sexta-feira, 30 de março de 2012

a humanidade no singular – ou todos os plurais de um só homem


Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que avança para deter-me…
José Luís Peixoto, Cemitério de Pianos


fotografia de jorge pimenta


são eles, os objetos, e talvez a sua alma
quem o persegue
em todas as madrugadas.
às escuras,
mordem-lhe os dedos
com cerejas e pão
e cospem a terra
com que alimenta cada escalada e precipício.

são eles, os objetos, e talvez a sua alma
quem sobe as escadas,
com fome de cães.
passo sobre passo,
atiram sílabas imundas ao chão
enquanto o olhar verga
sobre as vértebras
de sonhos e sonos sem corpo.

detêm-se à cabeceira da cama
a devorar o tempo de cada fotografia,
roída,
a acariciar gavetas,
por entre alfazema e roupa interior mal dobrada.

do lado de dentro,
o animal louco
sonha com árvores estreitas
de pétalas nas raízes
para cada uma das suas máscaras iluminadas.

do lado de fora
são eles, os objetos, e toda a sua alma
a arrotar em cada gomo arrancado
à romã da sua boca.

mais tarde – tarde de mais:
já nem o nome lhe cabe no beijo.

laura veirs, wrecking

91 comentários:

  1. Querido amigo Jorge,
    Profundo e rude!
    Deve conter ecos nesse vazio interior. Uma solidão voraz.
    Beijos,

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    1. ana lúcia, minha amiga,
      quantas vezes é dos corredores vazios que ecoam os gritos mais ensurdecedores?...

      beijinho!

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  2. "são eles, os objetos, e talvez a sua alma
    quem o persegue
    em todas as madrugadas.
    às escuras,
    (...)
    do lado de fora
    são eles, os objetos, e toda a sua alma".


    Gostei da flama poética. Abraço :)

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    1. daniel,
      há momentos em que os fantasmas estão por todo o lado e em todas as coisas... esta figura de 3ª pessoa é a rede que os amortece e reenvia à procedência.
      abraço!

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  3. Olá, amigo Jorge!
    Hoje tudo é considerado objeto independente da necessidade e do valor.
    O poema é trágico e taciturno, mas contém beleza poética e muita sabedoria.
    A pluralidade de homem se perde na singularidade do mundo.

    Suas fotografias são deveras genuínas!
    Ótimo alumbramento!

    Abraços do amigo de além-mar.

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    1. bento, meu bom amigo de olhar sempre agudo,
      o homem é ele mesmo e todos os outros que cruzam linhas com a sua. para o bem e o mal.
      esta imagem corresponde a um flash totalmente inesperado; num passadiço junto ao mar, uma rapariga para, senta-se, abre o saco, tira um livro e começa a ler, ali, sozinha, apenas com a companhia das ondas e do fim da tarde. pressenti que tinha saído uma foto contextualmente interessante :); já tecnicamente, nada sei para poder avaliá-la.

      abraço!

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  4. "mais tarde – tarde de mais:
    já nem o nome lhe cabe no beijo."

    meu amigo, aqui vejo a pluralidade de uma voz singular...

    Tem jeito não... Sou fã!!

    Beijinho muito carinhoso, Jorge poeta mágico!

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    1. joelma,
      a pluralidade da voz singular senti-a eu em "panorâmica sob dois efeitos" :)

      beijinho, minha querida com versos nos dedos!

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    2. faltou elogiar a fotografia...rs!

      linda... belo efeito!

      Beijinho de novo!

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    3. tecnicamente: zero.
      feliz o acaso, o momento e a ligeireza do disparo :)

      beijo grande!

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  5. Olá Jorginho!
    Realmente os objetos fazem parte de momentos. Momentos que estão guardados nos confins da mente e com apenas o manejar de algum desses objetos trás a tona todos esses momentos e sentimentos que as vezes podem ser bons ou ruins!

    Belo texto Jorginho!

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    1. andré, caro amigo,
      momentos há em que penso em ti e no afã que estes dias devem estar a ser. seguramente que exigentes mas inesquecíveis, dando corpo ao comentário que aqui deixas.

      um abraço e o desejo de que esteja tudo bem!

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  6. Os seres humanos abusam das máscaras, que vestem para fugir da realidade.

    Jorge, um poema tão lindo que choca, emociona!

    Parabéns, poeta!

    Beijos

    Mirze

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    1. mirze,
      neste jogo de máscaras, tantas e tão diversos são os subterfúgios que, por vezes, já nem se sabe o que é artifício sobre o corpo ou pele natural...

      beijinho!

      p.s. não tenho conseguido entrar no teu blogue... o que me anda a escapar?...

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  7. Como sempre, um belíssimo poema oriundo da pena de sua caneta!
    Um tanto cruel em alguns versos, mas quem disse que a poesia não fere!

    Muita paz!!

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    1. marcell, caro amigo hakaísta singular,
      assim é a vida da poesia;
      assim é a poesia da vida.

      abraço!

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  8. Sempre tão bom vir a este blog e ler o que você deixa aqui!
    Beijo beijo, Jorge.

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    1. dade, minha querida,
      e ainda melhor saber-te por aqui e a gostar do que lês. estímulo maior? impossível!

      beijo de tinta!

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  9. Deu-me uma tristeza....uma profunda tristeza que se entranhou em cada fibra do meu corpo e da minha alma....

    Um beijo


    BS

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  10. Deu-me uma tristeza...uma profunda tristeza me invadiu...
    Nosso ser é pequeno demais para lutar contra o inevitável.
    Um beijo

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    1. querida amiga,
      nada na vida é, à nascença e por definição, inevitável; apenas o é na hora em que desistimos.

      um beijo com saudades, desejando que os piores momentos tenham sido superados!

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  11. Olá Jorge, bom dia!
    É a primeira vez que venho e já me deparo com
    todos os plurais da natureza humana, verdades profundas tanto suas, quanto minhas, expressadas em letras fortes e espessa de sentimentos,poeticamente linda!

    Estou te seguindo, porque gostei e estou certa que aprenderei muito vindo aqui mais vezes!

    Beijos da Lu...

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  12. lu,
    os plurais da natureza humana fazem-se de aprendizagem partilhada. grato pela visita e palavras.

    beijinho!

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  13. Retornei, Jorge, apenas pra te confirmar o que eu disse em comentário anterior: "...estou certa que aprenderei muito vindo aqui mais vezes!" - pois sendo você, um Educador, acabou de me ensinar ( busquei o significado no Wikipédia) da palavra "Epistomologia" !

    Como está sendo bom ter te encontrado!

    Beijinhos!!

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  14. Objetos que são a realidade do homem, visíveis ou invisíveis, tocáveis ou intocáveis, pelas mãos ou pela palavra que através do tempo te limita, te agride e te exalta. Exaltação feita pelo próprio homem que se diz infinitamente superior a tudo e não vê que é apenas um objeto que desaparecerá na poeira do tempo, que o circunda.

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    1. efemeridades, amigo arnoldo. em pportugal, temos o provérbio "quanto mais alto se chega, maior é a queda".

      abraço!

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  15. Somos assim e seremos sempre - seres dicotômicos - pelas nossas singularidades e pluralidades vamos hora senso um; ora sendo outros e muitas vezes nada nos cabe.
    Grata pela sua visita.
    Um grande abraço

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    1. é, malu,
      é a diferença entre mundos: os genuínos, verdadeiros, e os que apenas conseguimos carregar.

      beijinho!

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  16. De objetos, escadas, madrugadas insones
    do silêncio
    singularplural silêncio.

    { e ainda não se esgotam as palavras para expressá-lo, não é poeta?]

    Belo!

    Beijo, Jorge!

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    1. querida marlene,
      de matéria, ascese e queda, noites brancas e gritos sem voz, para além dos lábios e dos ouvidos.
      singularpessoal do[s] homem[s].

      quanto mais ele diz mais prenhe fica a boca e despido o coração...

      beijinho!

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  17. E o grito de si
    arrancou até raízes
    explodindo suas veias

    Agora êle delira
    Arrancou todas as máscaras?
    Sonha outra vez

    Jorgíssimo, adorei
    É a verdade que assusta, mas sempre se espera num novo alvorecer que nova raiz renasça sem fantasmas. É sempre o sono e o sonho que toma corpo outra vez.
    Bjs

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    1. é, elisa querida,
      o homem tem mais vidas do que os gatos: salta de morte em morte até que o corpo se canse e adormeça definitivamente. ah, este eterno retorno!

      beijinho grande!

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  18. .."sonhos e sonos sem corpo"..
    Jorge, tuas palavras se acoplam em desejos e angústias..
    mas é a poesia que nos leva..
    beijos de carinho e gratidão sempre..

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    1. querida ingrid,
      o corpo é, tantas vezes, e simultaneamente, o obstáculo e o alvo do grito...

      beijinho grande feliz por te saber de regresso à escrita!

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  19. Jorge,
    Um poema forte, pungente e que retrata com propriedade e verdade os plurais todos os plurais da natureza do homem. Sempre bom ler-te, pois de uma maneira muito particular você nos faz refletir sobre a nossa "suposta" humanidade... Já que seus versos nos despe de toda hipocrisia.
    Beijokas doces e bom fim de semana!

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    1. marly,
      os plurais do homem... aqueles que afagam e os que arranham, os que beijam e os que cospem, os que empurram e os que detêm, os que... acabamos invariavelmente em plural dicotómico.

      beijinho!

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  20. "do lado de dentro,
    o animal louco
    sonha com árvores estreitas..."

    Jorginho, tem essas vezes que quero dizer algo para te contar que estive aqui e o que senti, mas não consigo rs. Fico a repetir os teus versos, eles ecoando, ecoando do lado de dentro.

    Te beijo,

    Dani

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    1. dani,
      em cada silêncio tudo o que se quer dizer na esterilidade da boca...
      obrigado, minha doce amiga! a tua presença reacende todas as raízes... e esse animal sente-se, por instantes, menos louco.

      beijinho!

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  21. "Os objetos ou a sua alma".

    Sim! Devem ter alma, os objetos. Como poderiam levar-nos até esse grito de que fala José Luis Peixoto se não tivessem alma? Se não tivessem a intensão de nos fazer despertar para a pluralidade dentro de nós, humanos tão só!

    Um beijo

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    1. recordo-me [era bem menino] de altino tojal, no conto "patrícia", questionar a existência de alma nos grilos. meteu-me confusão a pergunta até porque não sabia bem, ainda, o que era isso de alma. o tempo passou e, hoje, sei mais de grilos do que de almas...

      beijinho, lídia!

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  22. "cemitério de pianos"

    não-objetos

    me fez pensar nos cemitérios internos
    veneno nos lábios da não-palavra

    e no som, na poesia...
    beijo

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    1. "veneno nos lábios da não-palavra": síntese mais-que-perfeita de tudo o que morre mas também [e sobretudo] do que nunca chegou a viver.

      beijinho, dani!

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  23. Respostas
    1. luíza,
      obrigado em rosto rubro :)

      a propósito, há instantes passei no teu blogue e reparei que já aparece em janela; na semana passada foi-me impossível entrar, pois surgia como tendo acesso reservado àqueles que convidaras. ainda bem que tudo está solucionado, pois.

      beijinho e até já!

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  24. Jorginho querido, gosto particularmente de "todos os plurais de um só homem", pois são tantos os espaços vagos e os vãos que carregamos dentro, que a alma de cada objeto ressoa por nossos corredores, pelos quartos, pelos abismos...

    tantas vezes nossas pernas carregam menos de nós e mais do que nos habita, não é?

    um poema de ir fundo, de secar a boca, de arranhar a garganta...

    tua pena é sempre um deleite, amigo meu :)
    beijinho

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    1. querida andrea,
      essa ideia de carregarmos menos de nós e mais do tudo aquilo que nos habita torna-nos sísifo em permanente escalada ou prometeu de fígado eternamente renovado. as penas são os nossos pássaros de asa breve: divisam o céu, sabem de voo, adivinham a viagem, mas apenas saltitam sem nunca perderem o solo.

      beijinho, minha amiga!

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  25. Jorge,

    Tudo bem? Seus textos são tão intensos e ao mesmo tempo conduzem a leveza da alma. Penso que "quando o nome não cabe no beijo", a vida se desmorona em uma paixão que transforma o ser.

    Lindo dia para ti.

    Beijos.

    Lu

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    1. querida lu,
      o homem tende a criar deuses para aprender a saber morrer... o amor é um deles e, desmoronando ou redimindo, sempre transforma o ser.

      beijinho e um ótimo domingo para ti!

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  26. Jorge querido,

    gosto de como a sua poesia percorre as entranhas, os recônditos nem sempre iluminados e que você traz à luz com estes enormes fachos de luz que são seus versos.

    Há uma beleza imensa neste grito, no animal louco, que eu em minhas cores raramente ou nunca consigo vibrar em ondas de poesia e que que aqui encontro como fotografia, fotografia em palavras emolduradas em imagens estáticas das suas fotografias de luz e sombra e da sua poesia que imprime beleza em tudo e mostra-nos luz onde deveríamos ver sombras.

    A foto é magnífica!

    Um beijo

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    1. van,
      temos canais de sombras em cada pedaço de ser; para mim, a poesia é o verdadeiro feixe que lhes devolve a luz e a capacidade de voltar a ver.
      a fotografia foi um acaso feliz, crê-me. fiz duas seguidas para garantir que não perdia este momento tão inesperado quanto inusitado. e, ainda que saiba que não há duas fotografias iguais e que uma sempre se destaca da outra [nem que seja por um ínfimo detalhe], acabei por não conseguir fazer uma escolha consciente; foi mesmo esta a publicada.

      um beijinho imenso para ti, querida amiga!

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  27. Jorge, querido PoetAmigo e Fotógrafo!

    Recém vim do blog da queridíssima Luciana Santa Rita, e te trago uma citação de Pessoa que ela colocou em seu último post, e a senti por aqui:
    "Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso".

    Entre os verbos Ser e Estar, há uma distância infinitamente maior que dois palmos. Talvez por isso, precisamos de pelo menos um par de mãos a mais para movimentar (nosso) mundo.

    Beijos!

    PS.: Que fotografia!

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    1. cecília, minha querida amiga,
      pessoa e luis peixoto em diálogo perfeito: ao sonho responde ele com o grito que tudo despedaça, transformando muros e vedações em meros vestígios do silêncio. afinal, e ainda que a gramática aproxime "ser" de "estar", a semântica do homem torna-os apenas estados complementares que transitam em permanente alternância. e o tempo, mais do que passado, presente ou futuro, é apenas inevitabilidade.

      beijinho grande!

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  28. Meu querido, as suas palavras ressoam no infinito trazendo aconchego e preciosos sons...

    Como é infinito ler vc..

    Beijos

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    1. suzanita,
      têm feitiço, as palavras, esses druídas de opacidade inquietante. ainda há instantes me perdia por entre a ilusão dos grãos de café que se desprendem da chávena quente da tua escrita. só no teu entre marés, pois claro.

      beijinho!

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  29. eu fico pensando em todas as coisas que o homem pode nomear, e aquelas outras em que um nome soa como despropósito, como uma coleção de objetos do não-ser,



    grande abraço

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    1. e como as palavras e a arte de nomear dão vida aos seres, aos objetos, às ideias. o que somos para além da boca, amigo assis?

      um forte abraço!

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  30. Ei, Jorge,
    olha, o título já é
    a citação e a fotografia encarnadas
    e todo o corpo da poesia
    as coisas que a tudo chamamos
    animadas inanimadas
    imaginadas criadas concretas e irreais
    e o tempo nesta história carcomendo e sendo carcomido

    beijos, Jorge, sempre admirada por todo seu trabalho

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    1. vais,
      falava há instantes disso com o assis: do tanto que somos na capacidade de nomear...

      beijinho de gratidão!

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  31. Talvez o sujeito seja mesmo um fantasma. Tenho pesquisando sobre subjetividade e aprendendo a ser pessimista. Se as máscaras são como os anéis de uma cebola e retiramos um a um, o que sobrará? Que tipo de “isso” nos restará? Pode ser que eu esteja louca, muito louca, mas algo me diz que as palavras são tudo o que nos restam e é com elas que podemos contar. E ainda: as narrativas dão vida ao que seria, somente, objeto.

    Beijinhos querido Jorge,
    saudade.

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    1. as máscaras sobrepostas tendem a calcificar no corpo, querida lívia, acabando por originar uma camada espessa que respira sem pulmões e a que chamamos pele. por debaixo dela, todos os mundos que encobrimos e que apenas ousamos desvelar na projeção infinita das palavras.

      beijinho com um sorriso por ter-te, de novo, por cá. saudades tuas!

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  32. Jorge, o ser humano é, ao mesmo tempo, previsível e uma incógnita, previsível porque vivemos em uma sociedade no qual molda as nossas ações e somos, de certa forma, produtos do meio, e uma incógnita pelo fato de termos dentro de nós um mundo infinito a ser explorado, como você disse, tanto para o bem, quanto para o mal. Lindo texto amigo, belo e poético.

    Um abração pra ti.

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    1. paulo, querido amigo,
      é justamente algures entre o espaço que existe entre ambas as linhas que acontecemos. se nos aproximamos de uma, sentimos a mão fria da outra; se sorrimos para a segunda, a primeira arremessa veneno sobre as raízes. e definimo-nos assim, incompletos, sempre entre tensões de incompletude e adiamento. são os mundos de opaca transparência em ebulição permanente.

      abraço, meu amigo!

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  33. Ah, Jorge!
    Que poder têm as tuas palavras de me emocionar.
    Já uma vez te disse , creio,que a tua poesia me toca na alma e na pele. Só o título é já de arrepiar , de tão bom.
    Obrigada. Obrigada.

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    1. sandra, minha amiga,
      são as palavras o nervo que entrelaça todos os hemisférios que nos percorrem.

      beijinho grande e uma imensa gratidão!

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  34. Este comentário foi removido pelo autor.

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  35. Jorge, suas palavras sempre emocionam, alas tem um dom dramático e esperançoso ao mesmo tempo, uma efervescência poética.
    Grande abraço e sucesso!

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  36. Jorge, do lado de dentro ainda nós é tão desconhecido; o obscuro, sem forma e vazio tão predominante. nas diversas vezes, a animal louco é que nos acalma, porque é revelação. os
    sonhos das árvores estreitas, como mensagem instantânea, mas bastante profunda, rasga todas as camadas e de pétalas nas raízes, percebe-se que para cada uma das máscaras iluminadas, elas progridem.

    Abraço,
    Priscila Cáliga

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  37. Agradeço às pontes que me trouxeram a mais este espaço onde se esconde a Poesia em sua concreta beleza secreta. Adorei porque não há poesia que resista ao encanto da Poesia. Parabéns!

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  38. Lindíssimo, Jorge!
    Os fantasmas e as sombras, feitas de matéria ou não, que povoam a mente e o espírito humano (segundo a minha interpretação), descrito de uma forma soberba...
    Beijinhos poeta, adorei :)

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  39. Hoje só trago um trago doce de amendoas em flor e votos de Páscoa muito Feliz.

    Beijo

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  40. Verdade, Jorge! Mas vê-los e reposicionar a estrutura com que cantamos a vida, é também ser demirgo nas palavras como escreves... :)

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  41. De nós somos apenas recordações, objetos e alma (nossa e a deles). Além disso pouco ou nada permanece.

    Excelente!
    Beijinho Jorge, boa semana
    cvb

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  42. Está demais! Escreves muitoooo...fui ao infinito.
    Me senti um ser de outro mundo ouvindo sons* sentindo o obscuro que há em cada um de nós, acredito em coisas ..."deixa; fiquei impressionada com esse post.
    És inteligente demais, e confundes a gente; beijos, estou seguindo você, quero me deliciar sempre com teus textos enlouquecedores.
    Boa semana, sou professora do Município do RJ, se quiseres estás convidado a me visitar, rsrs

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  43. Jorgito, meu amigo Orfeu, um poema com a crueza humana! Sempre tenho a sensação de que os objetos nos usam e não o contrário, quando explodem em nós todas as mortes de nossas tantas vidas (o homem plural), nas lembranças do que fomos e dos que foram os outros, sem que tenhamos qualquer poder sobre eles. Quem sabe nosso porão não esteja mais cheio de objetos do que de nós?
    Bj plural e admiração singular

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  44. …também eles!
    Também eles nos são
    estes pés apressados
    soluçando em cada passo.
    Andar do tempo que segue…
    como quem foge das suas gentes…
    avive ele as mentes destes sonhos…
    que ficam em nós...

    Abraço-te muito Poeta

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  45. Fantástica foto e uma poesia soberba. o avesso e o direito de nós, num controverso mas complementar do oposto, do inverso e do contrário

    Excelente blogue

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  46. a vanguarda adormecida que Dalí anuncia
    parusia da doutrina escatológica
    quiçá as cores de um calafate
    aparecessem em Magritte
    vicejantes e embriagados
    "la máquina de gorjear", vamos a Klee!
    o objeto é categórico, homens bucólicos
    admiram a estrela
    para Miró
    para onde à negra
    no alaúde de madeira
    on line figura prisioneira
    hóspde ou manequim
    De Chirico vivo vivo
    muito vivo
    Belchior bebendo o antigo
    de Caetano a Gauguim
    rejuvenece assim
    assusta a mão que o toca
    de fora, a nota descendo escalas
    viagem de um jovem Duchamp
    ao centro de Laforgue

    (encore à cet astre)

    Duchamp sabe que delira
    nas Impressions d' Afrique...!

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  47. Provocam tristeza, esses versos, embora retratem a realidade. Gritos que só podem ser ouvidos pela sensibilidade. Não somos como os demais objetos que nos rodeiam? Memórias? O lado de fora se confunde com o que julgamos arraigado ao nosso ser. (Belíssima foto)

    Grande beijo!

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  48. Jorge, boa tarde (pelo menos deste lado do Atlântico).
    Acho que não há como nomearmos todas as sensações, pensamentos e experiências pela qual passamos todos os momentos de nossa vida.
    Deve ser por isso que escrevemos.
    Eu não sabia que Portugal tinha ido seu próprio Robin Hood, legal.
    E concordo com o pessoal, belíssima foto, sem dúvida.
    Abraço, Jorge.

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  49. Grande Jorge, ótimas notícias me deste por lá, e fico feliz por mais essa colaboração com o meu site, espero não ter tomado o seu precioso tempo, mas desde já te agradeço de montão, obrigado mesmo pela matéria sobre sua cidade.

    Abração pra ti.

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  50. O ser humano é vários num só corpo... acho que isso nos torna tão complexos. Tantos anseios...

    Peço desculpas por demorar para vir aqui. Ando na correria sem fim do trabalho. Seu blog está entre meus favoritos e ler você é sempre um deleite para a alma e a mente.

    Ah, então além de um poeta e tanto vc tbem curte Frühling In Paris, de Rammstein? Não poderia ser mais perfeito!!! Tenho escutado essa música todos os dias. Aliás, Rammstein faz parte de meu cotidiano musical.

    Beijos

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  51. Querido, demorei, mas cá, felizmente, cheguei... Procuro a hora própícia para te ler como gosto - mergulhando nas entrelinhas de cada verso. "... enquanto o olhar verga
    sobre as vértebras de sonhos e sonos sem corpo...". Te ler me atira ao longe. Saudades que estava. Tempo que faltava. Cheguei. E estar aqui é estar no território de um dos poetas da blogosfera que mais admiro.

    Beijos, querido!

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  52. Meu querido Poeta
    Os objectos têm vida...cheiros que recordam momentos...sons que a nossa memória guardou...instantes efémeros que nos levam a lugares antigos...corredores de silêncio por dentro de nós.
    E...meu querido Jorge quando o nome não cabe num beijo...reinventamos as mãos e escrevemos a alma...nua...como só tu o sabes fazer tão bem.

    Um beijinho de admiração
    Sonhadora

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  53. passei para desejar uma Páscoa Feliz...ou um FDS...cnforme...mas sempre pleno de felicidade junto dos que mais amas!
    Beijo
    BShell

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  54. Querido Jorge,

    desejo uma ótima Páscoa a você e sua família, de muita paz e alegria.

    Beijos

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  55. Cada objecto que tocamos nos rouba um pouco de memória, até que chega o dia que se transformam na memória mesma.
    Abraço forte, meu amigo.

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  56. também só vou comentar a fotografia...

    tu estás a apanhar o jeito... desconfio que vou guardar a minha máquina fotografia, assim não tenho jeito

    tens mesmo de investir na fotografia

    beijinho

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