I. ciclo
da primavera,
dois pés rebentam em vaga
lado a lado.
do verão,
a pele em brasa lava o desejo
em incêndios de mar.
do outono,
soltam-se os dentes
na boca da falésia.
do inverno…
guardam-se destroços de pedra
nas águas irreparáveis.
de que nos servem, afinal,
os ossos?
II. bílis
esta noite
todas as entradas do dicionário
são variações sinónimas
da palavra
chumbo.
III. verbo “querer”
eis
o deus da gramática
e o diabo dos homens.
IV. amnésia
soube um dia o teu nome
[inventei a linguagem
para te saber dizer]
esqueci um dia o teu nome
[há sempre um inverno
na meteorologia de cada homem]
nine inch nails, leaving hope
Ótima postagens, muito bom mesmo os textos.Parabéns
ResponderEliminararnoldo,
ResponderEliminargrato pela viagem e pelas palavras. todos os trilhos valem a pena se os sentirmos percorridos nos seus múltiplos sentidos; assim é a escrita, em geral, e a poesia, muito especialmente.
um abraço!
Sentimentos forte e envolvente. Adorei.
ResponderEliminarBjos!
Olá, Jorge,
ResponderEliminarpasso para deixar meu abraço e um 'demais!' pelas fotografias e de palavras deixo as de Mário Quintana
"VIDAS
Nós vivemos num mundo de espelhos,
mas os espelhos roubam nossa imagem...
Quando eles se partirem numa infinidade de estilhas
seremos apenas pó tapetando a paisagem.
Homens virão, porém, de algum mundo selvagem
e, com estes brilhantes destroços de vidro,
nossas mulheres se adornarão, seus filhos
inventarão um jogo com o que sobrar dos ossos.
E não posso terminar a visão
porque ainda não terminou o soneto
e o tempo é uma tela que precisa ser tecida...
Mas quem foi que tomou agora o fio da minha vida?
Que outro lábio canta, com a minha voz perdida,
nossa eterna primeira canção?!"
um abraço
Coladas em páginas permanentes:
ResponderEliminarI - A espiral corpórea das estações;
II - Bílis plúmbea, o dicionário intoxicado, com saturnismo;
III - Breve tratado schopenhaueriano-budista; perfeito;
IV - Das condições climáticas que condicionam a boa visibilidade mnemônica das palavras; para ser colada como ex-libris.
Enfim, ótimo!
Grande abraço, Jorge.
Das suas palavras escorrem a beleza das estações num dia em que a saudade abraça as palavras. Versos que se desenham em cada detalhe fotografado pelo olhar. Numa chuva fina que cai, num sol que radiante brilha entre o arco-íris e pelos ventos que embalam os dias, sinto cada letra escorrendo em sentimentos por aqui...
ResponderEliminarBeijos querido
Meu querido amigo do além-mar.
ResponderEliminarMuitas etiquetas para apenas um comentário.
O que posso dizer do tempo, do clima, de nossas próprias estações? Se não que temos nossa meteorologia do sentir: o inverno quando faz 40 graus, ou o sol de verão na neve?
Às vezes chove muito, grande tempestade, e estamos no deserto.
No úmido das matas e a alma nos parece seca.
Nosso próprio ritmo definindo o divino!
Jorge, belíssimo como sempre.
Aqui em Buenos Aires tive uma divina experiência também, a oportunidade de visitar a 37a. Feria del Libro (45.000 metros quadrados, 8 pavilhões, 42 países, 1500 expositores), muita cultura e livros de todos os tipos até onde nossa imaginação pode alcançar.
Foi o quente da lareira, naquele frio que endurece. De novo, nossa própria meteorologia!
(vou fazer um post futuro sobre a Feira, com fotos, etc..)
Beijinhos e Feliz Páscoa meu amigo!
http://anaceciliaromeu.blogspot.com
patrícia,
ResponderEliminarespecialmente fortes e soberanamente envolventes, os sentimentos de que falas, quando partilhados. obrigado!
um beijo!
vais, querida,
ResponderEliminareste é o tempo das renovações e reinvenções [a despeito de todos e quaisquer tropeços]. que os espelhos sejam eternos, mesmo que nas mãos de outrem que os segure.
beijinho!
marcantónio,
ResponderEliminarsaudades é, provavelmente, palavra menor para projectar as sensações do reencontro contigo e com as tuas leituras sempre muito além do que os próprios textos sugerem.
pergunto-me se não será a poesia [na linha de pensamento schopenaueriana que invocas] uma representação que alavanca, no homem, expectativas, desejos e paixões - enfim, a vida (ou vidas).
um forte abraço!
suzana,
ResponderEliminarcada homem é todas as estações, ainda que não em ciclo [em rigor, quase sempre em contraciclo]. gerir as invernias plúmbeas com o sol das epifanias é tarefa hercúlea. e as escolhas são sempre fatais. por que não é ele, o homem, como os deuses, que se especializam em apenas uma das meteorologias?
um abraço!
querida amiga cecília-de-além-mar,
ResponderEliminarcada homem é todas as estações - não poderia estar mais de acordo contigo. os ciclos não se sucedem; ao invés, desarmonizam as sequências e estabilizam o caos. e é nesta galáxia meteorológica de imponderáveis que tudo se torna (im)possível.
ah, buenos aires! como te invejo! a argentina é seguramente dos países que mais desejo conhecer fora da europa. levar-me-ás até lá no teu próximo post, seguramente. fico a aguardar em pulgas :)
beijinho e até ao teu regresso! boa páscoa!
...das etiquetas, talvez, essa a mais bonita.
ResponderEliminarem estações de sonhos, meteorologia impecável a fazer mover músculos.
Oh Céus...quanta sensibilidade...!!!!!!!!!!
ResponderEliminarDeixo-lhe tremula
Um beijinho
da
Assiria
viva caro amigo jorge pimenta!
ResponderEliminaros teus poemas sempre pesam no pensamento.
abraço.
aproveito também para fazer um pouco de publicidade (espero que não leves a mal)
Já se pode votar nos Troféus Milho-Rei (II edição), Jornal Barcelos Popular, para as diversas categorias culturais e desportivas.
Aqui vai o link: http://www.barcelos-popular.pt/trofeusmilhorei
Eu, Flávio Lopes da Silva, estou nomeado para Mérito cultura na literatura.
Apoiem-me
abraço a todos
flávio
...Jorge meu queriduxo poeta,
ResponderEliminaruma felicíssima Páscoa
carregadinha de paz,
é o que o meu coração
deseja neste momento
à você, e a todos os
seus amores.
beijokas!
querida rejane,
ResponderEliminarestações de sonhos, coleccionamos; estacionados nos sonhos, recusamos.
agradeço os múltiplos carinhos que por cá vens deixando!
beijos mil!
assíria,
ResponderEliminartodo o beijo para ser beijo tem de ser trémulo e de fazer t[r]emer :)
um beijinho!
viva, flávio,
ResponderEliminarsurpresa boa reencontrar-te por aqui, e sempre com novidades. é evidente que terás todo o meu apoio, ou não conhecesse eu a tua mão certeira e delicada [combinação nada fácil de efectivar, convenhamos].
um abraço e felicidades para o que resta da votação!
vivian,
ResponderEliminaragradeço e retribuo os votos de uma páscoa feliz!
beijinho!
inventamos o verbo para significar ausências, quem foi que disse que palavras curam as cicatrizes que rasgam a alma, o corpo é mais veloz que a escrita e há de se libertar,
ResponderEliminarabraço poeta
Queremos, por vezes, que, entre os dias e com o passar dos vários ciclos, o esquecimento nos leve “o” nome… Mas há nomes – como palavras, gestos e olhares – que nenhum Inverno apagará. Enquanto isso, «a pele em brasa lava o desejo/ em incêndios de mar».
ResponderEliminarGostei verdadeiramente, amigo!
Beijinho grande!
Jorge,
ResponderEliminarSabes como gosto destas tuas etiquetas :)!
São os homens e os poetas as estações da vida. As palavras semeadas, rebentam em aromas que alimentam quem os deseja e embriagam-nos quando provamos os frutos onde as sementes nascerão renovadas...
São os homens e os poetas as estações da vida.
As palavras derretem-se nos incêndios dos corpos e "querem" ser deus nos olhos das mãos, nas mãos que as olham...
São os homens e os poetas as estações da vida.
E em qualquer linguagem há sempre estados de alma sem nome, sonhos e realidades que vestimos/despimos em qualquer estação...
Um ciclo renovado, um poema na boca das mãos...
Beijinho!(em tons de azul-céu, pois concordo infinitamente com a necessária especificação, pois no campo sou bem mais virada para os tons vermelho-águia! :))
III. verbo “querer”
ResponderEliminareis
o deus da gramática
e o diabo dos homens.
Concordo...beijos achocolatados
Do ciclo das estações o corpo inquieta inteiro no movimento dos ventos e do perfume das flores; o cair das folhas e o incêndio do mar a cortar os ossos.
ResponderEliminarPesa não ver sentido para o sentido de um desejo que se perdeu no inferno do esquecimento, aquilo que já foi alegria, agora é tristeza.
Há inebriante beleza nestas etiquetas...
Beijos e uma feliz Páscoa, querido Jorge!
Hoje, as fotografias roubaram minha atenção... especialmente, a florzinha cercada de pedras por todos os lados... linda e impávida florzinha!
ResponderEliminarHá tempos que já notei que, por minhas andanças, sempre houve uma flor no caminho, mesmo que metaforicamente... e, como tu, recortei-a do dia e guardei dentro de mim... uma forma de saciar o desejo de tê-la sempre comigo...
Encantada estou, alado poeta...
Beijinho com gosto de chocolate... Feliz Páscoa!
Salve, Jorge, saudadesa de te ler, ando com o tempo apertado... Vou chegando devagarinho e voltando, pouco a pouco, a reler meus poetas queridos. Embora outono aqui, hoje é verão na alma e a pele em brasa lava o desejo em incêndios de mar. Tão bom acompanhar as tuas estações!
ResponderEliminarBeijos,
Cheguei vestida de Outono...nas mãos destroços de Inverno com anseios de Verão...e no meu corpo
ResponderEliminartantas palavras...esquecida de que em cada olhar pode haver Primavera...e vou como sempre plena e com Papoilas no olhar.
E...calando-me...desejo-te Poeta Maior...uma Feliz Páscoa com flores e amores.
Beijinho carinhoso
Sonhadora
Estou "roubando" a imagem da papoila que adorei.
Jorge,
ResponderEliminarteus ciclos são versos a me alcançar para além do chumbo que pesa no querer momentâneo..
o amargor que me consome o ser..
e então tenho de volta tuas etiquetas..
a me lembrarem de toda a intensidade que nossas "estações" podem nos trazer..
um reviver,se assim posso sentir..
um beijo carinhoso querido amigo, e que a Páscoa seja de luz e bençãos a ti e aos teus..
Jorge,
ResponderEliminardiria que os ossos nos fazem caminhar por entre as estações (e as nossa estações) mas é mentira, se até esses ficam tantas vezes corroidos com o frio e paralisados com o calor...
o que nos manterá firmes, então?
Beijinho amigo, obrigada por nos trazeres um pouco de sul em viagem.
Boa Páscoa!
p.s. gostei da envolvência da música
"inventamos o verbo para significar ausências"
ResponderEliminarquerido amigo assis,
o pior de tudo é que há ausências que não se dizem e se tornam companheiras da luz na velocidade com que abandonam o corpo. e aí, sim, sobra a palavra (dita e por dizer), que a ausência não tem coração.
um forte abraço!
cristina,
ResponderEliminaro esquecimento, apesar das falsas aparências, é a fiel companheira da memória. nada (nenhum nome, nenhum rosto, nenhuma carícia, nenhum olhar) do que a memória concebeu poderá desaparecer, porque o homem é... memória e perdê-la seria antecipar o seu próprio fim.
"cultura é toda a memória não genética" - lotman
beijinho grande!
"São os homens e os poetas as estações da vida"
ResponderEliminarquerida jb,
e se dúvidas houvesse, cá estás tu para materializar esta tese; não há texto que se renove e reinvente depois de inalado pelos teus olhos e sufragado pelas tuas mãos. os homens e os poetas são a verdadeira meteorologia; infelizmente, nem sempre as quatro faces do tempo se distribuem na medida do que a natureza promete e o homem persegue. a diferença? o homem sofre na sua solitária resignação; o poeta amotina-se tendo a seu lado os verdadeiros mercenários de guerra: as palavras.
beijinho em tons de encarnado-vivo [de uma primeira conquista - sofrida -, mas com ainda muitas outras por celebrar - espero eu :)]
sandra,
ResponderEliminarpudéssemos nós brincar com as palavras e rapidamente o verbo "querer" se tornaria no deus dos homens e no diabo das gramáticas...
beijinhos e muito chocolate [hoje é dia sem restrições calóricas, verdade? :)]
querida lívia,
ResponderEliminaré o ciclo da natureza, é a inconstância da condição humana; o que é, já quase já foi e ainda está por ser. nada é definitivo. ah, esta meteorologia do homem... para quê esperar pela cor nos frutos, pergunta-se ele?
beijinho e uma feliz páscoa para ti também!
aninha-de-luz,
ResponderEliminartalvez essa fotografia seja a verdadeira metáfora da vida: mesmo que por entre trilhos empedernidos, haverá sempre beleza e encantamento para podermos vir a dizer que, afinal, vale a pena!
beijinho imenso e uma papoila!
taninha, querida,
ResponderEliminaraqui faz-se verão sempre que te fazes presente. e, crê-me, nesse então até a meteorologia humana se faz menos discricionária.
beijinho com votos de uma feliz páscoa!
querida amiga-do-sonho,
ResponderEliminarcomo são vivas as palavras que trazes no corpo e que aqui depões com ternura infinita.
que a descrição que aqui fazes [em tons de outono/inverno à chegada para para partires nos de primavera/estio] seja prenúncio do ciclo de renovação que, nesta páscoa, a todos nós se abre.
obrigado!
beijinho!
querida ingrid,
ResponderEliminarmesmo que com o dicionário em tons plúmbeos, a insuspeita certeza de que para lá das palavras respiram movimentos, rostos e desejos que se abrem em tons bem mais claros. aquilo que a todos desejo é que os saibamos ver e, qual flor perdida no trilho que se rasga sob os pés, colher.
beijinho com votos de uma páscoa feliz para ti e os teus!
há momentos, querida amiga andy, em que os ossos são mera figuração de uma representação menor; diante deles, até os vermes se assemelham a borboletas coloridas. e, famintos, esquecemo-nos de caminhar rectos, verticais, humanos. de que servem, afinal, os ossos? sei lá eu...
ResponderEliminarbeijinho em tons violeta para uma páscoa feliz!
Jorge, é a aprendiz retorna à casa do mestre. Perdão por ausentar-me! Hoje, limito-me à absorção da vossa etiqueta, e com pergunta que se tatua: 'de que nos servem, afinal,
ResponderEliminaros ossos?'
Abraços
Priscila Cáliga
Jorgíssimo,
ResponderEliminarDe tuas etiquetas, perfeitas: todas, a III, do verbo 'querer', é um tratado das almas, reduzidas a pó-esia...
Querer? Queria mais que não querer; querer sempre fere, haver desejo é nunca realizar (ou ter), conquistar é pesado como envelhecer, perder é fonte de encontrar, sonhar é certo se arrepender; queria mais que não querer...
Gostaria que me visitasses no título "O Poeta Garcia Lorca Ressuscita um Instante", dedicado a ti, que me será grande honra receber-te, amigo maior do Minho...
Abraço de domingo de Páscoa e paz,
Pedro Ramúcio.
querida priscila,
ResponderEliminarse há mestre e aprendiz, assumo que os papéis que anuncias têm os rostos trocados. cada viagem no teu canteiro é uma experiência poético-filosófica renovada.
fico imensamente feliz por te sentir por cá. mesmo sabendo que os ossos, tantas vezes, são meras figurações de deuses sarcásticos sobre os homens, e que a classe dos vertebrados mais não é do que uma mentira paliativa.
beijinho com saudades!
amigo pedro,
ResponderEliminarde quereres sabe o homem; de poderes sabem os tiranos; de muito querer e pouco poder sabem os poetas :)
cito camões a propósito do amor: "é um não querer mais que bem querer".
quero [e o tempo e o modo são assertivos intencionalmente] agradecer-te o gesto de imensa bondade que anuncias lá no canto geral; acabo de por lá passar e de deixar uma pequena marca-agradecimento. lorca vale toda a poesia [há quem o tenha dito, já, a propósito de camões - schellegel, creio; arrisco dizê-lo para uns quantos camões que o milénio já conheceu], mas aquele texto que o invoca, conjugando o lodo e as luzes que nos restauram inteiros a cada alvorada, ainda para mais com dedicatória definida, tocou-me profundamente. é, cara, tens assim uns quantos gestos de bondade que deixam todo o mundo assim meio sem jeito [isto de ter visto algumas novelas quando miúdo sempre me ajudou a mimetar o tom de terras de vera cruz :)]; parece marca identitária de valadares: tu e o roberto são exactamente assim - homens maiores!
um forte abraço desde braga!
Apenas para te cumprimentar, te felicitar e te desejar Páscoa e 25 de Abril Sempre
ResponderEliminarA M O suas etiquetas!
ResponderEliminar"Há sempre um inverno na meteorologia de cada homem"...Sabe que eu sempre desconfiei disso, amigo? :)
Saudades daqui!
Tenha uma linda semana, amigo Jorge.
Beijo afetuoso
Cid@
Jorgito poeta poeta,
ResponderEliminarOs quereres que nos desenham humanos, esse sentimento bruto que a gente arrasta, ora pesado como o chumbo, ora suave como a mão que recebe o filho no primeiro toque.
Imagens e etiquetas em tom maior, canção para os olhos.
Bjs de querer e semana de paz
querida c. das paisagens frias do tirol,
ResponderEliminaresse é o debate que se nos impõe a todo o instante: como regular o calendário das emoções, o roteiro das decisões, a meteorologia da humanidade? o mais irónico de tudo, é que cada um de nós tem a sua própria medida de chuva e sol, de frio e de calor - tantas vezes dissonante da daqueles com que nos relacionamos...
um beijinho de neve-luz!
amigo jad,
ResponderEliminarsempre sentidas de modo especialíssimo as tuas visitas. tenho saudades de uma boa troca de dizeres contigo, pessoa de intelecto e sensibilidade tão profundamente estimulantes!
um forte abraço primaveril, pascal e de abril [apesar dos ventos turbulentos que sopram de um qualquer lugar sem geografia] - sempre!
forte abraço!
querida amig@ cid@,
ResponderEliminarquantas vezes não sentimos nós, já, um vento que sopra do lado de lá da montanha e do lado de cá do corpo? quantas vezes o frio não fez morada no corpo e o calor estalou o espírito? e quantas vezes não sorrimos sol e choramos mar? ora, se não há uma meteorologia em cada homem :)
beijinho imenso!
p.s. saúdo o teu regresso ao mesmo tempo que faço votos para que a pausa com a tua querida bruna tenha sido especial - foi-o, por certo.
ira, queridíssima poeta-amiga,
ResponderEliminarse todos os nossos quereres fossem poderes e fazeres, talvez a criação assistisse à emersão de uma nova linhagem: a dos quase-homens. apesar de tudo, valorizo esta nossa condição frágil, incompleta, imperfeita - razão maior para nunca desistirmos de lutar.
um beijo e mil quereres!
Meu caro, depois da segunda leitura e do delírio acerca da geografia do homem através de teus versos, me peguei aqui tentando imaginar seu momento de criação. A derme ali em estado de letargia ou excitação (não sei) e os versos saltando sobre a folha, tela... Queria vislumbrar esse ritmo, esse entusiasmo. Queria ouvir tua voz a resmungar essa "cantiga" mas me contenho aqui com o meu murmúrio que tenta se apoderar de um ritmo só meu. Ao fundo um corpo vaga na ilusão silenciosa de mim mesma e eu vou com as linhas para dentro de mim... Seguimos em frente, então. bacio e boa semana
ResponderEliminarmagistral!
ResponderEliminartodas são divinas mas a terceira, além disso, é diabólica.
beijo, poeta precioso.
(rumo ao sétimo sentido?)
lu,
ResponderEliminarconhecesse eu a corrente silabária da criação. apenas regurgito aquilo que se amotina dentro de mim.
abraço!
cris, querida amiga,
ResponderEliminarsobre diabolismos: há diabos que inspiram :)
rumemos, pois.
até breve, parceira de lira [a]fina[da]!
saudades que ecoam sob o verso, o deixam na ausência e então repercutem os sons da alma - pois porque não? maravilha poeta que delineia saudades
ResponderEliminarbeijos
das estações, sei eu, enquanto os anos passam, escorrem ou correm, temos que passar por todas, uma a uma, um ano e outro e mais outro
ResponderEliminardo fel que sobe à boca, sei eu, depois desce ao intestino, isto se primeiro não caiu no chão da casa de banho
do querer, no dia em que eu não o souber querer, espero até que a amnésia passe
a saudade é o rosto que não conseguimos despir, querida amiga luíza. e ainda bem que há roupagens que se fazem de pele, assim se tornando tão eternas quanto o corpo.
ResponderEliminarbeijinho!
há quereres que são malquereres, amiga laura. nenhuma amnésia será, para esses, cicuta bastante. que a utopia seja o seu antídoto derradeiro.
ResponderEliminarabraço!
a terceira etiqueta me fez lembrar Neruda e seu amor ao verbo querer. será diabólica esta força que move o poeta na construção da poesia? será o diabo a influência dos teus/nossos infindáveis quereres?
ResponderEliminaro que sei é que etiquetas - todas elas - são caminhos de belas construções poéticas.
gosto imenso do que vc escreve, poetinha!
beijocas
Nesta meteorologia da vida, nos ciclos trazidos pelas palavras que nos amenizam as tempestades, exaltemos o poeta.
ResponderEliminarPoesia, imagem, som, em perfeita harmonia.
Beijinho
oa.s
"Inventei a linguagem para te saber dizer"
ResponderEliminarEstamos sempre inventando-a, não é? E a tua é cada vez mais linda.
:)
I. ... os ossos, encanto-de-amigo, é o que roemos quando nada mais resta.... (inquieta-me esse teu inverno...)
ResponderEliminarII. ... o veneno do desconforto solitário, o aço no fio que estrangula na garganta... o respirar!
III. ... porque tanto te quero!?... e as minhas mãos sempre vazias?!...
IV. ... tantos são os invernos! e os nomes apenas congelam, para não se perderem! mas afinal, para que servem os nomes, se a linguagem é sempre única e o nome é universal:
amor!
e por fim a música, a letra, o video...: a ansia, a esperança..., haverá um encontro, um brinde à vida?!
[cada imagem tem para ti um significado especial, um sentir só teu, só tu sabes :)), mas são lindas :)), não sei qual a mais linda, sei que adoro essa papoila solitária a rebentar das pedras, tal como os dois pés..., lado a lado!
beijo, encanto-de-amigo :)
Jorge-de-além-mar,
ResponderEliminaraqui em Terras Brasilis não dormirás no relento, nem passarás fome; por aqui sol forte e inverno de calor. Ainda na nossa própria meteorologia.
Estou aqui no sul, mas ofereço eu e minha família, o calor de uma estada quando, por fim, puderes realizar o sonho de conhecer Buenos Aires.
Nós temos uma música regionalista que diz assim: "olhos abertos, o longe é perto o que vale é o sonho".
Quem sabe...
Será uma honra receber maravilhoso poeta do além-mar, quem sabe se transformarás em poeta-cá-desta-terra rsrsrs
Grande beijo.
Saudades daqui...
ResponderEliminarJorge, que belos versos, como sempre alias...
Bjins entre sonhos e delírios
A poesia grita sob as sombras que não conseguem esconder tuas palavras. e sob este som do nine inch nails a leitura delira e viaja.
ResponderEliminargrande abraço, amigo!
Tu poeticamente lançaste teus próprios sinônimos e eles atravessaram o dicionário e a gramática, indo derramar seus lirismo no coração de quem te lê.
ResponderEliminarLindo teus versos, Jorge.
Sigo-te.
Envolventes as tuas palavras...fazem viajar meus pensamentos...
ResponderEliminarBeijo d'anjo
loba,
ResponderEliminaro querer que não acende a chama do poder e do fazer consome-se no pavio curto e na chama breve, mas eterniza-se na gramática. que inferno humano consegue arder para lá das labaredas da (im)possibilidade?
beijos e uivos!
imenso oceano,
ResponderEliminarporque toda a viagem é cíclica, também as palavras amadurecem, ganham rugas e envelhecem, sem nunca, todavia, morrerem. há, entre elas e a significação, uma seiva que lhes troca a roupagem e metamorfoseia em tantas realidades quantos os olhos que as tragam. é essa a meteorologia do dizer :)
beijinho!
carina,
ResponderEliminarinventamos, mudamos e reinventamos a linguagem - assim anunciam as teorias da evolução linguística. mas seguramente que, nela e por ela, também aquele que escreve e o que lê mudam. felizmente, acrescentaria eu :)
beijinho grande!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminaros ossos são meras estruturas que, se gemem com o algodão, esperneiam com o aço e o chumbo [mesmo que lhes escondamos a cor cinzenta dos dias assim]; há, por vezes, que sentir o chumbo para se saber quanto pesa.
os que perderam a fé procuram recuperar a cor dos dias na transformação dos desejos [que generalizadamente resguardamos da chuva na varanda do querer] em amor intangível - o que se sente e respira mas não se toca. acreditam que assim todos os infernos sejam apenas figurações abstractas para assustar as criancinhas em dia de catequese. pobres, esses...
beijinho grande!
querida cecília,
ResponderEliminara meteorologia da tua amizade comove-me. quem sabe um dia? :)
há tempos, em conversa com um grupo de bloguers/poetas/jornalistas [roberto de lima, pedro ramúcio, laura alberto, entre outros] falávamos justamente de quão magnífico seria um dia encontrarmo-nos todos num qualquer ponto minúsculo deste globo para podermos tornar reais as ondas de amizade que se [pres]sentem via-escrita. tão bom seria!
um beijinho e um sorriso muito especial!
amiga-reflexo,
ResponderEliminaragradeço a simpatia das tuas palavras.
um abraço!
amigo celso,
ResponderEliminara poesia não é como o homem que se agarra à morfolgogia do chumbo; por mais cinzenta que seja, respira éter, elevando-se acima das sensações que suscita.
nine inch nails é também um mundo de sensações. são feras violentas em palco, mas despertam sensações de veludo. incrível, mesmo. já tive a felicidade de os ver ao vivo cá em portugal e valem tudo o que suam e fazem sonhar.
um longo abraço!
marly,
ResponderEliminaré assim mesmo a poesia: depõe uma semente no peito de quem a leia. mas o mérito não está em quem a escreve; está em quem a lê e na nobreza do seu coração.
um beijo!
sonho,
ResponderEliminarque a viagem se faça com poesia e depois dela.
um beijo, amiga!
passando somente pra desejar-te dias de luz...beijos achocolatados
ResponderEliminarDeliro em suas letras.
ResponderEliminarbjs
Insana
Jorge, bendita inspiração essa tua, criando gramáticas, colorindo chumbo fazendo nascer a mais bela poesia, a que se torna humana, sem precisar de ossos, ou paisagem que se faz e refaz a cada instnte mais bonita...
ResponderEliminarCheguei aqui através de um amigo comum e fiquei agradavelmente surpreendido, pois a tua poesia é excelente.
ResponderEliminarParabéns pelo talento que as tuas palavras revelam.
Abraço.
Querido Jorge,
ResponderEliminarconcordo totalmente contigo e seus amigos.
Te faço uma proposta, pode ser executada em anos, meses, sem prazo definido.
Se vieres para o Brasil, terás casa, comida, acolhimento, conversas, passeios. Será uma honra te receber, de verdade.
No mesmo, tentarei conhecer Portugal, quem sabe... Sinto-me envergonhada por ter "pulado" no mapa, seu país, as duas vezes em que fui para a Europa. Grande pecado! rsrsrs
Me perdoa?
Grande beijo amigo de além-mar; ou cá-destas-terras.
sandra,
ResponderEliminarsempre a palavra meiga e o carinho achocolatado na voz :)
obrigado, doce amiga; retribuo o carinho desejando-te um final de semana especial.
beijinho!
insana,
ResponderEliminarsão delírios verbais que se estendem, algures, entre corredores de sanidade e o que deles sobra em insanidade. as letras são sempre balanças entre o que de melhor e pior guardamos em nós.
um abraço sentido!
janaina,
ResponderEliminarestou convencido de que nos definimos, sobretudo, por aquilo que pensamos, sentimos e dizemos. o denominador comum a todas estas formas de ser é justamente a linguagem, que umas vezes reflecte leveza, outras escurece em nuvens plúmbeas. e quando a linguagem se dobra sobre si mesma, abre portas para uma nova dimensão: a poesia. pergunto-me: por que será que a poesia apenas se manifesta quando a boca clama pelo pólo norte e as mãos tocam o extremo sul do globo?...
beijinho grande!
nilson,
ResponderEliminarfico muito contente que tenhas chegado a estas viagens plurais e ainda mais que aquilo que encontraste te tenha agradado.
daqui te agradeço com um forte abraço!
querida cecília,
ResponderEliminara proposta é tentadora e atrevo-me a dizer que irrecusável, seja em 10 anos, seja em 100 [quando menos se espera a esperança de vida do ser humano triplica, hehe]. acredita-me que está nos meus horizontes, num qualquer momento da vida, cruzar o atlântico e conhecer terras de vera cruz; nesse então, procurarei estar com alguns daqueles que sinto como meus amigos ora mais recentemente - como é o teu caso -, ora já há uns anos. de novo te agradeço a gentileza que sei ser genuína; do mesmo modo te digo que no dia em que visites portugal [estou seguro de que não te arrependerás] terei o maior gosto em te receber nestas terras minhotas da bracara que já foi augusta. deixemos o calendário caminhar mas com as pernas curtas :); que as ideias amadureçam e as obras nasçam. oxalá!
um beijinho imenso, querida amiga!
Há etiquetas que se prendem à pele...
ResponderEliminare há pele que as não quer/sabe agarrar...
ResponderEliminarum abraço!
É sempre muito bom te ler, querido.Maravilhoso teu post.
ResponderEliminarAs palavras tem o valor e o peso que nós damos à elas...
Beijos e um lindo dia.
por isso há dizeres que são plúmbeos, verdade, querida parole? agradeço a leveza das palavras que aqui me diriges.
ResponderEliminarum beijinho!
Querido Jorge,
ResponderEliminarA forma como descreveste Sagres e o Cabo São Vicente foi tão bonita que permitiu uma viagem quase como se eu estivesse lá... Te agradeço muito por isso, tua expressão na escrita permite encontrar além e convida a reler, a viajar pelas palavras. Descobrir esse espaço, com tanto brilho, não teria sido possível sem tua intervenção. Sinta-se enormemente abraçado à esquerda do Atlântico.
Agradeço por aqui, por foto arrebatadora dos sinos da igreja.