portel, alentejo
I. a casa
ao roberto de lima
cidadão do imenso mundo,
que é o coração
assim é o tecto
sem telha, vidro ou cal
a aproximar o olhar das estrelas
e do seu rasto prometido.
o chão?
todo o universo,
duro resistente intransponível,
como todas as almas sem metáfora
que se moldam
pelas palavras ditas, lidas, pressentidas.
no interior, seja noite ou dia,
todas as histórias
anunciam direcções e rotas
com que se encantam os incêndios
e se iludem todas as urgências.
é este o enigma da arquitectura:
toda a casa
que pensa e sente
ensina a duvidar.
II. conjuração
a imagem percorre
os labirintos de água
onde mergulhamos os pés.
é chegada a era do gelo:
a plenitude não cabe no verso
e o tempo não é de ninguém.
III. as linhas da fábula
saltito de renascer em renascer
à espera de iludir as mãos
de onde tombam pétalas em chamas
e sonhos oxidados.
só na certeza da morte
compreendemos a vida.
luís represas & pablo milanés, feiticeira
A plenitude não cabe no verso... assim como não cabe num comentário minha admiração por tua voz...
ResponderEliminarBeijinho de fã, amigo Jorge!
p.s:gosto do tom faceto que permeia a voz do Roberto... = )
A imagem da vila é encantadora, é por teto as vezes um céu de estrelas que cobrem os belos e profundos poemas aqui postados.Parabéns.
ResponderEliminarCompreender a vida e seus pequenos prazeres é o segredo da felicidade. As vezes ficamos esperando aflitamente por um grande acontecimento que nunca vem e perdemos a chance de nos deliciarmos com pequenas coisas boas e belas que acontecem na nossa vida! Aí meu amigo tudo perde o sentido, tanto a vida como o ato de viver e sua última frase se torna forte e verdadeira!
ResponderEliminarParabens por mais esse texto.
Não sei se vc quiz falar bem sobre isso que comentei mas essa impressão me veio fortemente no coração, é como sempre falo, seus textos nos trazem emoções mil!
"saltito de renascer em renascer
ResponderEliminarà espera de iludir as mãos
de onde tombam pétalas em chamas
e sonhos oxidados."
Magnífico.
Magnífico.
Abraço-te, grande poeta
e amigo.
Jorge,
ResponderEliminarMesmo assim, enteramente nua, a casa muda confortável pelas tuas palavras. Ainda que ninguém é proprietário do tempo, teus versos conseguem roubar um século de sensações que ajudam a compreender um pó da vida, sem esquecer essa certeza perene da morte.
Um abrazo!.
ps.Hoje a sorte está do meu lado: visito dos blogs e encontro a música do meu paisano Pablo Milanés acompanhando textos tão óptimos como os teus. É um dia apropriado pra jogar loteria !!!
Nas coisas simples,
ResponderEliminarpresentes em cada momento
e estar presente no instante - Habitar a casa
é a mágica da vida...
Sensível, bela tua poesia.
Beijo, poeta!
Assim são as suas palavras fazendo morada em mim...
ResponderEliminarP.s.: Jorge, segunda-feira mando um e-mail pra vc. Tenho novidades a respeito do livro e de como chegarão até ti.
Beijos, meu querido!!^^
"Só na certeza da morte, compreendemos a vida", fantástico!
ResponderEliminarGrande abraço e sucesso!
Teu olhar é tão habilidoso ao contemplar a casa, na sua profunda essência.
ResponderEliminarEu gostei muito do seu comentário no poema “Pó”, você teve uma sensibilidade espetacular.
Beijos
Forte abraço!
quando escutamos as casas que pensam e sentem aprendemos a compreender que o tempo não tem dono ou não se doma, resta-nos a sabedoria das linhas da fábula:
ResponderEliminar"saltito de renascer em renascer
à espera de iludir as mãos
de onde tombam pétalas em chamas
e sonhos oxidados.
só na certeza da morte
compreendemos a vida."
Aplausos, poeta!
grande abraço.
Jorge, meu querido amigo de mesmo mar!
ResponderEliminarBravíssimo!
Poema, foto, escolha da música!
Sou filha de arquiteto, estudei por três anos arquitetura, embora não tenha concluído, e ainda desenhei a casa onde moro.
Posso te afirmar com toda certeza que em qualquer edificação, as paredes respiram; no teto correm veias; e no piso, um puzzle a ser encaixado toda vez que se caminha sobre ele.
Bom seria que em todas casas houvesse afrescos, onde, não interessando quantas camadas de tinta fossem colocadas em cima, e nem quais cores..., ali estaria ele, um soberano escondido a nos desenhar...
... assim como teus poemas!
Grande beijo!
Cecília
As casas acomodam a nós e aos nossos sonhos todos, às nossas alegrias, esperanças...Não é à toa que se diz que apenas uma pessoa especial já "deixa a casa cheia de gente".
ResponderEliminarTenho um carinho imenso por essa canção...Fiquei tocada ao encontrá-la aqui, Jorge.
Beijo enorme pra ti!
Preciosas etiquetas!
ResponderEliminarA casa é a vida. Podemos desejar que alcance o infinito ou nos satisfazermos com paredes e um teto. Nela faremos nossa história e ela abrigará todos os nossos sentimentos.
Bjs.
de arquiteturas e casas e etiquetas e pasárgadas, o que nos habita é em si casa e nos casam como atavios da existência para fazer reverberar, com sede de mãos e construção
ResponderEliminarabraço
p.s. o Roberto tem esse ímpeto da ubiquidade
Não existe casa mais confortável e tão bem construída como esse universo. Onde o infinito é um mistério que não cabe em todos os versos do mundo e nem em todo estudo que se intenta fazer.
ResponderEliminarMas, posso garantir que seus versos tem uma infinitude de sentimentos e sensações que a cada um de nós se chama vivência. Vivemos entre tetos, paredes e texturas, com o corpo confortável, enquanto nossa alma deseja alcançar essa casa que descreves.
Perfeito Jorge.
Beijokas doces para você e muita paz nessa sua vida linda.
Jorge, lindo texto, não sei se a "casa" no qual vc discorreu no texto é a casa inanimada, de tijolos, ou as nossas vidas, o nosso coração, de uma forma ou de outra, gostei muito do texto e parabéns.
ResponderEliminarAbraço pra ti.
Roberto merece esses versos tão regados de sabedorias, se pudesse assinava em baixo.
ResponderEliminarBeijoss
Bom dia, Jorge!Amei o seu poema, magnífico em cada verso.
ResponderEliminar"É este o enigma da arquitetura:
toda a casa
que pensa e sente
ensina a duvidar."
Quanta bendita reflexão colocastes nessa estrofe. Podemos interpretar cada um a seu modo, especial e único.
Quero te parabenizar, pois foi muito inspirador te ler, especialmente esse poema!
Obrigada pela tua presença no meu espaço, é carinhoso e fiel, e isso é muito bom!
Umb beijo grande, e fique com Deus.
Excelente dia para você!
Bjs!
Tua etiqueta, Jorge, coloca-nos com coração na varanda ao aproximar o olhar da alma à forja das constelações; no interior, o encantamento de uniões translúcidas, luzidias, num convite a inundar os pés no labirinto do encontro, aquecendo o gelo em planta, derretendo tempo na fusão dos líquidos, no orbital lírico de pés, arquitetura, conjuração e fábula.
ResponderEliminarTuas palavras, Luis Represas e voz de Pablo Milanés, em vídeo transbordante de afeto, abraçam aquele que, nascido sob a luz de uma lamparina, acolhe o coração de todos como se cada um fosse a pessoa primeira. A vocês dois, Jorge e Roberto, abraço sideral e um brinde, é claro!
da forja:
de que norte, de que lida, de que deserto de morte inunda a vida?
Como são lindas as casas do Alentejo. Saudades de lá!
ResponderEliminarTenho cd de Luis Represas, mas sou mesmo fã de Rui Veloso que pra mim, canta como ninguém as ruas de Portugal. Parabéns pelo belo poema que nos convida a um passeio!
ResponderEliminarnada sabemos da vida como podemos entender a morte que vive momento a momento nas casas humidas e escorregadias das mentes sem tecto
ResponderEliminarbjs
A edificação das casas assumem a postura da própria vida.
ResponderEliminarÓtimo poema, de versos muito bem esgrimados.
Forte abraço!
Querido Amigo Jorge...
ResponderEliminarA palavra casa é tão linda..tão abrangente...
Nos leva ao universo, ao nosso eu interior, ao lugar onde moramos, ao lugar onde fugimos, ao lugar onde sonhamos..
Nada como uma casa simples para ser nosso porto seguro.
Me encanto com sua escrita!!
Um beijo com carinho,
jorgíssimo,
ResponderEliminarrecebo essa braçada de girassóis com o carinho e a gratidão com que recebo minhas melhores prendas.
resta-me agradecer e brindar a nossa amizade.
brindar o poema, filho de um milagre.
sim, a poesia é um milagre, bardo bracarense. e quem recebe um poema já não morre pagão.
abraço grande do
roberto.
Hola Jorge,paso a dejar un saludo y un beijo com carinho
ResponderEliminarMeu querido poeta
ResponderEliminarHoje não te comento...fico apenas sentindo as tuas palavras...os cheiros...a minha infância...a casa onde nasci no Alentejo profundo...raízes de um outro eu, que ficou entre as papoilas na planície que me amou.
Mudando de assunto, estou a comemorar 2 anos de blogue e convido-te para uma fatia de bolo.
E deixo o meu beijinho com carinho e a minha admiração de sempre.
Rosa
Beijinhos
Rosa
Também tenho a sensação de que tudo o que passamos fica gravado em nossa casa, Jorge, seja ela onde for.
ResponderEliminarE, paradoxalmente, é a morte que dá sentido à vida, pois sem a morte, apenas existiríamos indefinidamente, sem aproveitarmos nada da vida.
Parabéns pelos belos versos.
Abraço.
"o chão?
ResponderEliminartodo o universo"
"a plenitude não cabe no verso
e o tempo não é de ninguém."
"só na certeza da morte
compreendemos a vida."
Ah! essas etiquetas!
Se encaixam tão perfeitamente!
Sempre!
:)
Amigo, obrigada de coração pelo carinho deixado no mosaicos na postagem dos "meus aniversários".
Agora a noite, antes de vir para o computador, estava assistindo a um DVD do David Garrett. Gostei demais. Você o conhece?
Gostaria de saber sua opinião sobre ele, pois além de gostar, acho que você entende bastante de música.
:)
Abração, e tenha um ótimo (brasileiro), ou um óptimo (portugues), final de semana.
Cid@
a ausência faz-se presente na saudade que grita do peito, que "a plenitude não cabe no verso"
ResponderEliminaro coração do Roberto, um imenso mundo :)
é mesmo, encanto de amigo.
lindas essas casas, brancas e quentes na serenidade do Alentejo.
e sempre em destaque o que alumia..., lindíssima essa lanterna.
posso dizer um segredo?!.....
- teria que transcrever todo o poema para poder dizer-te qual o momento que mais me tocou!:)
beijinho grande. até logo, querido amigo.
Boa noite querido!
ResponderEliminarperfeito!
e como tal despensa
o comentário e só cabe a mim
ler e reler para cada vez mas
sentir e, admirar e aplaudir!
uma bração!
Oh...que maravilha: o poema, a foto...tudo. Fiquei embevecida, li e reli...e meditei.
ResponderEliminarBom ter amanhecido comigo a ler teu poema...
Obrigada!
BShell
As casas são lugares de afecto, são poemas com portas e janelas abertas ao mundo, solo à medida do desejo das raízes.
ResponderEliminarMágicas as tuas etiquetas!...
Um beijo
L.B.
Jorge querido,
ResponderEliminarestar ausente e recordar..
retornar e sentir tuas etiquetas que me tomam de sensações profundas e diversas..
beijos perfumados de carinho sempre..
Obrigado pela gentileza nos comentários! Você de uma sensibilidade notável, consegue ver os mínimos detalhes, que para os outros passam despercebidos.
ResponderEliminarBeijos
Jorge,
ResponderEliminargostei tanto da forma como descreveste o enigma da arquitectura... esse insubstituível tecto ou até janela que nos faz chegar ao que de maior e celeste nos enfeitiça os sonhos e esperanças. o chão onde os nossos passos palmilham léguas de histórias por contar e que as paredes guardam, pois, se até elas têm ouvidos :-)
no outro dia ouvia algo parecido com isto: se fecharmos as portas e janelas aos erros, a VERDADE estará lá fora (lembrei-me, por falar em arquitectura...)
lindo sempre o que escreves!
Beijinho, amigo!
Muito inspirador seus poemas!
ResponderEliminar"só na certeza da morte
compreendemos a vida."
Perfeito! Resumiu um pensamento tãao grande numa frase simples e certa.. perfeito!
Obrigada pela sua visita e apoio la no Meninas Invisiveis. Até agora as coisas estão indo bem, devagar, mas bem. Já consegui email de algumas meninas se abrindo comigo, e não tenho nem palavras de como isso é incrivel pra mim! De qualquer forma, obrigada de novo pelo apoio, ele é sempre bom e necessário!
Aconchego de palavras em sua (esta) casa!
ResponderEliminarArquitetura de saudade ao lembrar a minha distante...
Bjs dos Alpes
Um banho de lirismo!
ResponderEliminarEsse é o jorgíssimo...
Beijo de quem te admira.
sempre penso que as casas se moldam a nós, e se expandem tanto quanto a capacidade de amplidão da nossa alma. Esse poema é lindo e o Roberto uma alma vasta.
ResponderEliminarquanto a pular de renascer em renascer...será uma sina?
adoro tuas etiquetas, Jorge, como minha alma adora tua poesia!
beijo, poeta querido!
Que lindas as etiquetas que dedicas a esse imenso "cidadão do imenso mundo"...muito, muito bonito!
ResponderEliminarBeijos!!!
E as palavras que se calam em silencio para apenas escrever o que de tão forte e gratificante existe nestes lugares, tocam-me estes sentires...
ResponderEliminarTerminas com uma excelente musica que no mínimo, enfeitiça. Bravo poeta!
um beijinho Jorge.
oa.s
Quando a casa de meu pai e minha mãe, a casa onde fui criada foi vendida e demolida, tive, num momento de lucidez, a consciência de que eu habitei-a, mas que ela me habitará pelo resto de minha vida.
ResponderEliminarTeus versos, caríssimo Jorge, sempre me dão asas.
Uma bela e merecida homenagem ao querido Roberto de Lima.
Beijokas e uma semana luminosa.
Cada gota de água pra mim é importante!
ResponderEliminarvisite e fique se gostar, aqui é meu verdadeiro eu!!! http://www.michellecdribeiros.blogspot.com/
Gostei da foto !!!
Cada gota de água é importante!
ResponderEliminarhttp://www.michellecdribeiros.blogspot.com/
Gostei da foto de perfil
visite e fique se desejar
esta casa está meu verdadeiro eu!!!
Escrita singular. Sempre. Adoro aqui.
ResponderEliminarUm beijo Jorge,
Mih
...a casa mais perfeita que há,
ResponderEliminaré esta na qual habita nosso
espírito enquanto aprendiz
por aqui!
cuidemos dela portanto até
quando chegar a hora de alçar
novos voos, e ela então
descansará em paz.
bjs, alma lindissima!!
Lembrei-me de Exupéry: “só podes viver daquilo que te podes fazer morrer, e o que recusa a morte, recusa a vida”. Sabe Jorge, sinto que meu olhar como leitora mudou. Antigamente eu vinha aqui, contemplava, mas sentia dificuldade em pegar o espírito dos teus versos. De uns tempos pra cá, eu leio e me sinto dentro deles, como uma parte do poema.
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