímulo que considero com imensa satisfação.
grato!
um abraço!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarA imensidão do poeta que és, mora nas tuas palavras...e eu fiquei sem elas.
Deixo apenas:
Escreve palavras nuas...esvazia a alma...embriaga-se de solidão
A morte é o limite...as mãos em prece chamando a eternidade
Na sombra dum poema...escreve e descreve a sicuta da paixão
Louco poeta...caminha entre a luz e a treva...a mentira ou verdade
Um beijinho com carinho
Sonhadora
minha querida sonhadora,
Eliminartanto da nossa distância se faz desejo de tornar o deserto habitável. daí todos os sossegos e alguns desassossegos. tão bom ler as extensões de texto que [re]crias!
beijinho grande!
socos, pontapés, invenções - não é a toa que o pó não faz morada - é vazio que produz poesia - do mais belo que há em teus versos
ResponderEliminargrande beijo
luíza, minha querida,
Eliminarse a poesia é vida, ela suspira e agita-se, sorri e sofre, dá vida e mata, do mesmo modo que vive e morre. assim são as palavras, a mão que as escreve e os olhos que as tocam.
beijinho!
..."e hoje respira assim
ResponderEliminarintermitente, como o corpo
entre os dias em que desperta
e aqueles em que morre,"...
A perfeição...a verdadeira visão da poesia...
te abraço...num afago de poeta! Sem Tempo...nem lugar!
blueshell, minha querida amiga-colega,
Eliminarsomos, afinal, tanto das nossas intermitências e descontinuidades...
beijinho agradecendo palavras que não mereço!
Há nos teus poemas, Jorge, a garantia da realidade poética. Mas o que eu gostaria de dizer com isso? É que a vida é poesia, reconhecê-la, decodificá-la, é reciclar a existência - é devolver as possibilidades do que nem sempre é vir a ser.
ResponderEliminarDa vida, poesia - à vida, poesia.
rejane, minha querida amiga,
Eliminaro que somos, afinal, senão as mãos? as que abraçam, as que seguram, as que escrevem e as que ensinam a viver?
beijos, poemas e vida é o que te deixo nestas palavras que são muito mais do que escrita; são coração, esse que sente a amizade daqueles que se tornam especiais.
Olá, Jorge,
ResponderEliminarfotografia que você nos traz dos lugares comuns e que passam desapercebidos ou ignorados por tantos
esta parte tocou
"começou a escrever
sobre o noturno espaço do seu silêncio"
beijinho pra ti
olá, vais,
ResponderEliminarse formos apenas os lugares óbvios nunca chegaremos a conhecer-nos verdadeiramente...
um beijinho com alguns noturnos espaços de cada um dos nossos silêncios!
toca-me...toca-me sempre ler o que escreves, leio e por vezes volto a ler, sempre no silencio do sentir para que possa interiorizar toda a palavra que brota da tua alma e chega à nossa...
ResponderEliminarbeijos Jorge
cvb
Este é Terceiro comentário neste post
ResponderEliminarJorge,
Postei comentário na sexta-feira em razão de seu post atual do dia 23 de março.
Quando senti sua falta lá no Humoremconto vim aqui e percebi que não foi publicado. Muito frustante isso, pois havia feito uma leitura muito atenta. Estou testando neste post, agora mudei de perfil e estou no terceiro comentário. Uso Google Chrome, por isso não sei o que pode estar acontecendo :(
Meu comentário sobre o post:
Jorge e Joelma,
tenho outro olhar a respeito do que mais me chamou a atenção no poema.
Acredito que em qualquer ser humano é possível nascer miradouros no olhar, contanto que sua alma toque a sinfonia do motor da velha Harley Davidson, sem destino, desbravando a rota como quem viaja para um lugar que jamais esquece. No entanto, só os poetas são aqueles escolhidos pelo miradouro.
Parabéns aos dois!
Abraço na Joelma.
E para ti, Jorge, um beijinho de saudades!
Será que foi postado este comentário?
Jorge, caso tenha sido publicado, me avise, estou também lá no Humoremconto com uma postagem onde mostro a cidade em que vivo e a fiz com muito carinho para os amigos que gostaria de receber em minha casa, tu és um deles.
Vou tentar de novo...
ah! esse computador não me vence rrrrr
"há o que renasça por viver em diversas formas" - bárbaro, Jorge!
ResponderEliminar...Há no que vazo a terra, teu poema de argila umedecido em sensações de tudo que resplandece natural. Bela é a possibilidade de renascer onde todo girassol queira ser tudo girassol, e não outra coisa, pois que Van Gogh merece ser Van Gogh e todo Van Gogh, não te parece?
Estou voltando aos comentários lentamente, querido Jorge, e por aqui, por enquanto.
Agradeço tua presença tão especial-e-bonita no rejaneando e te deixo um super abraço. :)