deixei o poema na tua mão.
para que mo pediste
se te demoras em pontes inquietas
aguardando a passagem dos rios?
eu sei, não queres correr
e todas as decisões
são apenas poeiras inúteis na superfície do ar.
que tudo passe, que tudo leve e transforme
diante das orbes frágeis dos olhos,
desejas,
mas nem isso consegues dizer mais alto do que o medo
porque todas as palavras vivem dos segredos
e do que não deixas entender.
há em ti um modo secreto de tudo dizer
e um instrumento barroco a dourar-te o silêncio
como se respirassem nele as verdades da escrita.
deixei o poema na tua mão.
enlouqueço na apatia das letras
e estremeço na letargia dos sons
porque esqueci de que cor é o lírio da tua voz.
já não sei escrever
e os meus lábios adoeceram no frio da canção
enquanto o mel da criação
funde os sexos numa massa mole
que se desprendeu da árvore
e apodreceu na mão do criador.
até os deuses parecem figuras menores
com existência digital
entretidos a pôr laços pretos nos pescoços dos homens.
mas, olha, não desisti de saber
onde escondes o pêssego maduro
que atravessa os ossos esquecidos
enquanto o corpo treme
acendendo a poeira e todas as promessas sem roupa.
porque a vida é a minha sentença,
rejeito as pálpebras do mundo
e as cortinas onde se escondem os desejos transparentes.
the national, vanderlyle crybaby geeks
O poema é fantastico e le-lo ouvindo essa musica ainda...Fica perfeito.
ResponderEliminarBjos achocolatados
Gosto muito desse jeito de escrever, deixando um emaranhado pelo ar.Parabéns
ResponderEliminarQue lindo! deixas-e o poema nas minhas mãos...
ResponderEliminarNão ousei e peguei-os
vivi a sensação do meu avesso
escrevo ainda esses versos ainda que guardo memórias..
Michelle Crístal
escrivaninhadamichellecristal.blogspot.com
Mais uma vez o google, me deixando na mão!
o pó do silêncio
ResponderEliminartremeluzem notas de orvalho
no espectro da noite
esse é pra ti querido...e o que me fez sentir
um beijo
esse poema é uma frondosa macieira
ResponderEliminarcom toda a sua languidez e volúpia
...
forte abraço,
grande poeta e amigo.
Saudações, querido Jorge,
ResponderEliminarbem que tentei buscar outras palavras para descrever este verso branco, mas não rolou, então fico em LINDO! LINDO! MUITO LINDO! EXTREMAMENTE EMOCIONANTE!
beijo pra ti
Sua poesia tem essa característica sinestésica a nos t(d)omar.
ResponderEliminarBeijo.
Mas olha desisti de saber
ResponderEliminaronde escondes o pessego maduro
Puxa! Que legal essa frase! E que legal o poema inteiro! Parabens amigo Jorge! Vc é dos melhores!
Um abração! Passa lá depois.
para que pouparmos os olhos, se nos resta o som, e os ouvidos, se nos resta a pele, e o tato, se nos resta o gosto, e saliva, se nos resta a língua com suas palavras que martelam a memória.
ResponderEliminarque valia teria um poema tão belo (absurdamente belo) quanto este não fosse assim?
e a música do The National ficou perfeita aí...
grande abraço, meu amigo! com toda minha admiração.
Tristeza tão bela
ResponderEliminarsó em tua voz...
Maravilhoso retorno, Jorge...
Beijinho com saudade!
Muito forte
ResponderEliminarabraços
jorge querido,
ResponderEliminara retórica é verdadeira, o poema segue o compasso da pulsação, segue seus caminhos em harmonia, cria vida, nos tira do serio, poetando a palma da mão, teus versos são lindos adoro, "porque todas as palavras vivem dos segredos" dos nossos segredos mais secretos e das nossas magias transformadoras. lindo...
deixando um beijo e uma linda madrugada pra ti querido...
Brevidade e um certo mistério.
ResponderEliminarO não saber, mas a procura.
Será a vida?
O amor?
Ou simplesmente o caminho?
Um abraço, querido.
K.
não desisti de saber
ResponderEliminaronde escondes o pêssego maduro
que atravessa os ossos esquecidos
(...)porque a vida é a minha sentença,
rejeito as pálpebras do mundo
e as cortinas onde se escondem os desejos transparentes
excelente final este!!!
(eu que como tanto pêssego, não esqueço dos ossos, e a vida é a minha ANIMA... ) loucuras doces...
/ é bom deixar o poema na mão, porque sentimos que a solidão se torna mais amistosa na companhia das letras)
um beijo
memórias, como num filme...
ResponderEliminar... e um poema largado em uma mão, suspenso no tempo, tremulo no desejo...
poema poderoso, particularmente a última estrofe,
o acto, a realização, o concreto!
a finitude...
da ansia!
magnifico!
e... "the national", à beira mar!...
tudo perfeito, como só podia, de ti!
beijo, encanto de amigo.
Querido Jorge,
ResponderEliminarA vida é a tua sentença - é lindo isso! ...e a poesia também!
Há nos teus versos a beleza translúcida do instrumento barroco, que tudo diz numa transparência possível; não raras vezes sente-se o pulsar no melhor de nós mesmos, num acesso ao intenso brilho da sombra mais espessa, como se a cortina rejeitada não quisesse correr nem rasgar-se. Neste verso branco, mas não sem rima, há uma parte deste tanto. E com a tinta que tu escreves sopram-se poeiras - as sensações sabem disso e esparramam-se nos galhos, aonde quer que se procure, há outro mar.
E por aqui, numa sentença vagante, bebo brilho em contracapa em cálice transbordando.
Imenso abraço.
Ei, Jorge,
ResponderEliminarse não tiver impedimentos com prazer levei este verso branco, mas se tiver é só dizer
beijo pra você
olá querido!
ResponderEliminarmagnifico e tocante!
seus post são sempre
uma surpresa agradável!
um abração!
o mundo é a sentença para os olhos, demasiadamente humanos. penso no imbróglio das retinas formar tantas imagens,
ResponderEliminarabraço
Muito lindo poema! Gostei demais!
ResponderEliminarAo me deparar com a frase: "já não sei escrever", me lembrei de Carlos Drummond de Andrade, que dizia: "o verso é uma vitória sobre os limites da linguagem."
Parabéns pra você, querido amigo vitorioso.
:)
Beijos,
Cid@
Querido Jorge de-além-mar,
ResponderEliminaras corriqueiras reticências (...), que nos produzem interrogações (???), quando desejamos ardentemente por exclamações (!!!).
Creio que precisaria de uns dez comentários, para começar a fazer justiça a este poema, tamanha a riqueza e a amplitude de significados em figuras de linguagem que se entrelaçam.
Ou recorrer a matemática, pois o poema em tuas mãos me conduz em projeção geométrica; não aritmética.
!!!!!!!!
Espero que esteja tudo bem contigo.
Grande beijo,
Cecília.
Muito bom, Jorge...seu estilo é muito bom!
ResponderEliminar[]s
Muito bom!
ResponderEliminarGostei daqui, excelente!
Espero ver-te em meu blog. (Obrigado)
Mergulhei no poema e ainda não consegui voltar à superfície: bárbaro!!!!
ResponderEliminarBeijos,
Seu poema em princípio parece que desliza rio abaixo e na sinuosidade das margens estremece na
ResponderEliminarletargia dos sons? enlouquece na apatia das letras? Você deixou os versos removagueando em minhas mãos.Tenho que voltar a descer o rio.
Um abraço
amigo querido,
ResponderEliminarpoeta avassalador..
vontade de adentrar teus versos e sorver cada letra alimentando minha alma..
são perguntas e respostas tão ocultas em nós..
um beijo de carinho sempre.
Linda sua postagem.
ResponderEliminarDe um lirísmo e encantamento apaixonante.
É minha primeira visita ao seu blog mas com certeza voltarei pela sensibilidade e beleza encontrada aqui.
Convido-lhe a conhecer meu espaço poético.
Beijos na alma.
Poeta Maior
ResponderEliminarComo sempre as tuas palavras são um rio imenso, que me deixa à deriva...sem te saber comentar e então deixo-te o que senti ao ler-te:
As palavras são domadoras de tempestades...desbravadoras de sentimentos...navegantes de sonhos...são o desaguar da dor...os (des)enganos...amores e(des)amores.
Uma tela pintada de mil cores...por vezes a gargalhada da vida...silêncios apenas penetrados pelo olhar do poeta...um infinito de (in)certezas...rodopio de palavras promessa...enrodilhadas no próprio corpo...aguardando a passagem dos rios...nas mãos ansiosas do tempo que rasgou os últimos murmúrios e arrastou o último sorriso...deixando nas mãos vazias...apenas um poema silenciando todos os segredos...palavras cruzadas dentro da pele...emaranhadas pelo destino...um salto no escuro.
E assim vou andando...como sempre cheia de poesia.
Beijinho com carinho
Rosa
nossa, jorge, a cada verso se supera... sabes o quanto te admiro.
ResponderEliminarbeijos cristais, poeta precioso!
dica: saudades de ti e de nossas liras.
Jorginho, já te comentei, mas deu vontade de reler. Você é febril, delirante, amo isso!
ResponderEliminarBeijos,
Boa noite, Jorge!
ResponderEliminarComo sempre digo, parabéns pelo poema... Ficou perfeito!
Achei um pouco diferente dos outros, um pouco mais obscuro talvez, mas igualmente incrível.
Um ótimo restinho de semana para ti,
beijo! :)
Jorge,
ResponderEliminar...sem palavras de tão belo!
E... deixo a escrita na tua mão, porque estou indo de férias, quando voltar, preciso ler-te de novo!
Abraço, amigo
Jorge, deixaste o poema em nós, em nosso sentir. Linda musica em complemento.
ResponderEliminarParabéns poeta, soberbo!
beijos
oa.s
Se isso é não saber escrever, eu não sei respirar, Jorge querido.
ResponderEliminarFeliz de quem tem um poema deste nas mãos, e ainda terás muita alegria se com ele vencer o medo. Espero que lembre logo da cor do lírio dessa doce voz com a serenidade e a força das ondas do mar.
Um beijo.
Obrigada pela carinhosa visita e comentário.
ResponderEliminarFiquei impressionada ao ler seu perfil. Quanta semelhança!
Obrigada por seguir meu blog.
Volte sempre!
Beijo na alma
Saudações poéticas!
PS;Fico feliz por minha postagem tê-lo emocionado.
É verdade, Jorge! Exceto Júlio Diniz. Estão estampados José de Alencar, Eça de Queiroz, Luiz Vaz de Camões, Graciliano Ramos, Castro Alves, Monteiro Lobato, Machado de Assis, José de Alencar, Willian Shakespeare e Graciliano Ramos.
ResponderEliminarJorge..
ResponderEliminarPrimeiro vou comentar da sua foto.
Ficaste um gato! rs Com todo respeito é claro..rs
Fico encantada com a maneira com que vc usa as palavras.
Fico até timida em comentar..só aprecio...
Um beijo..
Ma
gostei do poema,adoro ler poemas mas infelizmente não tenho criatividade para comentar. por isso aqui te deixo um grande beijinho aguardando que passes no meu cantinho. Bom fim-de-semana!!
ResponderEliminar..sem palavras..
ResponderEliminarperfect music to..
abrç Jorge
Estava lendo seu poema e pensando... Daqui a alguns anos (se o mundo for justo) estaremos estudando as imagens que produzes por aqui, então vou ter o prazer de dizer a meus filhos: eu bebi na fonte dessa ideias, no âmago do espírito de nosso Jorge Pimenta. Adorei companheiro! Cordialmente, receba minhas reverências!!!
ResponderEliminarUm abraço do amigo do além-mar!!!
Não consigo dizer nada, além de que li, reli e não me senti satisfeita. Seu poema é de um encantamento sublime, daqueles que nos levam a ler cada vez mais.
ResponderEliminarBjs.
Poema rico de imagens, lindíssimo. Simplesmente adorei! Beijos!
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarPassei por aqui a pedido da minha amiga Cissa, do blog Humor em Conto.
E que bela indicação que ela me fez!
Realmente, encontro aqui a mais inebriante poesia. Daquela que desliza pela pele, acordando os vazios adormecidos da alma. Poesia viva, dançante, que de contraponto acalma.
És dom de poeta deixar-nos sem palavras, porque parece que qualquer delas que se use para expressar tamanha beleza, não se aproveitará nada. Mas, ouso mesmo assim a dizer que a sua poesia residiu dentro de mim!
Grande beijo e volto!
Belíssimo poema, Jorge!
ResponderEliminarTomo a liberdade de o levar comigo, já que nos foi deixado nas mãos. Ou não fosse a poesia de todos... :)
Beijos!
Jorge, meu amigo, grande poeta!
ResponderEliminarAh, sendo a vida, sentença, de nada vale entrar em desvença com ela, mas que dá vontade, dá... Mormente em momentos tensos.
Intensos, lindíssimos os teus versos, como sói acontecer.
Beijos da
Zélia