Klaus tinha os lábios pretos, como se falasse outra língua. […].
São palavras pretas. Queimam os lábios.
Gonçalo M. Tavares, Um Homem: Klaus Klump
fotografia de jorge pimenta
uma a uma,
as palavras da boca
esquecem os lábios
e adormecem no precipício
átono do glossário
uma a uma,
secas, pálidas, quase indiferentes
apenas papel
à nascente dos olhares
e ao poente dos amores
é assim a bússola do corpo:
aponta ao fim do mundo
mas perde-se no fundo
é assim o corpo sem bússola:
pressente o tempo
e todas as orquídeas cortadas,
repete as estações das árvores
mas nunca viu as raízes na terra,
cala os nomes e os rostos
quando a pele sangra
são assim o corpo e a bússola:
na solidão dos fins de tarde
inauguram a sombra
e os versos onde nos caíram as mãos
portishead, the rip
a bússola do corpo é o norte do verbo, onde se calcificam as sílabas desavisadas que os lábios se esqueceram,
ResponderEliminarabração poeta
a bússola do corpo: terra viva de onde floresce a poesia. que se esqueçam os lábios; que o sinta o coração. sempre.
Eliminarabraço, assis!
Inaugurar sombras é demais. A luz inalgural da fronteira do poema.
ResponderEliminarTão sublime, Jorge!
Beijos
Mirze
ardem-me as mãos por as não saber domar, as sombras, mirze :)
Eliminarbeijinho!
o corpo e a bússola, a palavra e a imagem, o que se pressente e o esquecimento: a direção sempre aponta a sombra. é o destino inevitável do que já foi luz.
ResponderEliminarabraço, meu caro Jorge!
"a direção sempre aponta a sombra. é o destino inevitável do que já foi luz."
Eliminare lá viajamos nós, entre luzes e sombras, querido amigo.
abraço em chamas!
as palavras da boca
ResponderEliminaresquecem os lábios
e adormecem no precipício
átono do glossário...
Jorge, querido, você me assombra, você, sim, atira-se ao precipício das palavras, sem medo: é assim que nasce um poeta? Belo poema, meu caro!
Beijos,
taninha,
Eliminarsempre de braço dado com a ternura, esta tua voz.
beijinho!
p.s. passei hoje no roxo e ainda não há vestígios do domingos...
há palavras que deviam de ser esquecidas...
ResponderEliminarhá palavras que nunca deviam existir...
lembras-te da bússola que um dia usamos de pernas para o ar? lembras...
abraço, o tal
LauraAlberto
a bússola, mesmo de pernas para o ar, indica o norte; apenas que no sentido contrário.
Eliminaras palavras, laurita? todas elas respiram. todas. mesmo as que evitamos por saltitarem, atrevidas, no viés dos fios suspensos.
beijinho!
Ah,
ResponderEliminarperfeita a escolha do Gonçalo M. Tavares, já só me falta um para acabar com o bairro negro
ainda não entrei em absoluto na sua escrita... há coisas assim.
Eliminarbeijo renovado!
eu já, até acho que já te disse isso mil vezes...
Eliminarse tivesse tatuagens e correntes... era o próximo...
beijinho
Olá Jorginho!
ResponderEliminarMeu amigo, muito bom!
São raros os seus escritos que vem e falam o que qierem dizer sem ter algo a mais. Nem que seja uma imagem que teima em aparecer na hora da leitura. Isso é bom, porque faz o autor interagir com a gente que está lendo.Mesmo que seja uma interação muda.
Parabens meu amigo! Você é mestre!
andré, querido amigo,
Eliminarque bom ter-te por cá. tão agradável quanto surpreendente, tendo em conta as novas exigências lá por casa, com a chegada do pequeno samuel.
grato pelas palavras e votos de que tudo esteja a correr bem nesta nova etapa da tua vida!
e há o corpo que se fecha na coreografia do silêncio
ResponderEliminare as borboletas já não voam como palavras soltas ao vento
Beijo, amigo!
p.s. belíssima foto e vídeo!
andy, minha tão especial amiga,
Eliminarno dia em que as borboletas deixarem de voar, as palavras serão o próprio vento e as suas mais temidas tempestades. pergunto-me onde estará a poesia do corpo e o corpo em poesia, nesse então?
tão bom ler-te aqui, ali e em tantos lugares!
beijinho!
atravessa o olho uma palavra adormecida esquecida
ResponderEliminare a flecha faz-se alvo.
EliminarUau!...Uau!!... Uau!!!...
ResponderEliminarMy God!
:)
Invejinha boa que eu tenho de alguém que passeia com tanta desenvoltura e intimidade no mundo das palavras, assim como você.
Gostei demais!
Também gostei muito da foto (que me parece alguém da família)... acertei?
Os olhares dizem muito, e sempre me fascinam.
Forte abraço pra você, Jorge.
Fique bem, fique com Deus.
Cid@
cid@, minha querid@ amig@,
Eliminarolhar certeiro o teu; estas metáforas [como o meu bom amigo eduardo se lhes referia] são os olhos que seguram os meus: flores de luz da minha pequena mar-garida!
beijinho grande!
Olá, sábio amigo Jorge!
ResponderEliminarAs palavras carecem de azimute para que não se percam no trevor.
O léxico é a necrópole das palavras.
Poema brilhante.
A imagem também é genuína.
Música muito oportuna.
Abraços do amigo de além-mar!
"o léxico é a necrópole das palavras"
Eliminaramigo bento, mago das palavras,
esta tua frase é a chave que abre todo o poema. brilhante!
abraço com um agradecimento especial!
A nascente dos olhares
ResponderEliminarvigiam-se os corpos
em cada articulação
a poente dos amores...
Abraço-te Querido Poeta
e bom fim de semana
assíria, querida amiga,
Eliminaré assim a rosa-dos-ventos dos afetos: nenhum ponto cardeal sabe ser-nos sem os outros. e quantas vezes somos nascente e poente? umas norteamos, outras desorientamos; umas desnorteamos, outras desorientamos...
abraço-te tocando os pontos cardeais de toda a minha admiração, querida amiga!
O corpo tem sua própria forma de sentir, de se guiar, de querer.Parabéns.
ResponderEliminararnoldo, poeta,
Eliminaré justamente por isso que cada homem é a sua própria bússola e direção.
abraço!
Palavras vivas são as suas, que independem de lábios porque provocam sentimentos. Para elas, não necessita de bússola, pois tem um guia precioso , a sensibilidade que o faz viajar e que não lhe tira o foco, mesmo nas sombras.
ResponderEliminarGrande beijo!
marilene,
Eliminaras palavras só o são na hora em que ganham os contornos do lábio e adivinham a explosão do sangue. no mais? apenas formas a aguardar a hora de acontecer.
beijinho, querida!
Querido,
ResponderEliminarSemana passada não consegui postar em seu blog. Espero que agora eu consiga...
Eis que digito rápido, sôfrega como aquele corpo sem bússula,que nunca viu raízes na terra. Busco nesse momento encontrar palvras ideais, mas elas me fogem, afinal os glossários sempre são átonos...
Encantada! Meu beijo!
doce adriana,
Eliminaranda assim meio baralhado este meu blogue, ao que parece; já outras pessoas mo disseram antes, pois conseguem aceder-lhe, mas não conseguem comentar. a essência da poesia é a palavra escrita e os olhares que a atualizam. agradeço-te por ajudares, com os teus olhos, a dar vida aos poemas que cruzam estas viagens de luz e sombra.
um beijinho grande!
Olá meu querido amigo Jorge...,
ResponderEliminarNem sempre caminhamos pelo trajeto que imaginamos; pegamos atalhos ou até trocamos de rota. Há muito o que se explorar. É fato. Seja ou não com bússola. Podemos nos perder nos versos ou perdê-los aos finais das tardes, mas elas virão em palavras outras, noutros dias...
Beijossss e bom final de semana,
Ana Lúcia (Cores da Vida...)
querida ana lúcia,
Eliminardeixar o trajeto abrir-se diante dos nossos passos é, provavelmente, uma das maiores epifanias que nos podemos oferecer, verdade?
um beijinho!
Belíssima foto...!! Muito bem focada, com um ótimo ângulo. Está um craque, quase profissional!!Rs
ResponderEliminarintuição, apenas, ana lúcia. ando a adiar um curso de fotografia há já algum tempo. existem planos, mas ainda não consegui convencer o tempo a autorizar-me a fazê-lo :)
Eliminarbeijo meu!
Jorginho, que linda imagem. São lindos os olhos da tua florzinha...teu poema é lindo também. Há pouquinhos dias pensava na beleza da palavra "orquídea". Às vezes fico assim encantada por algumas palavras. Como ela não quis ficar no meu último escrito, acabei colocando a imagem de uma orquídea lilás. Aqui ficou tão linda: "é assim o corpo sem bússola:
ResponderEliminarpressente o tempo e todas as orquídeas cortadas...". Aí pensei: "foi pra cá que veio essa danada, pra esse poema lindo do Jorginho. Ainda bem...".
Bjos, meu amigo tão querido!
Dani
daniela, minha querida,
Eliminarestes olhos são o meu verdadeiro poema :) o mais, apenas palavras que umas vezes seguram o lábio, outras enregelam nas prateleiras do glossário...
beijinho!
p.s. adoro as orquídeas. há um quê de sensual e misterioso naquela combinação de formas e cores.
Jorge, querido amigo,
ResponderEliminarLatitudes, longitudes,
pontos cardeais,
palavras e a ausência delas,
o que se diz, o que se procura e nunca será dito.
Buraco negro: vácuo sem gênesis,
quiçá, sem fim.
O ponto mais importante tem coordenada bem definida,
situado a bombordo,
no lado esquerdo do peito.
Beijos, senhor navegador!
Poético e doce o olhar da tua filhota linda!
e pulsa, aninha querida. e pulsa... tudo o mais? apenas mapas e instrumentos de medição física.
Eliminarbeijinho com saudades!
Jorgíssimo
ResponderEliminarO que vejo
A bússola
mostrando esse olhar
quase negro de menina
que brilha na imensidão
nascente de ternura
poente de coração
É a pequena Margarida?
bjs
elisa, minha amiga,
Eliminarsão essas pedras de brilho incandescente a minha verdadeira bússola, sim. com ela, todas as viagens se fazem luz. margarida é o seu nome.
beijinho!
Alguém disse-me que olhar e falar podem ser sinónimos, eu creio que sim, quando a inteligência, a ternura e a beleza das metáforas luminosas dos olhos transformam-se em palavras misturadas num poema na 'bússola do corpo', num espaço sem pontos cardinais nem minutos, com a beleza agridoce das 'orquídeas cortadas'.
ResponderEliminarAbrazo forte, meu querido amigo.
eduardo, querido amigo,
ResponderEliminaro olhar que diz e a palavra que vê, porque adivinha, mais do que sabe. só tu para chegares a todos os recantos do ser...
um forte abraço!
Bom dia, Jorge. A sensibilidade que você tem para criar é fantástica!
ResponderEliminarAs palavras podem ser uma benção trazendo alento, rumo, e amor.
Tem vezes que as palavras nem precisariam existir, e sim a linguagem do corpo, sem receios.
Quando proferimos o que não é bom, causamos o naufrágio no coração alheio.
Seu poema é riquíssimo, e esta solidão faz parte da riqueza.
Um beijo na alma, e fique na paz!
patrícia,
Eliminaraquele que não atenta na linguagem do corpo nem sabe o que são palavras...
beijinho!
Querido,
ResponderEliminarLindíssimos os olhos de sua mar-garida!
Beijinhnho!!!
querida adriana,
Eliminarhá poemas que se escrevem com a gramática do olhar :)
beijinho!
Agora que as coisas estão mais ou menos normalizadas lá na minha «CASA» tenho andado, aos poucos, a actualizar os meus "seguidos" :)
ResponderEliminarAssim, acabei me me fazer seguidora, porque, finalmente, posso fazê-lo.
A foto deste post é lindíssima. Nada se compara à pureza dum olhar assim.
Tenho uma certa dificuldade em comentar poesia, e, quanto mais gosto, maior é a dificuldade... Espero que isto lhe diga tudo.
Bm fim de semana. Beijinhos
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliminarmariazita, duas breves notas: a primeira, para o gosto de te rever e saber que com todos os problemas no blogger solucionados; a segunda, para te agradecer a dificuldade que anuncias para formular o teu comentário :) beijinho grande!
EliminarQuando as palavras esquecem os lábios, em mim o ponteiro da bússola está quebrado.
ResponderEliminarSuas direções querido poeta, nos chamam a percorrer caminhos que a nossa bússola ainda não havia apontado, sempre ao lê-lo faço descobertas de rumos.
A foto está tão expressiva!
Beijos
van,
Eliminaras palavras e os lábios: afinal, há mesmo sinónimos perfeitos.
beijinho!
bússolas desnorteadas
ResponderEliminarnas tardes solitárias
sangra o coração...
Entrei no seu poema...gostosa musicalidade e a solidão...sempre visita no entardecer.
Abração!
mesmo que em bússolas sem norte, cada pôr-do-sol reitera o lugar da visão, esse que avista, o mesmo que tudo vê; e assim nos tornamos risca e horizonte.
Eliminarabraço, sérgio! [para quando novas fotos lá no teu blogue?]
Os seus poemas transportam-me sempre para qualquer lugar. Gostei muito.
ResponderEliminaralexandra, querida,
Eliminara pior sensação que existe na poesia [como na vida] é a da ausência dos lugares, dos nossos lugares. a deambulação pelas ruas anónimas é apenas vento que agita as palavras, sem nunca as conseguir tocar.
beijinho e um agradecimento!
Que as mãos ao cair nunca se percam desse verbo germinado que se faz semente e fruto na raíz de um olhar-criança.
ResponderEliminarLindo!
Um beijo
lindo o teu comentário, lídia. e o olhar-criança sorri ainda mais na semente das tuas palavras.
Eliminarbeijinho!
Jorge,
ResponderEliminarTudo bem? Encantada com os versos! Esse precipício engana a alma e seduz o corpo. Talvez a ausência da bússola não imortalizou o navegante, mas a própria vida.
Beijos.
Lu
luciana, olá, como estás?
Eliminarquanto das nossas viagens se torna apenas corpo em busca do íman do espírito? são esses os precipícios da viagem: apenas reflexos de passos sobre uma estrada de neon projetada em anagrama na falsa felicidade.
perdi a bússola, mas aprendi a marear pelas estrelas; vejo-lhes no sorriso, no franzido do sobrolho, no enrugado da testa, no tremor ligeiro do lábio, todas as minhas direções. infalivelmente.
beijinho grande para ti!
Sim! Há neste olhar um brilho de milênios acumulado, a sindicância humana. É muuuuuito bonito!
ResponderEliminarTeu poema, Jorge, a risca pura do silêncio em plena linguagem, The Rip arremata em força imensa. Tuas escritas, em gestos ou linhas, sensores de orientação ampla - é sangue que pulsa, que se doa a quem doar. Por aqui, corpo e bússola, em instantes de papel, mesclam-se na compreensão para além das mãos, dão forma a uma qualidade de iluminação diferenciada, pêndulo de luz em ponto do universo.
Recebe imenso abraço!
sim, no teu dizer a absoluta grandeza do que se não desvenda a olho nu: a espessura subtil do ser na inteireza acesa do que micro e macroscopicamente habita e faz habitar. e todos os teoremas, pelas mãos que reverberam, são perfeitos, como os mundos que abrem na ciência indecifrável da sensibilidade, da ternura e do imenso coração: "doa a quem doar" [uma das imagens mais perfeitas que li por aqui].
Eliminarcomo não me sentir um privilegiado no abraço da tua amizade, rejane?
Corpo e bússola, música e beleza nesse poema.
ResponderEliminarBeijo, Jorge.
dade,
Eliminar"corpo e bússola, música e beleza" - o que seria de cada um dos elementos do par sem o outro?
beijinho grande!
é assim, um corpo sem compromisso, que dança entre letras nas bússolas do palavrear!!!
ResponderEliminarBeijos lindo amigo
suzanita,
Eliminaro rosto abre-se no colar lexical dos lábios. e tudo é, por fim, verdade, graal, e mão sobre o v império.
beijinho, linda amiga!
mariazita,
ResponderEliminarduas breves notas: a primeira, para o gosto de te rever e saber que com todos os problemas no blogger solucionados; a segunda, para te agradecer a dificuldade que anuncias para formular o teu comentário :)
beijinho grande!
Jorge que belo esse corpo, essa bússola quase perdida da pele. Espero que apesar da beleza de teus poemas, da profundidade e da aparente tristeza - ainda tenha alegria de acreditar em um reencontro.
ResponderEliminarbeijos
luizita,
Eliminara que mundos apontamos quando nos deixamos guiar pelas palavras e todos os mantos que as cobrem? nenhum impossível se fará mais nitidamente não apenas possível como inevitável.
beijinho!
E é assim sem bússola que me deixo levar sem rumo por este belo poema...
ResponderEliminarBeijos e boa semana
ah, rita, como sabe bem perdermo-nos, de vez em quando :)
Eliminarum beijo!
A bússola que dá rumo ao corpo! Belo poema!
ResponderEliminar"A bússola que dá rumo ao corpo!"
Eliminarmarcell,
mesmo quando o corpo, por vezes, procura os pontos colaterais... é que isto de apontar invariavelmente ao norte acaba por definir demasiadamente os passos.
um abraço!
A bússola do corpo? Que seja o coração. Palavras que fazem perder o norte :)
EliminarBeijo querido amigo!
(Adorei o incipit)
imagem linda!
ResponderEliminaracredito na força das palavras, talvez seja na força e vontade com que empregamos as palavras, tanto que causa assombro
belo, Jorge
beijinho
a pergunta que não cala: quando terei um livro teu na minha cabeceira? continuas a espantar-me como poucos...
ResponderEliminarbeijão, poeta-precioso-parceiro!
observaçãozinha: vamos a nona sinfonia?
Jorge,
ResponderEliminarnortear de uma terra que longe da razão apalpa o mistério. E, uma a uma, perto da intuição, as palavras da boca redefinem em vocação, as inexplicações e se reesquece os lábios pretos de um drama social. Re/dito de portas secretas, com temperatura extraída de um olhar mergulhante, e transbordador de uma escrita inclassificável que silencia o precipício. De um adormecimento renunciado, o qual a epígrafe clareia o átomo do glossário. E com tão forte sentimento, o íntimo que ora buscava compreender, invoca o denominador incomum que desconstrói o tom de romance descrito no mundo. Pois os amores vão por essa voz, a chamar o nascer da chuvarada que lava a terra e se personifica o imperceptível, e vital à obra. A liberdade que constitui o humano, que com folhas secas e pálidas noites, de um indiferente tecido real, entre interno e externo, vindo de um lugar com impressões que estabelece o sentir e, pensar, dizer de continente, indispensável para o encontro de proximidade, mesmo com o brilho das estrelas a doer. Sempre no pingo do tempo, que esboça a nascente dos olhares e ao que se aponta: e o coração da vida? A bússola de um silêncio que se faz ouvir, uma qualidade de escuta que perder-se no fundo, re/valoriza as águas doloridas e, que o tudo é um; a maturidade. O livro das orquídeas cortadas, que não se escapa da intimidade, porque se repete as estações das árvores. E do simples abrir se submetido às raízes da terra, que fixa e é reflexo de interrogações e cala a revolta, quando a pele sangra. E é assim: um personagem grave, solitário, contudo, feliz, porque se refina nos fins de tarde. De sombras, em vida inconfundível, os versos nas mãos, ao vale que surpreende e faz jorrar palavras.
p.s.: Seu escrito foi inspirador! Estava com saudades de ler-te!
---- o convite ainda está de pé para uma postagem no meu jardim!
Abraços,
Priscila Cáliga
Meu querido Poeta
ResponderEliminarPor vezes os espelhos são lugares intangíveis no fundo de nós...onde habitam palavras no fio da incerteza...na esmagadora solidão do tempo...um grito ecoando no silêncio dos muros.
Escreves como se toda a ansia do mundo estivesse presa nas tuas mãos.
Em cada poema que saboreio a minha admiração por ti aumenta.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
a bússola do corpo... mesmo quando perde-se no fundo nós a seguimos, atrás do fim do mundo ou do início (quem sabe de um paraíso?), a bússola, não magnética, talvez imagética, sensitiva, ou mesmo doida, descompensada de norte e sul, nos aponte sempre uma janela, ainda que estreita, um mundo a descortinar, e expor a pele, e arriscar os arrepios...
ResponderEliminarlindeza de poema, amigo querido!
e o olhar de Margarida
tem encanto,
enternece e intriga...
como são belos os olhos
da tua Margarida
parabéns! Não te conhecia e gostei particularmente das duas últimas estrofes :)
ResponderEliminarAbraços :)
Jorge, meu amigo... só agora venho me orientar em tua voz...
ResponderEliminartem tempo que o tempo ignora ser senhor de si, hein!?
beijinho sempre carinhoso, poeta mágico!
que belo poema
ResponderEliminare o blog também é muito bom
voltarei mais vezes
abração
Meu querido amigo Jorge,
ResponderEliminarGostaria que desse o seu palpite em minha ousadia, lá em meu canto.
Beijos,
Ana Lúcia.
Só aceito como bússola algumas palavras. Palavras que dispensem o norte ou o sul e reconheçam os lugares que os sustentam. O norte e o Sul são no fim das contas os mesmos extremos e acabam sempre no branco gélido da solidão.
ResponderEliminarGosto do que você escreve.
Beijo.
Lelena
todos os filhos pertencem a um tempo que nos toca
ResponderEliminarmas que não nos pertence. desliza rente à pele esse tempo, é como o ar. é como água se, por acaso, mergulhamos num lago. não pesa esse tempo, não envelhece completamente, apenas existe. é tempo e, por isso, passa, passa, sucede-se a si próprio com a continuação das suas dúvidas, da esperança que conseguiu juntar, mas não nos pertence. avança lá longe e não é nosso. dissolve-se lá longe e não é nosso. transforma-se em qualquer coisa que, cedo ou tarde, deixaremos de saber o que é.
[um tesouro]de: José Luís Peixoto.
linda, a tua princesa (mar)garida a espreitar por entre as frésias. olhar penetrante, de quem sabe o que quer :).
o teu poema: os olhos bebem, os lábios mastigam e eu, levo comigo:)
abraço-te, encanto de amigo.
Com ou sem bússola,
ResponderEliminarCom ou sem tempo
Tudo se repete nas estações
Na solidão dos fins de tarde
Esperamos, a orientação da palavra, no sentir.
Beijinho Jorge
cvb
O olhar bússola-rota da fotografia é todo o poema.
ResponderEliminarimenso beijo, com os caminhos da poesia.