Às vezes esqueço-me de que sou um ser intermédio, alguém que pode já estar à frente do homem das cavernas mas ainda estou longe daquilo cuja promessa pressinto dentro de mim.
Alçada Baptista, O Tecido do Outono
bate-me à porta, mas devagar - jorge pimenta
cantaste tão baixo
que os frutos apodreceram
e envenenaram-nos as gargantas
com espinhos vermelhos
de uma flor quase rosa.
e eu que queria cantar mais alto que os deuses
saber-te gruta clara
e madrugada em violino.
disse-te um dia que desejei
beber-te o silêncio
deitar-te nos mapas do corpo
e acender todas as luzes que nos cabiam na algibeira.
disse amo-te,
mesmo que numa boca crepuscular.
de todas as cartas em que me foste
guardo uma, apenas,
sem remetente ou selo.
cheira à tua saliva
preserva a textura do teu sangue
e o calor das palavras frias que menstruam a boca:
nenhum corpo se alimenta apenas de versos
e até a eternidade já sabe o que é morrer.
aprendi a escrever para te aprender a perder.
arctic monkeys, love is a laserquest
o caminho é cercado do fugidio, do que nos escapa por entre as retinas que nada fixam, do misterioso rugir dessa névoa do tempo que avassala as horas,
ResponderEliminargrande abraço
...olho-te ...e sinto…
ResponderEliminar...esgotado bem dentro das garras da tua boca!!
Onde anda agora o teu Astro?
Gritarás por ele aqui a uma só voz?!!!
Ah!!!
Toma...pega...sossega a boca do poema...
http://youtu.be/dZCaTCUIMEA
Rapaz!!!
ResponderEliminarMeu Deus!...
Tem dias (como hoje), que você me deixa completamente sem palavras...
Falar, pra que?...
O melhor, é voltar ao poema, e ler mais uma vez, mais uma...mais uma...mais uma...
Obrigada amigo, por me emocionar tanto.
:)
Beijinhossssssss,
Cid@
Jorginho, "palavras frias que menstruam a boca"...que imagem poderosa! Há mais que promessa nesse teu poema de título belíssimo: há o POETA, magnífico, um deus acanhado. Obrigada pelo presente de te ler. Sempre.
ResponderEliminarBeijos,
Ainda ferindo, a realidade golpeia a nossa janela, com o vento da tempestade inevitável e certa.
ResponderEliminarAlém do grito 'amo-te' e de todos os desejos e os sonhos, a fome do corpo grita e então todos os versos de todas as escritas não ficam suficientes para saciar a boca sedenta.
Há um alimento para cada uma das nossas fomes.
Perder pode se tornar a maneira mais dolorosa de lembrar e as cartas são papers com tinta, assim com os árvores são só substantivos que refrescam o verão.
A saudade resta,
mesmo nas estações despovoadas,
mesmo nas estações desconhecidas,
mesmo nos relógios mudos,
mesmo nos corações não visitados,
mesmo na indiferença intencionada,
ela, simplesmente, resta.
Abraço grande, meu Jorge.
"mesmo que numa boca crepuscular"
ResponderEliminarSempre compreensível, amor é linguagem universal, todas as demonstrações nos parecem familiares porque, na verdade, as recebidas também, de certa forma, partem de nós.
Que prazer te ler, moço bonito, as tuas palavras fazem carinho na alma.
Beijo grande.
Jorginho, a Portuguesa de desportos que é o segundo time de futebol de TODOS os paulistas caiu pra segunda divisão do campeonato brasileiro a 3 anos e meio mais ou menos, aí a torcida uniformizada que se chama Leões da fabulosa virou de cabeça pra baixo todas as faixas da torcida, essa semana a Portuguesa alcançou a pontuação em que nos últimos 10 anos todos que alcançaram subiram para aprimeira divisão (64 pontos), mas matemáticamente ela ainda não está garantida, mas mesmo assim a torcida aos 43 do segundo tempo do último jogo desvirou todas as faixas, você tem que ver que emoção, os torcedores portugueses e descendentes e simpatizantes com a luzinha (apelido carinhoso da Portuguesa) chorando e comemorando como se fosse um gol o ato de virar as faixas... Os jogardores até pararam pra ver esse acontecimento, eu vou procurar se tem o vídeo no youtube e te mando no e-mail!
ResponderEliminarAh se o futebol fosse sempre emocionante assim... Vou te confessar uma coisa: Chorei!
Quanto ao seu texto mais uma vez eu sou só elogios, você sabe usar as metáforas como ninguém e deixa vestígios nas entrelinhas que a gente tem que pensar para entender!
Valeu amigão!
Jorginho olha os vídeos que te passei no e-mail que vc vai esquecer essa bobeira de Vasco e vai torcer pela luzinha e em segundo pro tricolor (São Paulo), melhor time do mundo, hahahahahahahahaha.
ResponderEliminarVindo de lá...chegando cá, Jorge!!
ResponderEliminarFicou muito bom...mas a frase final foi sensacional!
[]s
Marejou-me os olhos, porque me reconheci nos versos.
ResponderEliminar"Cantar mais alto que os deuses" para pessoas que cantam baixo(são humanas demais, racionais além da conta), medem, analisam, pensam antes de amar.
Quisera Deus todos amassem como amam os poetas.
Bjimmmm! Lindo, lindo!
Bom fim de semana...
"...um dia desejei beber-te o silêncio"...Lindo isso. Beijos!
ResponderEliminarSem palavras pra mim também,Jorge.
ResponderEliminarConsegues criar versos que falam para a alma, e é esse o objetivo maior da poesia.
Abraço, meu caro.
Querido Jorgito,
ResponderEliminarcomo as suas palavras têm a capacidade de me envolver numa leitura de um suspiro só. Palavras envolventes, quentes, sensiveis, sensuais... Palavras que docemente despertam em mim sensações preciosas.
As cartas escritas são apenas meras formas de dizer que te amo, de escrever apenas sentimentos que traduzem vontades eplícitas.
Lindo, lindo e lindo!!
Vc e a sua perfeição em versos...
Beijos querido.
Bom final de semana
Disseste que seu desejo era cantar mais alto, mas declarou o amor numa boca crepuscular. Me fez pressupor que o guardou tempo demais, pois nenhuma palavra haverá de substituir a voz, ainda que colocada em belíssimos versos como os seus.
ResponderEliminarMuitas vezes, a interpretação que damos a um poema não corresponde ao sentimento que o motivou. Mas não importa. O que fala mais alto e que tem grande valor, é a emoção que nos despertou.
Bjs.
"bate-me à porta, mas devagar..."
ResponderEliminare se o coração chegar primeiro que o corpo? não haverá porta que devagar sustenha a sua respiração...
Jorge,
lindo de morrer, este teu poema!
beijinho, amigo.
p.s. gostei destes arctic monkeys.
e as portas têm sempre um lado misterioso, esta inclusivé.
Ei, Jorge! Boa Noite!
ResponderEliminarNão identifiquei bem quem canta a canção que você postou e de que gostei muito. Você pode me informar?
Bjo!
Ao beber o grito de seu silêncio, acabamos nos embriagando de éter poético e ritmado pelos fluidos de seus versos correntes. Um gole dessa fonte pode rejuvenescer um homem, mas uma tragada mais sedenta pode afogar-lo em seus próprios desertos que se regozijam ao vislumbrar este oásis inquieto... Ao afogar-nos ficamos presos para sempre aqui desse lado da vida!!!
ResponderEliminarAbraço, poeta!!!
Mais um lindo texto Jorge, onde sempre consegues emocionar até o mais petrificado coração. Gosto dos teus poemas, são uma dádiva divina. Parabéns amigo.
ResponderEliminarJorge, poeta de-além-mar,
ResponderEliminar... e a Eternidade é o que permitimos que ela seja.
Bravíssimo, querido amigo!
Um beijo grande!
Grata, poeta,
ResponderEliminarpor me permitir este voo
nas etéreas palavras de teu poema.
Sublime!
Abraço, Jorge!
Belo poema!
ResponderEliminarque amor lindo que você tem / "deixou" de ter.
ResponderEliminaro alto e nobre canto que surge [da garganta?], como a serpente se levanta numa dança, faz nascer frutos da areia, não é mesmo?
[adoro músicas com voz de desprezo]
ResponderEliminarOi Jorge
ResponderEliminarE a vida felismente continua escrevendo ela propria cada instante, cada momento que passa...
ah discordo num ponto :
"nenhum corpo se alimenta apenas de versos..."
alimenta-se sim Jorge alimenta-se rsrs
não deveria não é?
linda sua "alvorada de violinos",
e fica-me aqui ,nos ouvidos, nos olhos ,nas mãos e principalmente no coração.
retribuo com abraços
Jorge, o título já é um poema inteiro...
ResponderEliminara linguagem desse poema me toca tão profundamente que precisei vir mais de uma vez para, finalmente, poder comentá-lo... e tenho um frio no estômago... e penso que aprendemos a viver para aprendermos a morrer...e aprendemos, sim.
beijinho, tão querido amigo!
"nenhum corpo se alimenta apenas de versos
ResponderEliminare até a eternidade já sabe o que é morrer.
aprendi a escrever para te aprender a perder."
quem tem um poeta dentro de si
sabe que o dom da palavra
é bênção
quando sofrimento
é missão
teu texto me tocou profundamente, Jorge,meu amigo!
Beijinho doce deste lado do mar!
Nada permanece sempre o mesmo, o real é o fugidio.
ResponderEliminarGrande abraço, Jorge.
uma boca crepuscular
ResponderEliminarquando fala baixinho
faz-se noite
e tocante dela
é o silêncio
...
Grande poeta e amigo,
forte abraço!
das diferenças entre timbre e intensidade é na essência da crase onde habita a variante entre agredir e anunciar; aqui, nos cuidados da importância e em portão de doçura ímpar, a perda alimenta-se de aprendizado e toda poesia reunida em estrada embriaga-se de encontro.
ResponderEliminarpor aqui, sinta-se abraçado, querido Jorge.
...Jorge querido,
ResponderEliminara eternidade é abençoada
por abrigar dentro dela
poetas como você.
baci, amore mio!
Belo poema e imagem maravilhosa!
ResponderEliminarJorge,
ResponderEliminarEssa sua poesia me deixou encantada e a li três vezes e cada uma fiz uma interpretação diferente... Acho que tuas metáforas levam a isso.
Talvez tarde demais disseste eu te amo? O crepúsculo é quase já quando não há tempo...
"e o calor das palavras frias que menstruam a boca:nenhum corpo se alimenta apenas de versos
e até a eternidade já sabe o que é morrer."
Menstruação é prova da infertilidade, do que nao vingou... Achei a imagem perfeita para se falar de palavras que nada mais representam ao coração.
Toda linda mocinho, tua poesia!
Beijokas doces Jorge!
Perde-se a voz em alvoradas ditas assim
ResponderEliminarObrigada.
Um beijo
escrevemos para nos perder e nos encontrar..
ResponderEliminarteus versos se perdem no grito afônico do amor..
belíssimo..
beijos de carinho poeta.
Jorge,
ResponderEliminarTambém sou contra o fim da existência terrena do talentosíssimo Woody Allen, o que acontece é que, como ele possui uma legião de fãs pseudo intelectuais chatos sem noção, isso acaba irritando.
E como ele era muito fã de Ingmar Bergman, resolvemos criar humor em cima disso.
Dois livros dele que eu coloco ente os mais engraçados que já li na vida são Sem Plumas e Cuca Fundida (títulos no Brasil, aí em Portugal eu não sei dizer quais são), que reúnem textos dele da década de 60, originalmente publicados em revistas novayorquinas.
E é bem como citastes, Woody Allen tem fases e fases.
Abraço, meu caro.
Meu querido Poeta
ResponderEliminarUm poema escrito a sangue...com o lápis negro da alma no papel amarelecido pelo tempo...um grito quase suspiro...uma rosa quase veludo...um tempo quase eternidade...um sonho quase infinito...um vazio quase amor.
E meu querido Jorge, foi difícil...e não consegui descrever em palavras o que senti neste vendaval de poesia.
Deixo a minha admiração de sempre e um beijinho.
Sonhadora
Oi Jorge, as vezes é impossivel ler um poema e falar sobre ele. Talvez o que interpretamos é diferente da inspiração que levou o autor a escreveu tal versos. Li reli, treli, e o que posso dizer é que tu é um artesão das palavras. Você sempre consegue colocar sentimentos, sensações, e muito calor nas palavras, sempre de maneira profunda e maravilhosa. Fico sempre em estado de graça e de encantamento quando te leio. Por vezes sinto alguma parte do poema me lendo.
ResponderEliminarParabéns, lindo como sempre poeta.
Beijos e ótimo começo de semana.
quase, quase que caia, quase
ResponderEliminara última frase espeta uma faca bem afiada, deixa que o sangue corra e ganhe ferrugem
bela foto, temos, como ja escrevi, fotografo
abraço
LauraAlberto
Espetacular Jorgíssimo. Aprender a perder é algo de sobrevivência, hoje em dia. Grande beijo!
ResponderEliminarE na pele ficam gostos, lembranças, cheiros...Sempre marcas de um alguem que já não nã se faz presente.
ResponderEliminarConcordo com a Luna: " Bom ler-te moço bonito."
Bjos achocolatados
Oi Jorge,
ResponderEliminarPoema todo lindo!!
Mas essa frase em especial "...aprendi a escrever para te aprender a perder." Eu preciso pensar, preciso..rs
Amei de amar.
Beijo meu
Nossa Jorge, impossível não ser tocada e não se calar diante o lido.
ResponderEliminarAbraços
Priscila Cáliga
Jorge, gosto de ficar assim...apenas saboreando as tuas palavras que têm a força de nos tocar, leio e releio e permaneço nesta envolvencia, que só os grandes poetas conseguem transmitir.
ResponderEliminarbeijos
oa.s
entre a afonia a a voz, a palavra escrita é a que melhor consegue tentar definir o indefinível que já sentimos. como dizer da sombra do que já foi música. como dizer do que nada um dia será.
ResponderEliminarbravo, poeta!
abraço.
Não precisa cantar alto,
ResponderEliminarNem desejar as asas dos pássaros,
Eis que os ventos do pensar,
Já te trazem ao meu sonhar!
Jorgíssimo
ResponderEliminarÉ o que sempre digo. Seu poema sempre me instiga a voltar. Também me instiga a ler Alçada Baptista
em" Tecido de Outono".Vou ver se encontro nas livrarias daqui.
Beijussss
Homem...fiquei sem palavras...e olha que para EU (MOI) ficar assim...é preciso muito: Neste caso muito talento, muita "maestria" com as palavras...
ResponderEliminarBrincas com elas e elas te rodeiam de beleza.
Um poema sedutor, revelador de alguma tristeza...e por isso tão belo, tão doce!
Parabéns, rapaz!
Oi Jorge,
ResponderEliminarEu possuo quase certeza de que comentei esse seu post, mas não o vejo aqui.
Em todo o caso, escrevo este um:
Ainda assim, sempre valerá à pena AMAR...!!
Beijos,
Ô de casa, toc! toc! bem devagar.
ResponderEliminarlinda a fotografia, apesar da demonstração do abandono, onde podemos perceber outras vivas em outros tempos
e quem sabe, a carta que foi guardada seja a mais bela, pois cheira à saliva
preserva a textura do sangue
e o calor das palavras frias que menstruam a boca:
nenhum corpo se alimenta apenas de versos
e até a eternidade já sabe o que é morrer.
a força destes versos...
beijinhos carinhosos
Olhos marejados...
ResponderEliminarBjs!
Para mim,teus textos são para serem sentidos,e não comentados.
ResponderEliminarEsse em especial,sentido em todos os sentidos.
Tu és um mago dos sentidos,Jorge.
Parabéns!
Bom fds.