A cabeça foi deslocada para o presente. Temos os pensamentos actualizados
com o momento em que estamos: nem à frente, nem atrás. Uma cabeça diária.
Gonçalo M. Tavares, Um Homem: Klaus Klump
fotografia de jorge pimenta
despi a
maleita descosida
para reaprender
a pele,
toda a pele,
mesmo que arranhada
no arame farpado
daquele verão
em que procurámos terra firme
mas acabamos
naufragados no suco
dos frutos roídos
até ao caroço – os frutos,
até ao
coração – tu e eu.
hoje
ambos ausentes,
tu, no teu
olhar com asas
de voo
despovoado;
eu, contradição
ofegante
a dissipar a
névoa verde.
deste lado
do vidro,
o sol
quebrou-nos o corpo
e adormeceu
aquele gato imóvel
que jurou
ensinar-nos o nome das coisas sem idade.
do outro
lado da vida,
o fim de
tarde passa, lento,
como as
gotas que o rio perde sempre para o mar.
Placebo, In the cold light of the morning
Jorge......Que belo conjunto temos aqui!
ResponderEliminarA começar pela fotografia! Linda..
A Frase... Nem no passado, nem no futuro. Vamos viver o presente. O que passou foi aprendizado, o que virá depende do que plantarmos hoje.
O Poema.... FORTE..INTENSO..TRISTE...
O video e a musica... A musica linda.. as imagens do video perfeitas...
Obrigada por compartilhar tanta "arte"!
Bj...
deste e do outro lado, a vida passa seus dentes de ânsia. Não estamos nunca ao lado mágico do espelho, destroços é o que nos restam, mesmo que sejam febris,
ResponderEliminarabraço
as peles que se vão despindo e depois a duvida qual a pele a despir
ResponderEliminarroídos os frutos, ficam os caroços, infecundos
beijo
[que foto, rss)
[ah, já acabei a tetralogia, se quiseres posso emprestar-ta, de que estás à espera?]
ResponderEliminarO que hoje é, pode não o ser amanhã...e resta o que conseguimos aprender...
ResponderEliminarBonito poema.
Beijinhos
muito bonito... as palavras, a imagem e o som... uma delícia para os sentidos! parabéns!
ResponderEliminaro mar é todo lágrima
ResponderEliminardespido de adeus
do que o rio deixou atrás
"como as gotas que o rio perde para o mar"
como o tempo que flui e a memória o cais que se perde nas profundezas do homem...:)
inspirador Jorginho!
grande beijo
Tudo perfeito, fotografia, poesia, embalada por sensacional música e um vídeo sem defeitos...adoramos, um abraço e agradecemos por esse momento ímpar.
ResponderEliminarTuas imagens poéticas surgem esculpidas com uma força e beleza singulares.
ResponderEliminarOlá Jorge,
ResponderEliminarAmei o intenso, belo e melancólico poema.
A frase inserida no "caput" da postagem nos mostra onde nossa cabeça deve estar sempre: no presente, quando a vida acontece.
Imagem, vídeo e música embalam harmoniosamente a beleza da postagem.
Momento de encantamento.
Ótimo final de semana.
Beijo.
A fotografia é forte e intensa, associada a palavras de grande beleza e forte mensagem.
ResponderEliminarAdorei ler e sentir.
Bjs
Ei, Jorge,
ResponderEliminardesde o título, este 'certezas transitórias' altamente arrasante, amei
é tão tudo e tão nada diante da vida e da morte!
os bancos da fotografia, viajei num primeiro degrau de uma escada suspensa enterrada na areia, demais!
fiquei encantada com a segunda estrofe
tudo muito de bom gosto
beijo grande pra ti
OI JORGE!
ResponderEliminarO TEMPO AVASSALADOR PASSANDO SOBRE AS RECORDAÇÕES DE UM AMOR QUE SE PERDEU NELE...
LINDO TEXTO.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Olá, Jorge.
ResponderEliminarO passado já se foi e o futuro jamais chegará, então tudo que nos resta é o presente e tudo o que nossas experiências passadas nos tornaram hoje.
Eu gosto do Placebo, o vocal me lembra bastante o Rush.
Abraço, Jorge.
Os rios perdem gotas e ganham gotas enquanto caminha para o mar, assim como a vida do lado de cá ou do lado de lá do vidros, feridas sempre irão existir por ai, seja feita pelo arame farpado (todo campo existe em todo lugar)ou pela fotografia 3x4 que insiste em nos limitar.Parabéns.
ResponderEliminarUm tempo em declínio na imperfeição das horas presentes, quando a cabeça atualiza momentos e consome emoções.
ResponderEliminarUma escrita "viva" literalmente.
Beijo
Querido Jorge, Tudo na vida vai e vem, mas há uma coisa que não se altera: o passado. Pelo menos de forma concreta e factual.Ao olhar essas duas cadeiras vazia na foto, fez-me lembrar que um dia eu e um grande amor do passado, combinamos que quando ficássemos velhinhos, colocaríamos cadeiras na varanda para olhar o mar. Mas infelizmente como no seu transcrito, cada um ficou do lado do vidro.
ResponderEliminarSeguindo nossas vidas.
E hoje em dia vivo o presente sem, me paralisar no passado.
Momento de nostalgia da Rute, afff..!rs...
Beijos, bom final de semana.
tu, no teu olhar com asas
ResponderEliminarde voo despovoado;
eu, contradição ofegante
a dissipar a névoa verde
Jorginho, poeta querido, te amo!
Beijos,
Oi Jorge,
ResponderEliminarTudo bem? Como é bom na entrada do final de semana, desfrutar de uma bela imagem, de um saltitante poema e uma música encantada.
Penso que o caminho tem que ser cada vez mais itinerante e sem rotas prontas, porque a certeza não é só transitória como estranha.
Bom final de semana!
Beijos.
Lu
Jorginho meu amiguinho d'além mar, parabens!
ResponderEliminarMais um belo poema! Cheio de imagens explicitas e subliminares!
É sempre uma viagem aos pensamentos ler seus escritos. Seu talento é imenso, fico com orgulho quando vc aparece no meu blog e é tão gentil e humilde!
Prabens amigo!
Meu poeta querido!
ResponderEliminarSempre surpreendente sua narrativa, perfeita em contradições que a vida leva e traz. Como o mar e o vazio que fica na imagem.
Belíssimo!
Beijos
Mirze
Nem o passado traz certezas, eis que os questionamentos persistem, no "se". E isso não nos impede de sonhar e de viver. A cabeça pode se voltar, mas não atravessará a linha divisória do tempo. Seu giro apenas chama as lembranças.
ResponderEliminarVocê está se mostrando um fotógrafo especial, daqueles que captam, além da imagem, um sentimento, totalmente desnudado no foco de terceiros. Bjs.
Jorge, que beleza de foto, poema e música...
ResponderEliminarSigo pensando na intermitência das relações, dos sentimentos... Como diria o poeta "que não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure..."
Beijos
Ola vim conhece seu blog e achei esse poema muito lindo..parabéns.. boa noite e beijos em seu coração
ResponderEliminarOi Jorge...,
ResponderEliminarVivemos exclusivamente de instantes..., momentos... Um é diferente do outro. E o presente é, senão, a somatória desses instantes bem vividos. Gravamos o que nos interessa e o presente é o conjunto do que fazemos para/de nós.
Beijos e bom final de semana,
Mais uma vez, eu não posso deixar de ler o um de seus belos poemas, e imaginá-lo como uma bela canção de Bob Dylan!
ResponderEliminarParabéns, meu caro!
Jorge, querido PoetAmigo!
ResponderEliminarNossa que maravilha! Confesso que tenho tanto a comentar que nem sei como fazer..., até porque não estou vendo diferenciação entre a fotografia e o poema, existe uma fusão divina por aqui, explico:
Essas cadeiras de imediato me remeteram ao trabalho de Miez Van der Rohe (Bauhaus), no entanto com a redução às formas elementares, à simetria do neoplasticismo de Mondrian e Doesburg, numa nítida releitura e reedição das escolas num uso contemporâneo. O Passado se cumprindo no Presente; em contraste com o Mar que foi, é, e será todos os tempos na mesma água, praticamente o dono da cronologia e seus movimentos.
A partir daí, penso no tempo presente, como o “vidro” que bem escreveste: transparente, impede a passagem do sólido, mas não nega a luz por ser refratário. Assim é a cronologia do homem, o passado que transpõe esse vidro e se reflete no futuro. Impossível fazer uma diferenciação clara, mesmo que exista essa parede ‘hoje’. Distinguir o que é passado, presente ou futuro, quando tudo que foi poderá ainda ser ou não (vide as cadeiras e o mar). E o presente? Onde está o presente, se o próximo segundo já será futuro?
(vou ter que separar em 2 comentários, o blogger não está aceitando tantos caracteres :))
(continuação)
ResponderEliminarAlém disso, a vida é uma sequência; e não uma edição dos melhores hits, mas também não é uma compilação dos desastres do troféu Framboesa. Acreditando nessa sequência, contraponho o incipt quando fala em “cabeça diária”, pois penso que o ser humano fez sua cria-tecnologia que ritualiza upgrades diários; mas o homem é bem mais conservador, muda o que está fora numa velocidade bem maior do que o que está dentro, pois constrói paredes internas em concreto firme dissimulando seu próprio tempo, pensa ser mais seguro retornar às cavernas e à pedra lascada.
Impossível tornar exatas essas transições e quantificar/qualificar o perene que passará pelo refratário; e o tanto que se volatizará no ar. Assim como é impossível tornar exata a dimensão ‘tempo-sentimento’, pois este não sabe o que é relógio e sequer conta as horas, e muitas vezes ignora o vidro.
Parece irônico, mas o que é passado, presente ou futuro, só o tempo atestará. Pois se existe mesmo esse vidro-hoje a separar fatos e pessoas, existe o vidro-afeto a ser quebrado a qualquer momento, não aceitando nem ser refratário, para se tornar apenas pleno em sua invisibilidade.
Divino, amigo, e eu ainda tinha mais a escrever... :)
Beijos com completa admiração por teu trabalho!
P.S.: Vou transformar esses comentários numa crônica para os jornais, e irei citar a ti e teu poema-fotografia como referencial, será uma honra.
Jorge,
ResponderEliminarespero que tenham sido publicados os dois comentários, anteriores. Qualquer coisa em contrário me avise, tá bom?
beijos!
Memórias arranham a pele que foi descartada, esquecida por nós.
ResponderEliminarE sua poesia sempre me toca, Jorge, é sempre tão linda e especial.
Beijo grande!
Boa tarde, Jorge. Bela poesia. A separação de corpos e de alma, faz com que tenhamos que reconstruir as mesmas ficando um pouco de saudosismo nisso tudo.
ResponderEliminarA verdade é que nem sempre estamos esperando que isso aconteça e colocamos as nossas expectativas em tudo vivido, e quando o copo se quebra, percebemos que a desilusão ali se fez, e que restaurar ficará pior.
Um beijo na alma, e fique com Deus!
Boa tarde quero agradecer a visita que me fez e desejar um ótimo sábado beijos
ResponderEliminarA dialética da vida....e a vivência do passado tolda-nos o ver o presente...
ResponderEliminarBj
BShell
Amigo Jorge,
ResponderEliminarRecordações, planos e amores desfeitos, caminhos divergentes, introspecção, lugares e corações vazios são cenas da vida, que, mesmo sendo intensos e marcantes, são efêmeros e irreversíveis. O tempo são os fatos, ações, emfim, somos nós.
Deveríamos tirar lição das efeméridas.
O poema é uma magnífica composição com ingredientes poéticos belos, sábios e valorosos.
Não posso deixar de citar que fiquei maravilhado com o comentário da amiga Cissa.
Estás de parabéns pela arte e técnica.
Abraços do amigo de além-mar e ótimo fim de semana para ti e família.
Quanta beleza nesse poema, Jorge!
ResponderEliminarSempre vale a pena vir aqui.
Beijo.
frutos corroídos até o caroço... a vida devorando todo o sumo. inevitável! as sobras são ruínas áridas
ResponderEliminarEsta tua voz faz o gato andar sobre minha cabeça com telhado de vidro.
bj, meu queridíssimo poetamigo
Amigo (a) leitor (2) se puder leia minha entrevista ao Blog Poetas de Marte, desde já agradeço.
ResponderEliminarhttp://poetasdemarte.blogspot.com.br/search/label/Arnoldo%20Pimentel
Um feliz domingo pra você amigo.
Ei, Jorge; tão espetacular amigo.
ResponderEliminarAnalisando seu poema fiquei atenta a cada parte,
o título remeteu-me a uma palavra que gosto muito:itinerário, essa mesmo tendo uma rota, não está isenta dos intempéries. Ao londo do texto comparei-a ao amor e à dedicação que ambos tiveram para com ele através das metáforas "terra firme e frutos roídos até o caroço". Mais adiante, na segunda parte do poema, quando ambos estão ausentes, fiz uma ao tempo(presente, passado e futuro)e certezas que são sempre transitórias. Já na terceira e última estrofe,o vidro, que não impede a passagem da luz fez com que ambos vissem a expressão um do outro.
Os últimos versos, os melhores de todo o conjunto ilustram as gotas que o rio perde para o mar, as mesmas gotas que vão deixando de molhar as cadeiras na beira da praia.
Brilhante, meu lindo e especial amigo!
Querido,
ResponderEliminarO ensaio(rsrs) da nossa amiga Cissa ficou maravilhoso, quero muito ler a crônica.
Beijo aos dois. Amo vocês!
fins de tarde que passam lentos, lânguidos, a desaguar num imenso mar de emoções...
ResponderEliminarbeijinho, querido amigo!
p.s. onde mora esta praia (da fotografia)? perfeita aqui e sempre! :-)
Oi Jorge
ResponderEliminarO vidro... sempre a refratar a luz, porque existem coisas que não se pode reter, tais como a luz ou as gotas do rio, ainda assim, sem serem retidas sempre estarão presentes.
Beijo grande, poeta admirável, amigo muito querido e afetuoso.
Jorge,
ResponderEliminarEntrelaço meu cílios nas suas composições, tanto. E se levanto o olhar, a apalpar o mundo a minha volta, nunca sei se a mim voltei ou aqui fiquei.
'...tu, no teu olhar com asas
de voo despovoado;'
Delicadamente, alma lida.
Um beijo, Ziris
..."o fim de tarde passa, lento,
ResponderEliminarcomo as gotas que o rio perde
sempre para o mar."
eu nunca ví tanta verdade,
tanta poesia, em tão
belas palavras.
a imagem é qqr coisa de mágico.
...um beijo, alma linda!
De repente a gente se afasta da própria carne e fica mais pesado e só do que dentro dela, que a pele é mais que proteção, é, também, sensibilidade, tempo e contato.
ResponderEliminarBeijoss
Jorge,querido
ResponderEliminarCertezas e emoções breves,em intervalos curtos um do outro.Provisórios...
do lado de cá, coração quebrantado, a noite encompridando e o mar cada dia mais belo,tal qual seus versos cheios de alma.
Obrigada pela partilha terna,o olhar no mar 'ainda' sereno.
Continuemos 'roer os frutos até o caroço',é verão!
abraço meu para Ti
tanto a sentir nos versos,música e imagem.
ResponderEliminarreli com um sentir de angústia..
ouvi com palavras firmes de ausência..
a aqui fiquei,parada..
a esperar que meus dedos me levassem ao sentimento..
beijos querido Jorge.
Boa tarde!!!
ResponderEliminarVim agradecer a visita sempre carinhosa
que vc faz ..parabenizar pela sua bela postagem
sempre tão bonita e gratificante aos nossos olhos
Nem sempre posso retribuir a visita, mas venho sempre
que posso ver o que vc tem de mais bonito
Que seu dia seja lindo
Bjuss
Rita!!!!!
Jorgíssimo
ResponderEliminarIntenso e triste. O ontem. Náufragos de um amor vivido destroçados como "frutos roídos até o caroço". O hoje. Dois ausentes intransponíveis, cada qual de um lado sucumbidos "como o rio que perde sempre para o mar !" E o amanhã?
Mais um poema em que suas farpas fazem me perder nos emaranhos dos seus mais lindos versos. Também me perdi de tanto encanto com a fotografia,lembrando como bem disse a Cissa no seu rico comentário sobre as cadeiras racionais do arquiteto Miez Van der Rohe.
Um lindo final de semana.
Bjs.
Jorge, querido amigo!
ResponderEliminarQuero te avisar em primeiríssima mão que consegui publicar o meu ensaio que fiz com base nesses comentários, a partir da leitura deste teu poema-fotografia maravilhoso!
Pois consegui publicação em dois jornais dificilíssimos e que possuem muitos leitores.
'A razão', da cidade de Santa Maria, aqui na região da campanha do Rio Grande do Sul:
http://arazao.com.br/18072012_edicao.pdf
E o jornal 'A Plateia', da cidade de Sant'Ana do Livramento, fronteira com Rivera-Uruguay, que tem a mesma publicação em espanhol, distribuída para este outro país:
http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=43531
Além do Diário de Viamão, da cidade em que moro, tentarei conseguir exemplar para ti.
Garanto-te que hoje, dia 18 de julho, um fragmento deste poema, assim como teu nome e tudo que tua Poesia me instigou, foram e estão sendo lidos em boa parte do meu querido pampa gaúcho, assim como no Uruguay, num raio de no mínimo 100km para dentro, onde fica a cidade de Tacuarembó!
Iahuuuu!!!!
Agradeço-te pelo teu talento, por tua Poesia-Vida, sem eles eu não teria alcançado esta 'viagem'.
Beijos e beijos!