jorge molder
o jornal não espera.
o jornal não espera.
entre as minhas mãos e as pequenas letras
cabe um mundo que desaba a cada instante.
e todavia
o café é o mesmo de sempre:
as mesas têm o mesmo cheiro
as pessoas usam as mesmas gravatas
até o empregado agita a bandeja da mesma forma.
à minha volta
homens indecisos remexem a grande orbe de papel
[serão as suas mãos imensas
ou o mundo pequeno demais?],
às vezes penso que os sítios não existem
senão na minha cabeça
mas porque a agonia transparente
nunca se fez farol no meu trilho estelar
cedo abandono estes caprichos metafísicos.
os livros ensinaram-me que todas as coisas
se dão a conhecer ao ritmo da sua voz
mas no jornal tudo é silencioso:
os golpes do ódio
os golpes do dinheiro
até os golpes do amor.
na derradeira página,
já com os dedos manchados de tinta, café e sangue
o mundo fez-se mínimo:
nenhuma notícia falava de mim ou de ti.
paguei, recebi o troco e saí.
mesmo sem os braços de uma qualquer ciência anónima
fora dos jornais fez-se notícia:
afinal os nossos lábios não são a causa
do vosso mundo imperfeito.
mark isham, flames [o.s.t. crash, 2005]
não contaria as causas, nem acendia um fósforo para queimar, mas dá vontade de mudar, sem ao menos parar um pouco para pensar
ResponderEliminarbeijos
Poeta querido, outra grande obra de arte! Magnífico poema! Simplesmente, amei! :)
ResponderEliminarBeijinhos
O café: as mesmas pessoas, os mesmos gostos, os mesmos rostos... O jornal que não cansa de dizer que a pressa continua, e sobre a mesa, o livro que não para de contar tantas histórias...
ResponderEliminarbeijos meu querido
Será o mundo real ou experiencias vividas?
ResponderEliminarHistórias contadas?
Um flagelo no qual viajamos inconscientes?
Vamos esquecer e tentar recomeçar...
"afinal os nossos lábios não são a causa
do vosso mundo imperfeito"
OA.S
luíza,
ResponderEliminartambém não contaria as causas... para não ter de avaliar os efeitos. mas, sim, a mudança impõe-se-nos, quando o mundo de papel se escreve a tinta vermelho-sangue, indiferente aos matizes que anunciam desfechos diferentes. e o pensamento é apenas o mais nítido dos temores do homem...
um abraço!
amiga-dos-silêncios,
ResponderEliminarsempre doce a tua voz! obrigado pelo teu carinho.
beijos!
o escoar repetido do tempo...
ResponderEliminara rotina que asfixia...
o amor como catarse...
Beijo
suzana,
ResponderEliminare, por momentos, reenvias-nos à boémia francesa, onde o livro, o cachecol xadrez e o café emolduravam as baças tardes de outono em tertúlias e devaneios intelectuais.
um abraço!
SOBERBO. Que mais posso dizer? Apenas sinto que já tinha lido isto. A fotografia, única, são páginas brancas. Interessante, não é? O que levaria este homem a ler páginas brancas?
ResponderEliminarUm abraço
oceano azul,
ResponderEliminarinquietante a tua intervenção: entre as diferentes galerias de um mundo que se constrói indiferente a cada um dos seus filhos, onde, senão dentro dos corações plurais, se construirá a imagem mais próxima do ideal de felicidade?
um beijinho!
sandra,
ResponderEliminarnem uma linha acrescento, sob pena de manchar a tua leitura mais-que-certeira.
[há catarses que, infelizmente, mais não são do que paliativos existenciais. que o amor jamais desça a um plano tão mesquinho].
um beijinho!
olha, há um jornal que fala de todos nós. onde somos noticia diariamente... chama-se, ''as veredas ''pleonásticas'' elevadas da alma água que zumbem diante dos olhos carne... aí somos noticias enroladas a rugir! ''
ResponderEliminarnão-sou-eu-é-a-outra,
ResponderEliminarque diferença faz ler as páginas de um jornal em branco ou as manchadas pelos mesmos traços de tinta que conduzem invariavelmente às mesmas maleitas sociais?
jorge molder é, para mim [leigo absoluto], um dos maiores mestres da fotografia. nela, não há objectos mortos; tudo se conjuga em conjuntos que gritam, esperneiam, arranham ou ferem. como a poesia. como a vida.
um beijinho! é sempre tão bom ter-te por cá!
tens razão. sem letras ou com elas o vazio desbota... nada acrescenta!! pior, ambas silenciam a SOLUÇÃO. «o que terá ardido de tão imponente, grandioso na famosa biblioteca de alexandria, para que o estado das coisas (nós, tu, eu, eles, vós - sem ordem preferencial - )esteja tão enegrecido na terra - mãe? »
ResponderEliminarabraços de terra sã
agora, vou...
alexandria é, para mim, o ícone maior da falência do projecto humano. e porquê? porque foi engendrado pelos deuses e impingido aos homens [projecto falsamente humano, portanto].
ResponderEliminarpergunto-me se o primeiro caso de combustão espontânea não terá ocorrido na antiguidade, sob aquele tecto altaneiro onde todos os mistérios ousavam ser respondidos, em linhas de tinta e tinta já fora das linhas. talvez haja perguntas que ficam melhor sem resposta e respostas que precisem de muito mais do que massa cinzenta e crítica. haja o fogo-fogo [aquele que nem é sagrado nem ocorre por acção do homem].
um beijinho, amiga não-sou-sou-é-a-outra!
Amado Jorge...
ResponderEliminar"...nenhuma notícia falava de mim ou de ti..."
Voltamos as suas palavras... tudo reside na eternidade da memória.
Adoro vc Querido e sempre tão doce "Jorge"!
Beijos em ti...
Sil
Ps: Quando puder visite meu outro blog: http://versosvermelhos.blogspot.com. Ficarei feliz com seu "sentir" vibrando por lá.
querida sil,
ResponderEliminaré justamente na memória que a eternidade respira. mesmo que por breves instantes.
um beijinho!
O teu ritmo empolga e envolve levando a leitura a um êxtase sem igual
ResponderEliminarUm grande bj querido amigo
Folhear o mundo, trocar as páginas, desmontar as notícias e ...
ResponderEliminarPensar que com as mesmas letras se pode escrever justiça, amor, solidariedade, verticalidade!...
Sabe Jorge, às vezes sinto vontade de despejar todas as letras em cima de uma mesa e trocar o sentido das palavras, agrupando-os segundo os meus sonhos.
Belo texto, o seu!
Jorge! Querido Jorge...!
ResponderEliminarQuão feliz fiquei com suas pegadas na estrada vermelha do meu "sentir"! Meu coração agradeçe!
Seja sempre bem vindo nesse meu mundo rubro. Quando voltar lá... leia a página na barra lateral "Sobre esse lugar" e saiba um pouco mais de mim e porque criei aquele "vermelho".
Beijos rubros pra ti.
Sil
amiga gisa,
ResponderEliminarobrigado [embaraço discreto :)]
um beijinho!
querida amiga maria,
ResponderEliminarcomo te entendo... e se não há momentos em que a nossa vontade nos reclama esse quase direito... todavia, não deixo de pensar num risco: se na vida tudo é relativo e os absolutos meros exercícios de retórica, as letras que a minha vontade determinasse poderiam vir a definhar nas vontades dos outros...
oh, pudéssemos nós reescrever o mundo, num exercício colectivo.
um beijinho!
amiga sil,
ResponderEliminaro privilégio é meu. em encarnado absoluto.
um beijinho!
Ai, Jorge querido, esses jornais, sanguinolentos, resumo das tragédias , da desonestidade, da inversão de valores do mundo...
ResponderEliminarAi, esses homens lendo, lendo, lendo até que tenham esfolados os dedos escuros de tinta.
Ai, amigo...
Mas nem tudo é só incoveniência, uma vez que serve de matéria prima para esses versos espetaculares que você nos dá!
Show, amigo!
Abraço bem apertado.
zelita,
ResponderEliminarnão quero acreditar que o mundo esteja tão sujo quanto os dedos que tocam no jornal...
um beijinho, querida amiga!
Imaginei o momento que sugeriu o poema...
ResponderEliminarimaginei a realidade crua sendo submetida ao cenho poético franzido...
imaginei o comparecimento das palavras convocadas à reconstrução desse momento e sua submissão ao punho lírico...
imaginei os versos se harmonizando no poema...
e imaginei o poeta na sua doação de cada dia:
será que ainda se lembra do gosto do café?
Um poema magistral, Jorge alado!
Beijinho com adoçante...
: )
Estou encantada, sem mais.
ResponderEliminaraninha-de-luz,
ResponderEliminardos deuses, dos homens e dos poetas não sei... mas de mim, não tenho dúvidas: o aroma seduz; o paladar subjuga. e o sorriso torna-se maior do que qualquer poema a escorrer pelo mais profundo dos recantos de um mundo que os jornais disfemizam com desfaçatez e falta de pudor ético.
um beijinho com café!
na derradeira página,
ResponderEliminarjá com os dedos manchados de tinta, café e sangue
o mundo fez-se mínimo:
nenhuma notícia falava de mim ou de ti.
E eu, que te digo? Estás (penso que sabes) entre os meus poetas preferidos. Até das pedras tiras poesia, eu...ah, eu te admiro!
Beijos,
há algo de "TABACARIA" nesse café.
ResponderEliminarO café, o jornal e a rotina dos bons dias(quem usa) por aqui entra-se, pede-se e sai-se sem a boca abrir. Rotina calada presumo. Gostei amigo. Beijos com carinho
ResponderEliminaracompanhando ti em leitura me senti ali naquele lugar com aquele café a pensar...belissimo!
ResponderEliminar'tava com saudade de te ver...
ResponderEliminare depois do café, que adoro e que me recompõe, sentei-me para te saborear as palavras...
ah..., poema e video arrepiantes...
trouxeste-me a uma realidade dolorosa
de uma intensidade brutal esse sentir que nos dás a ler num jornal em branco, só porque não o queremos ler...
... afinal repetem-se as mesmas letras a cada dia e sempre cada vez mais se fazem líquido espesso... vermelho...
... o ódio... o dinheiro [a mola real...]
o amor... [onde está ele?!]
beijinho, amigo-dos-encantos-meus.
Uau, Jorge!!!
ResponderEliminarSenti novos aromas nesse café!
Imaginei cada cena e cada verso se fez tomada: cenário, personagens, gestos, sabores e dissabores. Até as notícias desse teu jornal, as manchas de tinta, borra e sangue e o descontento: "o mundo fez-se mínimo: nenhuma notícia falava de mim ou de ti", além de visualizar, eu senti.
E ainda tinha alegria guardada para o final nesses dois últimos versos que mereciam estampar a notícia da capa...
;-)
Um beijo!
Parece-me uma perfeita tradução dessa fantasmagórica diferença de escalas entre o sujeito e o mundo supostamente objetivo e histórico de que nos dão notícias os jornais.
ResponderEliminarNão raro tenho essa sensação - que não chamaria de metafísica, mas de pré-esquizofrênica - de que o concreto que me rodeia é forçado a parecer abstrato e irreal, ao passo que o abstrato das relações no "orbe de papel" (e eletrônico)pretende se me impor como único verdadeiramente concreto. Alucinação! É preciso se amparar por momentos num cheiro de café, num raio de sol sobre a mesa, ou na fumaça que se evola do cigarro...
Rapaz, essa imagem do orbe de papel e da relação entre o tamanho das mãos e do mundo é formidável!
Grande abraço, Jorge.
Olá Jorge,
ResponderEliminarImaginei o Poeta, o jornal (sempre grande demais)as mesas do café, o aroma, e os sons das colheres pequeninas a mexer grandes segredos de açucar! Mas não encontrei nem na página de ofertas, palavras capazes de comentar tão grande obra sua!
Afinal é no mundo imperfeito que a notícia acontece...
Bjs dos Alpes
Mesmo que a qualidade do café exija tempo de torra diferenciado, vi um dorso nu no jornal e a resiliência afetiva. O mundo que encolhe pela ausência, agiganta-se com a notícia criada fora do jornal.
ResponderEliminara rotina que nos desperta por vezes..
ResponderEliminara imobilidade dos acontecimentos em tinta e dedos..
e nada , apenas terminarmos o café.
já me vi assim.. muito..
beijo Jorge querido..
... e voltei... à nudez do teu café, passada que foi a mão pela pele na tentativa de acalmar o arrepio das lembranças que o teu poema me trouxe...
ResponderEliminar... e pensar [saber] que para além do sangue que jorra pelos terrenos dos inocentes, também de mão em mão o ouro sangrento a comprar/vender histórias mentirosas para que jornais/revistas se vendam... decepando as vidas de tanta gente... [matando por dentro, destruindo por fora até fazer farrapo humano, vagabundo, até a vida perca o sentido...]
... depois..., depois quedei-me na letra desse video... e a pele arrepiou-se de novo, num sentir diferente!
fabulosa escolha, amigo!
deixo meu beijo e abraço :)
todas as coisas
ResponderEliminarse dão a conhecer ao ritmo da sua voz
Que bonito, Jorge.
Beijos.
AMEI SEU BLOG.
ResponderEliminarfernanda,
ResponderEliminaro encantamento só pode ser meu. como não, se percebo que em torno dos nossos blogues se junta tanta gente em inteira comunhão com a palavra?
um beijinho!
taninha,
ResponderEliminara boa notícia do dia neste universo de blogues é esta: estás de regresso. digo-o eu em eco alinhado com as vozes de todos quantos te lêem no roxo-violeta e um pouco pelos diferentes blogues-amigos.
obrigado pelo teu carinho sempre tão marcante!
caro ribeiro pedreira,
ResponderEliminarhá algo de tabacaria aqui, mais pelo café [que não dispenso] do que pelo cigarro [que não me tenta].
de resto, e um pouco mais a sério, quem, gostando de poesia, não se sente um pouco "tabacaria" e "guardador de rebanhos" e "máquina infernal" e "ceifeira" e...?
pessoa a todos nós conjuga, verdade?
um abraço!
rotina dos bons-dias,
ResponderEliminarretina dos bons hábitos.
nu café, em perfeita harmonia aromática com o grão que sabe mais da vida do que tantos manuais e jornais...
um beijinho, rosa branca!
querida márcia,
ResponderEliminarestamos lá todos, nesse café onde o mundo acontece na verdade baça, na mentira redonda, nas letras de tinta espúria, nos casos e ocasos, ignorando que a essência existe não no grande mundo, mas no pequeno: naquele que existe dentro de cada um de nós.
um beijinho!
amiga-de-todos-os-encantos,
ResponderEliminaro texto "nu café" conduziu-me a uma realidade onde os encontros e os desencontros marcam a nossa agenda, umas vezes discricionariamente, outras incompreensivelmente, outras, ainda, injustamente... porque não há filme e banda sonora que melhor mo recordem, acabei por postar também este trecho da o.s.t. de crash, uma das obras [visual e sonora] da minha vida. e, por mais vezes que o veja, mais sentido ele me faz...
um beijinho!
querida lívia,
ResponderEliminaro mundo conforme o concebemos esquece o indivíduo, o rosto, o esgar, as rugas, os cabelos brancos, a doença, a miséria e, acima de todos, a mola da existência: os afectos. nada disso vem nos jornais. daí o grito de total libertação após a evidência final.
que bom teres gostado!
um beijinho!
marcantónio,
ResponderEliminarsejam quais forem as escalas, as perspectivas e os olhos que mirem, a sensação é sempre a mesma, verdade? david e golias. por que razão não nos libertamos dessa camisa de forças que tantas vezes nos impõem, mas que tantas outros nos impomos?... esquizofrenia pessoal e social, para agarrar no termo que utilizas.
venha daí uma chávena de café bem quente. o beijo que há-de descolar-nos daquilo que nos oprime e limita há-de, mais cedo ou mais tarde, chegar. saibamos esperar e porfiar.
um abraço!
c.,
ResponderEliminarpermites-me uma incursão pelo teu blogue? :)
[eu, qual profissional? amador absoluto, no sentido etimológico do termo: aquele que ama (neste caso a palavra, o dizer, a escrita e a síntese de todos - a poesia)].
beijos!
flor-das-montanhas-que-povoam-o-imaginário,
ResponderEliminare eu que dizer das tuas palavras, então? verdadeiramente rendido à doce imagem dos "segredos de açúcar" que se escondem por debaixo do café [sabias que os gregos tomam um café espesso e que, no final, há um depósito que repousa no fundo da chávena; os mais treinados na matéria, adivinham o futuro nas borras aromáticas; não me atrevi a adivinhar, porque, como tão sabiamente o dizes, é num mundo imperfeito que a notícia acontece].
beijinho grande!
rejane,
ResponderEliminaro mundo encolhe na ausência mas há mundos que definham com a presença. de uns e outros nenhum jornal pretende saber. é que esses mundos gritam sem voz e vertem sangue apenas pelo lado de dentro...
beijinho!
querida ingrid,
ResponderEliminarhá instantes em que até mesmo o café nos rói os neurónios tragando a lucidez... oh, se também eu me não senti, já, assim...
um beijinho!
amiga-de-mil-encantos,
ResponderEliminaro meu principal barómetro para aferir da singularidade de uma música é justamente arrepia-nos a pele uma vez, duas, e outra, e outra, e assim por diante. mesmo, quando passados uns anos, a recuperamos, percebemos que na sua composição já está inscrito o genoma da imortalidade.
sobre os jornais... só os desportivos, mesmo, pois as cretinices são tantas que se tornam inócuos, hihihi!
um beijinho!
então se for o ritmo de algumas vozes, hum... há cordas vocais que parecem tocar o timbre da verdade a cada instante que passa.
ResponderEliminarbeijinho, vanessa!
noemi,
ResponderEliminarsê, pois, bem-vinda!
um abraço!
Jorge, tudo bem?
ResponderEliminarEste poema em especial me remeteu a uma coisa que me acontenceu ontem, coincidentemente. Recebi via e-mail as "regras" para publicação de artigo em jornal importante aqui do Brasil, do estado do Rio Grande do Sul (mais ao sul do Brasil). Fiquei a pensar o quanto esse tipo de artigo para mim, seria como um relacionamento protocolar, enquanto escrever minhas crônicas e contos, seria como a própria paixão de amante!
Claro, seu poema tem uma significação bem ampla, mas para mim em especial, me remeteu a este aspecto pessoal!
Muito obrigada por seguir meu blog, fico no aguardo de visita quando puderes.
Beijos, estarei sempre por aqui!
Humoremconto
http://anaceciliaromeu.blogspot.com
Um lugar de passagem… Um jornal que vai de mão em mão…
ResponderEliminarMas as notícias importantes, essas!, não vêm nos jornais … Ou melhor, não desvalorizando o Jornalismo e a sua importância [convém! :)], aquilo que nos “aquece” a alma não vem, grande parte das vezes, nos jornais… Talvez, por isso, os tampos das mesas dos cafés estejam tão “gastos” de tantas estórias que por lá se escrevem…
Um beijo!
PS_ «afinal os nossos lábios não são a causa/ do vosso mundo imperfeito.» Esta união deve ser, antes, uma das formas de tornar o mundo habitável! Digo eu… :)
Brilhante, Jorgito, meu queridíssimo!
ResponderEliminaré diante da dor impressa em tinta e sangue que esse mundo imperfeito se faz pequeno. nossa rotineira dor é muito grande pra caber nesse mundo.
beijo com admiração e café
...se eu fosse editora de um jornal,
ResponderEliminarsó aceitaria fazer as páginas felizes,
aquelas repletas de boas notícias.
e olha que elas tbm existem
aos montões.
mas sabe quando seria aceita numa
editora jornalística com esta
mentalidade?
nunquinha...
é da natureza humana ADORAR
desgraças...
pois enquanto lemos desgraças
alheias...mascaramos as nossas,
infelizmente.
bj, querido!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarNo tempo que se esvai...sempre o mesmo tempo...já cansado de ser tempo...as letras cansadas de o serem...e esperando que algo mude...sentei-me no mesmo lugar(Aqui) e saboreei o teu café...para me dar força para a viagem e adentrar na tua alma, para te ler melhor...e gostei do que li.
Deixo um beijinho doce
Sonhadora
Nunca mais um jornal será para mim apenas um jornal, e a "culpa" é toda sua poeta! :)
ResponderEliminarPaz e Bem pra você.
Grande abraço
Cid@
amiga cissa,
ResponderEliminaras esferas do pessoal e do global são faces distintas de um mesmo rosto, verdade? por mais que uma e outra se instabilizem [quando não mesmo se inter-rebelam], jamais conseguiremos cumprir-nos [enquanto indivíduos com um tecido próprio, mas também como retalhos de uma manta mais ampla] desligando-nos de qualquer delas. como compreendo as inquietações que aqui nos deixas. e se sei como tantas vezes é difícil harmonizarmo-nos entre a notícia que clama pelo rosto colectivo e aquela que nos segreda ao ouvido...
um beijinho!
p.s. sigo o teu blogue com muito gosto.
amiga jornalista :),
ResponderEliminarhaverá alguém mais autorizado do que tu para comentares este "jornal" de café? :) é justamente por aí que escorre o sentido do texto: tão vivos e importantes para cada um de nós são as notícias que nos entram pelas janelas dentro, como aquelas que escrevemos na relação com um amigo, com um desconhecido, com a saudade, com a solidão, com a escrita, com a leitura, com o café... harmonizar o individual com o colectivo poderá ser a chave para a harmonização do homem - ele próprio, mas também todo o tecido social. ufa, e quão difícil a tarefa se nos desenha...
um beijinho!
querida ira,
ResponderEliminarpessoa fala de dores: a real e a fingida; a que se sente, a que não se sente e a que se sente, apesar de se dizer que sente sob o óculo do fingimento, procurando o poeta levar-nos a crer que não se sente :). quais as nossas e as dos outros? quais as que engrandecem e as que definham? quais as que são merecidas e as desprezíveis? quais as que se escrevem com a tinta da tipografia e as com a do coração?
um beijinho, doce amiga!
vivian,
ResponderEliminaros jornais quase sempre apelam ao nosso lado fatalista e as desgraças dos outros conduzem-nos recorrentemente ao exorcismo das nossas próprias desgraças. o verdadeiro jornal, aquele que nos deve ajudar a prosseguir, escreve-se dentro de cada um de nós, sem cotejos, sem equiparações, sem olhares cruzados... com café, dois dedos de boa conversa e o espírito aguçado na lâmina da inquietação.
um beijinho!
amiga sonhadora,
ResponderEliminarsê bem-vinda a este café :). permites-me que me sente a teu lado enquanto escarnecemos do tempo que, por mais vilão que seja, não nos sabe roubar pequenos prazeres? - o do café, o dos amigos, o da boa conversa.
um abraço!
amig@ cid@, sempre tão querida,
ResponderEliminarneste jornal de que somos redactores as notícias são as nossas - aquelas que têm por protagonistas os amigos e por código maior a poesia.
um beijinho!
e no dia seguinte, as "orbes de papel" a embrulhar mercadorias na feira...
ResponderEliminarvozes como a sua merecem mais!
querida ana,
ResponderEliminarora aí está uma utilidade inquestionável para o papel de jornal: resguardar as preciosidades da feira das agressões de uma qualquer viagem de regresso em camioneta :) - até porque a notícia faz-se hoje e poucos homens valorizam a memória.
um beijinho com um agradecimento especial!
eu fico me perguntando como na canção de Caetano: quem lê tanta noticia? Fora das letras impressas há um mundo de concreto que os olhos não conseguem enxergar. É necessário a escrita para despertar a fantasmagoria,
ResponderEliminarabraço
... mesmo sabendo que também os há [fantasmas] na escrita...
ResponderEliminarum abraço, poeta amigo!
Tive a grata surpresa de conhecê-lo no "Entre Marés", de minha amiga Suzana. Sua poesia contemporânea, forte e inteligente realmente me impressionou, como neste poema. Muito bom mesmo. Parabéns! Acompanho seu trabalho agora...
ResponderEliminarAbraço!
verdade, Jorge, afinal de contas somos PESSOA.
ResponderEliminarabraço, poeta!
caro celso,
ResponderEliminaro blogue da suzana é assim como que uma janela altruísta que se abre sobre as folhas de papel onde tantos de nós depositamos a tinta que nos corre nas veias. tive a oportunidade de me cruzar contigo lá, no momento em que ela própria te nos apresentava. fico feliz por teres passado por cá e por teres gostado do que lês.
um forte abraço!
oh, se o não somos, caro ribeiro!
ResponderEliminarum abraço!
Jorgito, que saudade de andar por aqui! Tudo segue lindo, como sempre...bjo meu!
ResponderEliminarO vazio do mundo em notícia, neste belo poema.
ResponderEliminarUm beijo
extra, extra: troco um jornal inteiro por um verso seu.
ResponderEliminarmagnífico o teu poetar!
beijo, precioso.
senti o cheiro do jornal.
ResponderEliminarcheiro de domingo, nostálgico.
daniela, querida,
ResponderEliminare eu de te reencontrar, seja aqui, seja "do lado de cá" [que é lá :)].
um beijinho terno!
lídia,
ResponderEliminare estes dois últimos dias têm sido preenchidos por "vazios noticiosos" que a todos têm tocado, seguramente, verdade?
um abraço!
amiga de cristal,
ResponderEliminarsempre com comentários que me fazem sorrir :)
e que tal um verso... nosso? para publicar logo logo, certo?
beijinho!
ana,
ResponderEliminarprefiro o cheiro do café :)
um beijo e bom domingo [sem nostalgia] para ti!
Nossa, Jorge, que postagem!
ResponderEliminarRealmente o jornal é ter o mundo nas mãos.
Hoje eu tenho o Tsunami do Japão.
E corro o risco de radiação após o vazamento detectado na central nuclear de Fukushima.
O jornal me informa, me ensina.
E, ainda por cima, suja minhas mãos.
Bom domingo!
Com carinho
Fátima
querida fátima,
ResponderEliminaré mesmo isso, o jornal oferece-nos o mundo com uma condição: que sujemos as mãos.
um beijinho e um óptimo domingo para ti, também!
podia contar mil estórias vividas no café, não vale a pena, elas já estão aqui
ResponderEliminar(e agora que não se fuma no café)
(e agora que não se compram jornais)
(e agora que todos andam vestidos)
abraço
Laura
Nunca imaginei ler um retrato tão perfeito e bonito de um ato tão corriqueiro - o ler jornais parece ser o inicio da vida-dia de todos nós! Alguns versos são verdadeiros achados, tal a beleza da metáfora!
ResponderEliminarE assim vou te conhecendo. E gostando e respeitando cada vez mais o poeta!
Beijos
Excelente!
ResponderEliminaras histórias do café escrevem-se com as palavras ditas, não com as de tinta, verdade, amiga?
ResponderEliminarbeijos, laura!
dear wolf,
ResponderEliminaracabo de passar lá no teu blogue. confirmo tudo quanto vinha criando a propósito da tua escrita. entre anoiteceres e desanoiteceres, encontrei armas que se disparam e outras que nos disparam.
beijos!
excelente, mesmo, larinha, foi ter passado no teatro da vida e ter encontrado a cortina do palco aberta :)
ResponderEliminarbeijinho!