alexandre parrot
a nossa única defesa contra a morte é o amor
josé saramago
houve um verão em que o calor nos preencheu os silêncios
indiferente ao suor que humedece o fumo de um cigarro
e às ondas que nos rebentavam o peito.
perdemos as horas e o que os homens fazem com elas
e quase nada ganhámos.
um coração bate sempre mais agitado do que o poema – dizias,
espreguiçando os braços na fresca seda da pele
talvez à espera que eu escrevesse de menos
ou amasse de mais.
houve um verão em que fomos amantes em tons de violeta
acorrentámos lugares inquietos
amarrámos o medo ao silêncio
e gritámos impropérios à cegueira dos deuses
enquanto corríamos sem saber da linha de chegada,
sempre com pés de tinta
talvez versos nos dedos.
mas de que serve ter um animal vivo
se está dobrado pelo estremecimento dos dias?
agora é outono.
resta-nos sentir a breve saliva dos fins de tarde
e aprender com os que passam sem o saberem.
afinal, o homem é aquilo que o separa do homem.
kings of convenience, boat behind
há coisas que nos preenchem, outras incitam o vazio, há também o pleno que medra na angústia do tempo,
ResponderEliminarabraço
Lindo Jorge, confesso meu amigo que, diante de algo tão belo e profundo como isso, me sinto impotente pra comentar à altura, só tenho a dizer que me faz um bem danado ler isso, traz paz de espirito, e, mesmo chovendo no molhado, continuo dizendo que é maravilhoso o seu dom para escrever poemas, realmente tocam fundo, parabéns.
ResponderEliminarAbração pra ti.
sentir a breve saliva dos fins de tarde e aprender a cada fim de tempo. passar sem saber talvez seja o ideal. viver apenas. afinal, é para isso que estamos aqui.
ResponderEliminarteus poemas sempre me remetem a devaeios, independente da intenção de tuas palavras.
grande abraço!
Sempre há um verão que nos alucina ou uma primavera que nos esquece. Sempre há uma frase que rouba a intrascendencia, mesmo que sejam frases 'bonitas' e só isso.
ResponderEliminarÀs vezes rebentamos de ganas de dizer aquelas palavras que o coração e a sensatez ficam mudas, então nenhum animal fica vivo, todos morem no torvelino da impossibilidade.
Agora é outono, o momento para fechar a tarde e abrir as claridades da noite e dos dias.
Nós inventamos as separações.
Afinal, só queda aquilo que não separa os sentimentos.
Um abraço grande e forte, meu querido amigo.
Houve verões em que a gente podia correr com os pés de tintas livremente,sem medo,sem obrigações...com o coração batendo forte cheio de esperanças,de amor,e de genuína alegria
ResponderEliminarHoje no fim do inverno,aqui no sul,e começo da primavera...Caminha-se a passos lentos,receosos,sem tanta motivação,sem tanto amor e alegria,mas com o coração,ainda batendo forte,desejoso de mais esperanças e mudanças...
Desculpe,mas teu poema me levou a isso...rsrs
Se estraguei não sei,escrevi o que senti.
Bom fds,Jorge(E obrigada por teu Comentário no 4 por 4)
Bjka
Uau! Isso sim é que é ser bem recebida após o meu retôrno à blogosfera!
ResponderEliminarAmei esse poema, amigo Jorge, que tem "versos nos dedos" :)
Estou tão feliz! Me sinto tão abençoada!
Quer saber o motivo?
De uma passadinha lá!
;-)
Beijo, e tudo de bom pra você.
Tenha um belíssimo e perfeito final de semana.
Cid@
Jorge
ResponderEliminarVerão sempre dá idéia de luz,amplidão,paixões.
Assim em "tons de violeta" rs lindo isso !
Lembro uma chuva de verão( por aqui é comun) o temporal invadiu a casa em que morava e tivemos de começar do nada ,via a água levando tudo!! e até hoje os temporais invadem-me corpo inteiro quase sempre indo desaguar no coração,rs mais ou menos como no seu poema, agitado como água correndo rio abaixo.
A imagem retrata fielmente as alucinações ,muito bom .
Outono aí primavera aqui e podemos viver os dois , em palavras e sentidos.Isso é bom.
Obrigada pelo estímulo, vou dedicar mais pra agradar sempre.
abraços de fim de semana
Se o amor no outono não possui o mesmo jeito que no verão, então, que se aprenda "com os que passam sem o saberem" (que é outono). Portanto, assim, nada será deixado para trás; tão somente, continuará lindo esse amor.
ResponderEliminarPoema refrescante...
Beijos,
' Vai haver uma primavera que preencherá seus sentimentos,
ResponderEliminarIgual a um jardim, quando nasce suas flores.
E as dores que arrebentavam o peito
Se esvairá-se-ão com a chegada de amores.
Um beijo, fiquei muito feliz com a sua visita.
(:
É Outono, e este eu sinto-o diferente. Talvez as minhas folhas já não se renovem como antes...talvez o sentir esteja tão magoado que o vê diferente...ou talvez eu saiba que um dia será Primavera, mas não para mim. Adorei o teu poema meu amigo e vamos saboreando a saliva dos fins de tarde, já que as manhãs adormeceram em nós...(em mim) Beijos com carinho
ResponderEliminarAqui, vi ciclos e os sentimentos vividos em cada um deles. As estações nem sempre se sucedem alterando, da mesma forma, as emoções. Há verões e verões, distinguindo o calor que não incomoda o amor daquele que traz frio ao interior. Mesma estação, épocas diferentes.
ResponderEliminarMas para quem tem versos na alma, o estremecimento dos dias só servirá de inspiração.
Bjs.
Mais um belo texto! Você sabe fazer isso como ninguem e de uma forma bem chique e intrigante!
ResponderEliminarParabens mestre luzitano!
Que fique e permaneça em nós o que foi de bom em tempos, em estações já idas. Continuemos em nosso sentir...
ResponderEliminarPerco-me aqui, onde as palavras falam alto em silencio.
beijinhos Jorge
oa.s
"um coração bate sempre mais agitado do que o poema"
ResponderEliminartalvez porque as artérias que o alimentam, desconhecem caminhos para contornar o inevitável...
Belíssimo, este teu poema, amigo!
beijinho
agora é outono...
...Fomos amantes violeta! Que sensação! Sinestesia!
ResponderEliminarAo ler seus versos tenho percebido que eles são diferentes de tudo que já li(são únicos, peculiares).
A sensação é ainada mais intrigante quando se constata que cada verso é ainda mais belo e surpreendente que o outro. São surpreendentes, não se pode prever o fim da poesia.
Bjo!
Versos nos dedos, pés de tinta...
ResponderEliminarSó mesmo vc.
Que bonito...
Um beijão!
As separações partem sempre de alguém insatisfeito, mesmo estando junto. O homem é mesmo "aquilo que o separa do homem".
ResponderEliminarBeijo pra você.
Jorge, querido poeta de-além-mar,
ResponderEliminarAlucinações inocentes em estações áridas...
Quando o calor cede seu tempo às folhas que caem de nossas árvores, como palavras arremessadas a golpe duro no chão, o que resta aos homens? Apenas os fins de tarde, entre rostos quaisquer, a contemplar as intempéries da nova estação, e isso, caro poeta, é o sorrir do pouco, pois sabe ele que é muito.
Grande beijo.
Jorge,
ResponderEliminarjá estava me esquecendo,
por ocasião de um comentário que fiz no blog de nosso amigo Dilso, falei sobre o SER Poeta, embora não tenha explicitado teu nome por lá, creio que o SER Poeta te cabe perfeitamente, querido amigo.
Aqui temos Poesia inesgotável, que se modifica, se amplia a cada leitura e faz simbiose com o leitor, por isso eterna!
Beijos.
A medida que faz um homem... O "metrum" é necessário à proclamação do indivíduo, mas mesmo a uma certa distância o outro ainda nos toca de forma que pode tornar-se a epiderme invisível do céu ou a do inferno outonal (prelúdio do frio "invernal")...
ResponderEliminarUm abraço e belo poema!!! Fico por aqui com a chama de Fernando Pessoa, em seu Infante, que diz ... "Que o mar unisse, já não separasse..." E nossos pensamentos organizados em textos, poemas... nos unem mesmo com a separação do oceano, visto a grandeza das palavras.
"afinal, o homem é aquilo que o separa do homem".
ResponderEliminarO inesperado das afirmações fazem desta poesia um elemento impulsionador do pensar e do sentir.
De facto somos o que nos distingue dos outros, a individualidade dentro do colectivo que nos integra sem que nos dissolva.
Um beijo
meu amigo e grande poeta,
ResponderEliminardigo-te que ainda há
uma lágrima presa
e outra já desperta
sob a sagrada leitura
do teu poema
...
forte abraço.
Muito bom Jorge, seus textos são um deleite para o leitor.
ResponderEliminarGrande abraço e sucesso!
Jorge, já disse que os teus posts são escandalosamente lindos?
ResponderEliminarEu aqui, na primavera, ainda sonhos com os e para os aconchegos dos melhores invernos.
Um beijo, adorei tudo!
estações ...
ResponderEliminarno melhor delas viver e na vida se retirar..
perfeitos "sentires" poeta querido..
beijos perfumados..
Lindo demais! Beijo!
ResponderEliminarSão muitas as estações, assim como a vida que se divide em fases...Bjos achocoaltados
ResponderEliminardiante de imensa voz, permito-me o refúgio no teu silêncio acolhedor, Jorge sempre amigo!
ResponderEliminarBeijinho carinhoso!
p.s: apesar de continuar aberto, o Luz vai aquietar-se por um tempo... mas estarei aqui sempre que houver um chamado teu... gosto muito de estar aqui!
"O homem é aquilo que o separa do homem"
ResponderEliminarSem dúvida!
a umidade de suas palavras,
ResponderEliminarfez-me regojizar em puro acalanto.
Tão belo poema, Jorge
ResponderEliminarfeito defesa, sublime amor
o mais agitado de todas as palavras
amarrado o medo ao silêncio
em tons de violeta, sem linha de chegada
Saramago sabia das coisas...
Beijos!
Encanto-me a nostálgica contida nos teus versos. O verão é passado, e agora só resta à languidez do outono. Lindíssimo! Você merece aplausos!
ResponderEliminarO amor tem todas as estações...!
ResponderEliminarE o outono é a pior delas.... a indiferença...!
Muito lindo seu poema, cheio de simbolismos, de verdade....!
Beijos
Ana
Poesia é algo que por enquanto me foge da capacidade.
ResponderEliminarAcho que é por isso que adiro frases tão talentosamente esculpidas, Jorge.
Um autor gaúcho que certamente gostarias é Luís Fernando Veríssimo, criador do hilário Analista de Bagé.
Abraço, Jorge.
Poeta querido
ResponderEliminarPor vezes as lembranças são a caixa negra que não queremos resgatar...são um pássaro de asas longas que deixou de voar...espinhos que se espetam na carne e fazem os poetas soltar gemidos sobre as folhas mortas da esperança e caminhar de alma nua e mãos vazias.
No Outono guardamos os últimoa raios de sol...a última gota do orvalho da madrugada...um eco gasto e corroído dum tempo sem retorno...amordaçado por dentro do silêncio da pele.
E...meu querido Jorge, este é talvez um dos mais belos poema que li aqui e deixo-te um sorriso de Primavera...um beijo de verão para adoçar a nostalgia.
Sonhadora
Oii!
ResponderEliminarEu te falei que meu blog mudou? Então, tive que fazer outro pq o meu detectou virus e não consegui dar jeito. Então caso você não tenha ido lá, te convido a ir e seguir :D E se quiser, também cuti-lo no facebook na caixinha em cima dos seguidores.
Beijoss!!
Luciana Mira
www.queiratocaroceu.blogspot.com
Ha poemas que a gente ler, que faz um bem danado provocando labaredas nos pensamentos, que se comenta perde a essencia do sentido. Perfeito! Bj grande!
ResponderEliminarQuerido, quanta imagem de sonho, quanta originalidade, quanta beleza, e ainda esse achado de um amor em tons de violeta!
ResponderEliminarBeijos,
Oi Jorge,
ResponderEliminarQue as estações sempre lhe tragam inspirações para palavras belas como estas.
Me fez refletir.
Lindo teu poema
Visitando..conhecendo..seguindo.
Beijo meu
Ô precioso, aqui a palavra pinga, pega, porta fogo até no inverno.
ResponderEliminarExplosão de lirimo!
Beijos cristais, meu tão querido.
Observaçãozinha: aguardo teu sinal para nossa oitava viagem.
Gostei muito, sim.
ResponderEliminarAnónimo foi a única maneira de entrar.
Saudações de São Banza
E assim passam - ou nos atropelam - as estações...
ResponderEliminarBeijo.
esse afinal foi sensacional.
ResponderEliminarna foto, parece o waters :)
adoro as roupinhas do kings.
Jorge, obrigada pela presença, estava com saudade . Vc é um artesão das palavras... Agora é outono. Resta-nos sentir a breve saliva dos fins de tarde e aprender com os que passam sem o saberem.Afinal, o homem é aquilo que o separa do homem. Parabéns!Um excelente resto de semana cheio de coisas boas. Bjs grande!
ResponderEliminarMeu amigo e colega...um texto forte...e lindo que me cativou!
ResponderEliminarFiquei-me a ler e a sentir em cada verso ...
Desejo tudo de bom para ti, Jorge.
Bj
Bom dia, Jorge. Saudades. Muito lindo o poema, e amar com intensidade é sempre bom, faz com que a nossa alma sinta-se livre e abençoada.
ResponderEliminarEu queria que sempre no amor, o verão prevalecesse, mas o que sinto e vejo, é que o outono insiste em demorar a partir.
Parabéns!
Um beijo grande, e fique com Deus!
Neste quase nada possível da perda de um verão preenchido habitam esperas inconcebíveis, ciladas que extenuam temperaturas.
ResponderEliminarNeste quase nada impossível do ganho de um outono pungente, folhas vivedouras de versos tecem linhas líricas por aquilo que separa o homem do homem, em coração que bate com o poema.
Sinta-se abraçado, querido Jorge, em qualquer tempo, mesmo na demora.