Expulsara o seu corpo
para longe de si,
não queria assumir
nenhuma responsabilidade sobre ele.
Milan Kundera, A
insustentável leveza do ser
fotografia de jorge pimenta
todas
as ruas sobrevivem à morte.
caem, nómadas,
no interior do corpo
como se foram
poeta
– desses poetas
de cabelo desgrenhado
a desprender
versos de loucura sobre ninhos
cantando
todos os que amam
os que perdem
o alfabeto
e a tinta
molhada das veias.
todas
as ruas permanecem intactas.
cantam,
silentes, na pauta de pedra,
enquanto o
amor, com guelras,
esquece as
asas e o voo
por isso cai,
cai com a noite
perdida a pele
o sabor do sexo e os oceanos de dor
que agasalham
a travessia dos lábios
e o escorbuto
do beijo.
todas
as ruas inauguram palavras.
arremessam,
cegas, versos para os nomes
por já não
saberem viver sós
por não
lembrarem a cor da terra queimada
– só a
canção do poeta louco
é reminiscência
da vida quase toda:
mas de olhos
fechados
quanto é
verdade?
apenas
as ruas sobrevivem à morte,
nada pedem em troca.
e o poeta? canta
ou finge viver?
our broken garden, seven wild horses
Belíssimo título!!
ResponderEliminarGenial abordagem dos caminhos concretos e subjetivos que trilhamos.
Caminhos avassaladores.
Caminhos ambíguos cimentados pelas incertezas de ser.
Beijoss
Todas as ruas: nenhuma.
ResponderEliminarTodos os poetas: o canto.
Todas as vozes: o silêncio.
Todos os passos: o descaminho.
grande abraço
Podemos obviar as ruas recorridas, mas é impossível borrar-as de nosso corpo, mesmo que por vezes…muitas vezes…quase sempre… quiséramos voltar ao ponto de partida e ter a oportunidade de virar na primeira esquina. e o poeta, canta, finge e vive, pois somente pode escrever versos aquele que more ao final de cada poema e ressuscita na sílaba seguinte, com a esperança de achar uma reminiscência da vida nas ruínas da cidade destruída.
ResponderEliminarAbraço, querido amigo.
Lindo demais...Encanta-me te ler. Bjos achocolatados
ResponderEliminarno corpo começam e terminam todas as trilhas que a pele ousa percorrer... e o poeta canta fingindo-se fingir!
ResponderEliminarinquietantes teus versos, querido amigo,poeta mágico!
Beijinho com desejo de um fim de semana sereno!
O poeta canta, Jorginho. Para tornar a vida suportável, para caminhar por ruas não obstruídas pelos vícios tão cansativos do cotidiano. Do cotidiano carente de ar puro,carente de impulsos, de liberdade, de amor... Carente da delicadeza de palavras que abraçam nossos sentidos.
ResponderEliminarUm beijo e um cheiro.
Oi meu querido Jorge,
ResponderEliminarPensando assim, somos todos poetas loucos. Deixamos os nossos passos soltos nas ruas, como cascas de palmeiras que se desprendem depois de suas funções exercidas. Apodrecemos e renascemos, constantemente, e as ruas ficam com os nossos entulhos. Chove e estes são extintos e vem o sol e seca tudo, deixando limpo novamente. E é toda essa loucura que nos faz sermos andarilhos sobre essas ruas impermeáveis..., inatingíveis,...
Beijos e bom final de semana,
Obs.: Obrigada pela gentil atenção. Já estamos bem, eu curada e ela quase.
ResponderEliminarBeijos,
Que paralelo legal que você traçou,enquanto vivemos, discursamos, cantamos, nos inspiramos em tudo o que há ao nosso redor, o concreto, o tangível, e ele permanece incólume ao tempo, bem, acho que foi isso que pude captar do teu texto, mas como o texto, depois de postado fica à deriva para as mais variadas interpretações, bem, mas parabenizo pelo belo texto, e gostei do vídeo, não conhecia, mas achei muito bom Jorge.
ResponderEliminarUm abração pra ti e te cuida, ok?
[a bientot mon cher ami]
ResponderEliminarpergunto-me muitas vezes quem é o poeta, se aquele que cria aquilo que diz sentir, ou se aquele que sente aquilo que diz criar
e o poeta, tu sabes, não finge
e o poeta é, tu sabes, real
abraço
Todas as ruas sobrevivem à morte,
ResponderEliminare a essência do poeta perpetuada nas palavras...sobrevive.
Beijinho e bom fim de semana
Oi Jorge,
ResponderEliminarO poeta cria caminhos pelos quais pode percorrer fora do corpo.
Um beijo
O poeta também sobrevive à morte, Jorge. Poemas são como ruas pelas quais às vezes entramos, para nos consolar ou nos perder.
ResponderEliminarBeijos, querido amigo.
Jorge, querido PoetAmigo!
ResponderEliminarParece-me que é menor a questão verdade/mentira, relativo à Poesia e a quem a escreve. Até porque sempre será Verdade, antes de mentira,qualquer poema que saia da tinta do poeta, incompleto, infinito. Mentira? Não! Verdade é só.
O que é essencial, em minha visão, é se há o canto ou não.
O canto que cria melodias-rua no corpo-poema, para completar-se nas ruelas, ladeiras, avenidas, caminhos vários de quem acolhe esses acordes.
E ainda o canto-poema que sai de seu gueto, (porque Poesia não se origina música de um canto só), para difundir-se, construir, interagir em outros caminhos construídos em prosa, verso..., caminhos estes que nunca findam em beco fechado por muro construído muito antes do nascer das letras. Aliás, citaria um Poeta português que canta a Verdade, por acaso tenho o privilégio de chamá-lo de amigo, o nome dele é Jorge Pimenta, o conheces? :)
Grande beijo, querido Amigo!
E de novo a vida. E de novo o sonho. De novo o céu...
ResponderEliminarBeijos Poeta
Jorge,
ResponderEliminarLindo! O poeta é fingidor e assassino de si mesmo a cada nova sequência de palavras. Milan Kundera, em a insustentável leveza do ser consegui não só retratar a vida em outro ângulo, mas consegui se livrar da morte.
Bom final de semana!
Lu
de tudo um pouco o poeta finge, o poeta canta, o poeta encanta o poeta delira, o poeta ama, o poeta odeia, o poeta versa a palavra que sente ou presente no ar
ResponderEliminarbeijos poeta mor
Jorge,
ResponderEliminarAs ruas sobrevivem, mas nunca estáticas, intactas
e o poeta sofre, morre, renasce em novas incertas palavras.
O silêncio é real: insonoro, viagem, onde tudo acontece. Para ouví-lo é preciso calar.
Abraço, poeta!
me desculpe todas essas luzes aí, da cidade, impedindo o horizonte, mas que suave o céu da fotografia,
ResponderEliminarnão pede nada em troca
não vem antes nem depois de nada
e não quer dizer coisa alguma
um beijo.
Jorgito, meu amado poeta-amigo! Perdoe-me por utilizar seu espaço, não com um comentário, mas com um poema meu, já bem antigo. É que ao ler as tuas ruas, automaticamente, fui remetida aos braços deste canto, que guardei entre tantos dizeres encarcerados. Teus poemas me cabem, como os mais confortáveis e desajeitados vestidos, os que perturbam.
ResponderEliminarAndo por tuas ruas de olhos fechados, sem jamais pedir troca, pois a poesia já é a própria troca.
Jamais fingi um verso que fosse,
Nenhum ódio ou amor,
Pois não suportaria os poemas fora das entranhas,
Onde nascem e morrem.
E onde vivem estrebuchando,
Ora no fígado, ora no pâncreas,
Depois assassinam as vértebras,
Sem falar quando defecam sobre o órgão infartável,
Os excrementos da cidade e suas criaturas.
Não suportaria vê-los, fora do ventre,
Sem essas mulheres do tempo,
Que me perseguem como sobras, e dá origem a voz.
Seus vestidos negros, que se contradizem de sangue,
Que experimentam verdades de olhos fechados.
Os poemas moram nos poetas,
Nos becos de fome,
Nos homens e mulheres que habitam suas loucuras,
Tantas torturas,
E se devoram enclipsados pelo amor.
Os poemas são resíduos de unhas dos poetas,
Após sobreviverem ao fio da navalha.
Sobram-lhes sempre os sabugos!
Bj-lhe as unhas e os sabugos
Cabelos desgrenhados como os teus, de poeta que sabe navegar nos poemas, e numa fabulosa fotografia de querer ficar sentada, sabendo que nem todas as ruas sobrevivem à morte, apenas a terra, que faz a rua.
ResponderEliminarTeus poemas, decalco-os na ponta do coração... e apenas tinjo o corpo dessa lava de sensações que é ter a voz prenhe de calor e cor pelas coisas mais pequenas.
Os poetas, os verdadeiros inspiram à letras...
um abraço
Oi Jorge tudo bem?
ResponderEliminarPara os poeta não existe a mentira,ou fingimento
Mesmo que a sua dor, seja por demais dolorida.
E que seu amor se faça por demais fantasiado.
E que sua solidão o torture no corpo e na alma.
Sem poesia a vida não teria magia.
Não nos faria sentir além dos sentimentos.
Nesse morrer de amor e de tormentos.
Por desejar demais, os beijos dos lábios amados
Sejam do corpo ou da vida, as ruas existem para ser percorridas, sem o foco de eternidade. Todas se gastam, se corroem, se embelezam ou se destroem, nas emoções do caminhante. Pode o poeta iluminá-las ou tirar-lhes a luz, na conformidade do que se lhe apresentar no momento.
ResponderEliminarGrande beijo!!!!!
Os caminhos que percorremos em nossa vida podem ser caminhos e só, ou caminhos que nos marcarão para sempre até o final de nossas vidas.
ResponderEliminarGostei muito desse poema porque ele me ajudou a lembrar de algumas coisas que já passei na vida!
Mais um poema do mestre Jorginho!
Parabens mestre!
Amigo Jorge,
ResponderEliminarTodas as ruas do corpo, por mais sinuosas que sejam, destinam-se ao coração, onde o amor, a poesia e a vida pulsam intensamente.
As vias do corpo do poema nos levam ao deleite e à sageza.
Teu poema é mais uma obra-prima que nos regala.
Abraços do amigo de além-mar e ótimo fim de semana para ti e família!
Cada pessoa com seu jeito,seu desejo
ResponderEliminarmostra no seu espaço ,o que sente,o
que gosta e o que vive,e aqui vejo o que tem de belo,e vc tem tudo que eu admiro,Adoro visitar seu Blog,pq me
traz alegria.
Tenha um bom final de semana bjuss
com carinho Rita!
Um poema lindo e profundo!
Jorginho, teus poemas são meus, assim eu sinto...Tuas palavras são aquelas que me entalam na garganta e não passam, outras que se esboçam e não se concretizam. Te leio e sei que o poeta vive. Te leio e prometo, sempre, que jamais deixarei que a vida seja prosaica, porque quero o espanto, esse espanto que sinto quano te leio. Mais que um poeta, se posso dizer assim. Grande beijo
ResponderEliminarTodas as palavras caem nas ruas enfeitando os paralelepípedos de saudades. As aves, esquecem do vôo e nadam num lago de incertezas. Os poetas, encantados com os pássaros, enfeitam os poemas que ficaram esquecidos na areia.
ResponderEliminarNuma confusão sentimental, perdem-se as vozes, e o sorriso é apenas uma vírgula no meio do temporal.
Às vezes, o poeta sente-se feliz com os versos, e outros momentos, as lágrimas agridoces enfeitam a sua face.
Lindo poema, meu amigo.
beijos na sua alma
As ruas permanecem, vias transmutáveis nos passos ocasionais do poeta que nelas se perde e nelas se (re)encontra.
ResponderEliminarUm beijo
Jorge,
ResponderEliminarLindo poema... Lindo.... me fez caminhar também por "Guardanapos de Papel", versão de Milton Nascimento para letra de Leo Masliah, conhece?
Pra você passear por ela:
http://www.youtube.com/watch?v=SV8Z_PETFZg
Beijos
O poema é uma boniteza (existe essa palavra?)e aquele Kundera ali no comecinho é demais. Meu livro preferido em todos os tempos...
ResponderEliminarTudo lindo, tudo tão...
Bjo
Bom dia Jorge querido
ResponderEliminarLindo demais...
Ruas em nós... O caminhos escolhemos.
Beijos
Ani
Boa tarde, Jorge. Amigo poeta, hoje eu vim para convidar você para participar da festa do "REDESCOBRINDO A ALMA", que fez 01 ano de idade dia 28 de Abril.
ResponderEliminarEspero que possa comer uma fatia de bolo conosco, pois é semana de festa!
Beijo grande, e fico na paz!
Depois eu volto para comentar!
Que belo poema Jorge!
ResponderEliminarParabéns!
Um beijo em seu coração
e um lindo início de semana para você!
Verinha
Jorge querido,
ResponderEliminarque corpo canta e sobrevive?
que ruas correm sangue e versos a não ser do poeta?..
belíssimo!
beijos ...
sempre obrigada.
Ruas que não morrem , mas que se desgastam com o sal dos poetas.
ResponderEliminarBeijo meu amigo e uma boa semana para ti.
Querido poeta,são ruas no desgaste de um tempo, que não tem dó nem piedade. São ruas perdidas na pena do poeta. Amei meu amigo o poema tem tanto de belo como de nostálgico. O poeta sobrevive na sua vereda da saudade. Beijos com carinho
ResponderEliminarNossa, nunca havia pensado no amor como algo que esquece de voar… fiquei aqui, pensando, que isso acontece pq ele se prende muito ao amado e não sente vontade de partir! Mas, tbem senti que o amor apresentado no poema está unido à paixão.
ResponderEliminarPoema belo e super intenso!!!
Eu simplesmente amooooo "A insustentável leveza do ser". O livro mexeu muito comigo. Tbem adoro o filme e já vi e revi diversas vezes.
bjkss
"apenas as ruas sobrevivem à morte,
ResponderEliminarnada pedem em troca."
o poeta canta para não morrer...
amigo, belíssimo o teu poema!
beijinho de saudades
Uau!
ResponderEliminar:)
Saudades que eu estava daqui, meu poeta!
Fiquei um tempinho afastada da blogosfera, pois meu PC, que já andava de mal a pior, veio a pifar de vez.
Agora, munida de um zero km, voltei saudosa e feliz.
Parabéns pelo poema e pela foto. Gostei demais.
Receba meu abraço e meu carinho,
Cid@
Nos descaminhos é que o poeta se encontra.
ResponderEliminarBeijo com toda a minha admiração!
(e a próxima perdição?)
Muito bom, Jorge!
ResponderEliminarVocê consegue captar a essência da vida em seus variados momentos através da força de seus versos.
Grande abraço e sucesso!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarAs palavras são ruas para a eternidade...e mesmo depois da morte do corpo, elas vão continuar, não dentro de nós...mas nas memória de quem as lê.
As palavras são muros que se deitam sobre o nosso corpo...aprisionam a alma...gritam o silêncio que escorre das mãos dos poetas...inventam Primaveras e desenham Invernos...soletram sonhos e descrevem vazios.
E...meu querido Jorge, as tuas palavras vão ficar eternizadas no tempo.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
Jorge
ResponderEliminarsomos essas ruas , asfaltadas ou de "terra queimada", sobrevivemos em cacos...
como sempre, desnecessário tentar definir o que o poeta sente, procuro sentir juntinho.
um abraço brasileiro, bem grande.
Este foi um dos melhores "posts" que já vi aqui, senão o melhor.
ResponderEliminarparabéns, meu querido amigo-colega.
Isabel
Boa tarde, Jorge.
ResponderEliminarO poeta (que nasce e renasce a cada novo escrito) pode até vir a perecer fisicamente, mas sua obra jamais perecerá, já que as belas palavras são imortais.
Abraço, Jorge.
Só ruas sobrevivem à morte
ResponderEliminarPerdeu-se a pele na pauta de pedra
O poeta chora
Jorgíssimo
Cantando ou fingindo, nada importa
ÉS POETA.
Um lindo final de semana
Beijos
...o poeta canta na ansia de viver, mesmo que o seu canto seja silencioso, é urgente!
ResponderEliminarOuço-te poema!
beijinho Jorge
cvb
putz, Jorge, deu vontade de sentar no banco da foto e ficar só apreciando
ResponderEliminartítulo altamente sugestivo
somos também nossas passagens pelas ruas, que com os anos nem tão intactas permanecem e vamos acumulando sentidos, amando e odiando e percorremos às vezes tanto e tanto as ruas e seus cantos, cada detalhe, aqueles minúsculos detalhes , que de olhos fechados o sabemos e as mãos e os pés vão como que por vontade própria
mas a memória não pode aprisionar, o amor arrebenta as grades e não as constrói, aprendi sobre o amor: ame e deixe-o, deixe-a livre.
o vídeo foi uma viagem a galope por aquela floresta
beijo carinhoso
todas as ruas sobrevivem à morte.
ResponderEliminarO corpo pobre
Apodrece e adormece
acama-se na pele
Agora molhada de tinta
Com sabor a sexo forte
liga-se por puro prazer
aos restos
da língua metida na terra
dissimulada entre pó…só!
beijo poeta *