terça-feira, 22 de maio de 2012

poema solitário para fugas e quase-raízes


Amo-te, como quem te sabe, mas não acredita e não te vê morrer
Ira Buscacio


fotografia de jorge pimenta


partiste no inverno
com a saia azul que perdi para o vento,
purpurinas no céu da boca
com luminescências, candeias,
e três pingos de lágrima no rosto.

no descampado das tuas mãos
a língua seca
em carícias de boca esquecida,
outrora mel seiva e sol,
anca furibunda
a acender rastilhos e poemas.

não, não era preciso termos ido tão longe
se toda a geografia é corpo em combustão
e veneno a germinar no ocaso das entranhas
à espera que o amor apodreça por dentro.

partiste no inverno
com a saia azul que perdi para o vento.
eu?
rosto inclinado, a franja sobre os olhos,
apenas exílio no aroma amargo deste fim de tarde.


our broken garden, when your blackening shows

47 comentários:

  1. Olá Jorge, poema com aroma de saudade. Fotografia com a luz do sentir e musica na doce serenidade de um amargo no fim de tarde. Adorei esse sentir, embora me doa. Beijos com carinho

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  2. Esses olhos que observam quem se vai como ser que se funde ao vento, à paisagem, à miragem criada quando se lembra da ausência de alguém.

    Belíssimo poema, Jorge.

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  3. Partidas e desencontros onde antes era primavera.Parabéns pelo belo poema.

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  4. Toda partida de uma pessoa que se enraizou no nosso ser, deixa esse gosto amargo de fel na boca e um veneno que vai matando aos poucos se não deixarmos que ele morra primeiro.
    Beijokas doces!

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  5. lindo Jorge! para alguns partir é necessário, mas como as pessoas dizem se voltar é porque é teu (talvez a lembrança também esteja inclusa nisto).

    grande beijo!

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  6. Embebido de beleza e saudade!Belo poema!

    Muita paz!

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  7. Olá Jorginho meu amigo de além-mar!
    Rapaz que poema esse hein! Notei muito amor e sinceridade nessas suas palavras. Parabens.

    Aquele projeto dos blogs que te falei não virou nada... Se tiver alguma mudança eu te falo, pois vc seria meu convidado numero 1.

    Um abraço!

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  8. perde-mo-nos nos sentidos..
    no querer de bocas esquecidas..
    sentido, muito sentido..
    beijos querido poeta..

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  9. Encantada com as fotografias e poesia!


    Encantada...


    Abraço, Ziris

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  10. O título coube no contorno da face, enquanto a poesia anestesiava a musculatura, assim como esta ameaça de lágrima que não cai (fotografia espantosa). O inverno agarrou-me os pés e de lá jamais me curei. Espero todos os dias o amor apodrecer garganta abaixo, mas ele sempre escapa e fica em silêncio sob o olhar. É possível ainda encontrar mel no exílio?
    O incipit é mais uma demonstração de generosidade e gentileza, coisa que só os grandes possuem. Amei!
    Bj imenso nas tuas mãos, meu tão querido poeta-amigo

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  11. A imagem é linda...a que ficou aqui em meus olhos depois de ler o poema também: essa saia azul, ao vento. Tão lindo, mas tão lindo!!!

    Bjo

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  12. pura sinestesia esta fuga, este partir tão partido, alquebrado, um varal de imagens ao vento



    abraço

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  13. Querido amigo Jorge,
    Eu já não sei se saudades de um amor recente é melhor do que a ausência de um, por anos... Não há nada dentro de mim, que me traga a certeza desses acontecimentos, nem mel, nem seiva, nem sol e, sequer, o veneno a apodrecer por dentro. Contudo, ainda penso que possuo rastilho e poemas a serem despertados...
    Beijos e bom final de semana,

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  14. Todas as partidas, todas as despedidas têm sabor do inverno. Mas também as alvoradas tem as cores dos entardeceres, e por vezes não sabemos se amanhece ou a noite chega.
    Abraço vivo, querido amigo.

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  15. Parabéns Jorge!
    Lindíssimo poema !
    Suave e dolorosamente magnífico !
    Beijos na Alma

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  16. Um lindo poema, que me faz fica feliz
    por ter vc como amigo, e por ler tudo
    que é bonito
    Deixo um abraço bem carinhosos
    Bjuss
    Rita!!!!

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  17. Queridíssimo Jorge,

    Senti vontade de continuar a sua poesia...tão linda, tão perfeita! Quase-raízes sempre voltam e as saias azuis, assim como as ancas são inesquecíveis. Feliz aquele que se permitiu um grande amor, mesmo correndo todos os riscos a ele inerentes.

    Bravo, poeta! Poesia de se ler com todos os sentidos, como só você sabe fazer...

    Beijíssimo! Dri.

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  18. Oi jorge o seu poema , fez lembrar de um trecho de um poeta Cigano

    Particpo muito de sarau literário e nesse sarau o cigano disse:

    _Quando um grande amor, vai embora,

    Marcas profundas deixam no coração,

    Lágrimas d’alma são que fica e chora,

    E, um “porque”, dessa separação!
    Lembrei do pacto de amor, jurado,

    Diante da lua, seu doce beijo molhado,

    Prometendo-me para sempre me amar!!!!!!

    Beijos , lindo poema

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  19. Jorge, como medir a distância a ser percorrida?
    Como saber o tempo do passo e do ajuste, máximo ou mínimo, de cada um?
    Como saber a cor da despedida?
    Como reconhecer a cor da chegada?
    Talvez, as aquarelas não sejam coloridas, e a gente é que insista em querer controlar a cor do que é preto e branco e vice e versa na vida.
    beijoss

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  20. Três
    pingos
    de lágrimas
    na face do inverno
    a franja sobre a testa
    lamenta a partida da amada

    Jorgíssimo
    Foi apenas o que pude dizer desse seu lindo
    poema.

    bjs.

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  21. para fugas e raízes: um espaço de estirpe.

    poeta de primeiríssima linhagem!
    beijão, precioso.

    (tem réplica no teu email, dá uma espiada)

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  22. Não vou comentar o poema agora, mesmo porque estou morrendo de pressa e atrasada para o trabalho. E gosto de ler com calma e atenção e carinho. Mas não pude deixar de vir aqui peguntar sobre o chocolate Flor de Sal, me conta tudo...Não conheço e chocolates são minha paixão.
    Bjos achocolatados

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  23. Dá vontade de entrar no poema e entoar versos numa voz-ternura que se sobrepõe às ruínas de um amor perdido.

    "rosto inclinado, a franja sobre os olhos"
    E de novo "o mel, a seiva, o sol em carícias de boca" sedenta.
    Trazes a mesma saia azul que a primavera arrebatou ao vento e enches de céu os horizontes dos meus olhos plenos de ti.

    Um beijo

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  24. Esqueci de comentar a epígrafe da Ira: perfeita!

    Beijinho...

    Dri

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  25. Imagem belíssima e poema que acena a mão em despedida lírica. Fica-me na cabeça essa saia, esse símbolo forte do que se vai sem ir.

    Belo, belo, querido Jorginho!

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  26. Amigo Jorge,
    O prazer da volta faz-nos esquecer da saudade da partida.
    O inverno traz à prova quem deveras nos ama, pois nas demais estações, não somos tão carentes de calor e compreensão de quem amamos.
    Poema engenhoso, imagem genuína e música singular.

    Abraços do amigo de além-mar e ótimo fim de semana para ti e família!

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  27. Jorge, querido PoetAmigo,
    belíssimo poema na mistura do suave e melancólico.
    Deixou-me a sensação de reticências, ainda marcada pela expressão: “três pingos de lágrimas no rosto”.
    Como se tudo iniciasse de uma continuidade, sem começo definido; e o fim se aguardasse no gerúndio que cresce no movimento de um vento de inverno que anula o epílogo e propõem um renovado capítulo, porque talvez não exista mesmo um término quando se está:
    escrevendo, chegando, partindo, exilando, retornando, amando...
    E as “fugas” e “quase-raízes” podem ter a todo tempo seu sentido questionado, por ser possível existir para além-matéria a permanência e terra-firme, ainda que em rastilhos de poemas, que documentam esperança com tinta forte onde tudo é possível, porque tudo de fato pode sê-lo. E alguém duvida?
    Belíssimo conjunto, querido Jorge, tudo, tudo. O incipit da Ira, (uma queridona de poesia forte e instigante), a fotografia, teu poema, o vídeo.

    Beijo imenso!

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  28. Uma despedida que apesar de triste se tornou tão bela e profunda nas palavras deste poema.

    Beijinhos Jorge

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  29. O que dói mais é o descampado das mãos!
    poruqe as mõs unem, ofertam, são a metáfora do "dar". Perdido isso...perde-se toda a essência do "sentir"!
    Te abraço

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  30. Na despedida deixou apenas milhares de lembranças, e nessas recordações os abraços foram perdidos...

    Triste, porém liiindo!!!

    Beijos meu amigo

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  31. OLá Poeta!!

    Perfeito o quadro da tua postagem.. a paisagem.. o poema.. o video...e a dança das palavras
    na fala doteu poema..
    Lindo poema .. como todos..

    bjs..bom final de semana a vc e tua familia!!

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  32. A riqueza de seus versos para descrever uma despedida é soberba. Está tudo aí. Podemos ler e sentir, nada mais é necessário.
    Grande beijo!

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  33. Olá Jorge,

    A imagem é um encanto.
    Um prazer passar por aqui e me encantar com este melancólico e lindíssimo poema.

    Beijo

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  34. Oi jorge, obrigada pela torcida a contação foi um sucesso, não havia muita criança como da última vez. Passei momentos agradavéis com elas. Foi tirada várias fotos , mas não foi possível colocar todas no blog, a maioria das fotos as crianças estavam de frente.
    Sem permissão não tem como publicar a imagem.

    Mesmo assim, postei algumas fotos, depois-passe por lá para visualizar.
    Beijos, bom final de semana

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  35. Despedida bela e nostálgica esta, como um inverno solitário e branco.
    Beijinho , Jorge

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  36. Jorge, meu querido amigo,

    este conjunto, provocou-me profundas emoções, como primeiro impacto, sua foto, maravilhosa, quase como uma gota de lágrima que corre por todo o poema, dor de arrancar quase raízes, permeada pela felicidade de as ter possuído, doce melancolia!

    E eu?
    Eu fico aqui a ouvir a música... a reler e, a me sentir grata, grata por ser sua amiga, ter acesso a seus poemas fazendo com que as suas emoções revolvam as minhas. Grande momento, este.

    Beijos

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  37. Ei, Jorge,
    altamente tocante poder ver suas fotos, ouvir/ver o vídeo (brincava muito em dias de chuvas de fazer barquinhos e colocar na enxurrada e sair correndo atrás deles)e ler muito seus poemas, seus escritos.
    Para além da conta.
    e na postagem abaixo vendo as fotos e lendo seu texto, deu arrepios.

    abraço carinhoso pra ti

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  38. Meu querido Poeta
    De quantos desassossegos se fazem as demoras...de que vento se fazem as lembranças...em que loucura insana se bordam os sonhos...de quantos silêncios se tecem as recordações...em quantas partidas e chegadas naufraga tempo.

    Deixo o meu beijinho com carinho e a minha IMENSA admiração.
    Sonhadora

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  39. "no fotograma a estrada, ali que se delineia o ventre de idas e vindas, o percurso tosco a assomar-se na maresia das horas, e os espelhos se recortam em enigmas que afagam a pele do poema,

    Assis Freitas,27 de Janeiro de 2012 23:46"

    quanta inveja sadia e impúdica tenho por vocês...

    abraços, irmãos!

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  40. Hoje vim te visitar e dizer que ter amigos
    sempre presente deixando na minha pagina uma
    palavra de carinho é muito gratificante Por isso agradeço de coração a sua amizade.
    Parabéns por tudo que vc tem de bonito aqui
    Deixo um abraço
    de boa tarde
    Bjuss
    Rita!!!!!!

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  41. Boa tarde, poeta. Um belíssimo poema onde a despedida se fez após um lindo amor, entrega, que teve seu ciclo fechado.
    Sei que o poeta encarará naturalmente e de peito aberto uma nova possibilidade de amar.
    Um beijo na alma, e fique na paz!

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  42. Olá Jorge,

    Tudo bem? O poem não só me lembrou a partida no inverno que intensifica a dor, mas também o final de uma estação como um ciclo perfeito da natureza.

    Beijos.
    Lu

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  43. Jorge,alô!
    Lindo o post, mas triste. A paixão partiu na enxurrada e desfez-se como o barquinho. A foto parece simular uma lágrima da despedida.Como fez a foto? Frequentou algum curso de fotografia?
    Abraço

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  44. de tamanha beleza, amigo!
    não tenho palavras...
    quente e profundo como 'um leve triste beijo'
    ficará a ser um dos meus preferidos!

    :-) beijinho de saudades!

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  45. Olá, Jorge.
    Naturalmente que ninguém quer que um amor termine, mas se isso acontece, nada temos a fazer além de aceitarmos, já que temos de aceitar o que não podemos mudar.
    Abraço, Jorge.

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  46. desta música eu gosto, mas procurei outras e já não foram tão do meu agrado...

    e deste teu poema, que dizer?

    temos de aprender a dizer adeus, descobrir o significado da palavra esquecer

    beijo

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