Quando […] acordou, manhã alta, sentiu na casa uma presença, talvez não
fosse ainda a solidão, era o silêncio, meio-irmão dela.
José
Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis
fotografia de jorge pimenta
trazem uma
história nas pontas dos cabelos
e o mirante
no olhar,
gota sobre
gota,
a recordar
estradas de alcatrão e anéis
onde morrem as aves.
nos ombros
tatuaram
conversas
e todas as
palavras clandestinas
que já não
sobem pelas frestas da voz
(agora
desabitada
a enterrar
bocas
e conclusões
suspensas).
sabem que
não têm todo o tempo
mas a
esperança continua a ser deus
que não sabe
a cor do céu
ou de que
massa se compõe o silêncio.
remanesce o corpo
tombado
sobre o movimento
e todas as
mortes que os habitam;
na vida
nenhum deles
ousa confiar.
spider, whitesnake
A recordar na pontas dos cabelos
ResponderEliminarUma história de alcatrão e anel
Que não sabe a cor do céu
...
Nem ouso me calar nessa estrada: Vida longa para tua poesia!
Beijo, meu amigo, poeta e parceiro, enfim: precioso*
O silêncio é gordinho.
ResponderEliminarConfiar é para poucos, muitas esperanças se desbotam nessas mortes. Lindo como sempre Jorge! Adoro te ler, um beijo.
ResponderEliminar"Talvez não seja ainda a solidão". Apenas o sobrevoar de novas paisagens... Miragens!
ResponderEliminarUm beijo
Gosto do som.
pois eu também não confio muito na vida... às vezes prega-nos cada partida! Belíssimo poema, como sempre.
ResponderEliminaro que mais nos aproxima do que realmente precisamos: a voz ou o silêncio?
ResponderEliminarbeijinho, meu querido poeta mágico!
"nos ombros
ResponderEliminartatuaram conversas
e todas as palavras clandestinas
que já não sobem pelas frestas da voz"
Um abraço assim____________
A esperança em Deus e na vida existirá sempre apesar de todos os ocasos que formam a paisagem.Parabéns.
ResponderEliminarJorge,como escreve incrivelmente bem.
ResponderEliminarÉ bom saber que existem bons autores ,poeta no nosso mundo.
beijos na sua Alma
Jorginho, tua poesia é sempre bela. De vez em quando me pego aqui repetindo aquele verso dos arco-íris guardados para tempos de solidão, tamanho o encanto. Volta e meia leio aquele poema. Teus versos ficam tatuados em meus ombros, sempre. Não sei qual massa compõe o silêncio. Mas adoro as vozes e os silêncios que levo daqui.
ResponderEliminarBjo, amigo querido.
Lindo, eis tudo!
ResponderEliminarOntem eu ví uma amiga comentando num blog que não gosta de poesia. Ela falou que os poetas dos blogues simplesmente jogam as palavras a esmo sem sentido e sem pontuação nenhuma e as pessoas acham lindo!
ResponderEliminarEu concordo com ela que ALGUNS escritores de blogues escrevem assim mesmo e se dizem poetas. Mas você não meu amigo! Você escreve calculadamente o que quer escrever, nada é acidental e as impressões que você quer passar pra gente, você sempre consegue!
Parabens por mais um belo poema!
Duma beleza imensa, as tuas palavras deixam-nos voar, ao som do silencio...
ResponderEliminarbeijos
cvb
morte e vida, um poema que toca no corpo e na alma
ResponderEliminarbeijos
E todas as mortes que os habitam.(pausa). É que tu, poeta, me dizes como se fosse o eco da minha própria alma. Não te leio, me procuro em ti e me acho. Sempre.
ResponderEliminarBeijos,
há exercícios que nos silenciam e imprimem marcas indeléveis,
ResponderEliminarabraço
As pontas dos cabelos dizem tantas coisas...trazem consigo tantas histórias, tantos restos, outras épocas. Histórias desabitadas de conclusões suspensas. A ponte fotografada representa tanta coisa: pode ser a esperança de um deus que não sabe a cor do céu ou todas as mortes pelas quais temos que passar nesse exercício tátil da distância.
ResponderEliminarBeijo, meu amigo de sempre ricas reflexões.
Oi Jorge,
ResponderEliminarTudo bem? Ontem li o seu texto, mas não conseguia sentir a mensagem e não comentei. Hoje, ao olhar a fotografia, pensei em caminho distante ou em rota difícil.
Lembrei de uma trilhaca malu que fiz por impulso em Cartagena na Colômbia. Fiquei perdida e senti a vertigem do tempo e foi fustigante encontrar o grupo. E naquele momento "a esperança foi Deus".
Beijos.
O homem forjou um Deus e o chamou de esperança, na tentativa de esquecer que sua massa é feita de solidão, porém esqueceu-se de calar o tempo, que em silêncio grita a morte de todas as coisas sobre/sob a pele humana.
ResponderEliminarE eu continuo a seguir por tua estrada e a catar os poemas que deixas cair com desvelo.
bj, poeta da minha adimiração
Perdão pelo erro da palavra admiração! Eu te admiro sem o i, tá rsrs Digitar com rapidez mtas vzs nos faz ser cretino.
ResponderEliminarmais um beijo
Belo texto e belíssima imagem!
ResponderEliminarAbçs
Amigo Jorge,
ResponderEliminarQuanto mais o tempo nos distancia dos fatos passados tanto mais as lembranças nos aproximas deles (mesmo que agora desfigurados).
Nossos cabelos denunciam quanto o tempo passou por nós.
Apesar de está juntamente com todos os males, a esperança ficou na Caixa de Pandora.
Poema valoroso, amigo.
Abraços do amigo de além-mar.
Jorgíssimo
ResponderEliminarMesmo na minha singeleza sensibilizo-me sempre com a beleza do seu poema. Seu lirismo é como um campo magnético que atravessou perdido sobre a ponte sem saber a cor do céu, mas mesmo assim vejo-o no mirante acordando a manhã.
Beijos.
De uma beleza sem igual...
ResponderEliminarVersos raros... A primeira estrofe me encantou...
Abraços
Todos vamos passar pela ponte e cruzar os rios. E quando o fazemos, acreditamos na vida, na esperança e em Deus.
ResponderEliminarSaramago foi um ateu confesso e nem quando sentiu a presença da morte, mudou suas crenças. Um escritor digno de aplausos.
A distância entre passado e presente não é medida pelos anos, nem pelos sinais do tempo, mas pelo que de mais profundo nos deixa, as lembranças. Bjs.
Oi querido amigo Jorge,acho que não soube me expressar na minha pergunta.
ResponderEliminarQuando perguntei qual foi seu primeiro livro ?
Deixa eu, tentar me explicar. Não sei se li errado, mas parece-me que lançaste um livro tempo atrás. Não sei se foi um artigo ou um livro, ou estou ficando doida? rsrs...
Mas gostei de saber , que na sua meninice , que sempre ouviu contadores de história.rs
----------------------------------------------
Querido Jorge , a fotografia da ponte me fez lembrar uma estrofe da música do cantor Lenine
"A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar"
Tudo bem posso parar no meio dela, mas sempre a atravessarei, como as pontas do meu cabelo , que com o passar do tempo não serão os mesmos.
Beijos
rute,
Eliminardesculpa a minha leitura transviada das tuas palavras; pensei que perguntasses qual o primeiro livro que alguma vez li... :)
publiquei alguns livros científicos, mas aquele a que te referes na tua observação suponho seja um de poesia, remontando já a 2007 e que corresponde a uma revisitação de lugares de escrita que percorri ao longo de uma trajetória de mais de dez anos. a-simetria das formas: o espelho e o reflexo (assim reza o título).
beijinho!
Que citação profunda *-*
ResponderEliminar"mas a esperança continua a ser deus
que não sabe a cor do céu"
Seu texto também está magnífico.
Gostei daqui. Visita-me?
:)
Jorge,
ResponderEliminaro título, a citação do Saramago, a imagem, seu poema e o som
exercício, silêncio, distância, solidão
a história nas pontas dos cabelos enraizados no couro e que tocam a face, caem nos olhos, descem pelo pescoço, tocam os ombros, o colo, as costas
tudo tão bonito!
beijos, pra ti
Jorge, querido PoetAmigo!
ResponderEliminarSó existe o total silêncio quando não ouvimos nosso próprio pensamento, pois sim, o pensamento é um som em alto volume a dar ritmo ao exercício tátil da distância. Afinal, as palavras têm dedos, unhas e pele.
E a esperança, essa senhora simpática e ingênua, sentada em sua cadeira de balanço, e que tece imensa colcha de patchwork a contar suas histórias, está sempre a dizer: ‘confie na vida’. Confesso que olho para a senhorinha e acredito sem pestanejar. Sim, confio na vida! E ainda mais quando me recolho no semi-silêncio, (pois ele existe em valor absoluto apenas como um projeto dos deuses), nesse momento meu pensamento grita em clichê: ‘a vida é o bem maior’.
E o silêncio total só se fará na última cena, aquele amargo epílogo em que a personagem desiste de tudo, e num fio do tempo, vai para não mais voltar. Mas isso somente acontecerá para aqueles que rimam ‘confiar’ com ‘falecer’.
Viver é um voto de confiança em forma de círculo.
Beijos!
PS.: !!!
"...(agora desabitada
ResponderEliminara enterrar bocas
e conclusões suspensas)..."
Abandonar-se ao silêncio é tentador quando o cansaço e a desconfiança superam o ímpeto de sobreviver a qualquer custo... algo quebrou-se, transcendeu... melhor fazer-se silêncio para escutar o que realmente importa.
Teus textos são mosaicos de sentimentos e sensações que calam os meus enquanto me abrem janelas de compreensão.
Beijo.
OI JORGE!
ResponderEliminarQUANDO A BOCA SILENCIA, É SINAL DE INTROSPECÇÃO,QUANDO A MENTE SILENCIA É SINAL DE SOLIDÃO, MAS, QUANDO A ALMA SILENCIA É SINAL DE MORTE EM VIDA...
TEU TEXTO, COMO SEMPRE, LINDO.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Oi Jorge
ResponderEliminarSempre que venho aqui e me ponho a refletir sobre seus escritos me pergunto o que faz o poeta pra domar e convencer com as palavras,a ponto de ir ajustando-as a nossa alma.
Obrigada e me faz querer exercitar a distância_ até que possa tocá-la...
Belíssima Jorge, suas palavras são deliciosas e a fotografia belíssima.
Pontes_pudéssemos ter todo o tempo para atravessá-las!
um abraço muitos abraços
Meu querido Jorge
ResponderEliminarO tempo passará sempre, mesmo que o corpo morra, ele continuará depois de nós...no fim do fim ele existirá e de nós apenas restará o silêncio.
Como sempre saio daqui silenciosa e curvando-me às tuas palavras.
Um beijinho com carinho e admiração
Sonhadora
As histórias renascem dentro dos versos que se acumulam no tempo. Penso até que são fênix em madrugadas chuvosas. O tempo sempre passa, e o silêncio pondera todas as coisas...
ResponderEliminarMeu querido amigo, acho que acabei escrevendo confusões. Mas, a sua poesia me leva a lugares maravilhosos.
beijos
Que nesse final de semana cheio de alegria
ResponderEliminarpelo dia dos pais, quero desejar a vc que é
Pai ou tem um Maravilhoso, toda felicidade
Parabenizar ou elogiar o que vemos de melhor
e deixar nossa amizade mais firme
Deixo um abraço carinhoso
Bjuss
Rita!!!!
Boa noite, Jorge
ResponderEliminarBelo e misterioso, nas pontas dos cabelos se misturam com o mirante ao olhar, sem medo da velhice chegar, contando os fios narrando como se fosse um grande despertar.
Beijos e um bom domingo
Obrigada querido Jorge por responder.
ResponderEliminarBom final de semana
Beijos
Jorgíssimo
ResponderEliminarPassei por aqui para te desejar um Feliz Dia dos Pais, mas parece-me que em cada país tem uma data distinta. Mesmo assim te parabenizo por ser também pai.
Beijos.
Gostei particularmente da parte: "...mas a esperança continua a ser deus...", dizem que a esperança é perigosa, pois pode se transformar em frustração lá na frente, discordo, o ser humano precisa dessa ferramenta para sonhar, planejar, correr atrás de seus objetivos e ideais, ter esperanças e sonhar nos mantém vivos, com objetivos, quem não tem esperanças não vive, vegeta. Lindo texto.
ResponderEliminarJorge, te desejo um feliz dia dos pais, não sei ai em Portugal, mas aqui no Brasil comemoramos no segundo domingo de Agosto esse dia.
Ah sim, gostaria de fazer uma entrevista contigo para o meu blog, caso vc aceite, te mando por e-mail essa semana, e te envio as orientações todas, e ai, topas?
Abração pra ti.
"mas a esperança continua a ser deus"!
ResponderEliminarpobre de mim que não tenho fé.
Beijoss
gostava tanto de acordar todos os dias para um céu azul...
ResponderEliminarbeijinho grande, querido amigo!
p.s. não me canso de ouvir a música :-) não conhecia
ah, se eu pudesse falar da saudade...
ResponderEliminarnão sei como cheguei aqui hoje, mas tudo o que eu precisava ler está aqui. Todas as palavras, os silêncios, as peles, as sensações... todos os arrepios que sempre me percorrem.
saudade é palavra que não tem tamanho, Jorginho!
com toda a minha admiração, com todo o meu afeto, amigo querido, um imenso abraço.
que lindo que lindo que lindo
ResponderEliminarque delícia poder ler tudo de novo nesta viagem de luz e sombra, não tira ele mais daqui não, Jorge
que prazer, uma sensação muito boa, boa boa e muito de boa adoro amo
grande beijo e abraços, sempre querido Jorge e o bom de tudo
hoje. bordando num tule com fios coloridos. e pendurando cristais de oferendas
ResponderEliminarsem tocar
o vento
fez um silêncio de lembrar
uma distância [desenhada] de tempo. saudade.
bj
que saudade
ResponderEliminarJorge, saudades tenho na ponta das madeixas em ler-te.
ResponderEliminarPriscila Cáliga
saudades....
ResponderEliminarSaudades de te ler Jorge.
ResponderEliminarabraço
cecilia
Muito feliz quando te vi ao lado do Bispo e do Roberto Lima em Braga!
ResponderEliminarSempre um presente te ler!
beijo...
Ma Ferreira
Quantas saudades de um querido amigo e do grande poeta. Desejo que tenhas uma Natal abençoado e feliz junto aos seus!
ResponderEliminarQue bom que sua "casa" continua de portas abertas para virmos matar a nossa sede e beber de suas emoções em letras.
Beijos, Jorge