Éramos feitos das mesmas palavras impossíveis, impronunciáveis.
J. L. Peixoto, Cemitério de Pianos
fotografia de Pedro Ferreira
ponto negro.
marca mínima a balouçar na pequenez,
tinta, terra ou pedaço de pele?
ponto negro. apenas.
nenhuma pergunta ou inquietação
decifra o informulado,
e contudo existe
nas costas de um ponto: negro, simples, simplesmente,
a horas diversas, em dias diferentes,
numa qualquer estação do corpo.
ponto negro. quase insignificante.
voltam as perguntas a arrancar silêncios
as exclamações a revolver utopias
mas a distância entre a árvore e o inverno
é a mesma que a separa do estio,
a mesma que distingue o fruto adivinhado
do fruto roído.
e o equilíbrio é labirinto suspenso,
rede de todos os caminhos,
como a noite que não sabe para onde ir
e que não cessa, nunca,
no poema
nas mãos
no ponto negro.
são tantas as vidas que nunca viveremos
neste ponto negro
[a tinta sempre extingue o seu sulco].
rodrigo leão com thiago pethit, o fio da vida
Intriga-me a perfeita combinação do título da sua postagem. Gosto.
ResponderEliminarBeijo (:
Oi Jorge,
ResponderEliminarMas lembre-se, é apenas um pequenino ponto negro, diante da imensidão do corpo, do poema, das mãos... Dá para chegar a ser insignificante.
Beijos,
Caro Jorge,
ResponderEliminarnão há claridade que consiga explicar cada ponto que cada vida produz. ainda que seja o mesmo e negro ponto de sempre. da pele ao universo infinito.
devaneei um pouco, amigo. é que tuas palavras causam-me sempre essa compulsão ao delírio de repensar o impensável. como diz na sua (brilhante) citação de J.L.Peixoto: de pronunciar o impossível.
grande abraço, poeta
Esse ponto negro descansa em minhas letras horas dispersas de um tempo que gira o mundo.
ResponderEliminarGira mundo na perfeição dos passos em versos...
Beijos querido amigo!!
Uma das questões que mais me angustiam é exatamente esta: quantas vidas nos são impossibilitadas? Tão pouco tempo, pra tanta vontade! Ainda que com todos meus tentáculos mentais, muito me foge.
ResponderEliminarPerfeito, Jorgito, meu poeta tão sensível. Cá esta vc me fazendo percorrer o negrume da tinta que sempre acaba.
Bj grande, saudade
Jorge, fui lendo sobre este ponto negro como quem abeira-se de um buraco negro, denso de todas as coisas e quando li
ResponderEliminar"e o equilíbrio é labirinto suspenso,
rede de todos os caminhos,
como a noite que não sabe para onde ir
e que não cessa, nunca..."
estendi sobre ele uma ponte e sentei-me, balançando minhas pernas sobre o que não tem fundo e deitei sobre tudo um olhar de contemplação.
teu poema trouxe-me um sorriso, aquele de quem intui que nada sabe e apesar do tanto que a vida nos possa trazer, há sempre um outro tanto que não podemos ter.
beijinho, amigo querido!
Uma questão a que nunca saberemos responder - Os percursos resultam das escolhas ou são as escolhas a definir os caminhos?
ResponderEliminarEsse é o ponto que fixamos e nunca chegaremos a ver claramente.
O teu "poetar" é cativante. Sempre...
Um beijo
Teu poema remete-me ao ponto em que acabo sempre: a intensidade do instante que tento sorver.
ResponderEliminarSensível, belo sempre.
Deixou-me aqui, a repensar na companhia do silêncio.
Beijo carinhoso, Jorge
Demorei-me no título...rs! aproveitei-o e escrevi um texto (te mandarei em off depois de revisar).
ResponderEliminarTão bom quando acontece de nos entregarmos a uma leitura e, por causa dela, nos fazermos texto!
Me sinto reanimada...rs!
"são tantas as vidas que nunca viveremos
neste ponto negro"
Beijinho sempre carinhoso,meu querido amigo Jorge!
Parabens Jorginho! De apenas um pontinho negro você conseguiu fazer um grande poema, grande nos pensamentos e sensações que nos provoca. Parabens amigo, você realmente sabe das coisas!
ResponderEliminarEXCELENTE!
ResponderEliminarSe o ponto é uma vida ou não, acredito que não importa. Importa sua existência a clamar por outros pontos.Se há energia nesse ponto na escuridão ou clarividência, já começo a entender o ponto.
Genial!
Beijos
Mirze
um repensar constante que teus versos exaltam..
ResponderEliminarvida e viver.. reviver sempre..
quanto?..
beijos poeta querido..
Construa um paraiso de alegria e paz.
ResponderEliminarBasta você querer o bem para todos.
Ser otimista. Ter fé em Deus e em si mesmo.
Compreender que Deus não tem preferências é uma forma de se sentir seguro.
Tenha um abençoado final de semana.
Beijos no coração.
Não se esqueça que..
Estou seguindo -te e te amando .
Evanir
Tem Presente de Natal na Lateral para você.
Fiz com muito carinho..
Como tudo é uma questão de ponto de vista, lembrei-me que a Terra, também é um ponto, se vista do espaço...
ResponderEliminar:)
Grande abraço pra você, amigo Jorge.
Tenha um lindo e feliz final de semana.
Cid@
O ponto, por definição, é uma figura adimensional.Intrigante é o fato de que um ponto no céu, sem dimensão, como afirmei, seja de perto uma estrela de dimensões nababescas.Em contraposição, talvez a vida assim mesmo como você retratou com tanta propriedade em seu belo poema: um ponto negro numa região alva vastíssima.
ResponderEliminarCheguemos bem de perto e confiramos se suas dimensões.
Muitíssima paz, querido poeta!!
Mais do que ponto de partida ou chegada, é permanência, gerúndio de um constante não-acontecer.
ResponderEliminarMas o que não foi também nos enriquece pela possibilidade, penso.
Um beijo, querido Jorge. Sempre gosto das tuas belas construções / reflexões poéticas.
Jorge, querido PoetAmigo!
ResponderEliminarDesenhou-se em minha mente a imagem de um recorte de tecido fino muito branco, nele um pequeno ponto negro.
Estendidos lado a lado, outros tecidos brancos, mas só esse tem ponto negro quase insignificante.
Alvos e incandescentes, muito podem ser; mas com essa marca, apenas tramas feitas no pouco a pouco de mãos insones; tempos sem métrica; espaços sem voz; no percorrer de dias além calendário.
É o próprio contraste.
E a vida sem contraste é menos que nada.
Como saberemos a notícia de amanhã antes que ela seja fato?
Existe algum livro que antecipe à carne o que está n'alma?
Somos pequenos diante de qualquer ponto negro e mesmo da tinta:
nem todas pedras são dispensáveis; e nem todo oásis, simples miragem.
E a vida sem o risco do contraste é menos que nada.
Beijos!
PS.: Sinceramente, querido amigo, maravilhoso! (a música também). Obrigada por compartilhar teu talento.
Excelenta: tudo...
ResponderEliminarAh...quem me dera saber escrever como tu...poemas belos e plenos de sentido que , devagar desvendamos....por entre as palavras, significantes que vestes de significado único...que moldas com tua imaginação...quem me dera!
Jorge, meu amigo...
ando desiludida com a escola, com os colegas...até com os alunos..
Preciso dscansar...dormir a acordar daqui a uns meses...não sei...
Um abraço, meu querido...
Oi Jorge,
ResponderEliminarBom final de semana prá você...
Beijos de sua amiga Ana Lúcia.
"São tantas as vidas...". Só aqui o teu poema já era imenso...e ele foi ainda maior...muito bonito, Jorginho. Muito bonito.
ResponderEliminarBjos, com carinho,
Dani
a aranha estilhaça o ar
ResponderEliminarao tecer um "labirinto suspenso"
"na estação do corpo"
a ponto cego.
assim não vale, né. o teu poema é tão rico. que qq trasnformação dele parece poesia.
um abraço.
- [descresse? deus cresce.]
A claridade duvidosa das páginas brancas pode traduzir o esmaecimento na negritude dos pontos negros que nela foram deixados. Resquícios de vidas que por ali passaram e que, nem por isso, deixaram de constituir VIDA. Nunca se chega a tamanho equilíbrio que nos permita visualizar esse mundo de possibilidades, de perdas, de interrogações,
ResponderEliminarsem o registro dos pontos negros.
Você tem tamanha criatividade que seus versos podem levar mensagens diferentes a cada um, dependendo do espírito vivenciado, momentaneamente, por quem os está a ler.
Aliás, é isso a poesia. Um significado peculiar para o leitor, da mesma forma que a pintura, a música e todos os tipos e criação.
Grande beijo para um grande poeta.
olá querido!
ResponderEliminarmuitos são os pontos
no qual nos debáramos,
negros,brancos
uns nos traz de volta
o sentido outros escurem a
nossa alma.
um abraço!
...que talento meu Deus,
ResponderEliminarque T A L E N T O!!
maravilha de alma em poesia!!
bjs, muitos, meu doce poeta!
Olá querido amigo...
ResponderEliminarJa me des-pausei ( desculpemeu portugues infame ).
Sempre que te visito saio daqui encantada com teu talento com as palavras.
Queria usar lindas metaforas para comentar teu
poema..mas a minha poesia é o barro.
O barro é o meu ponto de equilibrio...
Parabéns querido amigo poeta.
Um beijinho...
Ponto negro, boca incompleta, a troca pelo silêncio foi-é intencional, na completude do sentido, da palavra.
ResponderEliminarÉ que por aqui, no intocável, escritas de vinco talhadas ao melhor sousão.
um abraço já saudoso, Jorge.
guardo em reticências as vidas que estão por vir, serão pontos: exclamação, interrogação, parágrafo e com certeza final,
ResponderEliminarabraço poeta
O ponto, a brevidade quase perfeita e absoluta que marca tudo, no princípio e no final do caminho, uma pequenez que às vezes fica suficiente, mas a noite, meu caro amigo, ela sempre sabe que a aurora é o seu destino. Nós, mortais de bocas fechadas e olhares perdidos, não sabemos onde ficaremos quando a noite acabe.
ResponderEliminarUm abraço forte, querido Jorge.
Nessa sensível procura um ponto negro pode ser fragmento de esperança. Beijo Jorge!
ResponderEliminarEi, Jorge
ResponderEliminaro que as aranhas tecem, suas teias, são algo de fascinante, ponto por ponto de uma resistência incrível
e do 'ponto negro para páginas brancas de claridade duvidosa'
quanta existência caberá nas costas de um ponto?
"voltam as perguntas a arrancar silêncios
as exclamações a revolver utopias
mas a distância...
e o equilíbrio é labirinto suspenso,
rede de todos os caminhos,
como a noite...
e que não cessa, nunca,"
beijo pra ti querido Jorge
O incompleto é o que nos move, sempre – a claridade duvidosa, o ponto negro, o enigma.
ResponderEliminarBeijo, Jorge, pelo lindo poema.
ponto negro.ponto de luz.ponto que seduz.ponto...
ResponderEliminare assim são os caminhos...
muito belo, amigo!
beijo grande
p.s. já me esquecia, este é o novo trabalho de Rodrigo Leão? um pouco diferente, talvez mais simples, mas é linda, a música!
ResponderEliminarOlá Jorge!
ResponderEliminarUm ponto negro pode conter muito sentimento, sabedoria..poesia.
Sim...acho que muitas narrativas são intemporais...atemporais e algumas até prevvem o futuro. Pego nesse ponto com relação á "tríade" 1984 de Orwell - Laranja Mecânica e Admirável Mundo Novo. E claro, 2001 Uma Odisséia no Espaço, dentre tantos outros.
bjs!
um ponto negro na claridade da poesia: acqua
ResponderEliminarObrigada pelas lâminas e gentileza, amigo poeta!
calorosamente
acqua
esse ponto negro insiste em manchar a tinta branca, mas se não for por ele, para onde desviar o olhar?
ResponderEliminarMeu admirado Poeta
ResponderEliminarPor vezes ficamos tão centrados nesse ponto negro que não vemos o branco da folha...tão cansados de beber silêncios e de esperar auroras...que deixamos os pontos negros destruírem as Primaveras.
Os teus poemas sobrevoam (Uni)versos infinitos...enigmas por decifrar e labinticos caminhos...e eu perco-me neles e saio daqui sempre extasiada.
Deixo o meu carinho e um beijo
Sonhadora
Jorge,
ResponderEliminarHoje fiz minha última postagem do ano, e como vou me ausentar da blogosfera por algum tempo, vim deixar um beijo bem grande para o seu Gonçalo, que nasceu na mesma data do Menino Jesus :)
Que Deus encha de bençãos e alegrias a vida do seu menino. Que lhe de muita saúde, e faça dele um homem de bem.
Feliz Natal pra você e toda a sua família.
PAZ & LUZ!
Abraço afetuoso,
Cid@
Ponto negro que me embala num sentimento de confusão, ponto negro que de tão insignificante se torna mais significante que um dia radiante de sol, ó ponto negro.
ResponderEliminarBelíssima poesia.
Lhe convido a visitar meu blog:
http://reinaldodeltrejo.blogspot.com/
Grande Abraço
Nossa!
ResponderEliminarNem sei bem o que comentar, esse poema é profundo, ein? Digo até que um pouco obscuro, mas como todos os que leio aqui, incrível!
São muitas perguntas e poucas respostas nessa estadia confusa que se chama vida... O que resta é o silêncio...
:)
Uma boa semana e feliz natal adiantado! rs
Beijos
Bom dia, Jorge. Um poema belíssimo, repleto de metáforas, e muito interessante. Dúalidade pura onde o pensamento pode dar asas à várias interpretações.
ResponderEliminarExcelente semana, e fique na paz.
Um beijo na alma, amigo.
Oi Jorge,
ResponderEliminarAs palavras são mágicas, fiquei a imaginar você visualizando esse ponto e criando, criando...
Adorei.
Beijo meu
Jorge, fico impressionado com a tua sensibilidade e visão para captar algo até insignificante e dele extrair uma idéia inteira, complexa e num tom de beleza poética impressionante, mais um texto maravilhoso que nos toca. Parabéns amigo, vc é um poeta talentoso.
ResponderEliminarAbração pra ti.
Jorgíssimo
ResponderEliminarUm ponto negro de talento que nem mesmo sei para
onde vai e ao mesmo tempo volta para me inebriar
tecendo lindas interpretações.
"Um ponto preto
presa baloiça a espera do algoz
no labirinto do poema"
beijos
Os sonhos…
ResponderEliminarRevés que se nos tolda
Demência d’inverno
Roído no fruto
ponto negro quase insignificante
emissário da base da boca
hospedeiro desta espuma
Que se decifra a partir dos olhos…
Beijos daqui Poeta
pontos negros aclaram silêncios
ResponderEliminar...
poetAÇO!!!
ponto, ponto final?
ResponderEliminarum ponto pode também ser um traço, um risco, uma reta
beijinho
LauraAlberto